16-7-2013,
Banco de Portugal melhora previsões de crescimento para este ano
Menor recessão (2%) em 2013 e pior crescimento (0,3%) em 2014
O Banco de Portugal melhorou hoje as previsões do crescimento para 2013, antecipando uma contração de 2% e não de 2,3%, mas piorou as de 2014, esperando que a economia cresça apenas 0,3% e não 1,1%.
No Boletim Económico de Verão, hoje divulgado, o Banco de Portugal (BdP) continua a esperar uma recessão para este ano, de 2%, mas menos forte do que o estimado em março, altura em que, tal como as previsões do Governo e da 'troika', apontava para um recuo de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), refletindo "uma forte queda da procura interna e um aumento significativo das exportações". Estes cálculos representam um abrandamento da recessão face a 2012, ano em que a economia portuguesa recuou 3,2%.
Para 2014, a instituição liderada por Carlos Costa estima agora um crescimento ligeiro, de 0,3%, piorando a previsão apresentada no Boletim Económico da Primavera, divulgado em março, que apontava um crescimento de 1,1%.
Esta previsão de crescimento de 0,3% do produto em 2014 é mais pessimista do que a da 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu), que aponta para um crescimento de 0,6% no próximo ano, segundo os documentos da sétima avaliação ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), divulgados em junho.
No entanto, a previsão do Banco de Portugal é ligeiramente mais otimista do que a da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que calcula que o PIB português cresça 0,2% em 2014.
O banco central explica que para a revisão em queda do crescimento económico em 2014 irá contribuir a "forte redução da despesa pública, o abrandamento do ritmo de queda da procura interna privada e a manutenção de um crescimento robusto das exportações".
"As pressões inflacionistas, tanto internas como externas, deverão manter-se reduzidas ao longo do horizonte de projeção, traduzindo-se num crescimento dos preços no consumidor inferior a 1%", lê-se ainda no documento.
ECONOMIA VAI DESTRUIR 4,8% DO EMPREGO
O Banco de Portugal (BdP) espera que a economia portuguesa destrua mais 4,8% do emprego este ano, depois de uma queda de 4,2% em 2012, e que, no próximo ano, haja uma redução de 1,3% do emprego.
De acordo com o Boletim Económico de Verão, hoje divulgado, esta evolução traduz "uma redução muito acentuada tanto do emprego público como do emprego no setor privado", tendo esta estimativa implícita uma redução do emprego privado de 5,1% em 2013 e uma queda de 0,3% em 2014.
"À semelhança do ocorrido em 2012, a redução do emprego no horizonte de projeção deverá ser claramente superior à da atividade [económica], o que sugere que o ajustamento é percebido pelos agentes económicos como permanentes. A existência de fenómenos de retenção de emprego é, desta forma, reduzida, o que se deverá acentuar num cenário de prolongamento do período recessivo", argumenta a instituição liderada por Carlos Costa.
No relatório, os técnicos do BdP alertam que esta situação "poderá colocar desafios adicionais ao mercado de trabalho" e que "a reafetação setorial do emprego, que é potenciada por uma evolução da atividade particularmente desfavorável nos setores relativamente mais intensivos em mão-de-obra, como a construção, pode gerar fenómenos de persistência de desemprego".
Estas previsões são mais negativas do que as apresentadas pela instituição em março, quando o BdP divulgou o Boletim Económico de Primavera, em que indicava que a economia portuguesa deveria destruir mais 3,3% dos empregos durante este ano até conseguir atingir uma “relativa estabilidade” em 2014.
"INCERTEZA ELEVADA"
O Banco de Portugal considera ainda que as projeções para a economia portuguesa são marcadas por uma "incerteza particularmente elevada", devido "aos recentes desenvolvimentos internos" e também às exigências decorrentes do Programa de Assistência Económica e Financeira.
No Boletim Económico de Verão, hoje divulgado, o banco central estima uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2% este ano, o que compara com uma previsão anterior de -2,3%, e um crescimento de 0,3% em 2014, contra uma estimativa anterior de 1,1% no próximo ano.
Os técnicos do Banco de Portugal referem que as previsões para a economia portuguesa continuam a ser marcadas pelo "processo de correção dos desequilíbrios macroeconómicos" e destacam que estas projeções refletem "a redução do grau de endividamento do setor privado e a continuação do processo de desalavancagem gradual e ordenado do setor bancário".
"A evolução esperada da procura agregada implica o reforço ao longo do horizonte de projeção da capacidade de financiamento da economia portuguesa face ao resto do mundo, após um período prolongado de défices externos elevados", lê-se ainda no boletim.
A instituição liderada por Carlos Costa refere que, "num contexto de elevada incerteza, os riscos em torno da projeção para a atividade económica são equilibrados para 2013 e descendentes para 2014".
Para o Banco de Portugal, "estes riscos decorrem tanto da possibilidade das medidas orçamentais anunciadas induzirem uma maior contração do consumo privado do que a projetada, como da eventualidade de uma evolução menos favorável das exportações".
A instituição espera que o consumo privado contraia 3,4% este ano e abrande o ritmo de queda no próximo ano (-1,4%) e antecipa que as exportações cresçam 4,7% em 2013, e que, em 2014, acelerem o crescimento (+5,5%).
Quanto ao enquadramento externo da economia portuguesa, o BdP refere que Portugal vai ser influenciado pela "continuação de uma recessão moderada na área do euro em 2013, esperando-se uma recuperação gradual a partir da segunda metade do ano" e sublinha que "maiores progressos ao nível da regularização das condições monetárias e financeiras na área do euro, bem como na arquitetura institucional europeia, tenderão a robustecer o enquadramento externo da economia portuguesa no horizonte de projeção".
PONTOS ESSENCIAIS
O Banco de Portugal (BdP) prevê uma recessão menos profunda este ano, de 2% em vez de 2,3%, mas isso não impede a destruição de cerca de 222 mil postos de trabalho, o equivalente a 4,8% do emprego.
No Boletim Económico de Verão, hoje divulgado, a instituição liderada por Carlos Costa antecipa que a economia portuguesa destrua mais 4,8% do emprego este ano e que, em 2014, haja uma redução adicional do emprego de 1,3%.
Em termos absolutos, e tendo como base os números mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), uma queda de 4,8% do emprego representa menos cerca de 222 mil postos em 2013, caindo a população empregada para os 4,41 milhões.
Para 2014, o BdP calcula uma contração de 1,3% do emprego, que equivale a menos 57,36 mil postos de trabalho, caindo a população empregada para os 4,36 milhões de pessoas no próximo ano.
Eis as principais previsões apresentadas hoje pelo BdP:
PIB – O banco central melhorou as previsões do crescimento para 2013 em 0,3 pontos percentuais, antecipando uma contração de 2% e não de 2,3%, mas piorou em 0,8 pontos percentuais as de 2014, esperando que a economia cresça apenas 0,3% e não 1,1%, em resultado de "uma forte queda da procura interna e um aumento significativo das exportações". Esta previsão de crescimento de 0,3% do produto em 2014 é mais pessimista do que a da 'troika' (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu), que aponta para um crescimento de 0,6% no próximo ano, segundo os documentos da sétima avaliação ao Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF), divulgados em junho. No entanto, a previsão do Banco de Portugal é ligeiramente mais otimista do que a da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que calcula que o PIB português cresça 0,2% em 2014.
CONSUMO – Os níveis de consumo dos portugueses deverão situar-se, em 2014, "em níveis próximos dos observados em 1999", refere o BdP, estimando uma contração do consumo privado de 3,4% este ano e de 1,4% no próximo. A queda do consumo privado em 2013 reflete "o impacto das medidas de consolidação orçamental, nomeadamente ao nível da tributação direta, bem como a redução das remunerações no setor privado, num contexto de queda acentuada do emprego". Quanto a 2014, o banco central justifica a estimativa de queda de 1,4% no consumo privado com "uma redução adicional do rendimento disponível real, embora de menor magnitude".
INVESTIMENTO – As projeções do BdP apontam para uma queda de 8,9% na formação bruta de capital fixo este ano, a que se deverá seguir um crescimento de 1,1% no próximo ano. Olhando apenas para a componente empresarial do investimento, antecipa-se uma contração de 8% este ano, depois de em 2012 ter registado uma redução de 12,9%. Para 2014, a previsão aponta para um crescimento de 1,7% neste indicador. Em termos acumulados, a contração do investimento empresarial entre 2009 e 2013 "deverá ascender a cerca de 35%, com implicações sobre o 'stock' de capital, podendo dificultar a incorporação de inovação tecnológica e, por conseguinte, afetar o produto potencial".
EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES – As exportações deverão crescer 4,7% este ano, o que decorre num contexto de "virtual estagnação da procura externa dirigida à economia portuguesa" e de "ganho de quota de mercado significativo" projetado para este ano. Para este desempenho contribuem "de forma assinalável" as exportações de bens energéticos. Para 2014, a estimativa indica que as exportações acelerem o ritmo de crescimento, com um aumento de 5,5%, "o que implica a continuação de ganhos de quota de mercado, embora numa magnitude muito inferior" à estimada para este ano. No caso das importações, estas deverão cair em termos reais 1,7% este ano e aumentar 2,1% no próximo ano.
SALDO EXTERNO – A instituição liderada por Carlos Costa calcula que Portugal melhore o saldo com o exterior para os 4,5% este ano e para os 6,4% no próximo, devido à "melhora significativa da balança de bens e serviços", que deverá apresentar um excedente de 3,0% este ano e de 4,9% em 2014. Estes números - refere o banco central - são fruto da "manutenção do dinamismo das exportações, a par de uma redução significativa das importações".
INFLAÇÃO E SALÁRIOS – A taxa de inflação, que em 2012 foi de 2,8%, deverá cair em 2013 e 2014 para valores inferiores a 1%: este ano deverá ficar nos 0,4%, subindo ligeiramente no próximo ano para os 0,8%. As projeções da inflação para o período de 2013 e 2014 refletem a queda da componente energética no Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), sobretudo devido à descida do preço do petróleo em euros. Relativamente aos salários, o Banco de Portugal antecipa que a moderação salarial se mantenha, em resultado da contração da procura interna e da deterioração das condições no mercado de trabalho: os custos unitários do trabalho no setor privado deverão recuar 3% este ano e 0,4% em 2014.
RISCOS E INCERTEZAS – O BdP considera que as projeções para a economia portuguesa são marcadas por uma "incerteza particularmente elevada", devido "aos recentes desenvolvimentos internos" e também às exigências decorrentes do Programa de Assistência Económica e Financeira (PAEF). A instituição liderada por Carlos Costa refere que, "num contexto de elevada incerteza, os riscos em torno da projeção para a atividade económica são equilibrados para 2013 e descendentes para 2014". Para o Banco de Portugal, "estes riscos decorrem tanto da possibilidade das medidas orçamentais anunciadas induzirem uma maior contração do consumo privado do que a projetada, como da eventualidade de uma evolução menos favorável das exportações". Assim, a instituição alerta que há uma probabilidade de 59% em 2014 de o crescimento do PIB ser inferior ao projetado, sendo que o banco central antecipa um crescimento de 0,3% no próximo ano. No caso da inflação, há uma probabilidade de 55% em 2013 e de 54% em 2014 de a taxa ser mais baixa do que o estimado, sendo que se prevê que atinja os 0,4% este ano e os 0,8% no próximo.
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