Moody"s impede acesso de portugueses ao seu site
22 Julho 2011 | 00:02
Rui Peres Jorge -
rpjorge@negocios.pt
A Moody"s continua a impedir o acesso de portugueses ao seu sítio de Internet, abrindo excepções para clientes que se identifiquem expressamente como tal junto da empresa.
A Moody's continua a impedir o acesso de portugueses ao seu sítio de Internet, abrindo excepções para clientes que se identifiquem expressamente como tal junto da empresa.
As limitações de acesso estarão a ocorrer desde 10 de Julho, um dia antes da data prevista para a concretização de um ataque ao seu servidor por parte de utilizadores portugueses. A Moody's terá por isso bloqueado o acesso ao seu site a computadores localizados em Portugal. Na altura não foi claro se a impossibilidade de aceder ao site fora uma operação de defesa ou antes uma consequência do alegado ataque.
Duas semanas depois a limitação continua. Contactada por duas vezes esta semana a empresa não respondeu aos pedidos de esclarecimento. Ao que o Negócios conseguiu apurar, a agência de notação de risco entende que esta é uma forma adequada de se defender de tentativas de utilizadores de Internet portugueses de bloquearem o seu sítio de "Internet".
O anúncio do corte de "rating" português em quatro níveis no dia 5 de Julho gerou uma onda de indignação que varreu o país, e que gerou iniciativas de protesto, nomeadamente no Facebook, que visavam bloquear o acesso ao site da empresa através de uma técnica comum: o acesso sincronizado de milhares de pessoas em simultâneo ao servidor da Moody's.
A empresa reagiu bloqueando o acesso de computadores portugueses ao site. No dia 10 de Julho a empresa enviou (pelo menos) a alguns clientes em Portugal uma mensagem de email a avisar que, "até nova notificação", o acesso ao sitio de Internet ficaria condicionado. Na mesma mensagem, a Moody's explicava que, os clientes que tivessem dificuldades, deveriam contactar a empresa por email, comunicando a respectiva identidade do computador, para que a empresa autorizasse o acesso. Desde então que as limitações se mantêm.
Anonymouse: o sítio para aceder à Moody's
Ontem, entre os cinco emitentes mais consultados no sítio da Moody's estavam o Governo português (em primeiro lugar) e a Energias de Portugal (em último). Os outros três eram o Governo grego e os dois bancos que, segundo os recentes dados dos testes de stress, são os mais expostos à dívida pública helénica: o Dexia e o BNP Paribas.
Esta é informação que deixou de estar acessível aos portugueses, mas que pode continuar a ser consultada com a ajuda de um já famoso site internacional. Trata-se do "anonymouse.org", que garante o total anonimato a quem consultar outros sítios de Internet a partir do seu endereço.
Escrevendo aí o endereço da empresa de notação de risco (
www.moodys.com) um utilizador localizado em Portugal poderá continuar a aceder ao site, pela simples razão de que os servidores da Moody's não conseguem identificar quem ou que computador está a aceder.
O "anonimouse" é frequentemente utilizado para contornar as limitações que alguns países colocam ao acesso dos seus cidadãos a informação na Internet. É o caso da China, que bloqueou o acesso ao site nos últimos jogos olímpicos de Pequim, denuncia a organização no seu site.