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Caldeirão da Bolsa

Crise Grega

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

O Referendo a par e passo: dados oficiais

por RaposoTavares » 5/7/2015 16:59

"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche
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Re: Crise Grega

por TremalNaik » 5/7/2015 16:56

Ainda sobre o energúmeno

“Não sei – e poucos deverão saber ao certo – como é que energúmeno, energoumenos, derivou do Grego energo, infinitivo de que aquela forma verbal é o particípio passado – de tal modo que, à letra, energúmeno significa “energizado” ou “carregado de energia” –, para o sentido actual e corrente de indivíduo possesso do demónio, irado e encolerizado.
Talvez o estar ”carregado de energia” em excesso tenha adquirido do ponto de vista semântico um sentido de “energia negativa”, visto que a palavra tem, ainda hoje, o sentido corrente de indivíduo indubitavelmente enérgico, só que alvorotado, colérico, que esbraceja e gesticula descontroladamente”.

Cf. “Raízes de Aço”, uma biografia de Rui Rio, escrita por Mota Cardoso, que dedica umas quantas páginas à questão do energúmeno, a propósito do polémico insulto ao antigo presidente da CMP.

Tremal Naik
 
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Re: Crise Grega

por RaposoTavares » 5/7/2015 15:27

FDPC, um post algo exagerado... nem sou mal educado por ter dificuldades óbvias em caracterizar adequadamente quem revela a mais elementar falta de respeito pela História, pela cultura e pelos símbolos nacionais, nem sou, com forte pena minha, uma excelente pessoa.
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Re: Grécia obriga a reflexão na Polónia: zloty ou €?

por FDPC » 5/7/2015 14:50

Raposo Tavares Escreveu:Editei:
http://www.bloomberg.com/news/articles/2015-07-04/greece-s-crisis-reverberates-in-polish-election-spending-debate

Enquanto preparava este post, na televisão a notícia de que uns energúmenos esquerdóides hastearam a bandeira grega no Castelo de São Jorge.
Uma noção admirável de soberania nacional e um conhecimento profundo dos nossos símbolos e memórias...


Vamos seguir adiante é só editar.
Editado pela última vez por FDPC em 5/7/2015 16:37, num total de 1 vez.
Por uma Politica Solidária a Migração, abaixo os muros da intolerância
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Re: Crise Grega

por Opcard33 » 5/7/2015 13:44

A são 22 minutos a 5 minutos do fim há numeros ,0 maior empréstimo de sempre do FMI 35 000 000 000 , perdão de 107 000 000 000 , mais 100 000 000 000 cubertura dos défices das contas exteriores feita pelo BCE , mais 140 000 000 000 do fundo europeu há 30 anos ? uma taxa de 0,1% ... Nisto os gregos befeciam de mais um perdão de muitas dezenas de milhares de milhões .

As reformas médias na Grécia são superiores às da antiga RDA .


http://bfmbusiness.bfmtv.com/mediaplaye ... 73064.html
 
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Re: Crise Grega

por RaposoTavares » 5/7/2015 13:37

French Economy Minister Emmanuel Macron Sunday cautioned European governments against handing out punishment to Greece similar to that imposed on Germany after World War I.
[...]
“Whatever the outcome of the vote, we’ll have to resume political talks tomorrow,” Macron said at a conference in Aix-en-Provence, France. “Let’s not re-enact the Treaty of Versailles.”


in: http://www.bloomberg.com/news/articles/2015-07-05/macron-warns-against-reenacting-versailles-treaty-with-greece
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Grécia obriga a reflexão na Polónia: zloty ou €?

por RaposoTavares » 5/7/2015 13:21

Editei:
http://www.bloomberg.com/news/articles/2015-07-04/greece-s-crisis-reverberates-in-polish-election-spending-debate

Enquanto preparava este post, na televisão a notícia de que uns energúmenos esquerdóides hastearam a bandeira grega no Castelo de São Jorge.
Uma noção admirável de soberania nacional e um conhecimento profundo dos nossos símbolos e memórias...
Editado pela última vez por RaposoTavares em 5/7/2015 13:38, num total de 1 vez.
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Re: Crise Grega

por richardj » 5/7/2015 13:19

Comentários? Evolução das receitas e despesas das administrações publicas (valores em Milhões) de GR (grecia) e PT (portugal).

Dados Pordata baseados no eurostat.

Nota: a grecia tem cerca de 11 milhões de habitante e portugal 10 milhões, números redondos. Diferenças de 10% significam que per capita são equivalentes.
Anexos
despesas cat gr-pt.jpg
receitas gr-pt.jpg

Cooper: CASE, get ready to match our spin with the retro thrusters.

CASE: It's not possible.

Cooper: No, it's necessary!

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Re: Crise Grega

por Dr Tretas » 5/7/2015 12:07

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Greece is haunted by fear of civil strife

por RaposoTavares » 5/7/2015 11:24


“We have a government in panic, people being called traitors and German collaborators, and a vote of despair,” said the prominent sociologist Aliki Mouriki. “I worry that if things go wrong, if more shortages of food and medicines appear, we’ll soon be looking at a situation where primitive instincts come to the fore.”
[...]
Another government minister, speaking on condition that his identity was not revealed, told the Observer: “There is tension. A coup d’etat is in progress by Schäuble. They don’t want us, they don’t want Tsipras and nobody can predict how people full of fear will react. I am very afraid that next week there will be no unity. I am very afraid for my country.”



in: http://www.theguardian.com/world/2015/jul/04/the-streets-are-calm-but-greece-is-haunted-by-fear-of-civil-strife
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Entre a catástrofe e a catástrofe absoluta

por RaposoTavares » 5/7/2015 11:13

So we get to choose today. Some choice – between a catastrophe and an absolute catastrophe. But at least now we appear to be arriving at a conclusion, of sorts, in contrast to the recent Greek story that has moved from near climax to near climax. Whatever happens, a brutal realisation of national failure is bound to emerge from the ruins, while at the same time we are unable to foretell if yet more failure lies further down the road.


link:http://www.theguardian.com/commentisfree/2015/jul/05/greek-referendum-catastrophe-versus-absolute-catastrophe
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Re: Crise Grega

por fff » 5/7/2015 11:08

Opcard33 Escreveu:"MIGUEL ANGEL BELLOSOGregos orgulhosos e totalitários
por MIGUEL ANGEL BELLOSO03 julho 2015

Em fevereiro passado, pouco depois de o Syriza ter ganho as eleições na Grécia, a Actualidad Económica, a revista que dirijo, dedicou a capa a responder à seguinte pergunta: pode a esquerda radical governar na Europa? Os acontecimentos que se têm vindo a suceder desde então vieram confirmar a resposta: não. A maioria dos peritos consultados considerava incompatível a pertença ao euro de um Estado que ano após ano redistribui através do seu orçamento quantidades imensas de recursos que é incapaz de arrecadar com impostos, que é inflexível no que respeita à baixa dos salários evitando a concorrência interna e que se propõe como objetivo manter um nível de rendimento muito acima do que a sua produtividade permite. Também advertíamos sobre o erro que seria os responsáveis da UE enfrentarem o problema criado por Tsipras com a estratégia do apaziguamento, ao estilo de Chamberlain com Hitler. Parecia-nos que o programa do Syriza para reverter os ajustamentos impostos pela troika, razão pela qual a economia grega tinha começado a crescer no ano passado, levaria a um malograr das expectativas induzindo de novo a recessão - como aconteceu - e que, por isso, convinha que o governo de Atenas o soubesse quanto antes.
Meio ano depois, todos estes maus presságios se cumpriram. Perdeu-se um tempo precioso, durante o qual a sociedade grega continuou a empobrecer. A UE viveu numa instabilidade permanente e estamos, neste mo-mento, como no ponto de partida. As chamadas à responsabilidade para evitar a confrontação e a ênfase na negociação e no diálogo com o Syriza fracassaram estrondosamente. Tem a União Europeia alguma responsabilidade no desastre? A minha opinião é que, ainda que pequena, tem-na. A troika demonstrou uma grande flexibilidade com a Grécia rebaixando sucessivamente os objetivos de superavit primário e de subida dos impostos, assim como a sua pretensão sobre a reforma do sistema de pensões. Mas a sua aproximação ao problema foi exclusivamente de carácter fiscal, a fim de assegurar rendimentos que permitissem restruturar satisfatoriamente a dívida e continuar a pagar aos credores. Não sinto nenhuma simpatia por Varoufakis, mas não lhe falta razão quando diz que uma subida dos impostos aprofundaria ainda mais a recessão. A Grécia precisa de criar as condições certas para gerar crescimento e isso só se consegue com reformas estruturais. O problema é que o Syriza também não está disposto a levá-las avante.
Com uma burocracia enorme, opaca e clientelar, um sistema judicial ineficiente e corrupto e uma regulação dos mercados ao serviço dos grupos de interesses que apoiam as diferentes forças políticas - da esquerda à direita -, nenhum resgate seria capaz de evitar a falência do país salvo se fosse permanente. No último relatório do Banco Mundial, "Doing Business in the World" (Fazer Negócios no Mundo), a Grécia situa-se no ranking global ao lado da Tunísia. No que se refere ao cumprimento dos contratos ocupa o lugar 155, logo atrás do Malawi; na sua capacidade de arrecadação de impostos está ao nível das ilhas Salomão; na proteção dos direitos de propriedade alinha com Marrocos... e nos trâmites para criar uma empresa compete com o Togo. A marca institucional do Estado helénico tem as características da de um Estado subdesenvolvido ou em vias de desenvolvimento.
Por isso, em lugar de pôr a ênfase nos aspetos estritamente fiscais, a troika deveria ter concentrado as suas exigências no modernizar da economia grega, em flexibilizar as regras laborais, restaurar a confiança jurídica e construir umas instituições independentes e respeitáveis. Mas teria este enfoque alternativo mudado a situação em que nos encontramos? Infelizmente também não. A explicação é que, pela primeira vez na história da UE, quem está à frente de um dos seus membros é, mais do que um governo de esquerda, um leninista rendido ao populismo. É uma experiência inédita para a qual uma união presidida desde sempre pela lógica e pelo pragmatismo não estava preparada.
Tsipras convocou um referendo "porque não aceitamos desistir; por nós, pelas gerações futuras, pela história dos gregos, pela soberania e pela dignidade do nosso povo". O pretexto que o populismo utiliza para ganhar adeptos é a vontade popular, revestida pelos princípios da democracia e da soberania. Até o filósofo alemão Habermas disse esta estupidez: "São os cidadãos, não os credores, quem deve decidir o futuro da UE." Mas o que estes aprendizes de feiticeiros ignoram é que a vontade popular tem sempre como limite a daquelas outras sociedades às quais afeta. Os cidadãos da Grécia podem decidir democraticamente deixar de pagar a dívida. O que não podem é obrigar outros países a continuar a emprestar-lhes o dinheiro de que necessitam para continuarem a viver à sua custa. A soberania popular acaba quando invade e cerceia a de outros países implicados na sustentação da nação que a exibe como argumento e escudo. Uma sociedade em que a despesa pública excede os rendimentos imprescindíveis para a suportar só tem futuro se os outros lhe confiarem os recursos necessários. Se assim for, o que não é o caso grego, pode prescindir temporariamente dos ajustamentos necessários. Também poderia, como propõe Tsipras, negar-se a aceitar as condições que lhe exigem os credores. O que é impossível é decidir ambas as coisas ao mesmo tempo, que é o que pretende Tsipras.
O populismo também se caracteriza por um temor religioso ao mercado. Mas, contrariamente ao que pensa o comum da esquerda, os mercados somos todos nós. As famílias que decidem todos os dias o quê, quanto e onde comprar e as empresas que decidem diariamente o quê, quanto e onde produzir. O que faz o mercado é conciliar as possibilidades de gastos de uma sociedade com a sua capacidade de produção. Estabelece a disciplina imprescindível para poder viver. Este exercício diário de democracia, que não exige depositar o voto na urna, é inaceitável para os populistas, que desconfiam do seu indecifrável funcionamento - impossível de controlar - e que jogam outra cartada: aproveitar a oportunidade para beneficiarem do mal-estar social, manipulando os sentimentos das pessoas, a fim de conseguirem o poder necessário para levarem a cabo o seu programa totalitário. Não sabemos ainda o que trarão os próximos dias nem como evoluirá a tragédia grega. O que está fora de dúvida é que quem menos confia no país são os seus próprios cidadãos, que estão há dias a fazer filas nos bancos e que, desde que os radicais estão no governo, expatriaram milhares de milhões de euros. Se isto servir como vacina contra os populismos que despertaram noutros lugares, e especialmente em Espanha, a experiência grega terá valido a pena.
A UE não só não desaparecerá como também acabará fortalecida.
Artigo Parcial


Excelente artigo com pontos de vista completamente racionais e que fazem todo o sentido :clap: :clap: :clap:

Com uma burocracia enorme, opaca e clientelar, um sistema judicial ineficiente e corrupto e uma regulação dos mercados ao serviço dos grupos de interesses que apoiam as diferentes forças políticas - da esquerda à direita -, nenhum resgate seria capaz de evitar a falência do país salvo se fosse permanente. No último relatório do Banco Mundial, "Doing Business in the World" (Fazer Negócios no Mundo), a Grécia situa-se no ranking global ao lado da Tunísia. No que se refere ao cumprimento dos contratos ocupa o lugar 155, logo atrás do Malawi; na sua capacidade de arrecadação de impostos está ao nível das ilhas Salomão; na proteção dos direitos de propriedade alinha com Marrocos... e nos trâmites para criar uma empresa compete com o Togo. A marca institucional do Estado helénico tem as características da de um Estado subdesenvolvido ou em vias de desenvolvimento.
Por isso, em lugar de pôr a ênfase nos aspetos estritamente fiscais, a troika deveria ter concentrado as suas exigências no modernizar da economia grega, em flexibilizar as regras laborais, restaurar a confiança jurídica e construir umas instituições independentes e respeitáveis. Mas teria este enfoque alternativo mudado a situação em que nos encontramos? Infelizmente também não. A explicação é que, pela primeira vez na história da UE, quem está à frente de um dos seus membros é, mais do que um governo de esquerda, um leninista rendido ao populismo. É uma experiência inédita para a qual uma união presidida desde sempre pela lógica e pelo pragmatismo não estava preparada.
 
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Re: Crise Grega

por Opcard33 » 5/7/2015 8:25

"MIGUEL ANGEL BELLOSOGregos orgulhosos e totalitários
por MIGUEL ANGEL BELLOSO03 julho 2015

Em fevereiro passado, pouco depois de o Syriza ter ganho as eleições na Grécia, a Actualidad Económica, a revista que dirijo, dedicou a capa a responder à seguinte pergunta: pode a esquerda radical governar na Europa? Os acontecimentos que se têm vindo a suceder desde então vieram confirmar a resposta: não. A maioria dos peritos consultados considerava incompatível a pertença ao euro de um Estado que ano após ano redistribui através do seu orçamento quantidades imensas de recursos que é incapaz de arrecadar com impostos, que é inflexível no que respeita à baixa dos salários evitando a concorrência interna e que se propõe como objetivo manter um nível de rendimento muito acima do que a sua produtividade permite. Também advertíamos sobre o erro que seria os responsáveis da UE enfrentarem o problema criado por Tsipras com a estratégia do apaziguamento, ao estilo de Chamberlain com Hitler. Parecia-nos que o programa do Syriza para reverter os ajustamentos impostos pela troika, razão pela qual a economia grega tinha começado a crescer no ano passado, levaria a um malograr das expectativas induzindo de novo a recessão - como aconteceu - e que, por isso, convinha que o governo de Atenas o soubesse quanto antes.
Meio ano depois, todos estes maus presságios se cumpriram. Perdeu-se um tempo precioso, durante o qual a sociedade grega continuou a empobrecer. A UE viveu numa instabilidade permanente e estamos, neste mo-mento, como no ponto de partida. As chamadas à responsabilidade para evitar a confrontação e a ênfase na negociação e no diálogo com o Syriza fracassaram estrondosamente. Tem a União Europeia alguma responsabilidade no desastre? A minha opinião é que, ainda que pequena, tem-na. A troika demonstrou uma grande flexibilidade com a Grécia rebaixando sucessivamente os objetivos de superavit primário e de subida dos impostos, assim como a sua pretensão sobre a reforma do sistema de pensões. Mas a sua aproximação ao problema foi exclusivamente de carácter fiscal, a fim de assegurar rendimentos que permitissem restruturar satisfatoriamente a dívida e continuar a pagar aos credores. Não sinto nenhuma simpatia por Varoufakis, mas não lhe falta razão quando diz que uma subida dos impostos aprofundaria ainda mais a recessão. A Grécia precisa de criar as condições certas para gerar crescimento e isso só se consegue com reformas estruturais. O problema é que o Syriza também não está disposto a levá-las avante.
Com uma burocracia enorme, opaca e clientelar, um sistema judicial ineficiente e corrupto e uma regulação dos mercados ao serviço dos grupos de interesses que apoiam as diferentes forças políticas - da esquerda à direita -, nenhum resgate seria capaz de evitar a falência do país salvo se fosse permanente. No último relatório do Banco Mundial, "Doing Business in the World" (Fazer Negócios no Mundo), a Grécia situa-se no ranking global ao lado da Tunísia. No que se refere ao cumprimento dos contratos ocupa o lugar 155, logo atrás do Malawi; na sua capacidade de arrecadação de impostos está ao nível das ilhas Salomão; na proteção dos direitos de propriedade alinha com Marrocos... e nos trâmites para criar uma empresa compete com o Togo. A marca institucional do Estado helénico tem as características da de um Estado subdesenvolvido ou em vias de desenvolvimento.
Por isso, em lugar de pôr a ênfase nos aspetos estritamente fiscais, a troika deveria ter concentrado as suas exigências no modernizar da economia grega, em flexibilizar as regras laborais, restaurar a confiança jurídica e construir umas instituições independentes e respeitáveis. Mas teria este enfoque alternativo mudado a situação em que nos encontramos? Infelizmente também não. A explicação é que, pela primeira vez na história da UE, quem está à frente de um dos seus membros é, mais do que um governo de esquerda, um leninista rendido ao populismo. É uma experiência inédita para a qual uma união presidida desde sempre pela lógica e pelo pragmatismo não estava preparada.
Tsipras convocou um referendo "porque não aceitamos desistir; por nós, pelas gerações futuras, pela história dos gregos, pela soberania e pela dignidade do nosso povo". O pretexto que o populismo utiliza para ganhar adeptos é a vontade popular, revestida pelos princípios da democracia e da soberania. Até o filósofo alemão Habermas disse esta estupidez: "São os cidadãos, não os credores, quem deve decidir o futuro da UE." Mas o que estes aprendizes de feiticeiros ignoram é que a vontade popular tem sempre como limite a daquelas outras sociedades às quais afeta. Os cidadãos da Grécia podem decidir democraticamente deixar de pagar a dívida. O que não podem é obrigar outros países a continuar a emprestar-lhes o dinheiro de que necessitam para continuarem a viver à sua custa. A soberania popular acaba quando invade e cerceia a de outros países implicados na sustentação da nação que a exibe como argumento e escudo. Uma sociedade em que a despesa pública excede os rendimentos imprescindíveis para a suportar só tem futuro se os outros lhe confiarem os recursos necessários. Se assim for, o que não é o caso grego, pode prescindir temporariamente dos ajustamentos necessários. Também poderia, como propõe Tsipras, negar-se a aceitar as condições que lhe exigem os credores. O que é impossível é decidir ambas as coisas ao mesmo tempo, que é o que pretende Tsipras.
O populismo também se caracteriza por um temor religioso ao mercado. Mas, contrariamente ao que pensa o comum da esquerda, os mercados somos todos nós. As famílias que decidem todos os dias o quê, quanto e onde comprar e as empresas que decidem diariamente o quê, quanto e onde produzir. O que faz o mercado é conciliar as possibilidades de gastos de uma sociedade com a sua capacidade de produção. Estabelece a disciplina imprescindível para poder viver. Este exercício diário de democracia, que não exige depositar o voto na urna, é inaceitável para os populistas, que desconfiam do seu indecifrável funcionamento - impossível de controlar - e que jogam outra cartada: aproveitar a oportunidade para beneficiarem do mal-estar social, manipulando os sentimentos das pessoas, a fim de conseguirem o poder necessário para levarem a cabo o seu programa totalitário. Não sabemos ainda o que trarão os próximos dias nem como evoluirá a tragédia grega. O que está fora de dúvida é que quem menos confia no país são os seus próprios cidadãos, que estão há dias a fazer filas nos bancos e que, desde que os radicais estão no governo, expatriaram milhares de milhões de euros. Se isto servir como vacina contra os populismos que despertaram noutros lugares, e especialmente em Espanha, a experiência grega terá valido a pena.
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A Crise Grega vista pelo Le Monde: A Geopolitica

por RaposoTavares » 5/7/2015 2:37

Imagem

O excerto:

Ce n’est pas par amour de Platon et Aristote que le président américain Barack Obama, dès le début de la crise grecque, s’est inquiété d’un éventuel « Grexit », jugé dangereux non seulement pour la stabilité financière mondiale ou la cohésion de l’Union européenne, mais aussi – surtout ? – pour la sécurité du commandement militaire de l’OTAN en Méditerranée orientale.
[...]
Lors de l’intervention en Libye visant à renverser le colonel Kadhafi, entre mars et octobre 2011, c’est de là (de Souda - Creta - Grécia] que décollaient les F16 américains.


O link:
http://www.lemonde.fr/europe/article/2015/07/04/les-risques-geopolitiques-d-un-grexit_4670193_3214.html

O bitaite:
Os russos já têm uma basezinha naval no Chipre, almejam ter posições na Grécia e os chinocas querem transformar o Pireu (porto ateniense) e o porto de Tessalónica em plataformas de acesso ao espaço europeu. Por este andar lá teremos que meter os turcos na Zona Euro... Mais uns rapazes sensatos...
Para ser franco, é esta a fraqueza europeia que mais me assusta: A Europa em termos políticos e militares é uma inexistência.
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A Crise Grega vista pelo Le Monde: le travail au noir

por RaposoTavares » 5/7/2015 2:28

Pois parece que o trabalho sem pagamento de impostos toma força na Grécia. É também nestas coisas que se nota que temos muitas parecenças com os gregos:

O excerto:
D’après un sondage publié en 2014 par la Commission européenne, plus de 30 % des employeurs du pays avaient rémunéré un de leurs subordonnés au noir l’année précédente.


O link:
http://www.lemonde.fr/economie/article/2015/07/04/en-grece-le-travail-au-noir-ne-connait-pas-la-crise_4670213_3234.html
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A Crise Grega no El Mundo: a já famosa entrevista ao Varoufa

por RaposoTavares » 5/7/2015 2:21

UM excerto saboroso da entrevista:

R.-Si gana el 'no' el primer ministro griego, Alexis Tsipras, contará con armas para conseguir negociar un acuerdo mejor. No me malinterprete: si gana el 'no', no lograremos un acuerdo fantástico, para nada, pero conseguiremos que no sea tan malo como el que ahora nos proponen. Si gana el 'no', Tsipras viajará el lunes a Bruselas y logrará un acuerdo mejor, y al día siguiente, el martes, lo bancos griegos volverán a abrir sus puertas.


O link para a entrevista: http://www.elmundo.es/economia/2015/07/04/5596f1b3ca47412d048b459e.html
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A Crise Grega no Le Soir

por RaposoTavares » 5/7/2015 2:17

Uma boa peça informativa em que, no fim, quase em roda-pé, se dá nota de 600 portugueses que acham importante transformar o Syriza num movimento internacional (que é como quem diz: português, espanhol e grego).

O excerto de uma passagem mais pitoresca:
« Misère et FMI dehors ! », ont scandé environ 600 personnes à Lisbonne, devant la représentation de la Commission Européenne. » Espagne, Grèce et Portugal, notre route est internationale « scandaient aussi les manifestants


O link: http://www.lesoir.be/927790/article/actualite/union-europeenne/2015-07-04/une-grece-divisee-avant-un-vote-crucial-pour-son-avenir-et-pour-l-europe

Editei: Se o Syriza alastrar a Portugal e Espanha, via Bloco e via livre e via avançar (ou coisa assim), terá quantos coordenadores?
Assim de repente, no Bloco, 6; no Livre 2, no avançar, 1?, no Podemos 455? (toda a comissão de moradores de um bairro qualquer de Alcalá e mais 12 representantes de bairros periféricos madrilenos e dois okupas de casas abandonadas na zona das ramblas de Barcelona), no Syriza, 4?
Vê-se que é uma coisa com estrutura... Percebem agora porque é que o amigo Estaline mandou testar um pico de gelo no toutiço do Trotsky? Com rapaziada desta...
Editado pela última vez por RaposoTavares em 5/7/2015 2:53, num total de 1 vez.
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A Crise Grega no El Pais

por RaposoTavares » 5/7/2015 1:49

Um editorial de um bom jornal de esquerda a ler.
Um excerto:
El referéndum es un recurso legítimo, pero no la panacea de la democracia. Y menos aún lo que distingue una democracia auténtica de otra bastarda. Solo las elecciones libres son distintivo exclusivo de la democracia. La prueba es Grecia: de las siete convocatorias, tres fueron realizadas por dos dictaduras, la de los años treinta y la de la junta de los coroneles (1967-1974).


o Link:
http://elpais.com/elpais/2015/07/04/opinion/1436016237_954184.html

Um artigo de opinião com pés e cabeça. O excerto:
No hay un camino de rosas y otro de espinas. Hay espinas y lanzas. El sí abrirá una empinada cuesta de esfuerzo económico, aunque con sacrificios menos brutales que antes. El no arriesga el corte de la liquidez europea, que podría llevar a Grecia a la insolvencia y la quiebra técnica, y a una caótica salida de factodel euro: el descalabro.


O link:
http://internacional.elpais.com/internacional/2015/07/04/actualidad/1436037397_850536.html
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Re: Crise Grega

por jccgold » 5/7/2015 1:47

richardj Escreveu:A economia grega está a parar.


Essa notícia está desactualizada 6 anos, já sabemos que o PIB grego caiu 27%
 
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Deixem o homem em paz!!

por RaposoTavares » 5/7/2015 1:17

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Há sempre quem ache que o Vítor, só porque é Vice do BCE, deve saber qual é a estratégia do banco a curto e mesmo a médio prazo, qual é a situação económica da zona €... e outra coisas assim disparatadas.

Desta feita, foram perguntar ao pobre rapaz o que faria o BCE em caso de vitória do não! Vejam só: uma situação que só se irá colocar no domingo depois de jantar! Enfim! uns desvairados impertinentes!
Pffft!, e perguntar isto a um cristão de boas famílias!...
Ora, isto já é maldade. O raio dos jornalistas gregos, pá!

http://www.tovima.gr/en/article/?aid=719375

Coitado do rapaz! Qualquer dia ainda acham que o Vítorpode fazer previsões macro para, sei lá!... um ano.
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Re: Crise Grega

por richardj » 5/7/2015 1:10

http://www.publico.pt/mundo/noticia/fal ... as-1701050

A economia grega está a parar. Com o controlo de capitais, o consumo já começou a sofrer. Para a semana vai ser bonito, os bancos já disseram que não tem dinheiro até 4ª feira, e não se vai chegar a nenhum acordo em 2 dias.

Por outro lado o Schulz já disse que em caso de crise humanitária que serão enviados recursos.

http://www.jornaldenegocios.pt/economia ... recia.html

Cooper: CASE, get ready to match our spin with the retro thrusters.

CASE: It's not possible.

Cooper: No, it's necessary!

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Re: Crise Grega

por feliztrader » 5/7/2015 0:07

...
Editado pela última vez por feliztrader em 10/7/2015 11:16, num total de 1 vez.
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Re: Crise Grega

por muzzle » 4/7/2015 23:10

Isto agora é só radicais de esquerda a opinarem. Raios parta esta gente que está a destruir a Europa e a brincar com o dinheiro dos outros.

http://www.dn.pt/inicio/globo/interior. ... 18&page=-1

saudades destes POLÍTICOS a sério
 
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Re: Crise Grega

por atomez » 4/7/2015 21:36

Mandem os Euros, senão...

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As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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Re: Crise Grega

por jccgold » 4/7/2015 21:23

Corvo=Corvo Escreveu:Lá como cá é só uma questão de medir a dimensão da mentira. :-"
https://www.youtube.com/watch?v=pjEIZKqqJdU :-" :-" :-" :-" :-" :-" :-"


Deixa lá o radical de extrema direita em paz. Daqui a nada estás a falar dos novos impostos que aí vêm para cobrir o défice de 5.8% deste trimestre. corvo tem lá pena dos poetas
 
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