Cem pt Escreveu:Caro amigo Trader:
Ou seja, as regras eram demasiado desequilibradas à partida e a maioria dos testes que conduzi na altura chegaram ainda por cima à conclusao que a posiçao mais correta a assumir era simplesmente adotar posiçoes de venda sobre Calls e Puts, com ênfase especial nas alturas em que a volatilidade implícita das opçoes atingia valores próximos dos seus máximos anuais, o ideal era verificar a “Option Volatility” anual e vender opçoes Calls e Puts de maturidades entre 2 a 3 meses, pondo do nosso lado a vantagem do “Theta” na depreciaçao temporal rápida, sempre que essa volatilidade estivesse no quantil dessa diferença do máximo e mínimo anuais acima dos 80%. Para a compra de opçoes as únicas boas oportunidades, mesmo assim menos rentáveis que as oportunidades de elevadas volatilidades para assumir posiçoes curtas, eram os cenários de espera de baixas volatilidades. Dou como exemplo típico o de aguardar que a volatilidade viesse abaixo do quantil de 20% na diferença entre a máxima e a mínima para apostar nesse caso em maturidades entre 4 a 6 meses no sentido da tendência dominante (Calls para tendências ascendentes e Puts para descendentes).
Episodicamente cheguei a usar estratégias do tipo Delta neutral mas rapidamente desisti porque a liquidez destes produtos nunca proporcionava compras ou vendas equilibradas junto ao seu valor teórico, era o que o market maker estava a propor e tínhamos de aceitar, nao havia paciência nem chances de equilibrar a estratégia com uma oferta de preços tao desequilibrada a favor dos market makers que punham e dispunham de spreads de luxo.
Pelo que a estratégia principal durante o pouco tempo que usei as opçoes foi quase sempre tomar posiçoes longas do tipo direcional. Se no longo prazo tivese de fazer um balanço acho que nao lucrei grande coisa com as simples “naked long options”, porque reconheço que quebrei a regra recomendada pelos testes de comprar muitas vezes acima do nível de segurança do quantil dos 20% na diferença anual da volatilidade máxima e mínima, embora os valores de aposta também tenham sido quase sempre pouco significativos em relaçao ao capital da carteira total disponível.
Caro Cem,
Mesmo tendo lido já vários posts seus, é incrível como ainda consegue surpreender-me pelo poço de sabedoria que é e que em posts anteriores poderei ter deixado escapar.
O que acaba de descrever é o que tenho aprendido neste último ano e que é defendido ainda hoje por traders de opções e antigos floor traders do CBOE dos anos 80. Com a diferença de que eles defendem essencialmente estratégias Short e raramente Long. Long Options só mesmo para casos de hedging e pouco mais.
Mas tudo o resto está lá nas regras básicas: as entradas com IV no quantil de 60 ou mais do range anual (de preferência gostaria de ter um cálculo de percentil de IV, mas as plataformas que conheço e uso não fazem esse cálculo por ser menos prático) e os prazos de maturidade entre 1 a 2 meses.
Outra ponto que defendem muito são estratégias de Delta neutral porque o que os traders de opções no fundo querem fazer é trading de volatilidade sem importar a direção. A volatilidade é das poucas coisas que tem "garantidamente" um comportamento previsível de reversão à média.
Quanto às suas razões de difícil aplicação prática por falta de liquidez/spreads elevados e sem Naked Short Options, devo dizer-lhe que actualmente o que encontro não é tão mau, pelo menos no mercado americano que é onde estou a transaccionar através de corretoras americanas. A corretora que uso é direccionada para traders de opções pelo que permite Naked Short Options.
E quanto a spreads, efectivamente as opções de futuros dos principais índices americanos têm spreads um pouco elevados (entre 3.7% a 10%). O mesmo poderá passar com opções de empresas cotadas menos mainstream. Mas para ETFs dos principais índices ou então acções de empresas líquidas como os FANGs, os spreads são bastante aceitáveis.
Por exemplo, o SPY que tem as opções mais líquidas de todo o mundo, tem spreads médios de 1.5% no Delta 10 ou 16, Put ou Call. Ao invés que as opções dos futuros SPX, tem spreads médios de 3.7%. E para acções de empresas, a AAPL por exemplo pode chegar a ter 1% de spread. Para outras acções com boa liquidez pode-se ter de 2% a 3.5%.
Os traders de opções experientes defendem que se tenha como objectivo um retorno de 50% do premium vendido. Em algumas estratégias chega-se mesmo a ter objectivos de 25%. O spread no meio disso deve ser desprezável. Assim como se defende que não se deve levar a opção até expirar porque é mais eficiente voltar a aplicar o capital noutra trade, além de que nas datas de expiração podem acontecer coisas estranhas...
Quanto ao controlo de risco, concordo inteiramente consigo que deve ser apertado. Uma das regras que vi ser defendida é que o capital em risco numa posição não deve exceder os 5% do total da carteira. De preferência deve ficar nos 2%.
Tudo o que referi anteriormente é algo que obviamente estou a aprender e para já tive resultados mistos durante todo o ano e na recta final (antes deste mini-crash de Dezembro), foi um pouco negativo. Razão pela qual estou a reavaliar melhor as estratégias. Mas esta subida de volatilidade é o que todos traders de opções rezam que aconteça para aumentar as oportunidades de trades lucrativas. O ano de 2017 por exemplo, foi uma pasmaceira comparado com 2018.
Ainda tenho planeado tentar fazer backtest com histórico de cotações de opções, mas é algo mais complicado porque como a cadeia de strikes é mais extensa, não será tão "simples" como uma série temporal OHLC de um índice ou acção. Espero com estes backtests poder afinar as estratégias.
Boas festas e obrigado pela partilha das suas experiências!