Efetivamente, na última sexta-feira, a NOS levou um tombo grande, uma queda acima de 5%, com 2,88 milhões de ações a ser negociadas (o que compara com um volume médio de 3 meses de cerca de 0,87 milhões. Na altura não encontrei grande explicação para isto, mas desconfio que estará relacionado com o facto de a crise das Telco estar a ocorrer no continente europeu, em virtude de haver mudanças nos índices, designadamente com a saída da Orange e da Telefonica do Euro Stoxx 50 (
https://www.jornaldenegocios.pt/mercado ... o-stoxx-50). Deste modo e a meu ver, talvez exista algum efeito de contágio. Contudo, a queda da NOS merecer grande destaque, comparativamente com outras equivalentes europeias.
Este fim de semana dediquei algum tempo a digerir os resultados do 2T2020, que ainda não tinha feito. Verifiquei, que de uma maneira geral e apesar do problema Covid, a NOS mantém-se resiliente.
Comparando o 2T2019 com o 2T2020:
- Apesar de uma diminuição das receitas, não se verificou diferença do resultado líquido (47,7M vs. 45,34M), o que denota que a empresa está a jogar à defesa, controlando os custos;
- O capital próprio diminui de 956M para 895M, ou seja, uma diferença de 61M, mas que no fundo reflete a diferença do resultado líquido semestral (90,2M vs. 35M, ou seja uma diferença de 55,2M);
- Por incrível que pareça e de acordo com o balanço, há uma diminuição dos empréstimos obtidos (1,39M vs. 1,24M), merecendo realce o facto de o rácio Dívida Líquida/EBITDA rondar 2x, o que é saudável.
Neste momento, penso que os maiores riscos que a NOS enfrenta relacionam-se com:
- Quota de mercado, apesar de este fator ser "mais-do-mesmo", ou seja, o domínio das Big 3 (Meo, NOS e Vodafone), o que implica um equilíbrio competitivo entre as três e grandes barreiras à entrada de novos players;
- Queda das receitas nos Cinemas, devido à Covid-19;
- Rede 5G: um enorme desafio financeiro e que pode contribuir para a entrada de mais concorrência em Portugal.
Quanto à possibilidade de uma OPA, de há uns largos meses a esta data sempre tive a convicção da sua possibilidade. Porém, nunca admiti que a Sonae poderia ser uma potencial candidata... ou seja, sempre coloquei como forte hipótese alguma empresa do setor das Telco, por exemplo a Vodafone (para ganhar quota de mercado em Portugal, não obstante o facto de uma sua proposta poder vir a ser chumbada pela AdC) ou então a Telefonica, por uma questão de proximidade...
Veremos os próximos capítulos...