Mais uma história complicada no bairro bela vista.
Caros colegas do caldeirão, eu penso que o colega Carf está a trazer para a discussão a necessidade de sermos exigentes nas nossas condutas e a necessidade de os agentes das forças de segurança (profissionais com um trabalho duro e mal pago) serem exigentes na sua actuação.
Não sei o que se passou mas penso que é importante apurar e verificar se o principio da proporcionalidade a que a Policia está obrigada (estou a falar agora na qualidade de Advogado) foi respeitado ou não, penso que não é nem inteligente nem útil assumir à partida que houve excesso de força empregue pela Policia ou o seu contrário (que a Policia agiu em total conformidade com o que a lei exige).
Esperemos pelo inquérito e sejamos exigentes em relação à necessária isenção com que este tem de ser conduzido.
No entanto, deixem-me contar esta história que li num Jornal Português há cerca de doze anos atrás, era ministro da Administração Interna o Dr. Jorge Coelho.
Em Lisboa residia (não sei se ainda reside) um membro de uma família reinante de um país Europeu (não vale a pena dizer qual).
Esse membro de uma família real e reinante de um outro país europeu conduzia um carro (com matricula Portuguesa) no bairro alto tendo estacionado o dito carro em cima do passeio à porta de um alfarrabista.
Dois policias que estavam próximos apercebendo-se da infracção ao código de estrada dirigiram-se ao dito senhor e pediram-lhe os documentos. O senhor em questão fez menção de abrir o porta-luvas do carro (segundo ele explicou mais tarde para ir buscar os documentos). Os polícias receando que o dito senhor fosse buscar uma arma ao porta-luvas do carro (segundo o que eles explicaram mais tarde) deram-lhe um valente puxão que atirou o dito senhor ao chão tendo em seguida algemado-o e dado-lhe voz de prisão.
A situação acabou com o dito senhor já na esquadra de policia e sob prisão ter telefonado ao embaixador do seu pais que tentou entrar em contacto com o Ministro dos Negócios Estrangeiros Português (pois a pessoa detida tinha imunidade diplomática) não tendo o embaixador conseguido entrar em contacto com o MNE Português entrou em contacto com o Ministro da Administração Interna (na altura o Dr. Jorge Coelho) tendo-se dirigido com este à esquadra para libertar o dito senhor que tinha imunidade diplomática e não podia ser detido.
Eu estou a contar esta historia porque me parece que os colegas estão com muita pressa de tirar conclusões sem saberem mais sobre o assunto do que o que nos é dito na noticia e sem saberem se o principio orientador fundamental na actuação da Policia (o Principio da Proporcionalidade no uso da força) foi observado ou não.
http://ruifilipecoelhofernandes.blogspot.com
Cumprimentos,
RCF.