Pode parecer uma comparação despropositada, mas os movimentos de subida e descida das cotações tem semelhanças com as filas de transito nas cidades.
Passo a explicar: no mercado há compradores e vendedores. Se a entrada de capital no mercado for igual à saída, as cotações não mexem significativamente, pelo menos a nível agregado, pq pode haver transferências de capital de uns títulos para outros; No trânsito tb é assim: se entram 200 carros por minuto na ponte 25 de Abril e saem 200 carros por minuto da mesma ponte, não há filas, ou pelo menos não há aumento das filas.
(NOTA: virá o Marco António e o Ulisses dizer que dizer que a entrada de €€€ é igual à saída, o que é verdade, mas eu refiro-me à tendência, ou seja quando à pressão de saída, só haverá compradores a preços + baixos, havendo destruição de valor agregado das empresas cotadas)
No mercado qdo existe desiquilíbrio entre os que querem entrar e os que pretendem sair, as cotações tendem a variar e de forma geométrica, ou seja se por exemplo entrar um grande fundo internacional na nossa bolsa com €1000 milhões para investir (ou se houver reforços dos investidores dos fundos nacionais nesse montente) o psi terá tendência para subri, digamos que 5 %. Todavia, se o valor for o dobro, provavelmente as cotações irão subir mais do dobro, Isto porquê? Porque entretanto alteram-se as expectativas dos outros intervenientes do mercado, que estarão menos propensos a vender, e outros, que ao aperceberem-se disso, também entram compradores...
Na ponte 25 de Abril, e supondo que o tráfego máximo para a qual está desenhada é de 200 viaturas por minuto (12.000/hora), em cada sentido, todas as que forem para além desse número vão formar uma fila. Por isso podemos ter uma fila de 1 Km ao fim de uma hora em que o tráfego seja de 220 viaturas/minuto, e de 5 kms numa só hora, se atingirmos as 300 viaturas/minuto a chegar ao garrafão (e só 200 a sairem)...
Na bolsa (com as devidas diferenças) há um movimento similar: a capitalização total da euronext, admitamos que é de €100.000 milhões. Ao haver desinvestimento de alguns fundos (devido a resgates de clientes, por ex,) de €1.000 milhões (apenas 1% do valor de capitalização), pode fazer decrescer em 5 % a m´dia das cotações, por exemplo. Todavia se, como está a começar a acontecer, este movimento for continuado e crescente, facilmente uma bolsa pode cair 20 a 30% em poucos meses, só com a saída de investidores representativos de por exemplo 5% da capitalização total.
Tudo isto para dizer, que tanto a subida como a queda "autoalimentam-se", porque a seguir às quedas (sobretudo mais pronunciadas) começa a haver resgates de fundos, e estes, que seguraram muitas acções, e fizeram uma distribuição enorme (até onde puderam), se calhar até com recurso ao credito - que é permitido até uma certa % da carteira, agora não tâm outra alternativa senão vender, seja a que preço fôr.
Em relação a alguns posts de participantes insurgindo-se contra as manipulações que os "gordos" fazem no mercado, isso só é possível até certo ponto, e sobretudo com small ou mid caps. A maior manipulação é a dos conselhos, dos price-targets, as "top-picks", etc. É escandaloso ver que os bancos que emitem estas recomendações, por exemplo BPI avalia GAlp em 14,xx e depois anuncia que comprou x milhões de acções e já tem 5% do capital a 16,00;... Veja-se o caso das Sonaes... nestas tb se aplica como uma luva o que disse acima: com +- 5% do capital da empresa rodado foi possível cairem + de 30% no último mês!
Mas ainda as recomendações: qundo dizem que é para vender, ou é porque já venderam, ou porque querem comprar; quando recomendam forte compra, regra geram já se encheram delas (ou os seus clientes) e/ou querem vender.
Portanto uma regra a seguir é não ligar às recomendações, que em regra são um "isco"...
Em termos económicos, pior do que as quedas de cotações violentas é a queda da confiança, que em qualquer cincunstância, e ainda mais quando mete €€€, pode perder-se em poucas semanas e levar meses/anos a recuperar, e isto a nível global. Por isso, esta crise de liquidez é sobretudo de confiança, e vai-se auto-alimentando... em termos de mercado dificulta o financiamento das empresas via aumentos de capital, OPV's, etc. Logo, vai tornar insolventes mais empresas -> mais incobrável para os bancos; menos emprego -> mais incobrável para os bancos; menos crédito -> menos consumo -> menos reultados...
Esqueçam essa dos PER de 6 para o BCP, e de 7 para a SOI... isso era o previsto, pq se daqui a um ano reportarem resultados com quedas de 50% e 80% nos resltados, o que é perfeita/ possível, os PER passam para 13 e 30 respectivamente.
Como disse num outro post, estou fortemente investido na INAPA, a qual considero que não tem uma grande correlação com o mercado, no imediato, quer devido à sua queda de 50% em menos de 1 mês, quer pelos resultados que se esperam da reestruturação. Ou a empresa se reestrutura devidamente, que acredito, ou assitir-se-á a uma morte lenta da mesma, pq ninguém quererá dar uma 2ª oportunidade, depois de tanto capital investido, incluindo o estado e o BCP.
Em relação aos mercados a nível mundial, os mesmos estão dependentes de os sino-dólares e os petrodólares tiverem vontade de e forem suficientes para aguentar os states. Pq é disso que se trata, os states tem um deficit da balança comercial de $US2.000 milhões por dia

e o deficit do orçamento de estado americano é superior (em média) a $1.000 milhões por dia. Ora bem, se aqueles países não financiarem no suficiente a economia americana, a mesma cairá como um baralho de cartas. É que lá, mto mais do que cá, existe muita alavancagem, e se isto começar a cair forte nos states, vão haver sell-off's brutais, pq se existir em termos agregados cerca de 20% de capital nos mercados em resultado das alavancagens, e se metade forem obrigados a vender, é possível termos quedas da ordem dos 50%, durante 2008, sendo as principais visadas as do NASDAQ, muitas das quais subiram mais de 500% nos últimos 5 anos.
Por isso, acho que o mais importante neste momento, e em termos de médio prazo, vigiar os indicadores de confiança e outros indicadores avançados, para decidir se isto vai ou não para uma recessão. Qq das formas os bancos, como investimento de C/M prazo são de evitar: pensem só que o aumento em 1% da carteira de incobráveis faz com os lucros de um BCP vão a zeros!!! (60.000 milhões de créditos ->1% de incobráveis -> 600 milhões de provisões)
Já agora lanço o desafio para o regresso do Maromatics, pq era um dos forenses que fundamentava mto bem tudo o que dizia, independentemente de os mercados lhe darem ou não razão (sobretudo no imediato) foi uma + valia deste fórum durante alguns meses, não menosprezando nenhum dos participantes, que muito prezo de ler, sobretudo os moderadores e a SCPNuno, inexcedível a animar as hostes
Bons negócios
Pessoa
p.s desculpem a extensão e confusão da mensagem, mas foi como foi saindo... e é tarde para ir corrigir