Corte nos subsídios não esteve em discussão mas medidas seriam mais leves se ajuda tivesse sido pedida mais cedo05 Maio 2011 | 12:09
O representante da Comissão Europeia disse que se Portugal tivesse pedido ajuda mais cedo, a cura de austeridade poderia ter sido mais leve. Ainda assim, cortes dos subsídios de férias e natal nunca estiveram em causa, afirmou.
O representante da Comissão Europeia na troika esclareceu hoje que nunca chegou a ser discutida a possibilidade de cortar nos subsídios de férias e Natal, nem substitui-los por certificados do Tesouro.
Questionado directamente sobre estas duas vias de poupança, noticiadas nalguma imprensa portuguesa, Jürgen Kröger negou que tivessem sido discutidas.
E disse que se Portugal tivesse pedido ajuda mais cedo, a cura de austeridade poderia ter sido mais leve.A mesma tese foi defendida pelo seu colega do FMI. "O atraso complica sempre as coisas e torna-as mais dolorosas.
O desemprego acabou por subir mais do que o necessário", exemplificou Poul Thomsen.
"Isto não será fácil"
Ambos, a par do representante do BCE, Ramus Rüffer, negaram a mensagem que havia sido transmitida por José Sócrates de que este programa seja mais leve do que o exigido à Grécia ou à Irlanda.
Falando na apresentação das condições que acompanharão o empréstimo de 78 mil milhões de euros, Jürgen Kröger, frisou que o programa de austeridade e de reformas que terá de ser seguido pelo país é “duro”. “Isto não é fácil. É um programa duro, mas necessário”, alertou.
Kröger chamou especialmente a atenção para o “ajustamento orçamental muito ambiciosos” que está previsto e que não permitirá “qualquer abrandamento no calendário previsto para as medidas e consolidação orçamental”.
O programa português é “ousado”, “severo” e “exigente”, disse, por seu turno, Poul Thomsen do FMI, precisando que a receita de austeridade, mas também de reformas económicas, não foi imposta de fora.
PEC IV : "boa base, mas insuficiente"
“O Governo já tinha tomado estas medidas antes de chegarmos aqui”, disse, depois de o representante da Comissão Europeia, Jürgen Kröger, ter também passado a mesma mensagem que já Teixeira dos Santos frisara: “Este é um programa português que merece o apoio da UE e do FMI”.
Kröger precisou, no entanto, que o PEC IV, chumbado pela oposição, foi um "bom ponto de partida, mas não era suficientemente abrangente". "Tinha elementos muito positivos em termos orçamentais, mas não era suficientemente profundo em termos de reformas estruturais”, acrescentou.O representante do FMI esclareceu, por seu turno, que a instituição fornecerá cerca de 26 mil milhões de euros – um terço do empréstimo, que poderá totalizar 78 mil milhões – a uma taxa de juro que rondará 3,25% nos primeiros três anos e 4,25% a partir do quarto.
Já a taxa que será cobrada pela União Europeia (que assegurará dois terços do empréstimo) é mais difícil de antecipar, já que depende da taxa de juro que os fundos europeus pagarão aos mercados para angariar verbas para Portugal.
Ainda assim, Jürgen Kröger, da Comissão Europeia, deu como referência o caso da Irlanda – que pagará uma taxa acima de 5,5%, mas por um empréstimo a sete anos e meio - admitindo no entanto que o prémio de 200 pontos base, que é somado em regra às taxas de captação de fundos, venha a ser “um pouco inferior”.
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