pcm1979 Escreveu:R2 Escreveu:pcm1979 Escreveu:Hoje dei ordem de entrada no UBS (LUX) BS BRAZIL (USD) P-ACC , precisamente por achar que é um bom ponto de entrada
Aproveitar um repique e sair logo que possa.
pcm1979,
Tu foste para o Brasil para aproveitar o possivel ressalto positivo a seguir ao afundanço, e aquilo que eu tenho para te dizer é que se o Brasil tiver um ressalto de Y então eu acho que há países, zonas geográficas e setores específicos que devem ter um ressalto de 3-5Y.
Eu esperava mais tempo para ver melhor a politica e alguns dos seus resultados do novo ministro das finanças que veio do Bradesco, para depois se decidir o investimento ou não.
Abraço.
R2, o fundo em que entrei é de obrigações, melhor dizendo, de dívida soberana brasileira. Custa-me entender como funciona um fundo de obrigações, podes dar-me uma pequena explicação? A cotação desce e sobe em que situações? Só vejo explicação para quedas o câmbio BRL/USD e a cotação da dívida estar cada vez mais acima do par, é isso?
pcm1979,
Eu confundi esse fundo de obrigações do Brasil da UBS com o seu fundo de ações do Brasil, porque os seus nomes só diferem numa única letra, pois onde está "BS Brazil" no fundo de obrigações, no fundo de ações é "ES Brazil".
Agora vamos ao que interessa e dar resposta à tua solicitação de explicação (só espero que a tua dificuldade seja real, pois, salvo erro, tu és um forista que já interagiu comigo quando colocaste uma data de fundos quase todos da ES (Espirito Santo) e eu detesto 2 tipos de pessoas: aquelas que se fazem de parvas mas têm conhecimentos acima da média e aquelas que se armam em sobredotadas e afinal são de underperformance).
Conceitos básicos sobre obrigações: Obrigações são valores mobiliários que representam o direito dos seus detentores a receber do emissor pagamentos em datas predeterminadas. Existem duas partes num contrato obrigacionista: a parte que promete fazer pagamentos, o emissor ou devedor, e a parte que receberá o pagamento, o obrigacionista ou credor.
O emissor emite obrigações em troca de um preço de emissão. O preço de emissão não tem de ser igual ao valor nominal, podendo ser superior, inferior ou igual (ao par). O valor nominal é o montante que o emissor “reembolsa” ou paga na maturidade da obrigação, ou seja, no fim de vida do empréstimo obrigacionista.
O preço de mercado é o valor pelo qual os investidores transacionam entre si, no mercado secundário, a obrigação no período entre a emissão e a maturidade. Tanto o preço de emissão como o preço de mercado se dizem estar ao par quando são iguais ao valor nominal, abaixo do par quando lhe são inferiores ou acima do par quando lhe são superiores.
O juro de uma obrigação corresponde à diferença entre tudo o que o obrigacionista tem a receber do emissor e o preço de emissão.
A taxa de juro é a proporção percentual do juro em relação ao preço por um determinado período de tempo (ex. 1 ano). Por ex., se uma obrigação que paga 106 € daqui a 1 ano for adquirida por 100 €, o juro esperado é de 6 € (106 € - 100 € = 6 €) e a taxa de juro anual é de 6.0% (6 €/100 € = 0.06 => 6.0%). Por sua vez, se a mesma obrigação for adquirida por 97 €, o juro será 9 € e a taxa de juro 9.0%. Se nada for dito em contrário, assume--se que a taxa de juro é a anual.
A taxa de juro associada a uma obrigação designa-se por yield .O juro pode ser composto por elementos diferentes. Um deles é o pagamento do cupão.
O cupão é o pagamento regular que o emissor faz ao obrigacionista de uma quantia igual a uma percentagem predeterminada do valor nominal. Esta percentagem do valor nominal chama--se taxa de cupão.
O contrato obrigacionista define se a taxa de cupão é fixa ou varia de acordo com uma regra predefinida. Define também a periodicidade do pagamento do cupão. Por ex., se uma obrigação de valor nominal de 10.000 € tiver uma taxa de cupão fixa de 6.0% com pagamentos semestrais, a posse dessa obrigação dá ao obrigacionista o direito de receber 600 € por ano.
Na oferta do emitente em mercado primário o preço de subscrição tende a ser 100% ou ao par sem desconto. Porém, se o investidor adquiriu em mercado secundário, após a colocação, este preço poderá ser inferior/superior, o que altera a rentabilidade do investimento numa comparação com o cupão:
- Preço de compra > a 100% => %Ytm (Yield to maturity) < cupão;
- Preço de compra < a 100% => %Ytm > cupão.
Na aquisição de uma obrigação abaixo do par (inferior a 100%), o investidor recebe ao longo da vida da emissão, o cupão, mas na maturidade (no vencimento da obrigação senão ocorrer nenhum evento de crédito) é reembolsado pelos100%.
O diferencial entre o preço de aquisição e o seu reembolso a 100%, dividido pelo nº de anos em que deteve a emissão => aumenta/diminui o valor da %Ytm.
Algumas das relações entre as obrigações e as acções: Em vários estudos realizados, verificou-se que o risco de ativos de renda fixa, como as obrigações, não cai tão rapidamente como o previsto pela teoria do percurso aleatório. Este declínio lento do desvio padrão dos retornos médios anuais no mercado de obrigações é uma evidência da aversão (não reversão) para a média dos retornos das obrigações. A aversão para a média significa que, uma vez que o retorno de um ativo desvia da sua média de longo prazo, há um aumento da chance de que ele irá desviar ainda mais, ao invés de voltar para os níveis mais normais em volta da média (reversão para a média), como acontece com os ativos accionistas.
À medida que a inflação acelera, o processo vai-se tornando cumulativo, e os titulares de obrigações não têm nenhuma chance de compensar as perdas do seu poder de compra. Os titulares de ações, uma vez que são titulares de ativos reais, raramente sofrem uma perda permanente devido à inflação.
Há boas razões económicas para a correlação entre as obrigações e as ações se tornar mais positiva e não neutra ou negativa, pelo que cada vez menos as obrigações serão eficazes para uma redução adequada do risco do portfolio formado por acções e obrigações. No caso do ouro ser a base padrão do sistema monetário, os tempos económicos maus foram associados com a queda de preços das commodities. Portanto, o valor real das obrigações governamentais subiram e o mercado de ações caiu, como ocorreu durante a Grande Depressão dos anos da década de 1930.
No caso do papel ser a base padrão do sistema monetário, os tempos económicos maus são mais propensos a serem associados com a inflação. Isto ocorre porque, por exemplo, a Fed dos EUA, geralmente, tenta compensar crises económicas com uma politica monetária expansionista, como ocorreu na década de 1970 e nos QEs (Quantitative Easing) mais recentes. Esta expansão monetária discricionária era impossível com uma base padrão do sistema monetário baseada no ouro.
A segunda razão para o aumento da correlação entre as ações e as obrigações é a estratégia que os gestores de carteiras seguem para alocar ativos. Muitos dos modelos de alocação tática, na qual os gestores usam o dinheiro para tentarem minimizar o risco e maximizarem os retornos da carteira, ditam que a percentagem de um portfolio que é alocada a ações é em função do retorno esperado das ações em relação ao das obrigações.
Assim, à medida que as taxas de juro sobem, provocam, por um lado, uma tendência de descida na cotação das obrigações existentes, porque as novas obrigações são emitidas com uma taxa de juro superior e assim as obrigações anteriores veem a sua cotação baixar, e, por outro lado, uma queda no preço das acções, isto porque o preço do dinheiro fica mais caro para o empréstimo e financiamento das empresas, pelo que a perspetiva dos retornos das novas obrigações é cada vez mais atraente, o que motiva os gestores a venderem as ações. Como resultado, no futuro, os preços das ações irão descer e a cotação das novas obrigações têm tendência a subir. Este é um exemplo de como a atitude dos gestores de portfolios, ao tentarem tirar partido da vantagem da correlação histórica entre as ações e as obrigações, provocam uma mudança na correlação futura.
Variação dos preços das obrigações: Quando um investidor privado compra uma obrigação de uma empresa ou de dívida soberana de um país, fica com direito a receber todo o valor de emissão adquirido mais os juros periódicos do cupão definidos no contrato obrigacionista . Mas se ele achar que a empresa pode vir a ter dificuldades em cumprir com os pagamentos a que tem direito ou no caso mais grave de possível falência dessa empresa, havendo assim um risco acrescido de a mesma não lhe poder pagar tudo, pode decidir vender esse titulo de obrigação a outra pessoa, no mercado secundário, por um valor mais baixo do que aquele que investiu, para não correr o risco de perder parte do dinheiro investido. Isto faz com que fundos que detêm essa obrigação percam valor se os receios em torno da empresa aumentarem, mesmo que esta continue a pagar juros periodicamente.
Assim, com o aumento do risco de não pagamento por parte dessa empresa, o valor da sua obrigação diminuirá de cotação em função do aumento do seu grau de risco.
Se os investidores que detêm obrigações dessa empresa com risco de não pagamento entrarem na sua maioria em pânico e procederem à venda massiva (sell-off) dessas obrigações no mercado secundário, então isto também pode constituir uma excelente oportunidade de compra dessas obrigações extremamente subavaliadas (muito baratas) por parte de outros investidores que as adquiriram, pois pode acontecer que não se confirmem as supostas dificuldades de não pagamento por parte da empresa em causa e aí o preço de cotação da sua obrigação vai disparar e desse modo os novos compradores vão tomar as valorizações brutais da obrigação, porque souberam arriscar mais (não se deixaram possuir pelo pânico do rebanho), para além de poderem receber tudo a que têm direito nos pagamentos definidos no contrato obrigacionista, no caso de deterem essa obrigação até à sua maturidade.
Um abraço.