SMALL1969 Escreveu:Em relação à outra.
O estrangeiro não vai trabalhar e viver simplesmente em África.
O estrangeiro vai para lá e vive À grande em África, com alguns laivos de colonialismo e melhor do que 99% dos restantes, o que é um bocado diferente do que se passa na Europa quando mudas de país.
Small1969, não me leves a mal mas não sabes o que estás a dizer. O que aparece nos jornais, revistas e programas de televisão não é a realidade. É uma realidade marginal. Se conheces alguém que está nessas condições, estará no topo de cadeia "alimentar"...
SMALL1969 Escreveu:[...] e quem é convidado para ir trabalhar para outro país, não vai com certeza viver pior do que vive no seu.
Tens a certeza?! Quem vai trabalhar para outro país vai com uma missão: projecto, descontentamento com o país onde se encontra, com a realidade, por dinheiro, por aventura, pelo que quiseres. Quanto ao resto, o ser humano é brutalmente adaptável, não duvides. É tudo uma questão de perspectiva...
Quanto ao resto, não é bem assim e nem sequer é isso que está em causa. É algo bastante mais complexo e que descreveria da seguinte forma:
No dia seguinte às independências - tal como na nossa Revolução de Abril - eram todos camaradas, todos do mesmo saco, combatentes por um ideal comum, etc. Durante muito tempo, comiam todos peixe frito com arroz, ao pequeno-almoço, almoço e jantar. A pedra no chão a marcar o lugar na fila, que podia durar dias, era igual para se ter o mesmo pão, o brinquedo, a camisola, etc. Toda a gente, ou quase, andava a pé ou de bicicleta. Quando não havia energia, ninguém tinha. Quando se ficava doente, todos iam aos mesmo hospitais. De repente, os que vestiam as mesmas calças, calçavam os mesmos sapatos, iam aos mesmos hospitais e andavam a pé, ou viviam nas mesmas casas todas lixadas, passaram a ir ao médico ao estrangeiro, a conduzir grandes carros, a vestir roupa importada ou ir às compras a Lisboa, Rio de Janeiro ou Paris. Passaram a viver em grandes casas. Começaram a construir casas de milhões (falo aqui também de Moçambique). E, horror dos horrores, começaram a ficar GORDOS! E o povo, pobre, magro e maltrapilho. Este é um dos grandes problemas. "Eles" estão cada vez mais gordos e o povo que se aguente. E depois dizem que é preciso trabalhar e sacrifício e sei lá mais o quê?! Como cantava Zeca, "eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada!". A raiva e o descontentamento estão lá à espera do catalizador que lhes permita manifestarem-no. Foi assim, em Maputo.
mnfv,
Vivi e trabalhei em Moçambique durante 7 anos e meio, do Rovuma ao Maputo... de 1995 a 2001. Vivi e trabalhei em Angola durante 7 anos e meio, de Cabinda ao Cunene... de 2003 a 2010. As minhas vivências foram particularmente transversais...
fnabais,
eheheheheheheheh! E ter que dormir num "hotel", numa localidade costeira longe de tudo, sem energia, em que os quartos eram palhotas?! :p
Quanto a Angola, parece-me que és bastante optimista. A população angolana andará nos 15 milhões. Eu não acredito que haja mais de 1 milhão de angolanos com capacidade económica. Não acredito. Acho que serão muito menos. Repara na ilha ou no Mussulo. São sempre as mesmas pessoas. Repara no parque automóvel ou na cidade em si. Tenho, sinceramente, fortes dúvidas.
Um abraço,
MozHawk