BCP admite reforços de capital sempre que necessário (act)
O presidente do Banco Comercial Português (BCP), Jardim Gonçalves, admitiu hoje a realização de novos reforços de capital sempre que forem necessários, acreditando que a operação anunciada ontem vai atrair novos investidores institucionais e deverá ser acompanhada pelos principais accionistas do banco.
«Aquilo que chega hoje» para tornar os rácios de capital sólidos, «amanhã pode não chegar», afirmou Jardim Gonçalves que abre com esta declaração a possibilidade de realizar novos aumentos de capital.
Desde do lançamento, o banco já efectuou «21 aumentos de capital» o que implicou «mais de um por ano», revelou Jardim Gonçalves.
O aumento de capital ontem anunciado de 931 milhões de euros tem como objectivo «tornar o rácios de capital mais sólidos», operação que resultou das «sensibilidades do banco às recomendações» dos bancos de investimentos para esse reforço, acrescentou a mesma fonte.
«O BCP sempre teve os capitais que as entidades reguladoras exigiam e sempre estimámos ter investidores institucionais que tenham interesse no BCP», facto que terá levado à decisão de aumentar capital no inicio de 2003.
O presidente do maior banco privado português sugere que este reforço permite travar à eventual saída de investidores institucionais do capital, e ao mesmo tempo, atrai novos investimentos.
Jardim Gonçalves diz aumento de capital permite baixar preço médio das acções
«Quem viverá melhor são os que tiverem mais fundos próprios», disse Jardim Gonçalves acrescentando que o banco se prepara para contingências futuras. A meta do banco é «fortalecer os fundos próprios», sublinhou Jardim Gonçalves que desdramatizou a queda das acções em Bolsa, afirmando que «é natural que quando se dá a notícia (aumento de capital) haja uma queda» dos títulos, mas esse é o efeito contrário dos sinais que o banco quer dar ao mercado de capitais.
«Este aumento de capital é fortemente positivo para todos», assegurou o presidente do BCP, que destaca o valor nominal de 1 euro por cada acção da operação como forma dos accionistas «baixarem os preços médios» de aquisição dos títulos.
Com esta operação, os rácios de capital sobem para 7,8%, com a core Tier I a atingir os 5,4%. Este aumento de capital reforça, por si só, o rácio Tier I em 1,9 pontos percentuais dos actuais 6,6%. A diferença para os 7,8% são o impacto estimado da aquisição da totalidade do capital da Seguros e Pensões, explicou Magalhães Duarte, responsável pelas relações com os investidores do BCP em conferência de imprensa.
Este responsável sublinha que o aumento de capital está em «linha com outras medidas adoptadas com sucesso em 2002» pelo banco para reforçar capitais próprios como a venda de imóveis que resultou num encaixe de 401 milhões de euros e uma mais-valia de 85 milhões de euros, além de operações de securitização e venda de activos não estratégicos, como a posição no grupo financeiro Bital.
Os rácios de capital poderão ainda crescer em 2003 afectados por mais alienações de activos como a venda da posição na Cimpor e da seguradora Seguros e Pensões e prejudicados, por outro lado, pela consolidação da totalidade do capital do banco polaco Millenium. Esse impacto será de 30 milhões de euros nos capitais próprios.
Tal como foi dito por Jardim Gonçalves ontem em conferência de imprensa, este capital não será utilizado em mais aquisições do banco, mas para «crescimento orgânico».
Os resultados por acção do banco deverão cair 23 a 24%, em 2003, de acordo com uma poll de analistas do banco, citada pelo BCP, que representa um lucro de 465 milhões de euros este ano.
Principais accionistas do banco devem subscrever aumento de capital
Os principais accionistas do banco integram o Conselho Superior do Banco que concordou com esta operação, disse Jardim Gonçalves em conferência de imprensa.
Este CS juntamente com os restantes representantes dos órgãos sociais detêm mais de 40% do capital do banco, confirmou a mesma fonte.
Um administrador do BCP Investimento completou a informação do líder do banco acrescentando que «genericamente a operação foi acolhida bem pelos accionistas que fazem parte do Conselho Superior».
Neste sentido, «tudo indica que vão acorrer à operação» que vai decorrer entre os 14 e 31 de Março e a negociação dos direitos do aumento de capital entre os dias 14 e 25 de Março. Cada accionista terá direito a subscrever duas acções por cada cinco detidas, tendo a Merrill Lynch International e a UBS Warburg assegurado subscrever as acções que não foram tomadas pelos accionistas do banco.
No CS estão accionistas como Pereira Coutinho, Dias da Cunha, José Roquette, Francisco Sanchez, Soares dos Santos, entre outros.
A Caixa Geral de Depósitos (CGD), maior accionista do BCP não faz parte do Conselho Superior, avançou que está ainda a analisar a sua participação nesta operação em que teria que investir 74,4 milhões de euros para manter os 8% no capital do banco.
As acções do BCP encerraram nos 1,64 euros a cair 9,39%.
Por Bárbara Leite
2003/02/25 18:45:00
