Ulisses Pereira Escreveu:As taxas desceram de 7,42 para 5,82 em 2 meses. Agora subiram dos 5,82 para os 6,04 em alguns dias. A tendência principal continua a ser, do meu ponto de vista, de queda. Agora, obviamente que esperar que se caia sempre é utópico. Há movimentos contra tendência e uma subida de 4% depois de uma qeuda de mais de 20% é um movimento natural e parece-me prematuro tirar conclusões disso.
Um abraço,
Ulisses
Quanto a essas subidas e quedas abruptas em poucos meses , sabemos claramente o que esteve na sua génese.
Uma crise política na coligação que levantou novamente fantasmas mas que também rapidamente foi sanada.
Se olharmos para um período mais alargado, digamos 2 anos, vemos que no gráfico das yields das obrigações a 10 anos , a taxa de juro desceu desde 2012, no entanto a zona à volta dos 6% tem formado um longo suporte, apesar de em Maio passado o ter quebrado em baixa mas rapidamente voltou a níveis superiores a 6%.
Ou seja temos um suporte nesta zona e momentos de forte volatilidade que nos tem afastado deste nível mais fortemente em alta do que em baixa.
Em termos de análise técnica poderíamos dizer que se está a formar um fundo.
De qualquer forma com o meu ultímo post não queria afirmar que vinham aí as subidas nas taxas de juro, mas simplesmente constatar que o Offset visível no valor da taxa juro a 10 anos,na vespera do anuncio do BCE, já se ter eliminado.
Por outro lado parece-me pouco provável que este suporte dos 6% seja quebrado em baixa de forma sustentada caso não haja uma clara posição de intervenção no mercado do MEEF e do BCE no ambito do programa cautelar.
Eu sei que nos últimos dias saíram muitas noticias simpática para Portugal , mas o problema é a substância.
E quanto à substancia a realidade mostra muitas fragilidades no optimismo dessas notícias.
O facto é que a dívida portuguesa continua numa dinâmica de crescimento imparável e muito provavelmente teremos nos próximos tempos uma qualquer forma de reestruturação da mesma.
Resta saber quem é que vai arcar com as perdas.
Neste momento uma boa parte da dívida já está nas mãos dos credores institucionais ( leia-se estados europeus). Com estes não tem havido possibilidade de qualquer reestruturação, veja-se o caso da Grecia com o seu famoso PSI. e não me parece que para o caso português essa abertura surja e portanto mais tarde ou mais cedo estaremos a falar num PSI para a dívida portuguesa, provavelmente quando alguma parte da que está neste momento nas mãos de autoridades europeias tenha regressado às mãos de privados.
Como os mercados não são burros, não vejo como é que as taxas de juro podem agora começar a descer por aí abaixo até coisas com 4 ou 3 % a menos que BCE e MEEF comecem aí a comprar em força no mercado secundário.
Mas aí estrariam implicitamente a assumir que arcariam com os custos de reestruturação de dívida coisa que até ao momento não vi países como a Alemanha , Holanda, Finlândia e outros a concordarem.