Ao longo dos anos no Caldeirão procurei mostrar alguns dos meus princípios essenciais de “trading”, tendo dedicado diversos artigos a essa matéria. Além disso, numa série de artigos debrucei-me sobre as mais famosas regras de “trading”, tentando procurar explicá-las o mais detalhadamente possível.
Hoje procurarei lançar mais algumas ideias sobre o “trading”. Não são regras nem o pretendem ser. São apenas notas soltas sobre a forma como eu vejo o mercado e a melhor forma dos investidores se posicionarem face a ele.

Um bom “timing” numa compra de uma má acção quase sempre dá melhores resultados do que um mau “timing” numa compra de uma óptima acção.

Quando abre uma posição, visualize o que poderá ser o melhor e o pior resultado desse negócio. E deve estar sempre com a porta de saída à vista se as coisas correrem mal. É assim que se evitam as situações dramáticas.

Ter razão antes do tempo, em Bolsa, pode ser desastroso.

Reduza as suas posições quando sentir que as perdas estão a afectá-lo emocionalmente. Se começar a dormir mal, a fumar mais ou a perder o apetite por causa das suas perdas, isso é um sinal claro que a sua posição é grande demais.

Pare de pensar na fórmula mágica que funciona sempre e que nunca causa danos ao seu ego. Só quando conseguir parar de pensar assim estará preparado para ter sucesso nos mercados.

Quando recebo mais mails a perguntar que acções comprar, é quando geralmente as subidas estão a subir. Quando me inundam com mails a prognosticar mais quedas, é quando as descidas estão prestes a terminar. Curiosa esta constatação…

As perdas são acontecimentos naturais e fazem parte da vida de qualquer investidor. Contudo, é preciso alguma arte para se perceber quando as perdas devem ser ignoradas e quando elas estão a indicar-nos que algo está mal na nossa forma de negociar.

O tempo também afecta o rácio rentabilidade/risco. Quando os sinais dados pelo tempo não começarem a corresponder, reduza a sua posição.

Fique alerta quando lhe começar a parecer que os gráficos lhe estão a dar sinais errados. Provavelmente, você é que não os está a ler bem e algo terá que mudar.

Deixe rolar as posições ganhadoras, mas apenas quando os mercados estão a mover-se. Dar demasiado crédito a posições ganhadoras num mercado que não se mexe pode ser excesso de confiança.

Seja paciente e espere pela oportunidade que definiu no seu plano. Mantenha-se calmo depois de ter deixado escapar uma grande oportunidade. Há sempre outra ao virar da esquina…

As coisas começam a ficar estranhas nos momentos de viragem dos mercados. Os analistas que estiveram silenciosos a maior parte do tempo começam a aparecer nas televisões e a fazerem grandes previsões (demasiado optimistas se o mercado estiver a subir ou demasiado pessimistas se o mercado estiver em queda) para não serem apanhados fora do comboio. Só que, normalmente, é nessas alturas que o comboio está prestes a descarrilar.

Fique contente quando o mercado se começa a mover, mesmo que seja contra as suas posições. A volatilidade agita o mercado e cria oportunidades.

Não coloque os seus “stops” muito perto de zonas chave, facilmente identificáveis por todos, como sejam suportes, resistências ou linhas de tendência. Eles são facilmente disparados, especialmente antes da acção voltar a mudar de direcção.

Fixe-se no preço e no volume. Tudo o resto é secundário.

Evite posições medíocres e espere pelas boas oportunidades. Tem que estar preparado para períodos de monotonia alternados com períodos de grande agitação. Fique de fora e observe quando os mercados não têm nada para oferecer.

Este é, para mim, o grande segredo do sucesso no “trading”: Não negoceie quando não consegue medir o risco.

Aprenda a assumir as perdas. Acredite que é possível recuperar o seu capital, desde que admita perder e não fique agarrado a uma posição perdedora, vivendo apenas da esperança.

O “trading” pode ser viciante e isso muitas vezes cega-nos e faz-nos fazer negócios sem que haja reais razões para tal.

Eu não sei o que vai acontecer amanhã, nem ninguém sabe. O “trading” não tem a ver com aquilo que achamos ou prevemos. Tem a ver com o assumirmos posições quando as probabilidades estão do nosso lado.
Ulisses