K. Escreveu:Caro xixi,
Aproveito as suas perguntas para clarificar mais um pouco.
1)O conceito de frugalidade está descrito nos blogs citados neste tópico. O montante anual é, em média, cerca de 50% dos rendimentos, mas a escolha (ou possibilidade) é de cada um, há quem pratique EER a 20%, há casos de até 80%.
2)Não sou solitário. Ainda não tenho filhos mas os espermatozoides estão bem conservados devido a uma vida saudável (não uso automóvel há 2 anos, ando de bicicleta e preparo refeições com alimentos criteriosamente selecionados, mas baratos, e que permitem também poupar no médico e no dentista). As minhas contas incluem a mim, mulher e entre um a dois filhos. Se os tiver, não os vou por em colégios, pois quero que eles conheçam a diversidade humana. Matemática, Física, Inglês, Francês e Alemão vão aprender em casa. ipods não precisam porque os pais vão ter tempo para ir andar de bicicleta com eles.
3)Vivo em casa própria em Viena, que comprei e reconstruí. Só tenho encargos com o gás a luz e net. Um dos meus hobbies é cozinhar, o que me permite gerir a vida social quase sem despesas. Convido as pessoas para jantar e depois esses convites são retribuidos em jantares, festas privadas, etc. Vou ver as melhores orquestras do mundo ao Musikverein por 6 euros, as operas ao Staatsoper por 4. Lugares em pé nas zonas onde se tem a melhor acústica. Gasto perto de zero em transportes, não fumo e só bebo quando se justifica. Almoço no local de trabalho.
4)Sim, já descobri coisas que justificam ser pago por isso. E dos 20 aos 38 trabalhei uma média de 15 horas por dia, 6 dias por semana divididas entre as aulas, a investigação e a gestão dos meus negócios. 6*15=90 horas por semana. Algo que também parecia uma excentricidade à maioria das pessoas. Tenho uma rede de networking científico que inclui quase todos os países do Euro, EUA, Inglaterra, Australia, Argentina, Israel, e alguns contactos em países árabes.
5) Não sou bolseiro nem recebo qualquer rendimento do estado português, contribuo para o país pagando imis, impostos sobre rendimentos prediais e financeiros.
6) Lamento, mas não lhe posso disponibilizar o valor que calculei para viver, pois isso traria implícito uma declaração do valor do meu património pessoal que, devido à salvaguarda da minha privacidade e da minha família, não divulgo.
Agradeço o seu interesse pelo tópico em geral e pela minha situação em particular.
Espero que tenha esclarecido as suas dúvidas.
Cumprimentos,
K.
Identifico-me bastante contigo,até por ter a mesma idade,e creio,até,formas de pensar e encarar a vida semelhantes, é de louvar a tua participação tão completa,ao contares a tua experiência.
Tal como tu,trabalhei desde cedo, bastantes horas,primeiro porque fisicamente suportava e mais tarde porque não sabia encarar o meu trabalho de outra forma,tendo em conta o meu grau de exigência para comigo próprio,e enquanto trabalhador por conta de outrem,tinha de provar valor.
trabalhar e gerir a nossa vida particular,investimentos,negócios,etc,tudo sem a ajuda de ninguém não é mesmo pera doce,especialmente quando a tua família e amigos não vive no mesmo pais que tu,estás por tua conta.
Nestes últimos anos,casei,fui pai(tudo depois dos 30)e despedi-me para ser capitão do meu próprio navio.
O ritmo,esse,não abrandou:reponsabilidades,decisões,negocios,consomem as tais horas que referes,isso ,quando tudo corre bem.
Recentemente,aquilo que penso,e que estou a tentar seguir, é reduzir os interesses e as solicitações a que me proponho,pois,com esta idade,já não dá para ir a todas e agora a minha responsabilidade não é só sobre a minha vida.
Praticamente,coloquei os investimentos em bolsa de lado,consumiam tempo em demasia para o rendimento que obtinha;a idade traz a experiência(uma permuta com a força física da juventude)que nos permite focar naquilo que realmente interessa,eu decidi abrandar o ritmo(ainda estou na fase inicial
),cada pessoa tem os seus objectivos e a sua força de vontade para os atingir e deverá viver da forma que melhor ache,se esse alguém pretender ser o morto mais rico do cemitério,isso é lá com ele.
Acho que tem de haver um equilíbrio,ha uma idade para fazer certas coisas,para as apreciar(filhos,ainda estás bem a tempo,por largos anos),também resisto ás últimas tecnologias,e muitas das coisas que compro,ou é usado,ou dá para colocar como despesa,mas,também acho,que nos devemos recompensar,sempre que possível,seja comprando algo que nos interesse,uma viagem que nos fascine(aqui a história da idade é importante)etc.
A vida faz-se aprendendo,evoluindo,é importante ser feliz.
Abraço K,e boa sorte para essa nova vida,vai dando noticias