CUIDADO!!
Chegado o mês de Maio, não há jornal, revista ou site de economia e finanças que não faça referência ao bolorento adágio "Sell in May and go away".
Quem conhece o que escrevo ao longo dos anos sabe que não concordo com este tipo de frases, que nem mesmo estatisticamente podem ser confirmadas. E ainda que o fossem seriam apenas isso, estatísticas.
Porque motivo o mês de Maio é visto de forma tão perniciosa no que a investimentos diz respeito, por comparação com, por exemplo, Novembro ou Janeiro? Será que uma empresa tem menor possibilidade de ver a sua cotação subir só porque se aproximam os meses de verão? Qual o motivo - menos gente a investir e mais pessoas deitadas na toalha da praia? Talvez, mas, será que em 2015, em plena sociedade da informação, o mês ou mesmo a hora do dia, fazem assim tanta diferença no momento de investir?
E, será que as empresas vivem todas um período de "soft sales" que justifique esta visão? Não me parece.
Ainda assim, e por paradoxal que pareça em face do escrito nos parágrafos anteriores, talvez desta vez estejamos perante a iminência de uma correção. E não, não porque o adágio se confirme, mas por motivos bem mais palpáveis e mundanos.
Veja-se em primeiro lugar o gráfico em baixo. Nele estão refletidas as últimas correções, considerando as mesmas aquelas em que se registou uma queda em torno dos 10% ou mais (a última registada em outubro passado não está registada). Constata-se em primeiro lugar que já há uns largos meses que não se regista uma queda acentuada, claramente acima dos 10%. Nomeadamente no EUA, em face da política de dinheiro barato, que vem a ocorrer há mais tempo do que no espaço europeu, as bolsas tem valorizado e atingido novos máximos sucessivos. O problema é que as últimas notícias começam a dar mostras que esse caminho poderá em breve ser invertido. As subidas de taxas de juro não se anunciam com antecedência, mas certamente que se adivinham.
Além disso, espera-se uma queda de resultados, de forma global, para o primeiro trimestre de 2015. Pela primeira vez a queda do dólar virá refletida em muitas das contas das várias empresas do S&P, sendo que tal desvalorização terá impactado especialmente as empresas mais expostas aos mercados internacionais, nomeadamente à Europa. Se a isso se somar uma relativa estagnação do PIB norte-americano, julgo estarem criadas as condições para uma correção a a breve prazo.
Olhando para o gráfico do S&P500, é fácil constatar que a novos máximos tem correspondido um indicador RSI cada vez menor, mostrando que tais máximos têm sido atingidos com cada vez menor pressão compradora. Isto é, cada vez menos gente a entrar e acreditar nesses mesmos topos. Uma clara divergência "bearish".
Cuidado, tempo para estar atento.
Cumprimentos,
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