Os lucros implícitos no plano estratégico do BCP estão cerca de 20% a 30% acima das estimativas do BPI Equity Research, que estima uma reacção positiva dos investidores aos detalhes divulgados na quarta-feira. O CaixaBI vai rever a previsão de lucros em alta de mais de 20%.
O BPI Equity Research acredita que o plano estratégico do BCP será bem recebido no mercado, pois contribui para que os investidores “voltem a ganhar confiança” no investimento no banco.
Esta visão positiva deve-se ao facto de o plano do BCP, cujos detalhes finais foram divulgados quarta-feira, providenciar “visibilidade adicional” sobre a estratégia do banco em reembolsar o Estado português; ter riscos de execução mais reduzidos e ter pressupostos mais conservadores, nomeadamente ao nível das taxas de juro.
O banco liderado por Nuno Amado terá de registar custos operacionais (excluindo itens específicos) inferiores a 700 milhões de euros em 2017, o que deverá implicar a redução de 1.200 postos de trabalho.
Em entrevista à SIC Notícias, o presidente do BCP admitiu que o número de colaboradores dispensados possa vir a ser mais baixo, pois há flexibilidade no plano de reestruturação.
Entre as metas assumidas pelo BCP está um ROE de 15% em 2017, com um “core tier one” de 10% e um “cost to income” abaixo de 45%.
O BPI assinala que, “à primeira vista, o plano do BCP parece ficar abaixo das nossas estimativas, já que o ROE previsto fica abaixo do que esperamos”. Contudo, a diferença deve-se a uma base de capital mais elevada.
A previsão de geração de capital do BCP situa-se 47% acima das projecções dos analistas do BPI, sendo que às estimativas do banco liderado por Nuno Amado estão implícitos resultados líquidos que se situam 20% a 30% acima das previsões do BPI. O BCP estima uma geração de capital de 2 mil milhões de euros até Junho de 2017.
“A capacidade do banco em reembolsar os 3 mil milhões de euros em CoCos ao Estado de forma atempada, em conjunto com a evolução da crise da dívida, representam as maiores ameaças mas também as principais fontes de ‘upside’” para o BCP, refere o analista do BPI, Carlos Peixoto, acrescentado que o BCP “tem valor para ser libertado”.
Entre os pontos onde o BCP tem capacidade para libertar valor, o BPI identifica “as melhorias de eficiência na actividade doméstica”, a “confirmação dos primeiros sinais de recuperação da economia portuguesa”, a “possível venda de activos, nomeadamente da unidade polaca”.
O BPI tem um preço-alvo de 0,18 euros para o BCP, classificando o banco como um “player interessante” para estar exposto à recuperação de Portugal.
Numa nota de hoje, os analistas do CaixaBI também apresentam comentários positivos ao plano, revelando que irão rever em alta as projecções de resultados.
"Face aos dados disponibilizados iremos actualizar as nossas estimativas de médio e longo prazo para o BCP, as quais deverão traduzir um aumento médio do resultado líquido não inferior a 20% no período 2014-2017", refere o CaixaBI.
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