Afigura-se provável (apetecia-me escrever inevitável...) mais um referendo na velha Europa.
Mais uma vez coisa dos subditos de Sua Majestade.
Invejosos do sucesso do referendo dos escoceses e do cagaço magistral que este pregou aos titubeantes mercados, divertidíssimos, todos os britânicos querem fazer um. Mais um. Desconfio que os escoceses hão de querer fazer outro a seguir só para eles (os escoceses, só para se ter uma ideia do que são aqueles rapazes, bebem muitos scotchs, curtem papas de aveia à maluca e usam saias, portanto...).
A esta mania britânica, chama-se 'democracia', ou, como dizem alguns, uma 'velha e bem estabelecida democracia europeia'.
De facto, é falsa a ideia de que foram as revoluções francesa e americana que nos deram a democracia e a liberdade de expressão, que nos legaram os direitos cívicos e a separação de poderes, que nos transmitiram a ideia de parlamentarismo e de representatividade. Na Europa, os Romanos já tinham experimentado a República, os atenienses já tinham tentado uma democracia só para alguns deles (viu-se o que aconteceu quando a alargaram a toda a maralha e aos adeptos do Panatinaicos...), os Venezianos já tinham feito uma República (também só para os melhores de entre eles, como convém).
Os suiços começaram por inventar um abre latas gigante para tirar cavaleiros feudais da sela, fundaram uma república de tesos que funcionou muito bem. O entusiasmo levou-os depois à criação do canivete, cá está! suiço. Os papas gostaram mais do abre latas gigante suiço e, fartos de andarem fugidos a desoras e em cueiros à frente de condotieris bêbados e de chefes bárbaros, resolveram contratá-los (aos abre latas e aos militares que os sabiam usar). Agora, continuam a vesti-los com roupas ridículas (os suiços, coitados, têm mau gosto) e aproveitam a sua imagem para vender postais a turista filipinos e uruguaios.
Pouco depois de concretizada a contratação papal, os ingleses fizeram uma coisa que é Magna carta, um parlamento e o rudimento de uma democracia. Isto 100 anos antes de os franceses experimentarem as maravilhas operadas pelo corta charutos gigante do engenheiro Guillotin e, depois de separarem uma série de cabeças dos seus corpos convenceram-se que tinham criado uma República.
Antes que os prezados leitores comecem a perder a paciência e se convençam que me preparo para abrir uma loja de utilidades, quero esclarecer que não. Preparo-me para abrir um tópico que terá como objeto, como os mais perspicazes já se aperceberam, o referendo britânico à permanência do Reino Unido na União Europeia e, de passagem, só quis provar o que toda a gente já sabe: que a Democracia para os Britânicos é uma coisa séria e é também uma coisa muito natural.
Basicamente, com este referendo, os ingleses poderão ter o privilégio de decidir se a extrema alegria de se livrarem dos inenarráveis e incontornáveis franciús compensará as vantagens de terem acesso ao mercado comum sem carregarem o peso do €.
Conforme o link da Wiki que deixo abaixo comprova, este dilema tem dias...
http://en.wikipedia.org/wiki/Proposed_referendum_on_United_Kingdom_membership_of_the_European_UnionAgradeço desde já a vossa paciência para me aturarem e deixo o desafio de deixarem aqui o que vos ocorra sobre este assunto.