PM_82:
Desculpa mas não é assim que se analisa o valor de uma empresa. Esse valor a que te referes, tendo apenas em conta o capital próprio actual, é o chamado book value e tem interesse apenas numa óptica de liquidação. Ou seja, se os CTT fossem encerrar amanhã, pagassem tudo o que devem (passivo) e vendessem tudo o que detêm (activo), o que teoricamente sobrava é o capital próprio a distribuir pelos accionistas (neste caso os teus 1.82€ por acção).
Como os CTT não vão fechar amanhã e têm perspectivas de resultados positivos no futuro, esse número nada significa e a análise é totalmente invalidada pelo contexto actual.
Boa tarde. Eu concordava plenamente consigo se estivéssemos a falar de uma empresa Americana, Alemã, com uma dinâmica de negócio diferente, com mais clientes, com uma boa perspectiva de crescimento de resultados. Mas estamos a falar de uma empresa cujo negócio é "correios", apenas opera em Portugal, que tem uma política de remuneração accionista de luxo (como é hábito na nossa praça), e que irá mantê-la ao longo do tempo, isto é, vai distribuir praticamente todos os lucros aos accionistas, vai inclusivamente aumentar a dívida ou descapitalizar-se para distribuir os dividendos prometidos. Assim a cotação não terá certamente tendência de subida no médio/longo prazo. Se uma empresa distribui praticamente todo o lucro anual, a cotação não sobe. Veja o caso da EDP, REN, PT, etc. Os resultados dos CTT têm diminuído ao longo dos anos, por um lado devido à situação da economia Portuguesa, por outro devido à maior utilização de documentos digitais ao invés do formato de papel. Quem pagar €5,52 por acção com a intenção de manter o investimento numa perspectiva de longo prazo, se assumirmos que os CTT vão pagar €0,40 de dividendo bruto todos os anos (o que não será possível sem evitar a falência nas condições do negócio actual dos CTT), nem daqui a 10 anos os investidores irão ver o retorno líquido do investimento. Vejo os CTT a negociar na casa dos €2,00 ao fim de um ano. Acho que ainda é mais seguro e lucrativo investir em OTs da República Portuguesa do que nos CTT, mesmo sob a ameaça de um "hair cut".
Abraço e bons negócios.