Caro Ricardo,
Tive conhecimento dos mercados de futuros quando há uns dois anos, mais coisa menos coisa, ouvi um anúncio na RFM ao produto Satellite da Pedro Arroja. O slogan dizia qualquer coisa como “ganhar ou perder até 100% num só dia”.
A minha primeira reacção foi de alguma incredibilidade pois não fazia ideia de como era possível tal rentabilidade num produto financeiro. Liguei para lá e pedi que me explicassem como é que era possível. Disseram-me que o investimento era em futuros financeiros e para ler um artigo que tinham no site deles sobre alavancagem. Li, gostei do que li, e até hoje não parei de estudar o assunto. Digamos que me apaixonei pelo produto em si, os contratos de futuros financeiros. Por razões profissionais, já tinha recorrido à contratação deferida no tempo (a prazo e cuja principal diferença dos contratos spot é a entrega no futuro e não no imediato, havendo o risco do tempo decorrido entre a celebração do contrato e a entrega do bem prometido vender/comprar) mas o facto dos contratos de futuros sempre padronizados faz com que tenham uma elevada liquidez, ao contrários dos contratos de promessa de compra de e de venda “tradicionais”, como o de compra e de venda de um imóvel ou de mercadorias entre comprador e vendedor (um contrato bilateral). Nos contratos de futuros todas as clausulas são padronizadas (tempo, quantidades, qualidade, forma de entrega, etc.) à excepção do preço.
Andei a estudar deste então estes contratos e, mais recentemente, tenho lido muito sobre análise técnica e operações em bolsa. Até agora li:
"Análise técnica - tendências e formações de preços", Peixoto, João Paulo
"Aprenda a operar no mercado de acções", Elder, Alexander
"Bolsa - Investir e ganhar mais", Silva, Miguel Gomes da
"Como se transformar em um operador e investidor de sucesso", Elder, Alexander
"Futuros e opções", Peixoto, João Paulo
"Ganhar em bolsa", Matos, Fernando Braga de
"Introdução à análise técnica", Peixoto, João Paulo
"O (mau) comportamento dos mercados", Mandelbrot, Benoît e Hudson, Richard L.
"Opções financeiras", Ferreira, Domingos
E ainda me sinto um ignorante na matéria. Ando ainda à procura nas livrarias dos seguintes livros:
“Análise técnica aplica aos mercados financeiros”, Tavares, Miguel D. Fonseca
“Introdução aos mercados de futuros e de opções”, Hull, John
“Operador disciplinaso”, Mark Douglas
“Comprar e vender – como investir em bolsa usando análise gráfica”, Matsura, Eduardo
“Futures and options for dummies”
“Trading for dummies”
“Technical Analysis for dummies”
Deixo-te, no final deste post, com um artigo que escrevi recentemente no meu Blog
http://os-mercados-financeiros.blogspot.com sobre alavancagem. Se quiseres podes ainda, conforme já referido anteriormente, consultar todos os meus trades em
http://os-meus-futuros.blogspot.com
Espero ter dado uma pequena ajuda.
Agora um conselho, se me é permitido, esquece livros como esse (enriquecimento rápido e fácil, isso não existe, seja na bolsa ou em qualquer outra actividade legal) e procura conhecimento e sabedoria (leva muito tempo, dedicação, empenho).
Se queres ganhar tens de estar disposto a aprender com os teus erros, tens de estar disposto a perder e a aceitar o erro como um processo essencial da tua aprendizagem. O caminho não é fácil, não é rápido mas, acredito, é possível.
Como é evidente, ao contrário da maioria das pessoas que emitiram a sua opinião, eu não considero os futuros um produto de elevado risco. Considero, isso sim, que é um produto muito mais exigente para o operador (exige uma disciplina muito superior e muito mais cuidado na gestão do capital). Claro que poderei estar enganado, só o tempo o dirá.
Existem três pilares fundamentais para ter sucesso:
1. Conhecimento: é fundamental teres conhecimento (análise técnica, por exemplo) para poderes desenhar uma operação que te dê as melhores hipóteses de sucesso. Nunca te esqueças que sempre que entras no mercado já entras a perder (comissões, por exemplo).
2. Disciplina: tão importante como o conhecimento é a tua capacidade psicológica para conseguires executar o teu plano (o teu sistema de negociação baseado no conhecimento) à risca.
3. Gestão de dinheiro: o terceiro pilar essencial ao sucesso é uma eficaz gestão de dinheiro.
Abraço,
Tiago
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ALAVANCAGEM
A alavancagem financeira é o processo através do qual um investidor pode comprar (ou vender a descoberto) um activo pagando apenas uma fracção do seu preço real.
Um dos exemplos clássicos que permitem exemplificar com clareza o funcionamento da avancagem é a compra de um imóvel com recurso a crédito bancário, um produto financeiro conhecido da esmagadora maioria das pessoas. Imaginando a compra de um imóvel que custe 250 mil euros e uma entrada de 25 mil (10% em capitais próprios do comprador e futuro proprietário), é necessário um empréstimo bancário no valor de 225 mil euros (90% do preço do imóvel) para se concretizar o negócio.
Passado um determinado tempo, o proprietário decide vender o imóvel. E dependendo de vários factores como o contexto actual do mercado imobiliário, se o preço de aquisição foi bom ou não, o estado do imóvel, entre outros, irá conseguir vender o imóvel a um preço igual, inferior ou superior ao da compra. Neste nosso exemplo, vamos apenas centrar-nos na venda com um ganho ou uma perda de 25 mil euros, ou seja, o imóvel ser vendido por 275 mil euros ou por 225 mil euros, respectivamente. Vamos também, por simplicidade, ignorar juros bancários, gastos com escrituras, registos, etc.
Se o actual proprietário vender o imóvel por 275 mil euros duplica o seu investimento inicial, ou seja, a sua entrada de 25 mil euros vale agora 50 mil euros. Uma rentabilidade de 100% no seu capital, embora, o imóvel tenha, na realidade, valorizado apenas 10% (de 250 para 275 mil euros). Este é o poder da avanvancagem que potencia maiores lucros com menor capital investido. Claro que o risco aumenta consideravelmente e no cenário oposto, na venda do imóvel por 225 mil euros, a perda deste proprietário seria total.
Um outro proprietário que comprasse este mesmo imóvel sem recurso a crédito bancário e precisamente nas mesmas condições de mercado teria na sua venda um ganho ou perda de 10% no seu capital, por não se encontrar alavancado.
No caso dos contratos de futuros financeiros esse pagamento é realizado através do depósito de uma margem junto do corretor, margem essa que garante o bom cumprimento da posição assumida.
Recorrendo à alavancagem um investidor consegue uma exposição no mercado muito superior às suas reais capacidades financeiras. Naturalmente que a consequência desta maior exposição é um aumento considerável do risco. Por exemplo, um investidor com 600 euros (margem) pode abrir uma posição no Euro-Schatz, um contrato de futuros negociado na EUREX, cujo valor nominal ronda os 100.000 euros.
Esta maior exposição aumenta consideravelmente o risco, o qual será tanto maior quanto maior for a alavancagem do produto. Naturalmente, o potencial de ganhos é também proporcional ao risco, muito maior, portanto.
Imaginemos que abrimos uma posição longa (estamos compradores pois a nossa análise indica-nos que o mercado irá subir) no Euro-Schatz ao valor de 105.000 pontos. Se a nossa análise estiver correcta e o mercado subir 1%, ou seja, para os 106.050 pontos ganhamos 1.050 euros, ou seja, 75% do valor investido (600 euros). Claro que se a nossa análise estiver errada, e o mercado descer 1%, a perda é também de 1.050 euros, ou seja, perderíamos tudo o que tínhamos investido (600 euros) e ainda teríamos de depositar junto do nosso corretor 450 euros para ficar com as contas em dia. Na prática os bancos e as empresas corretoras fecham automaticamente as posições dos clientes cujo saldo na conta não permita manter tais posições perdedoras em aberto.
É possível fazer estas mesmas conta supondo que em vez de um contrato o investidor abre mais contratos. Supondo exactamente o mesmo cenário atrás descrito mas abrindo 10 posições longas, ou seja, depositando uma margem de 6.000 euros (10 vezes 600 euros por contrato) os ganhos seriam de 10.500 euros no caso da análise estar correcta e as perdas também de 10.500 euros no caso da análise estar errada. Em termos percentuais o activo subjacente teria, em ambos os casos, oscilado apenas 1% para cima num caso e para baixo no outro. Mas os efeitos são potenciados exactamente pelo efeito da alavancagem.
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