Muffin Escreveu:Como te disse também na altura, o modelo que apontas passou pela desvalorização da moeda (impraticável nos dias de hoje) e pela descida das taxas de juro (algo que a escola que tu defendes noutro tópico diz que foi a causa desta recessão, mas que de qualquer forma é também impraticável nesta altura), e que criou as folgas para a implementação das políticas.
Estás a confundir as coisas. Num post anterior, fiz uma citação que afirma que as desvalorizações artificiais da moeda ocorridas no passado, apesar de oferecerem algum "oxigénio" no curto prazo, são hoje apontadas como uma das razões para a crise que se seguiu. Por dois motivos: distorceram a alocação de recursos e desincentivaram a adopção de reformas estruturais (reais).
O que mudou foi que foram implementadas reformas estruturais no sentido de uma maior liberalização da economia.Portanto, a relação causal que tu vês está, na minha opinião, enviesada.
Muffin Escreveu:De qualquer das formas, o que queria saber é porque é que além de estes dois elementos de política económica irem completamente contra o que tu defendes para as economias ocidentais, e no caso da Suécia estarmos a falar de um país com um pêso do Estado de cerca de 50% do PIB, tu a defendes, enquanto noutros tópicos falas do Investimento publico e do pêso do Estado como se aparentemente fôssem as causas de todos os males. Em que é que estou a interpretar de forma errada o que tu dizes?
Primeiro, convém dizer que não sou só eu que chego à conclusão do trade off entre nível de impostos e grau de eficiência da economia. Desde Adam Smith, milhões de pessoas que tivessem lido o mais básico livro de economia 101 chegam também a essa conclusão.
Mas pronto, tu continuas teimosamente a afirmar que sou eu e os austríacos que dizemos isso...
No caso da Suécia, apesar do nível de impostos continuar muito elevado, o facto é que eles procederam a uma redução no início dos anos 90. Mas, pelo que li e vou lendo, mais importante foi a alteração estrutural de todo o sistema fiscal neste sentido (tirado de um dos links que deixaste, e que eu agradeço, a remeter para a Nova Zelândia):
But the rather different view of Hayek, and the Austrian School generally, of the market as a discovery procedure, which stresses the importance of information flows, is manifest in particular in the reforms of New Zealand's public sector. We have sought to make the operations of the public sector as transparent as possible, so that information about it can be acquired at low cost, and economic decisions thereby rendered more rational and efficient. The most innovative of New Zealand's reforms - the ones that arguably make the country a world leader in reform - are the Public Finance Act, the Reserve Bank Act, and the Fiscal Responsibility Act. These reforms impart to the market a steady flow of information about the assets and liabilities of the state and about the conduct of both monetary policy and fiscal policy.
Leis transparentes, simples, não arbitrárias e estáveis.
E claro, um serviço público que prima pela eficiência, assim como o sueco... o oposto do nosso, estás a ver?!?
Muffin Escreveu:Volto a afirmar, parece-me que apoias um modelo que arrasa com tudo o que defendes noutros tópicos, e a melhor resposta que tens é "Nem os "pros" sabem bem, quanto mais eu???"?!
É uma pena que depois de tantos posts e tanta informação que fui deixando, essa seja a tua conclusão.
Significa que ainda não entendeste que os países nórdicos, com excepção do nível de fiscalidade, são dos países mais liberais que existem.
Aliás, lembro-me de ler um texto qualquer onde se afirmava que retirando o factor fiscalidade, a Suécia estava nos 5 países com maior liberdade económica.
Agora eu pergunto, se não fosse o euro e a estabilidade cambial e de preços, em que lugar estaria Portugal nesses rankings? É que esse é um dos factores, ou mesmo o factor que mais contribui positivamente para o lugar em que estamos.