Fenicio Escreveu:Mas sim, o Braga de Matos utiliza com frequencia o termo "jogar na bolsa" e acho que já li um ou outro interveniente no fórum a utilizar o mesmo termo (Elias, foste tu?).
Posso ter sido eu, já que concordo totalmente com a utilização do termo jogo no contexto bolsista.
Na minha óptica, o conceito de jogo (seja ele poker, slot machine, totobola, euromilhões ou bolsa) pressupõe que estejam reunidos os seguintes factores:
- o participante "aplica" uma dada quantia em dinheiro
- ao "aplicar" esta quantia, o participante tem uma expectativa de retorno positivo (=ganho), mas sabe que também existe risco de perder parte ou a totalidade daquilo que aplicou (sim, eu escrevi a totalidade e não me venham cá falar de stop losses porque em teoria uma empresa pode abrir falência de um dia para o outro e lá vão as acções para o galheiro

).
- em todos os exemplos mencionados, existe uma probabilidade de obter retorno positivo. Essa probabilidade varia consoante as situações, mas em todos os casos é maior que zero e menor que um. O Braga de Matos explica, e bem, que essa probabilidade de ganho é maior no jogo da bolsa do que, por exemplo, numa slot machine (sendo maior que 0,5 no primeiro caso e menor que 0,5 no segundo, razão pela qual a bolsa é um jogo de soma positiva e a slot machine é um jogo de soma negativa). Mas não é por causa disto que a bolsa deixa de ser um jogo.
Todos os termos alternativos que sejam encontrados para descrever a "aplicação" do dinheiro em bolsa não passam de questões semânticas, que surgem principalmente para afastar a carga negativa associada ao termo "jogo". Não nego que o jogo da bolsa é mais sofisticado do que, por exemplo, o totobola ou a slot machine, mas não é por isso que deixa de ser um jogo. Na minha opinião, claro.