BearManBull Escreveu:Honestamente nem sei nem nunca entendi a diferença entre extrema direita e extrema esquerda (para quem usa essa classificação unidimensional altamente minimalista para espectros políticos)
Chamar partidos de extrema direita e extrema esquerda, centro, centro direita, centro esquerda, direita, esquerda, tem a ver com os grupos a que pertencem e onde se sentam nos parlamentos.
Eu pessoalmente acho que existe uma generalização excessiva da extrema direita porque a comunicação social chama aos partidos dos dois grupos que se sentam na extrema direita do parlamento europeu de extrema direita em vez de chamar a apenas ao que se senta efetivamente na extrema direita. E também acho que a comunicação social devia chamar aos partidos do grupo que se sentam na extrema esquerda de extrema esquerda e raramente faz isso.
As duas coisas na minha opinao até favorecem os partidos de extrema direita como o chega porque faz parecer que a extrema direita é maior do que é na realidade e também cria injustiça e isso serve para se fazerem de vítimas, apesar de pertencerem a determinado grupo é opção dos partidos e de receberem dinheiro de empresários consoante o grupo a que pertencem.
Eu por acaso há um tempo coloquei uma questão sobre este tema a uma jornalista. Teve a ver com ter chamado ao partido da Meloni, que é o conservadores e reformistas europeus, de extrema direita. Ela respondeu:
Não sendo especialista nesta área, cinjo-me às classificações que são genericamente feitas por outros que acompanham a política europeia com maior proximidade e profundidade, sendo que o grupo de conservadores e reformistas europeus é descrito frequentemente como "hard-right".
Basicamente parece que copiam-se uns aos outros.
O ChatGPT tenta explicar um pouco melhor as duas coisas
Porque é que a comunicação social chama “extrema-direita” a todos os partidos mais à direita, mesmo quando há dois grupos distintos no Parlamento Europeu?
Contexto
Após as eleições europeias de junho de 2024, os partidos mais à direita do espectro político europeu estão divididos em dois grandes grupos políticos, ambos sentados na parte mais à direita do hemiciclo do Parlamento Europeu — mas com diferenças políticas relevantes entre si.
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1. ECR – Conservadores e Reformistas Europeus
• É o grupo político europeu ao qual pertence o partido de Giorgia Meloni, Fratelli d’Italia.
• Reúne partidos conservadores nacionalistas, com discurso firme mas mais institucional.
• Têm uma linha política geralmente:
• Pró-ocidente e pró-NATO
• Críticos da UE, mas sem defender a saída (euro-realistas)
• Nacionalistas, mas com preocupação por respeitar regras democráticas e instituições
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2. Patriotas pela Europa (Patriots for Europe) – novo grupo criado em 2024
• É o grupo onde se juntaram o partido de Marine Le Pen (Rassemblement National) e o Chega (Portugal), entre outros.
• Formado por partidos de direita mais dura e radical, muitos com histórico populista e anti-establishment.
• Têm uma linha política mais marcada por:
• Discurso forte contra imigração e multiculturalismo
• Euroceticismo intenso, com propostas de recentralizar poder nos Estados-nação
• Tensão com valores liberais e com os equilíbrios democráticos da UE
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Então porquê é que os dois são muitas vezes chamados apenas de “extrema-direita”?
1. Simplificação mediática
A maioria dos órgãos de comunicação prefere usar um rótulo único e mais forte — “extrema-direita” — em vez de explicar as nuances entre os dois grupos.
2. Convenção espacial
Ambos se sentam na extrema direita do hemiciclo do Parlamento Europeu, o que reforça o uso simbólico do termo.
3. Posição ideológica dominante nos media
Grande parte da comunicação social tem uma sensibilidade mais progressista ou liberal, o que leva a uma visão pouco diferenciada sobre partidos que desafiam a ordem estabelecida da UE, especialmente à direita.
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Problema dessa generalização
• Apaga as diferenças reais entre partidos com discursos moderados e os mais radicais.
• Faz com que partidos institucionalizados, como o de Meloni, sejam tratados da mesma forma que partidos com propostas anti-sistema.
• Dá força à narrativa de que os media estão contra “todos os que não são de esquerda”, alimentando a polarização.
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Conclusão
Há hoje dois blocos principais na direita mais à direita da Europa: o da Meloni (ECR) e o da Le Pen e do Chega (Patriotas pela Europa). São diferentes em discurso, objetivos e grau de radicalismo. Mas a comunicação social, por simplificação ou orientação ideológica, tende a chamar “extrema-direita” a todos, o que empobrece o debate e confunde o eleitorado.
Porque é que a comunicação social chama de extrema direita aos partidos de extrema direita e não chama de extrema esquerda aos partidos de extrema esquerda ?
Essa é uma pergunta legítima e relevante no debate sobre imparcialidade e enquadramento da comunicação social. A diferença de tratamento entre “extrema-direita” e “extrema-esquerda” tem várias explicações possíveis — algumas linguísticas, outras históricas, e outras ligadas à orientação editorial de muitos meios. Vamos por partes:
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1. Normalização histórica da esquerda radical
• Após a Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria, o nazismo e o fascismo foram amplamente condenados e associados à extrema-direita, o que gerou uma forte carga negativa duradoura.
• Já a esquerda radical — apesar das atrocidades cometidas por regimes comunistas (ex: URSS, Camboja, Coreia do Norte) — muitas vezes foi romantizada em círculos académicos e culturais, especialmente na Europa Ocidental, como movimentos de libertação ou justiça social.
• Assim, parte da esquerda mais radical foi “absorvida” culturalmente como apenas uma forma mais intensa de progressismo, o que levou à relutância em usar o termo “extrema-esquerda”.
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2. Orientação editorial de muitos meios de comunicação
• Muitos órgãos de comunicação social (especialmente públicos ou universitários) têm jornalistas e editores com inclinação ideológica moderada à esquerda, o que influencia a forma como os rótulos são aplicados.
• Há uma tendência a ver movimentos de direita radical como ameaças à democracia, enquanto os de esquerda radical são por vezes vistos como reações legítimas contra injustiças.
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3. Impacto atual e perceção de ameaça
• Em vários países (como Brasil, EUA, França, Hungria, Itália), os partidos de direita radical ou extrema-direita ganharam protagonismo político real.
• A comunicação social usa o rótulo “extrema-direita” para alertar para posições percebidas como autoritárias, anti-imigração, ou populistas.
• Já a “extrema-esquerda” raramente chega ao poder e, quando o faz, tende a integrar coligações moderadas. Isso leva à perceção de menor risco imediato, mesmo que ideologicamente seja igualmente extrema.
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4. Diferença semântica e estratégica
• O termo “extrema-direita” está mais cristalizado no discurso mediático e político como uma categoria identificável (ex: nacionalismo, autoritarismo, anti-globalismo).
• A “extrema-esquerda”, por outro lado, mistura várias correntes: comunismo, anarquismo, marxismo-leninismo, eco-socialismo, etc., e é muitas vezes diluída sob o rótulo genérico de “esquerda radical”.
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5. Pressões e tabus culturais
• Em muitos países europeus, criticar abertamente a esquerda radical pode gerar acusações de elitismo, reacionarismo ou insensibilidade social.
• Já os partidos de direita radical ou extrema-direita muitas vezes assumem conscientemente esse rótulo ou reagem de forma combativa à sua aplicação — o que os torna alvos mais diretos.
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Exemplo prático:
• Chega (Portugal): frequentemente rotulado de “extrema-direita”.
• Bloco de Esquerda ou PCP: raramente rotulados de “extrema-esquerda”, mesmo quando defendem nacionalizações, ruptura com a UE ou apoio a regimes autoritários de esquerda.
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Conclusão:
A comunicação social não é neutra na forma como classifica os partidos. O uso (ou omissão) de rótulos como “extrema-direita” ou “extrema-esquerda” depende de uma combinação de fatores históricos, ideológicos, culturais e estratégicos.