Começou politicamente forte, acaba politicamente fraco. Ninguém como ele foi omnipresente em Portugal no ano de 2010. De 1 de Janeiro, a negociar medidas de austeridade, a 31 de Dezembro, a cumpri-las, fez dois Orçamentos, três PEC, dois acordos com o PSD, preparou o maior choque recessivo da democracia, anunciou medidas para o crescimento. Foi já bestial e besta. Mas foi ele o homem presente todos os dias, a governar, legislar, orçamentar, a falar, a gerir a crise. Fernando Teixeira dos Santos é a Personalidade de 2011 da economia portuguesa.
Aceitou ser de novo ministro das Finanças de José Sócrates quando se admitiu que poderia estar para ele guardado um lugar mais sereno, uns passos mais longe do rio, a governar o Banco de Portugal.
A crise grega e o agravamento do risco de Portugal, proclamado logo em Janeiro, fizeram os tempos difíceis. E é logo no início de 2010 que surgem os primeiros sinais de discordância com o primeiro-ministro, por palavras e actos do Presidente da República. Aníbal Cavaco Silva elogia publicamente Teixeira dos Santos e em Abril acontece o inédito: o ministro das Finanças acompanha o primeiro-ministro no encontro com o Presidente da República.
Fernando Teixeira dos Santos faz tudo para convencer José Sócrates a viabilizar medidas de austeridade que todos os outros começavam a adoptar. Apesar de alguns aliados, entre eles o Presidente da República, o máximo que consegue são algumas medidas, em Março, no que ficou conhecido como PEC 1. Só em Maio, depois do drama europeu com a Grécia, é que se adopta o primeiro plano que se pode chamar de austeridade, o PEC 2, resultante do acordo com o PSD.
É nessa altura, antes do Verão, que se sussurra nos meios socialistas a possibilidade de Teixeira dos Santos assumir a liderança do Governo. José Sócrates parecia fragilizado e perdido. E o ministro de Estado e das Finanças era nessa altura a única referência de credibilidade, serenidade e bom senso.
Tudo se altera depois do Verão e do PEC 3. Durante os meses quentes, o silêncio e ausência de Fernando Teixeira dos Santos do espaço público justificou as mais variadas especulações. Adivinha-se que estava a perder o peso que tinha junto de Sócrates ou que teria desistido de convencer o primeiro-ministro a adoptar as medidas que os mercados financeiros e Bruxelas exigiam.
O regresso de férias dita a mudança da opinião sobre Teixeira dos Santos. Começa o caminho que o transforma de bestial a besta. O descontrolo das contas públicas em 2010 é o rastilho para as primeiras críticas, ainda que muitos saibam que a causa da derrapagem está num inesperado descontrolo financeiro na saúde. O PEC 3, o mais violento choque recessivo em democracia, que corta salários de clientelas partidárias e da classe média, acende o rastilho. Entretanto o ministro comete alguns erros. Em entrevista ao Expresso diz que a partir de uma taxa de juro de 7% Portugal poderá precisar de ajuda. No acordo de viabilização do Orçamento é acusado de ingenuidade por se ter deixado fotografar com Eduardo Catroga. E em Novembro, quando a pressão de Paris e Berlim sobre a Irlanda atingia o auge, passa um dia a corrigir declarações suas ao Financial Times.
Fernando Teixeira dos Santos foi a crise e a batalha contra a crise, a personalidade que mesmo quando esteve ausente mais esteve presente.
Fonte:http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=459275#
Este devia ser nomeado o incompetente do ano!!!Então o homem anuncia o fim da crise quando ela estava a começar!!!
