kpt Escreveu:Falando por mim, nas aulas sempre tentei compreender as situações e nunca empiná-las. Ao estudar sempre estudei exercitando e compreendendo os problemas ao mesmo tempo. Tenho-me dado bem com isso e se os outros empinam em vez de perceber, problema deles mas acho que não será problema das universidades, porque pelo menos ninguém me obrigou a empinar e foi-me dada plena liberdade de compreender e saber resolver as situações/problemas. Cada um é que sabe se quer compreender ou ir pelo lado mais fácil do empinar, que normalmente este último nunca traz tantos resultados
A questão não é essa, se tentas decorar ou perceber a resolução de um problema. A questão é não tanto do conteúdo do que é ensinado, mas mais ainda da forma e objectivos do que é feito.
Isso é uam conversa que seria muito longa, mas podes ter uma ideia da diferença dos métodos e objectivos de ensino, para lá da diferença nas matérias, neste site do MIT Sloan School of Management.
http://ocw.mit.edu/OcwWeb/Sloan-School-of-Management/index.htmEstão lá as matérias, a documentação de suporte, lectures, assignments, case studies e até os exames, tudo on-line e à borla para todo o mundo ver.
kpt Escreveu:Estamos a falar de ensino ou investigação? Com certeza que uma universidade dotada de bons investigadores poderá contribuir para uma universidade de bons docentes e consequentemente bons alunos. Contudo, essa ligação não é obrigatória nem imprescindível para que haja um bom ensino.
Penso que deveremos separar a análise pois uma boa universidade em investigação não implica que seja uma boa universidade em formar pessoas para o mundo do trabalho, e o inverso também é válido.
Pois olha,
esse é exactamente o problema!Isto é um excerto de uma comparação ente o sistema de ensino no IST e no MIT (é na área de engenharia, mas a comparação é válida para qualquer outro ramo), doc que ponho em anexo.
In my opinion, while IST engineering students have a far greater exposure to a variety of
science and engineering subjects, their skills in deeply understanding and applying
fundamental concepts, in conducting independent study, and executing complex problemsolving
are inferior to those of their MIT counterparts. This state of affairs appears to be
the consequence of treating undergraduate engineering education, learning and testing, as
an extension of Portuguese high-school practices. Thus, although both IST and MIT
undergraduate students start with the same intellectual credentials, IST students simply
do not have the time for deep understanding and true mastery of the very large volume of
the technical material that they have been taught.
Esta frase
"o ensino superior em Portugal é como uma extensão do secundário" diz tudo.
O ensino superior português está virado para ensinar "coisas" e a "seguir receitas". Não para incentivar o raciocínio individual, a criatividade, nem inovar.
E o que interessa no mundo actual, o que cria valor, é precisamente a segunda parte.
Portugal tem um péssimo retorno do que investe na educação. A sociedade portuguesa está a investir demasiados recursos, dinheiro e pessoas para os resultados que tem. Comparando com outros países, devia ter melhor resultados. Ou visto de outro modo, para os resultados que temos não seria preciso gastar tanto.
A não ser que, como dizes, baste preparar pessoas para o mercado de trabalho que temos, e nós queiramos ter empresas que são meramente "seguidoras de receitas" feitas por outros, com pouco valor criado e acrescentado... em suma, uma economia do terceiro mundo...