António Mexia
"É um enorme sucesso. A Three Gorges dá mais músculo à EDP"
23 Dezembro 2011 | 00:01
Pedro Santos Guerreiro -
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Miguel Prado -
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Celso Filipe -
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O presidente da EDP, António Mexia, diz que os interesses dos accionistas estão assegurados. A EDP irá melhorar as suas finanças... e lucra mais em2012.
A vitória da China Three Gorges na privatização "dá mais músculo à EDP, indiscutivelmente", afirmou o presidente da eléctrica portuguesa, António Mexia, ao Negócios. O CEO da EDP frisa ainda "o papel de apoio ao accionista vendedor" que foi dado pelo conselho de administração por si liderado.
"É uma operação de enorme sucesso. E é uma solução que nos orgulha e que defende de forma claríssima os interesses quer do Estado, quer dos accionistas privados da EDP", comentou ainda o presidente executivo da eléctrica, António Mexia, em declarações ao Negócios.
O efeito da entrada da Three Gorges na EDP promete ser positivo a vários níveis. Os chineses não querem introduzir alterações à actual carteira de activos da EDP e serão uma alavanca para a expansão do grupo... e para os ganhos dos accionistas. É a própria EDP que o diz: "a parceria irá permitir à EDP diversificar as oportunidades de crescimento, sendo expectável que aumente os resultados líquidos por acção da EDP a partir de 2012", indicou ontem a eléctrica em comunicado ao mercado.
EDP com mais oxigénio financeiro: necessidades cobertas até 2015
Por outro lado, refere a eléctrica, "a parceria fortalece o perfil de crédito" da empresa, já que a EDP conseguirá reforçar a sua posição de liquidez financeira e aumentar em dois anos, até meados de 2015, a cobertura das suas necessidades de financiamento. Resultado: a EDP espera chegar a 2015 com um rácio de dívida líquida sobre EBITDA de apenas 3 vezes (hoje está em 4,5 vezes).
Outro ponto a favor da EDP é que o grupo continuará a crescer nos mercados em que já está presente. A China Three Gorges e a EDP irão assinar um acordo de parceria estratégica pelo qual a empresa chinesa investirá 2 mil milhões de euros até 2015 em posições de 35% a 49% em projectos de renováveis do grupo EDP (tanto em operação como por construir), num leque de projectos de 1,5 gigawatts (GW). Dessa verba, 800 milhões de euros serão aplicados nos primeiros 12 meses do acordo, que se espera que venha a ser assinado em Março ou Abril do próximo ano, com a conclusão da privatização.
Porta aberta para a Ásia
Com o acordo, a EDP garante que continuará a liderar nos seus projectos na Europa, Estados Unidos, Canadá, Brasil e outros mercados sul-americanos (onde ainda não está). E ao mesmo tempo fica com a porta aberta para entrar em vários mercados asiáticos, embora aí seja a China Three Gorges a assumir a liderança dos novos projectos.
A abertura do outro lado do mundo ao grupo português será não só operacional mas também financeira. A China Three Gorges deverá facilitar a captação de recursos da EDP em mercados como o de Hong Kong.
Para já estão garantidos para a EDP até 2 mil milhões de euros do China Development Bank, sob a forma de empréstimos a 20 anos. Outros 2 mil milhões poderão ser angariados junto do também chinês ICBC, segundo a proposta da China Three Gorges.
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