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Caldeirão da Bolsa

Obrigações europeias (Eurobonds)

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Obrigações europeias (Eurobonds)

por Elias » 3/10/2013 17:15

Zona euro. FMI volta ao ataque com as polémicas eurobonds
ionline
25.09.2013

Fundo defende igualmente subsídio de desemprego comum e perda de soberania dos países membros

O Fundo Monetário Internacional continua a dar dores de cabeça à União Europeia e particularmente à Alemanha da reeleita Angela Merkel. Depois de críticas reiteradas à política de austeridade e mais recentemente à velocidade de ajustamento orçamental dos países sob resgate na zona euro, o FMI veio ontem defender a criação de uma união orçamental na zona euro, com um orçamento comum e a emissão de eurobonds, para se evitar uma nova crise na região.

Num relatório intitulado “Toward a fiscal union for the euro area [a caminho de uma união orçamental para a zona euro]”, o FMI defende que, no mínimo, uma integração orçamental mais profunda requer maior controlo dos estados-membros e a finalização rápida da união bancária, com um fundo comum de apoio a bancos em dificuldades.

Fundo para os mais fracos O FMI sugere aos decisores políticos que criem um fundo para eventualidades, com os países, no total, a contribuírem com até 200 mil milhões de euros por ano para ajudar países mais fracos, e assim evitar uma crise sistémica.

A organização diz que as actuais regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento, que exigem um défice inferior a 3% do PIB anual a cada país, não são suficientes e que devia ser exigido aos estados-membros que criassem almofadas financeiras em tempos de crescimento que lhes dessem maior margem de manobra em tempos de crise.
Para a instituição, a criação da moeda única fez pouco para encurtar as desigualdades em termos de crescimento económico dos seus participantes. Para cimentar esta união monetário, o FMI defende por isso que seja criado um orçamento comum.

“Apesar de muito intrusiva, esta medida teria o benefício de dar a possibilidade de interventiva preventiva e atempada quando a estratégia orçamental fosse claramente incompatível com as metas orçamentais”, diz o relatório citado pela Bloomberg.

Merkel repudia eurobonds O Fundo Monetário Internacional volta ao tema das eurobonds (obrigações de dívida comuns aos países da zona euro), uma matéria muito querida da esquerda europeia. Para o FMI, seria uma forma de manter os custos da dívida em países periféricos, como Portugal, mais acessíveis e sob controlo. Acontece que a chanceler alemã já tinha dito que não haverá este tipo de mutualização de dívida “enquanto for viva”. A posição é idêntica à de outros países europeus, que recusam ter juros mais altos para pagar dívidas insustentáveis de alguns estados.


Com Lusa
 
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Re: Eurobonds...

por FxTrader » 16/4/2013 2:14

Atomez Escreveu:Pois, só que não existe a nível europeu nenhuma instituição com poderes para fiscalizar e sancionar quem não cumpra as normas.

Comparando com os EUA, na zona euro existe um banco central emissor de moeda, o BCE equivalente ao FED americano, mas não existe nenhum Tesouro europeu ou Ministério das Finanças europeu semelhante ao Tesouro americano.

Não existe nem existirá porque os políticos nacionais de cada um dos países membros se opõem a isso com unhas e dentes. Seria uma "perda de soberania nacional", dizem, ou na realidade sentem que ficariam sem a principal alavanca de poder que dispõem -- o poder de decidir para onde é canalizado o dinheiro. Sem isso, os governos nacionais pouco mais seriam que uma espécie de câmara municipal em ponto grande para tratar das estradas e dos esgotos...

É claro que os alemães não alinham nos Eurobonds porque senão ficavam coresponsáveis pelas dívidas contraídas pelos outros governos irresponsavelmente despesistas. E teriam que pagar por isso.

E Eurobonds sem a Alemanha são mero junk.


É um facto que não existe neste momento nenhuma entidade capaz de "fiscalizar e sancionar" os incumpridores, o que não invalida que não se possa criar uma para esse fim, basta que exista vontade política para tal, não me parece que o cidadão comum se oponha a que a corrupção e exploração dos mais fracos sejam combatidas e punidas...

Neste momento caminha-se para uma regulação bancária comum, porque não, seguindo o exemplo dos estados unidos, a criação também de uma zona fiscal comum, ou uma federação como lhe queiras chamar!?

Os países federados não têm necessáriamente que perder a sua soberania, até porque o conceito de federalismo salvaguarda precisamente esse aspecto da soberania...

Atomez Escreveu:Sem isso, os governos nacionais pouco mais seriam que uma espécie de câmara municipal em ponto grande para tratar das estradas e dos esgotos...


E o que é que temos actualmente!? A Alemanha é que dita as regras na Europa e os outros obedecem que nem uns cordeirinhos...

Atomez Escreveu:É claro que os alemães não alinham nos Eurobonds porque senão ficavam coresponsáveis pelas dívidas contraídas pelos outros governos irresponsavelmente despesistas. E teriam que pagar por isso.


Então mas estamos numa UNIÃO Europeia ou numa Alemanha, numa França, numa Itália, numa Filândia, e por aí a fora? O conceito de UNIÃO é precisamente esse, de convergência e UNIÃO entre os diversos membros, de entre-ajuda, de estabelecer objectivos comuns e todos se orientarem pelas mesmas regras, todos terem as mesmas oportunidades, no fundo todos remarem no mesmo sentido e não cada um para seu lado...

De notar que não tenho nada contra os Alemães, percebo e respeito os teus argumentos, naturalmente que eu não gostaria nada de ser produtivo, e contribuir para que outros que não o são, "esbangem" o fruto do meu trabalho. Não quero com isto dizer também que os países endividados estão isentos de responsabilidade, muito pelo contrário, devem ser responsabilizados e fiscalizados, mas não da forma como as coisas estão a ser conduzidas...

Fica aqui uma pergunta, como dizes os Alemães não querem ser "coresponsáveis pelas dívidas contraídas pelos outros governos irresponsavelmente despesistas. E teriam que pagar por isso", então e querem emitir divida a juros negativos tirando partido desta crise de que também são responsáveis?

A irresponsabilidade política é de todos, e é bem evidente, e deve ser assumida por todos, é muito fácil apontar o dedo aos outros, o dificil é reconhecer os seus próprios erros...

Atomez Escreveu:E Eurobonds sem a Alemanha são mero junk.


Sem dúvida alguma que Alemanha tem um peso enorme na economia Europeia, mas seguindo a minha linha de raciocinio, a Alemanha não é a Europa, e precisa tanto da Europa como a Europa precisa dela. Imagina um Real de Madrid sem um Cristiano Ronaldo, talvez ficasse mais fraco, mas não incapaz de superar os seus desafios, agora imagina um Cristiano Ronaldo sem um Real de Madrid a jogar para ele! talvez se tornasse num jogador comum!!

O que quero aqui realçar é uma coisa muito simples "UNIÃO"...

Abraço
 
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Re: Eurobonds...

por atomez » 16/4/2013 1:12

Ivo Duarte Escreveu:Se os países que obedecem ao novo Pacto Orçamental da União Europeia forem autorizados a converter todas as suas reservas de dívida soberana em Eurobonds, o impacto positivo seria quase milagroso. O perigo de “default” desapareceria, tal como os prémios de risco. Os balanços dos bancos receberiam um impulso imediato, tal como os orçamentos dos países fortemente endividados.
...
Nos termos do Pacto Orçamental, os Estados-membros só poderiam emitir novas Eurobonds para substituir as Eurobonds cujas maturidades estivessem a vencer; após cinco anos, a dívida remanescente seria gradualmente reduzida para 60% do PIB. Se um Estado-membro contraísse dívidas adicionais, só poderia pedir esses empréstimos em seu próprio nome. O Pacto Orçamental precisa, reconhecidamente, de algumas modificações para garantir que as penalizações pelo seu não-cumprimento são automáticas, rápidas e não demasiado severas para poderem ser credíveis. Um Pacto Orçamental mais rígido praticamente eliminaria o risco de incumprimento.

Pois, só que não existe a nível europeu nenhuma instituição com poderes para fiscalizar e sancionar quem não cumpra as normas.

Comparando com os EUA, na zona euro existe um banco central emissor de moeda, o BCE equivalente ao FED americano, mas não existe nenhum Tesouro europeu ou Ministério das Finanças europeu semelhante ao Tesouro americano.

Não existe nem existirá porque os políticos nacionais de cada um dos países membros se opõem a isso com unhas e dentes. Seria uma "perda de soberania nacional", dizem, ou na realidade sentem que ficariam sem a principal alavanca de poder que dispõem -- o poder de decidir para onde é canalizado o dinheiro. Sem isso, os governos nacionais pouco mais seriam que uma espécie de câmara municipal em ponto grande para tratar das estradas e dos esgotos...

É claro que os alemães não alinham nos Eurobonds porque senão ficavam coresponsáveis pelas dívidas contraídas pelos outros governos irresponsavelmente despesistas. E teriam que pagar por isso.

E Eurobonds sem a Alemanha são mero junk.
As pessoas são tão ingénuas e tão agarradas aos seus interesses imediatos que um vigarista hábil consegue sempre que um grande número delas se deixe enganar.
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Resumo da situação actual na Zona Euro...

por FxTrader » 16/4/2013 0:52

Aqui fica mais uma noticia interessante que só vem reforçar a ideia de que a austeridade em cima de austeridade não tem produzido bons resultados...

"Nos últimos anos a Europa tem defendido que a austeridade e reformas estruturais vão resolver os problemas económicos e financeiros de países como Portugal, Espanha e Itália. Contudo, “todas as provas mostram que este remédio amargo está a matar o paciente”, defende o “New York Times”.
“Há mais de quatro anos, os líderes europeus defendem um cocktail de austeridade orçamental e reformas estruturais para países problemáticos como Portugal, Espanha e Itália, prometendo que isso vai ser a solução para curar as suas doenças económicas e financeiras. Todas as provas mostram que este remédio amargo está a matar o paciente”, refere o artigo do conselho editorial do jornal americano.

“Desde o início, foi claro que a austeridade económica – corte de gastos do Estado e apoios públicos – e as reformas estruturais – flexibilização das leis laborais e privatizações de empresas, por exemplo – não podem ser realizados em simultâneo durante uma recessão profunda. E essa realidade dolorosa está visível sem fim à vista”, adiantam.

O artigo recupera as medidas implementadas em Portugal, que passaram pelo aumento de impostos, cortes nos salários e pensões e salienta que estas medidas resultaram num aumento da taxa de desemprego para níveis “próximos dos 18%”.

O conselho editorial considera que “não é surpreendente” que Portugal tenha tido mais um ano para cumprir as metas de défice, considerando que o país não consegue atingir os objectivos devido “a políticas internas” que “tornaram a recessão mais profunda do que o antecipado.”

No artigo, os responsáveis admitem que “Portugal e outros países europeus, no longo prazo, vão precisar reduzir os seus défices e reformar políticas que mantiveram as suas economias para trás durante décadas. Mas, por agora, esta abordagem, além de provocar um desastre económico, tem criado uma raiva pública generalizada e resistência a políticos”.

O artigo adianta ainda que esta postura tem beneficiado grupos como Movimento 5 estrelas, que rejeitam as soluções europeias para combater a crise e alerta para o risco de movimentos deste género começarem a ganhar mais força na Europa, considerando que isso pode “provocar o pânico” entre os europeus e a perdas de “milhares de milhões de dólares” por parte dos Estados-membro.

O artigo termina considerando que “vai ser difícil os líderes europeus admitirem que a sua abordagem está a falhar. Mas deviam perceber que ao permanecerem no actual caminho estão a minar a confiança pública no euro e no projecto europeu.”

E deixam um alerta: “Se deixarem que estas forças se fortaleçam, todos no Continente, não apenas os portugueses ou italianos, vão ficar piores”."

Fonte: http://www.jornaldenegocios.pt/economia ... iente.html
 
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Eurobonds...

por FxTrader » 16/4/2013 0:51

Ora aqui está uma reflecção interessante sobre o que poderia ser uma "solução", mesmo que parcial, do problema que já se arrasta há mais de 4 anos, e que por teimosia e incompetência dos “ir”responsáveis políticos tem conduzido a economia da Zona Euro à inevitável espiral recessiva, dificuldades acrescidas para os cidadãos e para as empresas que nela operam, sobretudo nos países periféricos do sul mais endividados que são os que mais sofrem com todo este impasse…

"É imperativo que a Alemanha decida se aceita as Eurobonds ou se sai da Zona Euro.

A crise do euro já transformou a União Europeia, que passou de uma associação voluntária de Estados iguais para uma relação credor-devedor da qual não há saída fácil. Os credores podem perder bastante dinheiro se um Estado-membro abandonar a união monetária, mas os devedores estão sujeitos a políticas que agudizam a sua depressão, agravam o seu encargo da dívida e perpetuam a sua posição de subordinados. Consequentemente, a crise está agora a ameaçar destruir a própria União Europeia. Isso seria uma tragédia de proporções históricas, que só a liderança alemã pode evitar.

As causas da crise não podem ser adequadamente compreendidas sem o reconhecimento do defeito fatal do euro: ao criarem um banco central independente, os países membros endividaram-se numa moeda que não podem controlar. Inicialmente, as autoridades e os participantes no mercado encaravam todas as obrigações soberanas como estando isentas de risco, criando um incentivo perverso para os bancos se inundarem de dívida mais fraca. Quando a crise grega levantou o espectro de incumprimento no pagamento da dívida, os mercados financeiros reagiram de forma vingativa, relegando todos os membros da Zona Euro que estavam fortemente endividados para um estatuto comparável ao de países do Terceiro Mundo sobreexpostos numa moeda estrangeira. Subsequentemente, os Estados-membros com um elevado nível de endividamento foram tratados como se fossem os únicos responsáveis pelos seus problemas, e o defeito estrutural do euro continuou por corrigir.

Assim que se perceba isto, a solução prática quase que se auto-sugere. E pode ser resumida a uma só palavra: Eurobonds.

Se os países que obedecem ao novo Pacto Orçamental da União Europeia forem autorizados a converter todas as suas reservas de dívida soberana em Eurobonds, o impacto positivo seria quase milagroso. O perigo de “default” desapareceria, tal como os prémios de risco. Os balanços dos bancos receberiam um impulso imediato, tal como os orçamentos dos países fortemente endividados.

A Itália, por exemplo, pouparia até 4% do seu PIB; o seu orçamento passaria a ser excedentário; e os estímulos orçamentais substituiriam a austeridade. Em resultado disso, a sua economia cresceria e o seu rácio de endividamento desceria. A maioria dos problemas aparentemente insolúveis dissipar-se-ia. Seria como sair de um pesadelo.

Nos termos do Pacto Orçamental, os Estados-membros só poderiam emitir novas Eurobonds para substituir as Eurobonds cujas maturidades estivessem a vencer; após cinco anos, a dívida remanescente seria gradualmente reduzida para 60% do PIB. Se um Estado-membro contraísse dívidas adicionais, só poderia pedir esses empréstimos em seu próprio nome. O Pacto Orçamental precisa, reconhecidamente, de algumas modificações para garantir que as penalizações pelo seu não-cumprimento são automáticas, rápidas e não demasiado severas para poderem ser credíveis. Um Pacto Orçamental mais rígido praticamente eliminaria o risco de incumprimento.

Assim, as Eurobonds não arruinariam o “rating” da dívida soberana alemã. Pelo contrário, comparariam favoravelmente com as obrigações dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Japão.

Certamente que as Eurobonds não são uma panaceia. O impulso decorrente das Eurobonds pode não ser suficiente para assegurar uma retoma, podendo ser necessários estímulos orçamentais e/ou monetários adicionais. Mas ter um problema desses em mãos seria um luxo. Mais preocupante é que as Eurobonds não eliminariam as divergências de competitividade. Cada país continuaria a precisar de levar a cabo reformas estruturais. A União Europeia também precisa de uma união bancária para disponibilizar o crédito em condições de equidade a todos os países. (O resgate de Chipre tornou esta necessidade mais evidente, ao desnivelar ainda mais o terreno). No entanto, a aceitação das Eurobonds por parte da Alemanha transformaria a atmosfera e facilitaria as necessárias reformas.

Lamentavelmente, a Alemanha continua a opor-se firmemente às Eurobonds. Uma vez que a chanceler Angela Merkel vetou a ideia, nem sequer foi tomada em maior consideração. A opinião pública alemã não reconhece que concordar com as Eurobonds seria muito menos arriscado e dispendioso do que continuar a fazer apenas o mínimo possível para preservar o euro.

A Alemanha tem o direito a rejeitar as Eurobonds. Mas não tem o direito de impedir que os países fortemente endividados possam sair da miséria, unindo-se e emitindo-as. Se a Alemanha se opõe às Eurobonds, deveria ponderar sair do euro. Surpreendentemente, as Eurobonds emitidas por uma Zona Euro sem a Alemanha continuariam, ainda assim, a comparar favoravelmente com as dos EUA, Reino Unido e Japão.

O motivo é simples. Uma vez que toda a dívida acumulada está denominada em euros, faz toda a diferença qual o país que abandona a união monetária. Se a Alemanha saísse, o euro registaria uma depreciação. Os países devedores recuperariam a sua competitividade. As suas dívidas diminuiriam em termos reais e, se emitissem Eurobonds, a ameaça de “default” desapareceria. As suas dívidas tornar-se-iam, subitamente, sustentáveis.

Ao mesmo tempo, grande parte do encargo do ajustamento recairia sobre os países que saíssem do euro. As suas exportações tornar-se-iam menos competitivas e enfrentariam uma forte concorrência, nos seus mercados internos, por parte dos membros restantes da Zona Euro. Incorreriam também em perdas nos seus créditos e investimentos denominados em euros.

Em contrapartida, se Itália deixasse a Zona Euro, o seu encargo da dívida denominada em euros tornar-se-ia insustentável e esta teria de ser reestruturada, fazendo com que o sistema financeiro mundial mergulhasse no caos. Por isso, se algum país tem de deixar o euro, deve ser a Alemanha e não Itália.

É imperativo que a Alemanha decida se aceita as Eurobonds ou se sai da Zona Euro, mas é menos óbvio qual das duas alternativas será melhor para o país. Só os eleitores alemães estão qualificados para decidir isso.

Se a Alemanha referendasse neste momento esta questão, os apoiantes do abandono da Zona Euro ganhariam sem dificuldades. Mas uma reflexão mais profunda poderia mudar a opinião das pessoas. Elas perceberiam que o custo, para a Alemanha, de permitir as Eurobonds, tem sido grandemente exagerado, e que o custo da saída da união monetária tem sido subestimado.

O problema é que a Alemanha não foi obrigada a escolher. Pode continuar a fazer apenas o mínimo para preservar o euro. Esta é claramente a escolha preferida de Merkel, pelo menos até depois das próximas eleições.

A Europa estaria infinitamente melhor se a Alemanha fizesse uma escolha definitiva entre Euronds ou saída da Zona Euro, independentemente do resultado; com efeito, a própria Alemanha ficaria melhor. A situação está a deteriorar-se e, no longo prazo, deverá tornar-se insustentável. Uma desintegração desordenada resultaria em recriminações mútuas e dívidas por honrar, o que deixaria a Europa pior do que quando embarcou na corajosa experiência da unificação. Certamente que isso não é do interesse da Alemanha.

George Soros é presidente do Soros Fund Management e da rede Open Society Foundations.

Direitos de autor: Project Syndicate, 2013.
www.project-syndicate.org

Tradução: Carla Pedro"

Fonte: http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/ ... manha.html
 
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por Elias » 21/2/2013 11:40

Parlamento Europeu arranca acordo para emissão futura de eurobonds
ISABEL ARRIAGA E CUNHA, BRUXELAS 21/02/2013 - 00:00

publico

O Parlamento Europeu (PE) conseguiu ontem uma vitória na negociação com os Governos da União Europeia (UE) sobre um novo pacote de medidas de controle dos orçamentos nacionais, ao obter a garantia de que a Comissão Europeia vai estudar as modalidades de uma futura emissão de dívida em comum entre os países da zona euro. Ao mesmo tempo, o PE forçou Bruxelas a estudar formas de "equilibrar as necessidades de investimento público produtivo com a disciplina orçamental" na aplicação da vertente preventiva do pacto de estabilidade e crescimento (PEC) do euro, explicou Elisa Ferreira, eurodeputada socialista e uma das "relatoras" do PE sobre as novas medidas.

O que está implícito no novo pacote legislativo "é, de novo, mais austeridade, mais contenção, mais curto prazo, e por isso nós exigimos que haja algum movimento compensador", justificou. O resultado é que "até 31 de Julho a Comissão terá de produzir legislação ou interpretação de como é que vai acomodar o investimento público, sobretudo de carácter estratégico, no quadro do pacto", vincou. A possibilidade de "descontar" este tipo de investimento constitui um dos debates mais antigos da zona euro, defendido sobretudo pelos países com finanças públicas sob maior pressão, para evitar que eventuais medidas de austeridade assumidas em caso de risco de derrapagem orçamental ponham em risco as despesas estratégicas - nomeadamente em educação ou investigação científica - susceptíveis de permitir o crescimento da economia.

Por oposição da Alemanha, sobretudo, o debate nunca conseguiu descolar, mas Elisa Ferreira acredita que a situação vai agora mudar. "Os países que fazem enormes sacrifícios têm de saber que os seus esforços são reconhecidos e recompensados", justificou.

A segunda concessão feita ao PE refere-se ao estudo das modalidades de emissão de dívida de longo prazo entre os países do euro no quadro de um fundo de amortização (decalcado do fundo de redenção concebido pelos "sábios" alemães que aconselham o Governo federal) a par de eurobills, dívida de muito curto prazo para resolver as necessidades mais imediatas de financiamento dos Governos. Embora o PE tenha começado por defender o avanço rápido para as duas medidas, a oposição firme da Alemanha - cuja chanceler, Angela Merkel, enfrenta eleições legislativas em Setembro - acabou por convencer os deputados a assumir, por agora, uma posição mais moderada.

O compromisso ontem alcançado entre a presidência irlandesa da UE, em representação dos Governos, e os eurodeputados mandatados pela Comissão Parlamentar dos Assuntos Económicos e Monetários para negociar obriga a Comissão a criar um grupo de peritos de alto nível para estudar os diferentes aspectos - económicos, jurídicos e institucionais - de uma futura mutualização de dívida. Os resultados deverão ser apresentados até Março de 2014.

Estas duas exigências do PE estiveram na base de um longo braço-de- ferro, de mais de seis meses, entre os deputados europeus dos grupos parlamentares socialista, liberal e verde e o Conselho de Ministros da UE (onde os Governos têm assento) para a aprovação do novo pacote de duas propostas legislativas - mais conhecidas pelo termo inglês two pack - destinadas a reforçar a disciplina orçamental dos países do euro.

Os dois textos vão juntar-se ao chamado six pack que entrou em vigor no fim de 2011 para reforçar a governação da zona euro e que, em conjunto com o tratado orçamental que entrou em vigor em Janeiro, completa o arsenal de medidas assumidas em plena crise da dívida para evitar uma repetição das suas causas.

O two pack - que ainda terá de ser aprovado pelo PE em sessão plenária, provavelmente em Março - vai reforçar os poderes de intromissão da Comissão na elaboração dos orçamentos nacionais: os países do euro terão de submeter a Bruxelas os seus projectos de orçamento, podendo a Comissão exigir alterações se detectar um risco de violação do PEC, que proíbe défices orçamentais acima de 3% do PIB.

Bruxelas terá igualmente um poder de vigilância reforçado sobre os países sob assistência financeira, como Portugal, Grécia e Irlanda, incluindo depois de saírem dos respectivos programas de ajustamento.

Enquanto o Conselho de Ministros votou as medidas há exactamente um ano, o PE, por pressão dos três grupos parlamentares recalcitrantes, fizeram finca-pé, recusando até ontem dar o seu assentimento enquanto não obtivessem as concessões pretendidas.
 
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por Elias » 20/1/2013 21:51

Parlamento Europeu apela a emissão de eurobonds
Económico com Lusa
16/01/13 15:07

Parlamento Europeu apela aos 27 para executarem mecanismo de emissão de 'eurobonds'

O Parlamento Europeu (PE) apelou hoje aos Estados-membros para que executem mecanismos de emissão comum de obrigações de estabilidade ('eurobonds') e propôs um roteiro para a saída da crise.

Numa resolução aprovada hoje, durante a sessão plenária, em Estrasburgo, o PE afirma que existe uma "urgente necessidade" de adoptar medidas a longo prazo para a zona euro que garantam "a solidez das finanças públicas, um crescimento sustentado, a coesão social e elevados níveis de emprego, prevenindo o risco moral e apoiando a convergência rumo a uma união orçamental".

Neste contexto, os eurodeputados instam os Estados-membros, cujas dívidas soberanas "sejam elevadas, a executar mecanismos de emissão comum de obrigações de estabilidade que, aliados à condicionalidade da disciplina orçamental, aliviem a tensão provocada" pela dívida
soberana.

Para o PE, a perspectiva da emissão de 'eurobonds' pode constituir um "forte sinal para os mercados financeiros, ajudar a preservar a integridade da União Económica e Monetária, apoiar um regresso à estabilidade económica e reduzir a incerteza".

Os eurodeputados portugueses Diogo Feio (CDS-PP), Elisa Ferreira (PS) e Marisa Matias (Bloco de Esquerda), que foram relatores sobre a viabilidade da introdução de 'eurobonds', destacaram, em Estrasburgo, o sinal político dado hoje pelo PE.

O PE aprovou "a ideia de que se deve analisar, de um modo mais cuidado, a possibilidade de existência de obrigações de estabilidade ou 'eurobonds'", dando também 'luz verde' à possibilidade de criação de um fundo de amortização para a dívida dos Estados que seja acima dos 60%", destacou Diogo Feio.

A deputada Elisa Ferreira, por sua vez, afirmou que, a posição do PE "é mais um passo", embora a emissão de 'eurobonds' ainda não esteja inscrita em textos legislativos.

"Nada obriga, neste momento, a que a Comissão e o Conselho avancem em concreto nestas matérias", disse, acrescentando esperar que a presidência irlandesa da União Europeia coloque o tema na sua agenda.

"É uma recomendação, não tem força legislativa, mas é bom que os países tomem de uma vez por todas uma posição em relação a isto, porque está mais do que visto que se não tivermos qualquer instrumento para mutualizar a dívida europeia, nunca iremos conseguir responder à divergência que se está a agravar cada vez mais entre os diferentes Estados", disse Marisa Matias, do Bloco de Esquerda.

A eurodeputada salientou ainda que, para países como Portugal, "este é um passo fundamental para conseguir começar a pensar em ter investimento para crescimento e criação de emprego".

No texto aprovado hoje, o PE defende ainda que é essencial definir um "roteiro" para, "a curto prazo, sair da actual situação de crise e, a longo prazo, avançar para uma união orçamental, ao completar, reforçar e aprofundar a união económica e monetária".

Este roteiro inclui quatro etapas, sendo a primeira a aplicação de medidas imediatas para a saída da crise, nomeadamente a criação de um fundo de resgate europeu temporário para o qual irá reverter toda a dívida pública acima dos 60% do PIB, e a introdução de 'eurobills' para protecção dos Estados-Membros face a problemas de liquidez.

A segunda etapa seria a introdução de obrigações azuis, a terceira emissão comum total de dívida nacional envolvendo uma alteração ao Tratado e, por fim, a emissão comum de uma verdadeira dívida europeia.

A resolução foi aprovada por 361 votos a favor, 268 contra e 33 abstenções.

http://economico.sapo.pt/noticias/parla ... 60387.html
 
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por bogos » 12/11/2012 14:28

correia1978 Escreveu:O excelente negócio que é a crise da dívida soberana para a Alemanha e BCE.
Graças à crise que passamos, a Alemanha consegue financiar-se a juros negativos, para depois vender dinheiro aos países periféricos. O BCE, com os seus avanços e recuos, é actor secundário nesta novela e recebe também os lucros desta crise.
Eu acho que um dos grandes objectivos da Alemanha e BCE é criar um Euro cada vez mais forte, com países cada vez menos endividados, tudo isto à custa dos PIGS que deixarão, certamente, mais tarde ou mais cedo, de fazer parte da Zona Euro.
Erros, no passado, fizemos muitos. No entanto, na génese da União Europeia estavam vários ideais como a solidariedade e a coesão entre os povos, mas esta solidariedade tem desaparecido ao longo do tempo. Os grandes líderes na Europa desapareceram à muito. Hoje em dia, os líderes europeus têm as suas posições na União Europeia, em função da sua política interna e daquilo que lhe dá mais votos...
Com este "negócio da China" nas mãos porque haveria a Alemanha aceitar as Eurobonds?!


Estou mesmo a ver as palavras lá do outro dentro do tumulo.....e a rir-se......"Orgulhosamente sós"

A Alemanha nunca se esquece de nada, esta-lhes no sangue, na raça..... Quem os trucidou nas duas guerras, ou que simplesmente de forma interessada deles se serviu, pagará o famoso ditado do ditador.... Darei à Alemanha 1000 anos de poder....

Merkel está hoje em Lisboa para fazer negócio. Operação de charme, contactos de empresários para ver o que interessa da politica de terra queimada, e acima de tudo manter os seus emprestimos vivos e ativos...

Cumprimentos
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por C0rr3i4 » 12/11/2012 13:44

O excelente negócio que é a crise da dívida soberana para a Alemanha e BCE.
Graças à crise que passamos, a Alemanha consegue financiar-se a juros negativos, para depois vender dinheiro aos países periféricos. O BCE, com os seus avanços e recuos, é actor secundário nesta novela e recebe também os lucros desta crise.
Eu acho que um dos grandes objectivos da Alemanha e BCE é criar um Euro cada vez mais forte, com países cada vez menos endividados, tudo isto à custa dos PIGS que deixarão, certamente, mais tarde ou mais cedo, de fazer parte da Zona Euro.
Erros, no passado, fizemos muitos. No entanto, na génese da União Europeia estavam vários ideais como a solidariedade e a coesão entre os povos, mas esta solidariedade tem desaparecido ao longo do tempo. Os grandes líderes na Europa desapareceram à muito. Hoje em dia, os líderes europeus têm as suas posições na União Europeia, em função da sua política interna e daquilo que lhe dá mais votos...
Com este "negócio da China" nas mãos porque haveria a Alemanha aceitar as Eurobonds?!
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por Texano Bill » 7/8/2012 13:49

A troika entrou em exercícios de aquecimento para o campeonato espanhol e italiano.

Diário Económico Escreveu:Fundo europeu financia-se a taxas negativas

O fundo europeu de estabilização financeira (FEEF) emitiu hoje dívida no mercado primário a taxas de juro negativas.

Segundo informou o Bundesbank, o FEEF colocou hoje 1,431 mil milhões de euros a três meses a uma taxa média ponderada de -0,0217%. Ou seja, os investidores pagaram para financiar o fundo europeu, um sinal de enorme aversão ao risco.

O montante indicativo da operação tinha sido fixado em 1,5 mil milhões de euros, sendo que a procura mais do que triplicou a oferta.

O FEEF poderá ser uma das vias para aliviar a pressão sobre países como Espanha e Itália, dado que este mecanismo está autorizado a comprar dívida soberana. No entanto, para que tal aconteça, é necessário um pedido formal que até agora não aconteceu.

"Nenhum estado membro pediu ao FEEF ou ao Mecanismo de Estabilidade Financeira (ESM) para intervir nos mercados primário ou secundário", disse hoje Olivier Bailly, porta-voz da União Europeia, em Bruxelas.

Esta emissão do FEEF acontece num dia em que a percepção de risco para com a dívida espanhola agrava-se nos mercados secundários. A ‘yield' associada à dívida espanhola a 10 anos está nos 6,778%, ao mesmo tempo que a taxa implícita das obrigações italianas na mesma maturidade recua até aos 5,954%.

http://economico.sapo.pt/noticias/fundo ... 49892.html
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por Pickbull » 30/7/2012 17:09

Las_Vegas Escreveu:... afinal estamos em democracia ou não?

:mrgreen:


Não. :shock:
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por Las_Vegas » 30/7/2012 16:52

Mart77 Escreveu:A maioria quer


Monti garante que a maioria apoia "eurobonds"

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, garantiu na quarta-feira que a maioria dos países da União Europeia (UE) apoiam a emissão de títulos de dívida europeus, ainda que haja Estados reticentes, sobretudo no norte do velho continente.

http://noticias.sapo.pt/internacional/a ... 71849.html


A maioria quer?

lol

Aqui a maioria quer andar de BMW, a Alemanha podia distribuir 1 por cada cidadão português... afinal estamos em democracia ou não?

:mrgreen:
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por Elias » 30/7/2012 16:34

Alemanha fará tudo para salvar moeda única mas continua contra eurobonds
30 Julho 2012 | 15:48

A Alemanha comprometeu-se a fazer tudo para salvar o euro, mas continua a opor-se à emissão de 'eurobonds', títulos conjuntos de dívida pública entre países da moeda única, reafirmou hoje um porta-voz do Governo alemão.

Questionado sobre a declaração da chanceler alemã, Angela Merkel, e do primeiro-ministro italiano, Mario Monti, no domingo, um porta-voz do Governo alemão, citado pela AFP, garantiu que "Berlim não mudou de posição em relação à emissão de euro-obrigações".

A posição da Alemanha em relação à emissão de títulos conjuntos de dívida pública da zona euro "mantém-se", referindo que "não é isso que o Governo pretende", avançou Georg Streiter, numa conferência de imprensa.

A chanceler alemã, Angela Merkel, tem vindo a rejeitar a emissão de 'eurobonds', considerando que esse é um "caminho errado" para resolver a crise actual, "que levará tempo e não será fácil".

Os 'eurobonds' são considerados por muitos -- como a França e a própria Comissão Europeia -- como a melhor forma de ultrapassar a crise da dívida dos países da zona euro, mas a Alemanha considera que este passo só pode ser dado depois de um longo processo de integração fiscal.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, comprometeram-se no domingo a tudo fazer para salvar uma zona euro ameaçada pela crise das dívidas soberanas, de acordo com um comunicado conjunto.

Na sequência de uma conversa telefónica, os dois líderes "concordaram que a Alemanha e a Itália irão fazer tudo para proteger a zona euro", de acordo com o comunicado divulgado em Berlim, citado pela AFP.

A declaração é em tudo similar ao compromisso assumido na passada sexta-feira pelos líderes de França e da Alemanha, e a um comunicado divulgado na véspera pelo governador do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, em que declarava estar disponível para "fazer tudo o que for necessário para preservar o euro".

Merkel e Monti apelaram ainda à implementação "tão rápida quanto possível" do acordo alcançado pela União Europeia no passado dia 28 e 29 de Junho, que abria o caminho para a constituição do fundo de 500 mil milhões de euros, destinado à recapitalização directa dos bancos europeus em apuros financeiros, sem o sacrífico da já muito debilitada ferramenta da dívida pública dos países mais atingidos pela desconfiança dos mercados.
 
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Eurobonds? “Nunca enquanto for viva”

por PMACS » 26/6/2012 17:34

Eurobonds? “Nunca enquanto for viva”

“Nunca enquanto for viva”. Foi esta a resposta de Merkel sobre a criação de ‘eurobonds’ durante uma reunião com parceiros da coligação.

Em vésperas de uma cimeira de líderes, que alguns responsáveis pediam que fosse decisiva, Merkel afastou mais uma vez a possibilidade de haver na Europa partilha de risco da dívida soberana.

Numa reunião com um dos partidos da coligação do Governo alemão, a chanceler terá respondido "nunca enquanto for viva", segundo revelou uma fonte à Reuters, quando confrontada com a possibilidade de a zona euro poder vir a emitir ‘eurobonds'.

Esta declaração surge dias antes do encontro entre os líderes europeus em Bruxelas, de quinta e sexta-feira. Em cima da mesa está um plano de crescimento para a região, mas há ainda um outro documento assinado por Herman Van Rompuy, Durão Barroso, Mario Draghi e Jean-Claude Juncker, onde se sugere uma emissão conjunta de títulos de dívida europeia como elemento de união orçamental.

"Passos no sentido da mutualização da dívida soberana podem ser considerados assim que esteja a ser aplicado um quadro robusto ao nível da disciplina orçamental", lê-se no relatório, que apresenta algumas propostas para salvar o euro num horizonte temporal de dez anos.

A criação de ‘eurobonds' há muito que tem vindo a ser discutida por alguns membros do euro, embora a Alemanha sempre tivesse manifestado a sua oposição por considerar que seria uma opção irresponsável e prematura.

http://economico.sapo.pt/noticias/eurob ... 47280.html
“When it is obvious that the goals cannot be reached, don't adjust the goals, adjust the action steps.”
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por Mart77 » 24/5/2012 9:57

A maioria quer


Monti garante que a maioria apoia "eurobonds"

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, garantiu na quarta-feira que a maioria dos países da União Europeia (UE) apoiam a emissão de títulos de dívida europeus, ainda que haja Estados reticentes, sobretudo no norte do velho continente.

http://noticias.sapo.pt/internacional/a ... 71849.html
 
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por careca79 » 24/4/2012 12:18

Estará aqui a resposta à sede dos mercados?
A precepitação/ antecipação da implementação das eurobonds será o trigger final? A ver vamos. A Merkel já fala em alternativas à austeridade...

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php ... &id=552911

O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, exigiu à Alemanha que aceite a emissão de títulos conjuntos da dívida pública na zona euro, os chamados eurobonds, em entrevista publicada hoje no Financial Times Deutschland.

Os Eurobonds permitiriam emitir dívida pública europeia a juros mais baixos, graças às baixas taxas que são exigidas, por exemplo, a países como a Alemanha, e proteger assim dos mercados países que só conseguem refinanciar-se a juros muito altos, ou através do fundo de resgate europeu (FEEF).

"Quando ainda não havia um Tratado Orçamental e outros instrumentos de disciplina orçamental, os alemães tinham boas razões para não querer responsabilizar-se por decisões financeiras irresponsáveis de outros países, mas agora há o Tratado Orçamental, e deviam aceitar que a zona euro caminhe em direcção aos eurobonds", disse Blanchard.

Na opinião do chefe do gabinete de estudos económicos do FMI, o problema que têm enfrentado alguns países da moeda única, nomeadamente Portugal, quando os investidores exigem mais juros para que se possam refinanciar, é que os Estados entram num círculo vicioso, porque não podem pagar o que lhes exigem.

"Os 'eurobonds' evitariam que isso acontecesse", sublinhou Blanchard, explicando que não se pretende que "passe a haver subitamente" um mercado único de títulos conjunto da dívida pública.

O que o FMI propõe é um recurso gradual aos 'eurobonds', "um início cuidadoso, em que se comece por emitir títulos conjuntos com prazos inferiores a um ano".

Para que os países participantes respeitem a necessária disciplina orçamental, "podia estabelecer-se que os que violarem o Tratado Orçamental serão excluídos do processo".

Assim, "na pior das hipóteses, um país poderia ter uma política financeira errada durante um ano", mas depois seria afastado de futuras emissões de 'eurobonds'.

Blanchard exigiu também, na entrevista ao FTD, que a Alemanha aceite uma inflação superior a dois por cento, enquanto durar a crise das dívidas soberanas, para corrigir desequilíbrios entre as economias da moeda única.

"Os alemães têm de saber se pretendem manter os seus elevados saldos positivos da balança comercial, mas se quiserem reduzi-los, têm de aceitar um nível de preços superior aos da restante zona euro", referiu.

Neste contexto, o economista do FMI lembrou que o Banco Central Europeu preconiza uma inflação máxima de dois por cento para toda a zona euro, e não para cada um dos países membros.

Assim, na actual crise, em que existe uma forte necessidade de harmonização na zona euro, "a taxa de inflação pode ser de dois por cento num dado país, e noutro país estar nos seis por cento", sobretudo para evitar que os Estados muito endividados sejam afectados por uma deflação, explicou Blanchard.
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por Antonio7 » 18/4/2012 18:37

Boa tarde,

Agradeço a vossa ajuda:

Procuro um site que informe sobre a cotação Intraday das Obrigações Governamentais Francesas a 10 anos.

Tenho procurado/pesquisado insistentemente mas encontro tudo menos estas, como por exemplo:

http://www.bloomberg.com/quote/GSPG10YR:IND

Muito obrigado,

Cumprimentos
 
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por migluso » 18/4/2012 18:33

Under my plan, each American household could borrow $10 million from the Fed at zero interest.


http://www.zerohedge.com/news/sheila-ba ... rinflation

Este plano parece-me ainda mais tentador...
"In a losing game such as trading, we shall start against the majority and assume we are wrong until proven correct!" - Phantom of the Pits
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por Opcard » 18/4/2012 17:51

A solução para a crise: Pagar Parte dos salários com dívida publica
Escrito por
Jacques DELPLA

Colunista - um membro do Conselho de Análise Econômica
Sugiro aqui, para o Sul da Europa, para pagar parte dos salários e pensões em dívida. A crise na área do euro é principalmente uma crise de balanço de pagamentos graves déficits do sul da Europa do Norte,

Com diferenças de competitividade em cerca de 10% para a França e Itália, 20% para a Espanha, 30% a 35% para a Grécia e Portugal. É necessário que o Sul fazer a "desvalorização interna", permanecendo na área do euro. A solução adoptada pelos líderes da UE está forçando um grande ajuste fiscal, comprimir maciçamente reduzir a demanda por importações e reduzir os preços e salários através de uma enorme recessão e um desemprego mega-.

Neste jogo, a Europa vai perder em todas as frentes: as dívidas não forem pagas, o desemprego em massa irá forçar esses países a abandonar o euro, o euro implode (e com a UE) e as democracias tropeçar. Já sei que este filme: é a Europa de 1930-1935, onde as políticas deflacionistas contractionnistes e atirou pessoas para o fascismo.

Qual é a alternativa? Sugiro aqui, em países com um atraso de competitividade, a pagar parcialmente os salários e benefícios sociais em dinheiro e endividamento não. Metade dos salários, pensões e benefícios sociais acima do salário mínimo seria pago em dívida. No setor público, que seria longo (30 anos), pagando juros iguais aos que a Europa fatura para os gregos ou portugueses (3% a 4% ao ano), que seriam pagos apenas quando o país começaria a reembolsar a sua dívida para a Europa. No setor privado, esse pagamento seria em dívidas da própria empresa.

Esta dívida seria junior (arriscado), contingente conversível (Coco): seria pagar juros somente se a empresa paga dividendos, ela iria se transformar em ações da empresa se fosse para ter capital suficiente.

Esta solução tem muitas vantagens. Politicamente, é mais aceitável: as pessoas são nominalmente o mesmo salário. Economicamente, ele reduz os salários imediatamente, como uma desvalorização. Um salário mensal de 2.000 euros, com este método, será reduzido de 12,5% em Portugal e 20% na Grécia (com o desconto nos mercados de dívida pública desses países).

Especialmente esta reforma seria uma revolução incentivos. Ela "renationalisera" da dívida pública: é cada vez mais detidas por nacionais (e eleitores), os líderes políticos terão muito menos incentivo para o padrão de sua dívida soberana. Esta reforma mudará radicalmente os incentivos dos funcionários públicos e pensionistas: até agora eles têm um interesse objetivo em aumentar os gastos públicos e os déficits públicos. Com esta reforma, criamos uma grande base eleitoral favorável à redução credível dos défices públicos e pagamento da dívida.

No setor privado, esta reforma também irá alterar os incentivos. Acionistas e empregados têm um interesse comum de reforçar o capital de suas empresas, que é exatamente o que você quer (nos países periféricos, as empresas estão descapitalizados) empregados têm interesse em sua empresa paga dividendos (e, portanto, ela está se saindo bem).

Para a Itália ea França, sugiro que o primeiro-ministro Mario Monti Holanda e futuro presidente de um terço dos salários acima do salário mínimo a ser pago em dívida.

Delpla Jacques é um membro do Conselho de Análise Econômica.


http://www.lesechos.fr/opinions/points_ ... 313592.php
 
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por BearManBull » 17/4/2012 15:36

Blue Epsilon Escreveu:
Elias Escreveu:
Blue Epsilon Escreveu:Parece-me que o FMI começa a ter bom senso.


Pois é, mas a directora do FMI quando era ministra de economia (há pouco mais de um ano) não se mostrava assim tão favorável às Eurobonds.

Depende sempre de que lado estamos da barricada :wink:


Sem dúvida, Elias, que o lado da barricada faz toda a diferença e afecta as decisões.

A directora não podia querer as Eurobonds porque o Sarkozy tinha que estar em acordo com o Angela, como nós sabemos.

Mas ainda bem que foi para o FMI, pois parece-me que a senhora tem uma boa visão e conhecimento da realidade europeia, e sobretudo, tenta agir com base nisso.


Gostei muito de a ver no inside job! Parece ser boa moça :P

Mas desde que foi para o FMI já lhe devem ter feito a lavagem...
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por Oberon » 17/4/2012 15:21

Então que tal um pouco de pseudo teoria de conspiração?
Como sabem, o timming de implementação de medidas políticas depende maioritariamente do calendário eleitoral. Medidas más no início do mandato, boas no fim... Por isso é q eu tenho a certeza que o PPC vai repor parte dos subsidios aos f publicos em 2015, mm que não seja orçamentalmente conveniente repor o q quer q seja.

Penso que a Alemanha sempre soube que alguma forma de Eurobonds seriam sempre parte da solução. Aliás, vamo-nos apercebendo de abertura no discurso político dos seus dirigentes sobre esse tema. Obviamente que antes disso tinha de estar implementada a boa governança !! Já temos o novo Tratado, agora faltam as Eurobonds.

A situação actual tem sido mt benéfica para a Alemanha, portt adiar eurobonds seria sempre do seu interesse. Mais, são relativamente incertas as consequências de curto prazo na economia alemã decorrentes da introdução de eurobonds. Podemos assumir quase como certo um aumento dos seus custos médios de financiamento.

Agora pensem que as eleições alemãs são algures em 2013. Não querendo que se faça campanha sobre o efeito negativo das eurobonds na Alemanha, suponho que estas sjem implementadas algures em 2013, sendo que a Merkel vai ter cm trunfos de campanha a resolução da crise europeia e o desempenho económico excelente da Alemanha nestes últimos anos (tendo em conta o contexto), um pouco à custa da crise europeia, mas querem lá os eleitores alemães saber disto...

Resumindo e baralhando, alguma forma de eurobonds irá ser implementada ou decidida a sua implementação algures 2013.

Abraços foristas
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por Blue Epsilon » 17/4/2012 14:52

Elias Escreveu:
Blue Epsilon Escreveu:Parece-me que o FMI começa a ter bom senso.


Pois é, mas a directora do FMI quando era ministra de economia (há pouco mais de um ano) não se mostrava assim tão favorável às Eurobonds.

Depende sempre de que lado estamos da barricada :wink:


Sem dúvida, Elias, que o lado da barricada faz toda a diferença e afecta as decisões.

A directora não podia querer as Eurobonds porque o Sarkozy tinha que estar em acordo com o Angela, como nós sabemos.

Mas ainda bem que foi para o FMI, pois parece-me que a senhora tem uma boa visão e conhecimento da realidade europeia, e sobretudo, tenta agir com base nisso.
Editado pela última vez por Blue Epsilon em 17/4/2012 15:29, num total de 1 vez.
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Podes tentar, mas o Mercado é um monstro selvagem que provavelmente te irá engolir.
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por Elias » 17/4/2012 14:47

Blue Epsilon Escreveu:Parece-me que o FMI começa a ter bom senso.


Pois é, mas a directora do FMI quando era ministra de economia (há pouco mais de um ano) não se mostrava assim tão favorável às Eurobonds.

Depende sempre de que lado estamos da barricada :wink:
 
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por Opcard » 17/4/2012 14:47

Esqueçam nos próximos tempos os eurobonds .

Berlim esta a trabalhar na boa dívida e na má divida , isto foi falando no ano passado e agora foi recuperado pelos conselheiros da Chanceler alemã .

Com este método até o problema moral fica resolvido.

Até aos 60% do PIB é boa divida com garantia Europeia por isso terá juros baixos.

Acima dos 60% é má divida e será os mercados a determinarem a taxa , como Pilatos a Europa lavara as mãos.

OBS: Melhor até poder ser eurobonds para a divida boa .
Editado pela última vez por Opcard em 17/4/2012 14:50, num total de 1 vez.
 
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por Blue Epsilon » 17/4/2012 14:36

Elias Escreveu:FMI pede à Europa que crie urgentemente eurobonds
17 Abril 2012 | 14:00
Pedro Romano - promano@negocios.pt

O Fundo Monetário Internacional (FMI) juntou-se aos vários economistas que pedem à Europa que crie títulos de dívida partilhada, os chamados "eurobonds". O organismo diz que estes são alguns dos instrumentos "urgentemente necessários" para atacar a raíz crise da dívida.

"No que diz respeito a políticas que reduzam o risco, o foco é claramente a Europa. Devem ser tomadas medidas como a criação ao nível europeu de um seguro de depósitos e procedimentos para lidar com falências bancárias, bem como a introdução de formas limitadas de eurobonds", escreve o organismo no World Economic Outlook, divulgado hoje.

"Estas medidas", continua o FMI, "são urgentemente necessárias e podem fazer a diferença se uma nova crise estiver prestes a ter lugar". Neste momento, lembra o FMI, Itália e Espanha já estão sob intensa pressão dos mercados financeiros, com as taxas de juro cobradas nas emissões de dívida a chegarem a valores preocupantes.

Outra prioridade, "talvez a maior, mas também a mais difícil de atingir", é aumentar o crescimento económico, "especialmente na Europa". O baixo crescimento é uma das razões pelas quais o ajustamento orçamental está a ser tão difícil de levar a cabo na Zona Euro e dar um impulso ao PIB é essencial para facilitar este processo.

No curto prazo, os países devem por isso concentrar-se em medidas que aumentem a procura, mas mantendo na manga alguma cartas que estimulem a oferta agregada no longo prazo prazo. "O Santo Graal seriam medidas que fizessem as duas coisas ao mesmo tempo. Mas há provavelmente poucas deste tipo", adverte o FMI.

O problema é particularmente delicado dado que os mercados parecem estar "esquizofrénicos": "pedem consolidação orçamental mas reagem mal quando a consolidação conduz a um crescimento mais baixo". A solução, admite o FMI, é relaxar um pouco a consolidação no curto prazo e garantir que a dívida de longo prazo se reduz através de compromissos credíveis e regras orçamentais sólidas.


Até quando se vai resistir às Eurobonds?
Já perece ser uma questão de tempo. A verdade é que os países com austeridade em curso não vão conseguir crescer, com o modelo actual.

Parece-me que o FMI começa a ter bom senso.
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