Petróleo a 20 usd? (Muito obrigado pela simpatia de todos)

Confesso que estou surpreso com tantos comentários simpáticos à minha pequena análise condensada.
Comecei a agradecer individualmente, mas para parar com esta 'inflação de posts' faço-o agora para todos.
Uma resposta também à questão do caro vitorigus.
Uma das poucas coisas boas que esta recessão-crise vai trazer é deflação dos preços de diversas matérias-primas, petróleo incluído. Mas infelizmente essa deflação não vai ser como a baixa no mercado accionista, ou no imobiliário. Vai ser mais suave por diversas razões, as quais tentarei sintetizar (atenção, não sou especialista na matéria):
A baixa dos preços do petróleo no início da década conduziu a:
1. Falta de investimento em anos recentes na prospecção de novas reservas gaso-petrolíferas. Por exemplo, a descoberta Tupi foi a maior numa década.
2. Falta de investimento no aumento da capacidade de refinação existente.
Por outro lado o crescimento da economia mundial levou a um aumento substancial da procura por parte de muitos países em desenvolvimento altamente populosos, particularmente China e Índia. Relembro: China 1.300.000.000 + Índia 1.150.000.000 e temos 2,45 mil milhões de habitantes, ou um terço da população mundial. Duas economias que crescem à razão de 10% ao ano (um pouco + China, e - Índia). Imagine o que significa um aumento de 1% no consumo destes países.
Resumo: oferta cresceu muito menos que a procura no novo milénio
Os investimentos que estão agora massificados tanto nos petróleos e derivados como nas energias alternativas irão aumentar bastante a oferta, mas só no médio prazo.
Por outro lado, a desaceleração do consumo nas economias emergentes também será lenta.
A pressão da procura sobre a oferta continuará portanto a fazer sentir-se, sustentando os preços.
Efeitos colaterais adversos: o cultivo de biocombustíveis e afins conduziu à reconversão de extensas áreas agrícolas e conduziu ao aumento dos preços de matérias-primas alimentares, tais como os cereais, ou até o próprio leite.
Política monetária também não ajuda. Com a Fed a ter que baixar os juros para estimular a economia, os preços do petróleo e da maioria das matérias-primas continuarão sustentados, pois estão denominados em dólares (futuros negociados em Chicago).
Risco político. O petróleo é uma arma estratégica dos países do médio oriente (Golfo), bem como de outros países pouco simpatizantes com a política ocidental, em particular dos EUA (OPEC em geral e não apenas médio oriente).
Uma nova invasão do Líbano, ou uma rixa com o Irão farão subir os preços mesmo com a economia mundial em recessão.
Já para não falar dos tornados no Golfo do México, dos problemas constantes na Nigéria, etc.
Já agora, uma nota para a invasão do Iraque. Deveria ter sido excelente pois aumentaria a oferta do ouro negro. Funcionou ao contrário. O pleno restabelecimento da normalidade dos fornecimentos do Iraque continua difícil e o esforço de guerra norte-americano só contribuiu para agravar ainda mais os desiquilíbios macroeconómicos nos EUA e no mundo (dólar fraco, deficits excessivos). Resultando inclusive em menor margem de manobra para combater a actual crise (Bernanke apelou à política orçamental - baixa impostos, subvenções - à qual Mr. Bursh não deu resposta à altura, resultando no colapso das bolsas a nível mundial).
Uma salvação possível.
A OPEP poderia aumentar a produção para os níveis máximos. Os países do médio oriente sabem que se a economia mundial arrefecer eles também vão perder porque o consumo vai baixar, como diz o amigo e bem. Portanto eles deveriam contribuir para a baixa dos preços.
Podem começar já na reunião do próximo dia 1 de Fevereiro.
No entanto os "países-chave" (Golfo) já anunciaram que não vêem qualquer necessidade de aumentos de produção. Como sabem que a recessão e a baixa do consumo vêem aí de qualquer maneira, então há que aproveitar e vender caro enquanto se pode.
Pois é meu amigo, você, eu e os demais zé povinho iremos continuar a esvaziar a carteira ao atestar. Iremos gastar menos é certo, mas muito longe vão aqueles 15/20 dólares o barril do início do milénio.
Nostalgia!
Comecei a agradecer individualmente, mas para parar com esta 'inflação de posts' faço-o agora para todos.
Uma resposta também à questão do caro vitorigus.
Uma das poucas coisas boas que esta recessão-crise vai trazer é deflação dos preços de diversas matérias-primas, petróleo incluído. Mas infelizmente essa deflação não vai ser como a baixa no mercado accionista, ou no imobiliário. Vai ser mais suave por diversas razões, as quais tentarei sintetizar (atenção, não sou especialista na matéria):
A baixa dos preços do petróleo no início da década conduziu a:
1. Falta de investimento em anos recentes na prospecção de novas reservas gaso-petrolíferas. Por exemplo, a descoberta Tupi foi a maior numa década.
2. Falta de investimento no aumento da capacidade de refinação existente.
Por outro lado o crescimento da economia mundial levou a um aumento substancial da procura por parte de muitos países em desenvolvimento altamente populosos, particularmente China e Índia. Relembro: China 1.300.000.000 + Índia 1.150.000.000 e temos 2,45 mil milhões de habitantes, ou um terço da população mundial. Duas economias que crescem à razão de 10% ao ano (um pouco + China, e - Índia). Imagine o que significa um aumento de 1% no consumo destes países.
Resumo: oferta cresceu muito menos que a procura no novo milénio
Os investimentos que estão agora massificados tanto nos petróleos e derivados como nas energias alternativas irão aumentar bastante a oferta, mas só no médio prazo.
Por outro lado, a desaceleração do consumo nas economias emergentes também será lenta.
A pressão da procura sobre a oferta continuará portanto a fazer sentir-se, sustentando os preços.
Efeitos colaterais adversos: o cultivo de biocombustíveis e afins conduziu à reconversão de extensas áreas agrícolas e conduziu ao aumento dos preços de matérias-primas alimentares, tais como os cereais, ou até o próprio leite.
Política monetária também não ajuda. Com a Fed a ter que baixar os juros para estimular a economia, os preços do petróleo e da maioria das matérias-primas continuarão sustentados, pois estão denominados em dólares (futuros negociados em Chicago).
Risco político. O petróleo é uma arma estratégica dos países do médio oriente (Golfo), bem como de outros países pouco simpatizantes com a política ocidental, em particular dos EUA (OPEC em geral e não apenas médio oriente).
Uma nova invasão do Líbano, ou uma rixa com o Irão farão subir os preços mesmo com a economia mundial em recessão.
Já para não falar dos tornados no Golfo do México, dos problemas constantes na Nigéria, etc.
Já agora, uma nota para a invasão do Iraque. Deveria ter sido excelente pois aumentaria a oferta do ouro negro. Funcionou ao contrário. O pleno restabelecimento da normalidade dos fornecimentos do Iraque continua difícil e o esforço de guerra norte-americano só contribuiu para agravar ainda mais os desiquilíbios macroeconómicos nos EUA e no mundo (dólar fraco, deficits excessivos). Resultando inclusive em menor margem de manobra para combater a actual crise (Bernanke apelou à política orçamental - baixa impostos, subvenções - à qual Mr. Bursh não deu resposta à altura, resultando no colapso das bolsas a nível mundial).
Uma salvação possível.
A OPEP poderia aumentar a produção para os níveis máximos. Os países do médio oriente sabem que se a economia mundial arrefecer eles também vão perder porque o consumo vai baixar, como diz o amigo e bem. Portanto eles deveriam contribuir para a baixa dos preços.
Podem começar já na reunião do próximo dia 1 de Fevereiro.
No entanto os "países-chave" (Golfo) já anunciaram que não vêem qualquer necessidade de aumentos de produção. Como sabem que a recessão e a baixa do consumo vêem aí de qualquer maneira, então há que aproveitar e vender caro enquanto se pode.
Pois é meu amigo, você, eu e os demais zé povinho iremos continuar a esvaziar a carteira ao atestar. Iremos gastar menos é certo, mas muito longe vão aqueles 15/20 dólares o barril do início do milénio.
Nostalgia!
vitorigus Escreveu:Ola hn2r, não tenho a sua formaçao e por isso nao contesto. Pareceu-me até um condensado de um manancial de conhecimentos. No entanto fiquei com uma duvida: qd diz que o petroleo vai continuar a aumentar. Tem-se verificado antes uma quebra por receios de abrandamento economico.
Fico com este tópico nas minhas escolhas didáticas, desejando que continue a voluntariar-se para enriquecer-nos de "saberes".
Obrigado hn2r.
Vitorigus