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Caldeirão da Bolsa

Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por Artista Romeno » 24/4/2014 17:28

ROADSTER 1 Escreveu:"

- " A análise Fundamental é e deve ser o método de selecção preferido pelos invvestidores institucionais, que não podem dispensá-la.
- A Análise Técnica deve ser a metodologia a utilizar pelos particulares, mas dentro de um ambiente de Análise Fundamental, rigorosamente imprescidível.
- Na questão de determinar o timing de mercado, o Momento, o autor sustenta a superioridade da Análise Técnica sobre a Fundamental, mas sem esquecer apports com que esta concorre, nomeadamente a análise do ambiente económico mundial, das economias de que dependemos e da economia nacional, em particular o ciclo económico, bem como indicadores bolsistas, indicando médias, como PER,PBV,DY"

Fernando Braga de Matos in Ganhar em Bolsa

Muitos e bons posts já enquadraram a questão da AF versus AT com toda a propriedade. Com as citações acima, pretendo apenas demonstrar que posições académicas fundamentalistas e arrogantes como a de Howard Marks ( embora entenda o racional da mesma) não fazem o meu género. Como em tudo na vida, entendo que o veneno está na dose, daí a minha preferência pela síntese entre as duas teorias e pelo pragmatismo de posições como as expressas pelo Braga de Matos.

Abraço.


Braga de Matos eu já ando nisto há algum tempo, mas não tanto desde o primeiro livro do braga de matos, logo não conhecia, podem me bater a vontade... mas quem se ri a quem lhe da ouvidos sou eu!!!... e vou falar de uma má experiência quando nao dominava a analise fundamental devidamente, Investimento no início de Maio de 2012 na Telefonica e pensei esta empresa presente em inumeros mercados a dar 1,5 euros ao ano de dividendo, para um preço de menos de 10 euros é de entrar.. e fui a jogo até ver que subitamente acabou-se nao havia dividendos esperados para ninguem! e la se tinha ido o negocio maravilha... se perdi mt não.. ainda sai com ganho marginal, mas desde esse dia que garanti a mim mesmo que nunca seria caçado numa coisa tao basica.....e que iria melhorar e muito os meus conhecimentos de analise fundamental rapidamente.http://economia.elpais.com/economia/201 ... 754.html... primeiro era efetivo depois era scrip e efetivo e depois e depois pronto... enfim uma empresa não é ah tem dividend yield alto ta barata golo, tem que gerar FCF sustentadamente para o pagar..hoje e no futuro. e se paga mt dividendo nao está a reinvestir nem a crescer... PBV também não diz nada de jeito porque é um racio entre o balanço a valores de mercado vs valores contabilisticos uma empresa pode ter um PBV de 3 e ser barata ser as perspectivas forem boas.e outra PODE TER PBV de 2 e ser cara.. PER é um racio que pode dar para algumas industrias enventualmente energia, mas uma empresa pode ter per 15 e tar cara e outra per 20 e estar barata alias é muito frequente.... enfim depois de ler esse paragrafo nem vou perder tempo com essa treta.....p.s: agora percebo certas misconceptions de varios colegas de forum que afirmaram ler tão brilhante documento..... Braga de matos pode ter um nome curioso mas so se for em analise técnica k saiba kk coisa com concelhos desses de PER DY E PBV isso até um puto do primeiro ano da faculdade o dizia
As opiniões expressas baseiam-se essencialmente em análise fundamental, e na relação entre o valor de mercado dos ativos e as suas perspectivas futuras de negocio, como tal traduzem uma interpretação pessoal da realidade,devendo como tal apenas serem consideradas como uma perspetiva meramente informativa sobre os ativos em questão, não se constituindo como sugestões firmes de investimento
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por ROADSTER 1 » 24/4/2014 12:52

" Parece claro que o investimento na tendência não é uma abordagem racional. O exemplo mais importante disto aconteceu em 1998-1999, com o surgimento dos day-traders. A maioria eram investidores não profissionais, atraídos pela esperança de dinheiro fácil durante a explosão das acções de tecnologia, media e telecomunicações. Raramente detinham posições durante a noite. Várias vezes ao dia tentavam adivinhar se o preço que observavam subiria ou cairia nas horas seguintes. Nunca entendi como chegam as pessoas a conclusões como essas. Comparo esse processo a tentar adivinhar se a próxima pessoa ao virar da esquina será do género masculino ou feminino. Tal como vejo as coisas, os day traders consideravam-se bem sucedidos se comprassem uma acção a dez dólares e a vendessem a 11, comprando-a novamente na semana seguinte a 24 e vendendo-a a 25, e comprando-a uma semana depois a 39 e vemdendo-a a 40. Se o leitor não consegue ver o erro inerente a esta forma de actuar - o negociante ganhou 3 dólares em acções que se apreciaram 30 dólares -, provavelmente não deve ler o resto deste livro."

Howard Marks in " de Zero a Cem"

- " A análise Fundamental é e deve ser o método de selecção preferido pelos invvestidores institucionais, que não podem dispensá-la.
- A Análise Técnica deve ser a metodologia a utilizar pelos particulares, mas dentro de um ambiente de Análise Fundamental, rigorosamente imprescidível.
- Na questão de determinar o timing de mercado, o Momento, o autor sustenta a superioridade da Análise Técnica sobre a Fundamental, mas sem esquecer apports com que esta concorre, nomeadamente a análise do ambiente económico mundial, das economias de que dependemos e da economia nacional, em particular o ciclo económico, bem como indicadores bolsistas, indicando médias, como PER,PBV,DY"

Fernando Braga de Matos in Ganhar em Bolsa

Muitos e bons posts já enquadraram a questão da AF versus AT com toda a propriedade. Com as citações acima, pretendo apenas demonstrar que posições académicas fundamentalistas e arrogantes como a de Howard Marks ( embora entenda o racional da mesma) não fazem o meu género. Como em tudo na vida, entendo que o veneno está na dose, daí a minha preferência pela síntese entre as duas teorias e pelo pragmatismo de posições como as expressas pelo Braga de Matos.

Abraço.
Há duas classes de autores de previsões: os que não sabem - e os que não sabem que não sabem

John Kenneth Galbraith
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por Bart Simpson » 24/4/2014 9:32

Um artigo excelente sobre investimentos .

http://www.casadeinvestimentos.pt/arq/f ... imento.pdf
Os profetas do mercado enchem os novos ouvidos, mas nunca encherão as nossas carteiras - Warren Buffett
Os patos voam em bando.
 
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por NirvSup » 24/4/2014 0:19

crybaby Escreveu:Eu até faço análise técnica, mas também sou da opinião que a fundamentação matemática é zero.

Simplesmente "convencionou-se" que quando se embica num valor a subir é uma resistência e se for quebrada é comprar à fartazana, assim como se embicar a descer é um suporte e se for quebrado é vender a pontapé... entre muitas outras convenções...



Lá está, é a tal sabedoria das multidões a revelar-se: para o bem e para o mal.
 
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por mmrmm » 24/4/2014 0:19

richardj Escreveu:
mmrmm Escreveu:«Em nome» dos iniciados peço o favor aos experientes a vossa ajuda neste feliz tópico para clarificar algumas questões, recorrendo, se puderem/quiserem à vossa experiência pessoal:
1. Quais pensam ser as características mais relevantes a que dão importância na AF e na AT na vossa pesquisa de mercado?
2. Que divergências devem ser notadas entre AF e AT, ou seja, em que casos notaram manifesta contradição entre as duas ferramentas?
3. Que sinergias devem/podem ser criadas entre AF e AT na definição de uma estratégia?
Muito obrigado.

Um abraço,


Não sendo nenhum experiente;:

Antes de investir 1 cêntimo qualquer candidato a investidor deve olhar para si e tentar enquadrar-se sobre as seguintes questões:

-> Qual o montante que tenho disponível para investir sem que isso me tire o sono? Que tipo de activos vou transaccionar? Qual é a melhor correctora para o tipo de activos que quero transaccionar? Que tipo de investimentos faço? Curto Prazo? Médio prazo? Longo prazo?

Com base nisso é possível iniciar um plano. O plano, é a mais importante ferramenta que um investidor pode ter. Tendencialmente, a diferença entre o bons trader e os menos bons tem haver com a capacidade e disciplina em seguir o plano definido.

O que é o plano?
-> definir preço de entrada.
-> definir/marcar com stop preço de saída em caso de a acção não tomar o sentido que esperávamos. E cumprir.
-> definir, ainda que mentalmente, preço de saída mesmo com ganhos.

Como definir o plano?
-> AT
-> AF
-> misto

AT:
-> na minha opinião funciona melhor para trades de curto a médio prazo.

-> procura perceber o futuro da acção com base na procura e oferta do passado. Baseia-se sobretudo no preço da acção ao longo do tempo e do seu volume. Com base nisso, tenta definir as pressões compradoras e ou vendedoras, bem como níveis de confiança dos investidores em vários prazos temporais. Considera que determinados valores funcionam como barreiras psicológicas, que podem ser resistências ou suportes. Considera a existência de tendências "primarias" e "secundarias", que dão origem a "canais".

-> com base em AT é possível obter infinitos indicadores/configurações/movimentos que indicam pressões vendedoras/compradoras/incertezas para curto médio prazo. Tudo isto aproximadamente independentemente da empresa em causa ou dos seus resultados operacionais. AT foca-se nos investidores, nas suas acções e de que forma isso afectou o preço da acção.

AF:
-> na minha opinião AF funciona melhor para médio longo prazo.

-> AF, ao contrario da AT, procura conhecer melhor os fundamentais da empresa, isto é, o seu valor, independentemente de os investidores lhe atribuírem esse valor ou não. Com base nos resultados trimestrais/semestrais/anuais é possível verificar indicadores relativos aos lucros, cashflow, PER, ROE,etc. Com base nesses indicadores e considerando o sector em que se enquadra é possível verificar se o preço actual da acção é superior ou inferior a um preço teórico expectavel obtido por AF (target).


Vantagens desvantagens:

AT: tende a ser mais simples e a obter melhor resultados para trades de curto a médio prazo. Para trade superiores a 6 meses pode ser difícil fazer previsões, mas é possível recalibrar o plano à medida que o tempo passa. Por outro lado, oferece tantos indicadores que na maior parte do tempo eles contradizem-se, pelo que a correcta escolha dos indicadores é importante.

AF: O maior problema de AF é que é mais difícil ter acesso aos dados a tempo e horas, o que torna a avaliação da empresa mais difícil. A não ser que consigas um relatório de contas mensal :) nesse sentido torna-se difícil/ impossível fazer trades de curto prazo com AF. Nesse sentido funciona melhor para trades de médio/longo prazo. Para o investidor comum acho que AF não tem grande interesse, pode servir como complemento de AT. AF pode ser importante para grandes investimentos, mas sempre para médio/longo prazo.


Muito obrigado pelo excelente post que muito ajudará a clarificar estas questões.
Um abraço,
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por NirvSup » 24/4/2014 0:14

RS_trader Escreveu:
NirvSup Escreveu:Caro Manuel, acha que se o Braga de Matos percebesse profundamente sobre o funcionamento da bolsa de valores andava a perder o seu precioso tempo a escrever livros em vez de estar a ganhar dinheiro na bolsa?


LoL


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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por goodmoney » 23/4/2014 23:44

Eu até faço análise técnica, mas também sou da opinião que a fundamentação matemática é zero.

Simplesmente "convencionou-se" que quando se embica num valor a subir é uma resistência e se for quebrada é comprar à fartazana, assim como se embicar a descer é um suporte e se for quebrado é vender a pontapé... entre muitas outras convenções...
 
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por richardj » 23/4/2014 21:26

mmrmm Escreveu:«Em nome» dos iniciados peço o favor aos experientes a vossa ajuda neste feliz tópico para clarificar algumas questões, recorrendo, se puderem/quiserem à vossa experiência pessoal:
1. Quais pensam ser as características mais relevantes a que dão importância na AF e na AT na vossa pesquisa de mercado?
2. Que divergências devem ser notadas entre AF e AT, ou seja, em que casos notaram manifesta contradição entre as duas ferramentas?
3. Que sinergias devem/podem ser criadas entre AF e AT na definição de uma estratégia?
Muito obrigado.

Um abraço,


Não sendo nenhum experiente;:

Antes de investir 1 cêntimo qualquer candidato a investidor deve olhar para si e tentar enquadrar-se sobre as seguintes questões:

-> Qual o montante que tenho disponível para investir sem que isso me tire o sono? Que tipo de activos vou transaccionar? Qual é a melhor correctora para o tipo de activos que quero transaccionar? Que tipo de investimentos faço? Curto Prazo? Médio prazo? Longo prazo?

Com base nisso é possível iniciar um plano. O plano, é a mais importante ferramenta que um investidor pode ter. Tendencialmente, a diferença entre o bons trader e os menos bons tem haver com a capacidade e disciplina em seguir o plano definido.

O que é o plano?
-> definir preço de entrada.
-> definir/marcar com stop preço de saída em caso de a acção não tomar o sentido que esperávamos. E cumprir.
-> definir, ainda que mentalmente, preço de saída mesmo com ganhos.

Como definir o plano?
-> AT
-> AF
-> misto

AT:
-> na minha opinião funciona melhor para trades de curto a médio prazo.

-> procura perceber o futuro da acção com base na procura e oferta do passado. Baseia-se sobretudo no preço da acção ao longo do tempo e do seu volume. Com base nisso, tenta definir as pressões compradoras e ou vendedoras, bem como níveis de confiança dos investidores em vários prazos temporais. Considera que determinados valores funcionam como barreiras psicológicas, que podem ser resistências ou suportes. Considera a existência de tendências "primarias" e "secundarias", que dão origem a "canais".

-> com base em AT é possível obter infinitos indicadores/configurações/movimentos que indicam pressões vendedoras/compradoras/incertezas para curto médio prazo. Tudo isto aproximadamente independentemente da empresa em causa ou dos seus resultados operacionais. AT foca-se nos investidores, nas suas acções e de que forma isso afectou o preço da acção.

AF:
-> na minha opinião AF funciona melhor para médio longo prazo.

-> AF, ao contrario da AT, procura conhecer melhor os fundamentais da empresa, isto é, o seu valor, independentemente de os investidores lhe atribuírem esse valor ou não. Com base nos resultados trimestrais/semestrais/anuais é possível verificar indicadores relativos aos lucros, cashflow, PER, ROE,etc. Com base nesses indicadores e considerando o sector em que se enquadra é possível verificar se o preço actual da acção é superior ou inferior a um preço teórico expectavel obtido por AF (target).


Vantagens desvantagens:

AT: tende a ser mais simples e a obter melhor resultados para trades de curto a médio prazo. Para trade superiores a 6 meses pode ser difícil fazer previsões, mas é possível recalibrar o plano à medida que o tempo passa. Por outro lado, oferece tantos indicadores que na maior parte do tempo eles contradizem-se, pelo que a correcta escolha dos indicadores é importante.

AF: O maior problema de AF é que é mais difícil ter acesso aos dados a tempo e horas, o que torna a avaliação da empresa mais difícil. A não ser que consigas um relatório de contas mensal :) nesse sentido torna-se difícil/ impossível fazer trades de curto prazo com AF. Nesse sentido funciona melhor para trades de médio/longo prazo. Para o investidor comum acho que AF não tem grande interesse, pode servir como complemento de AT. AF pode ser importante para grandes investimentos, mas sempre para médio/longo prazo.

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CASE: It's not possible.

Cooper: No, it's necessary!

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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por RS_Trader » 23/4/2014 20:43

NirvSup Escreveu:Caro Manuel, acha que se o Braga de Matos percebesse profundamente sobre o funcionamento da bolsa de valores andava a perder o seu precioso tempo a escrever livros em vez de estar a ganhar dinheiro na bolsa?


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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por Bart Simpson » 23/4/2014 18:40

Quando o mercado cai abruptamente arrastando o preço das cotadas, chega-se ao ponto de algumas cotarem abaixo do cash que possuem, portanto a um preço muito abaixo do valor da empresa, assim como num mercado em bolha em que há empresas a cotarem 1000 vezes o seu per,sendo o seu valor muito abaixo do preço cotado.
Quem investe em valor, pretende aproveitar-se da especulação do preço, e compra quando a especulação coloca o preço abaixo do valor que o investidor definiu como o correto. Depois espera que o mercado ajuste o preço ao valor correcto da empresa.

Um investidor famoso em valor é warren buffett e não é por acaso que ele diz “Be Fearful When Others Are Greedy and Greedy When Others Are Fearful” porque nessas situações de extremo, o preço está desajustado ao real valor .
Os profetas do mercado enchem os novos ouvidos, mas nunca encherão as nossas carteiras - Warren Buffett
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por Artista Romeno » 23/4/2014 16:41

Bart Simpson Escreveu:
JorgeNevada Escreveu:
Bart Simpson Escreveu:Quando eu guardo uma barra de ouro num cofre, estou a investir em valor e não no seu preço. Sei que o seu preço pode variar ao longo dos anos, mas daqui a décadas essa barra de ouro será transacionável, pois qualquer pessoa a aceitaria no Mundo. É um valor infinito. Isso já não aconteceria com a moeda, pois essa muda, é finita, caduca a emissão, e pode caducar a própria moeda. Um Alemão que tivesse guardado um cofre a abarrotar de marcos pós WWII e outro que tivesse guardado uma barra de ouro, os netos do 1º tinham as mãos vazias e os 2ºs teriam valor nas mãos. Um Argentino o mesmo, ou um Rodeziano, agora zimbabwe nem falar .

Quando especulo o cross de uma moeda eurusd por ex. não estou a investir . Não é algo para guardar valor . É algo para fazer dinheiro, currency, e apressamo-nos logo a cambiar a moeda para a que nos interessa, o euro, pois é a nossa moeda fungível.


O ouro, como a moeda, não tem qualquer valor intrínseco; vale aquilo que as pessoas pensam que vale. É óbvio que concorda que se amanha ninguém quiser mais comprar uma grama de ouro, este perderá todo o seu valor. Por isso, ao guardar a sua barra de ouro no cofre, estará a especular que no futuro o ouro será sempre valorizado pelas pessoas.


Se o ouro não tem valor, porque os Bancos Centrais o guardam a 7 chaves ?
Porque o filho do Muammar al-Gaddafi quando fugiu para o Níger levava um carro blindado carregado de ouro ? Porque não foi dollares ou outra currency?

É porque quem guarda ouro, quer guardar valor. É o que fazem os Bancos Centrais. Para ser utilizado no futuro, numa emergencia ou necessidade, foi o que fez o filho do Muammar al-Gaddaf.


Isto já é uma questão mais de teoria economica valor é o que os agentes estão dispostos a pagar pelas coisas, pode depender no caso do ouro ou de um diamante da escassez.... no caso de uma acção das expectativas.... e essa de AF indicadores confirmados quem fizer isso dá-se mal ai da-se.... AF a serio e olhar para empresas e ver por exemplo se estão baratas porque? e qual é o potencial de futuro das mesmas face à valorização atual e à tendencia do mercado, face ao preço a que transacionam, se isso chama-se especular chama-se... só nao seria tal coisa se tivesse assento no board das empresas em que invisto, caso oposto é especular...e o resto sao conversetas de dicionario
As opiniões expressas baseiam-se essencialmente em análise fundamental, e na relação entre o valor de mercado dos ativos e as suas perspectivas futuras de negocio, como tal traduzem uma interpretação pessoal da realidade,devendo como tal apenas serem consideradas como uma perspetiva meramente informativa sobre os ativos em questão, não se constituindo como sugestões firmes de investimento
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por JorgeNevada » 23/4/2014 16:30

Mas que valor é que o ouro tem realmente? Vamos lá puxar pela cabeça.. para além de algumas aplicações muito específicas em circuitos electricos e poucas outras coisas, o ouro não tem qualquer aplicação real. É um metal que é valorizado por ser raro e não poder ser sintetizado quimicamente. Por alguma razão sociologica/cultural/histórica, o ser-humano aprendeu aprecia-lo pela sua beleza, tudo critérios subjectivos.

É uma simples equação de procura/oferta. por isso, se as circunstancias mudassem de um dia para o outro, para uma situação em que as pessoas simplesmente deixariam de apreciar o ouro, então este perderia todo o seu valor porque deixaria de haver procura. Por outro lado, se amanha encontrassem uma reserva de ouro gigantesca ao ponto de o tornar um metal banal, este perderia também perderia valor.
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por O Alquimista » 23/4/2014 15:53

Bart Simpson Escreveu:

Porque o filho do Muammar al-Gaddafi quando fugiu para o Níger levava um carro blindado carregado de ouro ? Porque não foi dollares ou outra currency?

É porque quem guarda ouro, quer guardar valor. É o que fazem os Bancos Centrais. Para ser utilizado no futuro, numa emergencia ou necessidade, foi o que fez o filho do Muammar al-Gaddaf.


mas que rico exemplo...de um grande trader/investidor/especulador...que quer fugir e leva peso às costas...
ter o ouro guardado e levá-lo quando fugia serviu-lhe de muito...

bem, com esta linha de argumentação e exemplo nada mais de valor posso acrescentar...

I rest my case com uma tirada de Homer Simpson: "Aw, being a clown sucks. You get kicked by kids, bit by dogs, and admired by the elderly. Who am I clowning? I have no business being a clown! I'm leaving the clowning business to all the other clowns in the clowning business."
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por Bart Simpson » 23/4/2014 15:17

JorgeNevada Escreveu:
Bart Simpson Escreveu:Quando eu guardo uma barra de ouro num cofre, estou a investir em valor e não no seu preço. Sei que o seu preço pode variar ao longo dos anos, mas daqui a décadas essa barra de ouro será transacionável, pois qualquer pessoa a aceitaria no Mundo. É um valor infinito. Isso já não aconteceria com a moeda, pois essa muda, é finita, caduca a emissão, e pode caducar a própria moeda. Um Alemão que tivesse guardado um cofre a abarrotar de marcos pós WWII e outro que tivesse guardado uma barra de ouro, os netos do 1º tinham as mãos vazias e os 2ºs teriam valor nas mãos. Um Argentino o mesmo, ou um Rodeziano, agora zimbabwe nem falar .

Quando especulo o cross de uma moeda eurusd por ex. não estou a investir . Não é algo para guardar valor . É algo para fazer dinheiro, currency, e apressamo-nos logo a cambiar a moeda para a que nos interessa, o euro, pois é a nossa moeda fungível.


O ouro, como a moeda, não tem qualquer valor intrínseco; vale aquilo que as pessoas pensam que vale. É óbvio que concorda que se amanha ninguém quiser mais comprar uma grama de ouro, este perderá todo o seu valor. Por isso, ao guardar a sua barra de ouro no cofre, estará a especular que no futuro o ouro será sempre valorizado pelas pessoas.


Se o ouro não tem valor, porque os Bancos Centrais o guardam a 7 chaves ?
Porque o filho do Muammar al-Gaddafi quando fugiu para o Níger levava um carro blindado carregado de ouro ? Porque não foi dollares ou outra currency?

É porque quem guarda ouro, quer guardar valor. É o que fazem os Bancos Centrais. Para ser utilizado no futuro, numa emergencia ou necessidade, foi o que fez o filho do Muammar al-Gaddaf.
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por O Alquimista » 23/4/2014 11:37

Bart Simpson Escreveu:Quando eu guardo uma barra de ouro num cofre, estou a investir em valor e não no seu preço.
Quando especulo o cross de uma moeda eurusd por ex. não estou a investir . Não é algo para guardar valor.


mais um mero jogo de palavras:
como quero comprar uma quintinha no estrangeiro e dar-lhe valor, especulo/invisto no mercado cambial comprando a moeda que me proporcionará o negócio
se meramente especulo e se ganhar, fico com um valor, que posso guardar num cofre, numa carteira ou na conta da corretora
as notas e moedas que trago no bolso são um valor, por isso é que são apetitosas para outros

por ter um preço é que a barra de ouro tem valor
alterando o preço altera o valor e vice-versa
portanto, investir no valor é investir no preço
separar as coisas é tentar tapar o sol com a peneira

eu, se tivesse fome, não queria as barras de ouro do avô ou do pai, mas já apreciaria umas moeditas que me permitissem comprar fruta da quintinha onde investiu um valor: o seu dinheiro

o papel-moeda, porque é imprimida, não é finita, bem pelo contrário
o ouro, esse sim, é finito, mas não é por isso que tem necessariamente mais valor
"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better." - Samuel Becket
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por JorgeNevada » 23/4/2014 11:33

Bart Simpson Escreveu:Quando eu guardo uma barra de ouro num cofre, estou a investir em valor e não no seu preço. Sei que o seu preço pode variar ao longo dos anos, mas daqui a décadas essa barra de ouro será transacionável, pois qualquer pessoa a aceitaria no Mundo. É um valor infinito. Isso já não aconteceria com a moeda, pois essa muda, é finita, caduca a emissão, e pode caducar a própria moeda. Um Alemão que tivesse guardado um cofre a abarrotar de marcos pós WWII e outro que tivesse guardado uma barra de ouro, os netos do 1º tinham as mãos vazias e os 2ºs teriam valor nas mãos. Um Argentino o mesmo, ou um Rodeziano, agora zimbabwe nem falar .

Quando especulo o cross de uma moeda eurusd por ex. não estou a investir . Não é algo para guardar valor . É algo para fazer dinheiro, currency, e apressamo-nos logo a cambiar a moeda para a que nos interessa, o euro, pois é a nossa moeda fungível.


O ouro, como a moeda, não tem qualquer valor intrínseco; vale aquilo que as pessoas pensam que vale. É óbvio que concorda que se amanha ninguém quiser mais comprar uma grama de ouro, este perderá todo o seu valor. Por isso, ao guardar a sua barra de ouro no cofre, estará a especular que no futuro o ouro será sempre valorizado pelas pessoas.
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por mmrmm » 23/4/2014 10:36

«Em nome» dos iniciados peço o favor aos experientes a vossa ajuda neste feliz tópico para clarificar algumas questões, recorrendo, se puderem/quiserem à vossa experiência pessoal:
1. Quais pensam ser as características mais relevantes a que dão importância na AF e na AT na vossa pesquisa de mercado?
2. Que divergências devem ser notadas entre AF e AT, ou seja, em que casos notaram manifesta contradição entre as duas ferramentas?
3. Que sinergias devem/podem ser criadas entre AF e AT na definição de uma estratégia?
Muito obrigado.

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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por Bart Simpson » 23/4/2014 9:35

Quando eu guardo uma barra de ouro num cofre, estou a investir em valor e não no seu preço. Sei que o seu preço pode variar ao longo dos anos, mas daqui a décadas essa barra de ouro será transacionável, pois qualquer pessoa a aceitaria no Mundo. É um valor infinito. Isso já não aconteceria com a moeda, pois essa muda, é finita, caduca a emissão, e pode caducar a própria moeda. Um Alemão que tivesse guardado um cofre a abarrotar de marcos pós WWII e outro que tivesse guardado uma barra de ouro, os netos do 1º tinham as mãos vazias e os 2ºs teriam valor nas mãos. Um Argentino o mesmo, ou um Rodeziano, agora zimbabwe nem falar .

Quando especulo o cross de uma moeda eurusd por ex. não estou a investir . Não é algo para guardar valor . É algo para fazer dinheiro, currency, e apressamo-nos logo a cambiar a moeda para a que nos interessa, o euro, pois é a nossa moeda fungível.
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por Gonee111 » 23/4/2014 9:24

Mas não pensaste que o objectivo pode ter sido mesmo esse? De ser uma generalidade e uma introdução aos mercados de capitais e tentar explicar em português para um povo avesso ao investimento em acções, que o mesmo não é um bicho de sete cabeças?

Sinceramente, foi um ataque completamente desnecessário se nem tentas perceber o propósito do livro. E no fim ao cabo, se percebeste o propósito do livro e ainda achas que perante tal propósito ainda é um livro que falha em atingi-lo, apenas bastaria dizê-lo de forma cordial.
Penso eu... :wink:
 
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por NirvSup » 23/4/2014 9:07

O meu filho que está a terminar o curso de Economia na FEP comprou o livro. Dei uma vista de olhos na diagonal como costumo fazer. E fiquei muito mas muito desiludido. Aquilo é só mesmo generalidades. Aprende-se muito mais AQUI no Caldeirão da Bolsa do que a ler o livro de ponta a ponta.
Apenas pretendi manifestar a mina opinião sobre o livro. Nada mais. Não conheço o Senhor de nada nenhum e nada tenho contra ele e contra quem escreve livros.
 
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por Gonee111 » 23/4/2014 8:41

Esse comentário do NirvSup parece-me totalmente despropositado e descabido. Tal como o visado de tal agressão verbal não se pode defender.
Enfim. :shame:
 
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por O Alquimista » 23/4/2014 2:30

NirvSup Escreveu:acha que se o Braga de Matos percebesse profundamente sobre o funcionamento da bolsa de valores andava a perder o seu precioso tempo a escrever livros em vez de estar a ganhar dinheiro na bolsa?


Meu Caro NirvSup,

há-de convir que toda a sua sabedoria vem de algum lado, e certamente não é só daqui; agora, imagine se todos pensassem e agissem como decorre dessa crítica...

quem ganha dinheiro na bolsa não precisa de estar todo o tempo na bolsa
aliás, estou em crer que quem tem sucesso acha a especulação uma actividade tão monótona, tão monótona que tem de encontrar outras áreas de interesse

levando o argumento ao absurdo:
a) um bom advogado, um bom médico, um bom arquitecto, um bom professor também não poderiam escrever livros porque passavam o tempo a ganhar dinheiro...
b) quem ganha dinheiro na bolsa parece que não pode ter outra actividade lucrativa
c) quem tem sucesso não tem tempo para andar por este fórum...ou terá? (se não tem, que fazemos nós aqui?)

será que é capaz de dirigir a mesma crítica ao Ulisses, que acaba de publicar um livro, é administrador deste fórum, comenta poker, é gestor de carteiras alheias, dá entrevistas, escreve artigos, faz videos, exerce outras actividades, etc.?
"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better." - Samuel Becket
Pára de dar crédito fácil ao que lês e ouves, escuta o que o preço está a fazer e olha para o que te rodeia. - O Alquimista
 
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por mmrmm » 23/4/2014 1:27

NirvSup Escreveu:
mmrmm Escreveu:Excelente tópico, sobretudo para os iniciados como eu.
Do que tenho lido, estudado e falado com diversas pessoas afigura-se que não existem dados inquestionáveis quanto ao carácter científico da AT. Braga de Matos na sua segunda edição do “Ganhar em Bolsa”, no capítulo da AT, cita alguém que coloca o método mais do lado da arte do que da ciência. Mais ainda afirma, em 2006, que não existem estudos científicos suficientes que possam afirmar um «corpus epistemológico», corroborando os fundamentos científicos da AT. Não sendo uma técnica nova, não teve o acompanhamento devido da academia, e esta só recentemente começou a interessar-se pela metodologia. Uma coisa parece certa, em mercados com volumes fortes a AT funciona, se não a 100%, na maior parte dos casos.
Algo também se afigura no meu espírito enquanto intuição que deixo desde já à consideração da comunidade do fórum: existe uma forte componente subjectiva por parte do analista na leitura que faz dos gráficos. Essa componente subjectiva em grande medida parece ser marcada pelo seu próprio historial, pela experiência acumulada que tem em análise gráfica, pois cada uma é feita a partir de estudos anteriores e conclusões passadas que transporta para o presente. No entanto a AT ganha força, e creio que este fórum (não conheço outros) é uma possível prova disso, no teste que cada analista faz das suas análises ao confrontá-las perante os seus pares. Ou seja, é no diálogo, por vezes precedido de uma dialéctica forte, que a AT faz o seu caminho, deixando uma vertente meramente subjectiva do analista, para penetrar num espaço de inter-subjectividade onde os pares ao introduzirem novos dados alteram a primeira análise, eventualmente fortalecendo-a, ou rejeitando-a por completo de for caso disso. A força da análise apresentada, quando aceite, vai seguramente arrastar consigo, neste contexto, outros elementos inerentes ao processo, analistas ou não, a aderirem não apenas no plano teórico, mas prático investindo nessa orientação da AT. Em suma a AT move-se num espaço de inter-subjectividade tanto maior quanto o diálogo que conseguir gerar em seu torno.
Em fim, possivelmente é apenas um devaneio de um principiante, que dá os primeiros passos na AT, e agora sugere que testem estas palavras. Será interessante ir à procura de artigos e estudos científicos mais recentes que aprofundem os fundamentos da AT, não só nos seu corpo epistemológico, mas também no teste aos mercados a que se aplica. Por exemplo, ver estatisticamente, num determinado período de tempo, num ou em vários índices, qual o nível de efectiva activação das figuras geométricas de inversão que as cotadas por vezes formam. Se alguém conhecer estudos desta índole peço o favor de os indicarem.

Um abraço,

Manuel Maria de Magalhães


Caro Manuel Maria de Magalhães,
Obrigado pelo teu comentário. Por acaso, tenho cá em casa o livro do Braga de Matos. Este Senhor é advogado e é capaz de saber muito de Direito. Mas do funcionamento da bolsa não mostra ter grandes conhecimentos. E revela no livro uma ingenuidade que até dói. Explica os princípios básicos e isso é positivo. Mas esquece as manobras, as jogadas, os «trolanços», que acontecem diariamente na bolsa com fins inconfessáveis. Umas vezes para entusiasmar demasiado os incautos, outras vezes para assustar os medrosos.
Ele escreve sobre a bolsa como se esta fosse o palco dum mundo perfeito. E não é.
Caro Manuel, acha que se o Braga de Matos percebesse profundamente sobre o funcionamento da bolsa de valores andava a perder o seu precioso tempo a escrever livros em vez de estar a ganhar dinheiro na bolsa?


Caro NirvSup,

Mais importante do que o autor é a sua obra, que em qualquer caso se desvincula do mesmo após a sua conclusão. A vida dum autor não afirma ou infirma os seus escritos. Relativamente ao livro “Ganhar em Bolsa” devo dizer que o pouco que sei, pois sou um novato nestas andanças , devo muito a este escrito. De uma forma clara, precisa e bem humorada, característica essencial para aguentarmos a aridez em que estas temáticas podem cair, faz um verdadeiro curso de iniciação à bolsa. No entanto não é a Bíblia, e mesmo esta foi escrita por homens, não por Deus, pelo que é falível.
Concordo consigo quando se refere aos jogos de e manobras de bastidores. De alguma forma intuo, e para já não tenho capacidade para mais do que isso, que o grande postulado do livro “a bolsa é um jogo de soma positivo” cai por terra se observarmos os movimentos contraditórios entre «longos» e «curtos» que por vezes se verificam no movimento de uma cotada, sobretudo quando o seu movimento é indeterminado. O debate que se tem gerado nos últimos meses aqui no fórum no tópico da Jerónimo Martins afigura-se como um bom exemplo do que lhe acabo de explicar.
No entanto penso que não invalida aquilo que escrevi, ou seja, a AT é o melhor instrumento para perceber isso mesmo. Ainda que não de uma forma instantânea uma vez que necessita de tempo para formalizar movimentos, é através dela que os captamos e podemos por vezes antecipa-los. Defendi, mais sob a forma de proposta de estudo, pois a sapiência não dá para mais, que é no diálogo entre os peritos da AT que esta ganha a sua força. E por último quanto mais for estudada nas técnicas e resultados da mesma, mais força pode ganhar. Mas como deixei bem claro no post que escrevi isto não são mais do que esquissos de ideias a desenvolver para as quais espero encontrar feed-back, positivo ou negativo, na comunidade do fórum. Sem querer desprezar a AF, essencial para a definição/caracterização dos fundamentais elementos deste «jogo», a AT ajuda-me muito mais a perceber as regras e a forma como ele está a ser jogado.

Um abraço,
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por NirvSup » 22/4/2014 23:50

Bart Simpson Escreveu:
NirvSup Escreveu:Pergunto-me muitas vezes: terá a AT algum fundamento científico?
E a resposta que dou a mim mesmo, por mais dúvidas que me assaltem, é sempre a mesma: a AT não tem qualquer base científica (por mais experimentalismos com sucesso realizados diariamente por experimentados experts).

Mas funciona? Funciona.

Se tivermos a paciência de observar as transacções (trades) feitas durante uma sessão de bolsa, verificamos com espanto que, salvo raras e honrosas excepções, a maior parte delas são de pequenos lotes para não dizer de lotes ridiculamente baixos. Isto é, quem faz oscilar as cotações, regra geral, é a massa anónima de pequenos investidores que pululam na bolsa.
Ora, estes pequenos investidores reagem da mesma forma aos mesmos sinais: compram todos quando a AT dá sinais de entrada e vendem todos quando a AT dá sinais de saída. Daqui resulta que as cotações seguem não raras vezes, mecanicamente, os movimentos ditados pela AT. E isto seria o melhor dos mundos se não fossem as notícias ou factos exógenos, que surgem quando menos esperamos, a mandar as resistências, os suportes, as emas, as ltas, os w invertidos, etc, pelo cano abaixo. Com ganhos inesperados ou perdas dolorosas para todos. E nessa altura não há resistências que não sejam quebradas nem suportes que lhes acudam.

Por isso, tenho para mim que a melhor estratégia a seguir é esta: em vez de andarmos de galho em galho, a subir e a descer as árvores, perdidos no meio da floresta, sem estratégia definida, esforcemo-nos por subir à copa das árvores, olhar calmamente o horizonte, ver o rumo a seguir e não nos desviarmos do caminho traçado. Nem que chova a cântaros ou que a vaca tussa. E dessa forma, seguramente, é a AF a dar cartas.

Ah, mas para a gestão do dia a dia, para ganhos de curto ou de curtíssimo prazo, não esquecer nunca os ditames dos gurus da AT.


As pessoas confundem investimento com especulação.
Investimento é baseado em AF e normalmente faz em valor. Quer dizer, quando se chega à conclusão pela AF que a empresa X vale 100 e o mercado está a cotá-la em 70 o investidor aproveita-se dessa discrepancia e compra ações dessa empresa e/ ou obrigações, pois sabe o valor que ela tem . O investidor sabe que uma empresa com 1000 empregados, com uma carteira de clientes certa e com cash suficiente para laborar, não tem um valor às 9H da manhã, outro às 13H e outro às 16H quando tudo na empresa continua de uma forma normal. O valor da empresa ao longo do dia não variou, mas o seu preço sim.O Investidor espera então que o Sr.Mercado venha a preçar a empresa pelo seu justo valor.

O especulador, está-se borrifando para o que a empresa faz, quem a dirige se é competente ou não, se tem stock, etc. etc. Está focado no preço e não no valor da empresa. Aí usa a AT para ver se o preço tem potencial de subir e/ou descer e tanto lhe faz entrar curto ou longo, desde que faça dinheiro com o que o preço faça e que ele percepcionou. Ele pode estar longo às 9H, curto às 12H e novamente longo às 16H, embora a empresa não tenha mudado de valor. Mas o preço sim, e o que o especulador quer é comprar a preços inferiores aos que vende e vice-versa.


É verdade que o especulador puro e duro está-se borrifando, regra geral, para os fundamentais da empresa. Ponto.
Como também é verdade que orientamos a nossa conduta por aquilo a que se designa por «sabedoria das multidões»: muitos são mais inteligentes do que alguns.
E é por isso que, quando vou à praia numa linda manhã de sábado, nunca encontro lugar para estacionar o carro porque toda a gente se lembrou de ir à praia, à mesma praia que eu, nessa linda manhã de sábado. Corro esse risco.
Os sentimentos bullish e bearish dos mercados resultam da opinião dominante num dado momento das massas, as quais estão conscientes das opiniões no mesmo sentido dos outros membros e começam a imitar-se uns aos outros. E vice-versa.
Reagir ao óbvio e lutar contra a maré pode trazer alguns benefícios. Ponto final.
 
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Re: Análise Técnica (AT) versus Análise Fundamental (AF)

por NirvSup » 22/4/2014 23:21

mmrmm Escreveu:Excelente tópico, sobretudo para os iniciados como eu.
Do que tenho lido, estudado e falado com diversas pessoas afigura-se que não existem dados inquestionáveis quanto ao carácter científico da AT. Braga de Matos na sua segunda edição do “Ganhar em Bolsa”, no capítulo da AT, cita alguém que coloca o método mais do lado da arte do que da ciência. Mais ainda afirma, em 2006, que não existem estudos científicos suficientes que possam afirmar um «corpus epistemológico», corroborando os fundamentos científicos da AT. Não sendo uma técnica nova, não teve o acompanhamento devido da academia, e esta só recentemente começou a interessar-se pela metodologia. Uma coisa parece certa, em mercados com volumes fortes a AT funciona, se não a 100%, na maior parte dos casos.
Algo também se afigura no meu espírito enquanto intuição que deixo desde já à consideração da comunidade do fórum: existe uma forte componente subjectiva por parte do analista na leitura que faz dos gráficos. Essa componente subjectiva em grande medida parece ser marcada pelo seu próprio historial, pela experiência acumulada que tem em análise gráfica, pois cada uma é feita a partir de estudos anteriores e conclusões passadas que transporta para o presente. No entanto a AT ganha força, e creio que este fórum (não conheço outros) é uma possível prova disso, no teste que cada analista faz das suas análises ao confrontá-las perante os seus pares. Ou seja, é no diálogo, por vezes precedido de uma dialéctica forte, que a AT faz o seu caminho, deixando uma vertente meramente subjectiva do analista, para penetrar num espaço de inter-subjectividade onde os pares ao introduzirem novos dados alteram a primeira análise, eventualmente fortalecendo-a, ou rejeitando-a por completo de for caso disso. A força da análise apresentada, quando aceite, vai seguramente arrastar consigo, neste contexto, outros elementos inerentes ao processo, analistas ou não, a aderirem não apenas no plano teórico, mas prático investindo nessa orientação da AT. Em suma a AT move-se num espaço de inter-subjectividade tanto maior quanto o diálogo que conseguir gerar em seu torno.
Em fim, possivelmente é apenas um devaneio de um principiante, que dá os primeiros passos na AT, e agora sugere que testem estas palavras. Será interessante ir à procura de artigos e estudos científicos mais recentes que aprofundem os fundamentos da AT, não só nos seu corpo epistemológico, mas também no teste aos mercados a que se aplica. Por exemplo, ver estatisticamente, num determinado período de tempo, num ou em vários índices, qual o nível de efectiva activação das figuras geométricas de inversão que as cotadas por vezes formam. Se alguém conhecer estudos desta índole peço o favor de os indicarem.

Um abraço,

Manuel Maria de Magalhães


Caro Manuel Maria de Magalhães,
Obrigado pelo teu comentário. Por acaso, tenho cá em casa o livro do Braga de Matos. Este Senhor é advogado e é capaz de saber muito de Direito. Mas do funcionamento da bolsa não mostra ter grandes conhecimentos. E revela no livro uma ingenuidade que até dói. Explica os princípios básicos e isso é positivo. Mas esquece as manobras, as jogadas, os «trolanços», que acontecem diariamente na bolsa com fins inconfessáveis. Umas vezes para entusiasmar demasiado os incautos, outras vezes para assustar os medrosos.
Ele escreve sobre a bolsa como se esta fosse o palco dum mundo perfeito. E não é.
Caro Manuel, acha que se o Braga de Matos percebesse profundamente sobre o funcionamento da bolsa de valores andava a perder o seu precioso tempo a escrever livros em vez de estar a ganhar dinheiro na bolsa?
 
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