Relatora do PSD diz que titulares de cargos públicos não têm de revelar pertença a sociedades secretas
A vice-presidente da bancada do PSD Teresa Leal Coelho considerou hoje que os titulares de cargos públicos que pertençam a uma sociedade secreta não o devem declarar como registo de interesse, mas "afastar todos os interesses privados" dos processos decisórios.
"A minha perspectiva é de que a nossa matriz de democracia deve sustentar-se no princípio da liberdade/responsabilidade. Todos aqueles que desempenham cargos públicos devem exercê-lo com liberdade e com responsabilidade e sempre que estão no processo decisório em matéria pública, política, devem ponderar, desde logo, o interesse público e afastar todos os interesses privados que todos nós cidadãos temos", afirmou aos jornalistas no Parlamento.
Para Teresa Leal Coelho, aquela é "uma matéria de ética individual", afastando, assim, que os titulares de cargos públicos tenham que declarar no seu registo de interesses que pertencem a uma sociedade secreta, como a Maçonaria.
A vice-presidente da bancada parlamentar social-democrata frisou que "todos os cidadãos têm interesses privados" e "não são só alguns que têm outros interesses que são contrários e divergentes do interesse público".
"Isso que fique bem claro. Não é porque se é membro de uma loja maçónica ou porque se está ligado a uma qualquer corporação que há outros interesses envolvidos. Todas as pessoas têm outros interesses envolvidos na sua vida. Portanto, esta questão não deve ser ponderada exclusivamente para alguns", afirmou.
A questão foi colocada à deputada social-democrata após ter sido noticiado que o líder da bancada do PSD, Luís Montenegro, e outros deputados, nomeadamente o líder da bancada do PS, Carlos Zorrinho, pertencem à Maçonaria.
O "Expresso" avançou na terça-feira que Montenegro pertence à mesma loja maçónica do antigo director do SIED Jorge Silva Carvalho, cuja alegada passagem de informações a empresas privadas e o acesso ao registo telefónico de um antigo jornalista do Público foram discutidas e alvo de audições na comissão de Assuntos Constitucionais.
Montenegro não desmentiu nem confirmou pertencer à mesma loja maçónica de Jorge Silva Carvalho.
Segundo a edição de hoje do "Diário de Notícias", o líder parlamentar do PS, Carlos Zorrinho, e do PSD, Luís Montenegro, alegadamente, pertencem a obediências maçónicas, dirigindo os dois 182 deputados num total de 230.
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