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Caldeirão da Bolsa

As Linhas de Tendência vistas à lupa...

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Ulisses Pereira » 17/2/2003 15:22

Grande Marco,

Continuando a colocar a minha leitura do caldeirão em dia, encontro este teu excelente post. Goste-se de linhas de tendência ou não se goste, penso que ninguém negará a forma pedagógica e muito clara como abordaste esse conceito. Eu gostei muito!

Um grande abraço,
Ulisses
"Acreditar é possuir antes de ter..."

Ulisses Pereira

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por JN » 17/2/2003 14:20

Concordo com tudo o que dizes neste artigo (Marco Antonio). O que me preocupa é o uso inadequado que em muitos casos vejo dar. Uma linha de tendencia serve básicamente para nos ajudar a identificar e qualifucar uma tendencia de medio/longo prazo e nada mais.
Tenho visto aqui casos de uso e interpretação de LT's como se de indicadores de compra/venda, indicadores de suporte/resistencia, etc. coisa que eu considero errada. É como querer pregar pregos com uma chave de fendas.
Um abraço
JN
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por MarcoAntonio » 17/2/2003 11:46

JN, obviamente o meu artigo não pretende ser uma apologia da LT's mas um artigo relativamente exaustivo de um tema que costuma ser abordado de forma bastante superficial.

Como é óbvio, principalmente para quem conhecer a minha postura face ao mercado e como sou flexível em relação às diversas abordagens, as LT's não passam de uma ferramenta de trabalho. Para aqueles que basearem a sua estratégia fortemente na Análise Técnica (principalmente nas formas mais simples e clássicas de Análise Técnica), as LT's são uma importante ferramenta.

Nesse sentido, abordei temas/questões por vezes esquecidos ou que passam despercebidos e alguns erros comuns. Na minha perspectiva são obviamente uma ferramente importante e muito útil, no meu estilo de análise. Mas entendo perfeitamente que não tenham qualquer interesse para outras abordagens do mercado (o facto de não terem interesse algum para determinados investidores não significa que não tenham valor intrínseco, aliás um dos meus parágrafos do artigo abordou precisamente essa questão - a do valor das LT's independemente dos investidores acreditarem nelas ou não).

Já agora, gostaria de fazer uma referência final, não dizendo respeito a este post do JN especificamente: nem todas as questões que abordei são pacíficas, algumas são controversas e discutíveis e disse-o ao longo o artigo, sou o primeiro a admiti-lo. Há espaço naturalmente para diferentes interpretações da mesma ferramenta. No entanto, quem não concordar com a minha interpretação e com os meus argumentos, deverá apresentar os seus...
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1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por JN » 17/2/2003 0:31

Ha aqui já muita confusao. O Marco escreveu um excelente artigo sobre linhas de tendencia, mas serão elas ferramenta util para todo o trader?

que tipo de trader é que você é?
que ferramentas lhe são mais úteis?

Boa semana, aproveitem para comprar... 8-)
Um abraço
JN
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Re: Caro CMEx e Marco António

por CMExchange » 17/2/2003 0:27

dwer
esta a falar de que coisa, aquilo que se chamam euronext?
se for entao nao estamos a falar de nada pois isso nao é nada nem serve para coisa alguma.fazer ações ou derivados neste tipo de "coisas"é ficar pobre alegremente ou seja vai perdendo devagarinho.
o unico mercado que existe com esse nome é como sabe os mercados nos estados unidos,e se quer uma prova ela aqui está;toda a gente em todo o mundo está preocupado com o nasdaq e o S&P ou seja estão num lado, com os 2 olhos noutro ,crazy não?é giro toda a gente ir a correr a noitever como fechou o nasdaq,pois.
leia um livro muito importante ,a vida do maior especulador de sempre,jesse livermore,olivro chama-se remeniscenses of a stock operator,para isso tem de perceber bem o ingles.acho que existe traduzido para brasileiro qualquer coisa como diario de um operador de mercado ,mas não estou seguro disso.leia bempara ver o que é importante nesta vida.
 
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por MarcoAntonio » 17/2/2003 0:08

Dwer, deixo-te alguns links onde podes encontrar definições, curtas descrições e aplicações, etc...

Definição:
http://www.investorwords.com/cgi-bin/getword.cgi?5260

Aqui podes ver um gráfico em linha do Volume Weighted Average Price traçado sobre um gráfico de barras da cotação:
http://www.fibonaccitrader.com/HELP40/I ... gprice.htm

Fórmulas:
http://www.linnsoft.com/tour/techind/evwma.htm

Descrição:
http://www.investopedia.com/terms/v/vwap.asp

Um artigo sobre o tema datado de 1999:
http://www.plexusgroup.com/commentaries/COMM-59.pdf

etc...
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Caro CMEx e Marco António

por Dwer » 16/2/2003 23:49

CMEx: Uma coisa que me parece acontecer diáriamente, é o fraco volume na abertura. Sendo assim como considerar a abertura um indicador relevante? Já agora podia dar algumas indicações sobre como e onde investigar a questão que coloquei (sites, newsletters, livros) e que considerou muito relevante?

Marco: não tinha conhecimento desse indicador - Volume Weighted Average Price. Onde posso investigar alguma coisa sobre este tema?

Abraços,
Abraço,
Dwer

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por MarcoAntonio » 16/2/2003 22:33

CMExchange, confesso que no post anterior fiquei com dúvidas mas compreendo agora com este eu post que não compreendeu o contexto da discussão: repare, eu não disse em altura alguma que a abertura não era importante, sou aliás um <i>amante</i> dos gráficos traçados com <i> candles</i> onde a abertura desempenha um papel de grande importância (quer na forma, quer na cor da <i>candle</i>, ou seja no que refere como sendo a relação entre esses diversos valores); o mesmo se extende à questão do volume, creio que não acompanhará o Caldeirão assiduamente ou pelo menos não acompanhará as minhas participações pois penso ser dos participantes que mais importância dá ao volume disponibilizando-me a analisa-lo sempre em conjunto com a evolução da cotação, quer em termos de análise <i>intraday</i>, quer em termos de análise <i>EOD</i>.

O contexto das minhas afirmações circunscrevia-se ao tema das Linhas de Tendência e no que à abertura diz respeito, dos pontos a considerar para definir essas mesmas linhas. Para compreender o sentido dos meus comentários só lhe posso pedir que leia novamente o que escrevi, pois creio que não vale a pena repetir-me.

Não posso concordar no entanto com dois aspectos que defendeu:

:arrow: Que o ponto mais importante de uma sessão seja a abertura;

:arrow: Que o único indicador que valha a pena considerar seja o volume.

Qualquer dos dois aspectos têm a importância que têm, mas na minha humilde opinião, a abertura está longe de ser o ponto mais importante do dia e o volume, apesar de extremamente importante (considero-o mesmo subavaliado pela generalidade dos investidores) não é no entanto o único parametro que mereça a pena ser avaliado/analisado.

De qualquer das formas, a questão em debate não era se a abertura tem ou não tem importância em si (aliás, existe uma passagem subtil no artigo em que pretendo exactamente sublinhar que a abertura <b>tem</b> importância...
:wink:


Logicamente, o CMExchange está no seu direito de discordar da minha opinião, o que considero aliás muito salutar e o que muito me agrada saber. Preocupado ficaria se estas não merecem qualquer comentário ou crítica, já que a unanimidade é do que mais me preocupa nesta vida. É sempre bom saber que não reunimos unanimidade.
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Re: Ao Marco e CMEx

por CMExchange » 16/2/2003 22:09

Caro Dwer
Eu tenho algum receio de lançar por aqui muita confusão e vou tentar não comentar mais posts como fiz com o Marco.
digo-lhe que o momento mais inportante do dia é a abertura,depois se olhar para uma barra diária seja critico e pergunte-se a si onde abriu?onde fechou?qual as relações abertura fecho,abertura maximo,minimo,a relação maximo fecho seja critico e qual a relação disto com o passado mais proximo?
volume;há algum indicador mais importante que este?há algum indicador que importe sem ser este?ok
aquilo que disse é tão tão importante que nos USA existem muitas empresas que fornecem (vendem claro)o tema,das suas duvidas.
Continue essa via pois é a que mais lhe convem.
 
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Ao Marco e CMEx

por Dwer » 16/2/2003 21:44

Marco: Muito obrigado pelo comentário e explicaçoes à minha dúvida.

Caro CMExchange: Obrigado também pelo comentário.

Se pudesse então elaborar um pouco sobre o tema o tema que expuz, penso que acrescentaria bastante valor a esta sequência de posts.

Só assim penso que poderemos esclarecer e ser esclarecidos.

Abraços,
Abraço,
Dwer

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Re: As Linhas de Tendência vistas à lupa...

por CMExchange » 16/2/2003 21:33

As LT são das ferramentas mais instrumentalizáveis na AT e portanto das ferramentas mais susceptíveis de falta de objectividade.

Caro Marco António li o seu trabalho e foi muito trabalho ,infelizmente como em tantas coisas na vida que fazemos este nao está correcto.
Sei que o erro não é seu,o erro foi de quem escreveu os livros que leu.
Por outro lado ouve aqui um participante que tocou um aspecto muito importante penso que Dewer ou parecido ele tem muita razão na duvida e o Marco infelizmente deu uma explicação incorrecta.o que ele diz é das duvidas mais importantes nos mercados, mas isto daria anos de explicações.
parabens pela sua pessoa e pelo seu esforço pois quem partilha o que sabe bem ou mal merece o maior respeito.
 
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por MarcoAntonio » 16/2/2003 20:51

JAS, duas observações: o meu artigo não foi escrito a pensar no nosso mercado em particular, mas para o mercado em geral. É lógico que estou de acordo contigo quando apontas a fragilidade do nosso mercado para o recurso à AT. No entanto, tal não quer dizer que AT seja completamente impraticável, uma vez que esta é relativamente flexível, no entanto determinadas ferramentas tornam-se pouco fiáveis. Na minha opinião pessoal, algo que ainda vai funcionando relativamente bem no nosso mercado é uma das formas mais básicas da AT, a análise de suportes e resistências e das tendências (médio-prazo, principalmente). Já alguns indicadores que por exemplo no mercado Americano são relativamente fiáveis, por cá o melhor é deixá-los na prateleira.

A outra observação tem a ver com a «filtragem do ruído»: ora, esse ponto é abordado no meu post inicial, nomeadamente onde refiro o aspecto da Tolerância e de como poderá ser saudável e na prejudicial ignorar um ou outro <i>spike</i> e não só nessa passagem. Talvez seja nesse aspecto que mais pesa a capacidade de observação, a sensibilidade e a arte do Analista para detectar o que realmente é importante e o que é ruído.
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por MarcoAntonio » 16/2/2003 20:34

Dwer,

a questão é pertinente. Existe aliás uma medida do preço - Volume Weighted Average Price - que consiste em calcular o preço médio de uma sessão levando em linha de conta o volume de cada transacção/cotação intradiária, por outras palavras, um preço ponderado em termos de volume. Digamos que é <i>centro de massa</i> do preço, se fizermos uma associação com a física.

Nota, Dwer, que o que se pretende saber não é o valor que teve o maior volume pois regra geral o volume distribui-se pela sessão não se concentrando obrigatoriamente em torno de um valor, pode ocorrer, mas não é garantido, portanto qual é o significado de considerar o preço de 9,88€ porque se transaccionaram aí 501.000 acções se se tiverem negociado nesse mesmo dia 499.000 acções a 10.01€, 498.000 acções a 9.49€ e 495.000 acções a 9.25€?

Ou seja, o valor a que se deu o maior volume de negócios pode ser mais uma vez uma valor que não mereça particular destaque. No entanto, a medida que atrás indiquei é já uma optimização de outras como o preço médio ou o preço típico da sessão, estipulando para a sessão um valor «típico» significativo para a cotação nessa sessão filtrando algum ruído como por exemplo valores atingidos com pouco volume e portanto que poderão ter pouca expressão.

É uma ferramenta interessante mas não é normalmente «vista» sendo utilizada, embora, tanto quanto sei, seja utilizada pelos institucionais - para estes têm uma importância acrescida dado que os seus movimentos têm grande impacto no mercado e portanto é-lhes importante conhecer os pontos onde os títulos apresentam maior «inércia», ou seja, os pontos onde as suas compras/vendas têm menor impacto na cotação - já para um pequeno investidor a questão perde relevância.

Assim, creio que o recurso intensivo de mais esse valor não traga, para o pequeno investidor e para o analista técnico um incremento substancial na qualidade da análise em termos de médio ou longo-prazo. Creio, no entanto, que no curtíssimo-prazo são bastante úteis, nomeadamente para melhor definir zonas de suporte e resistência. Nesse sentido, os gráficos com os volumes por cotação são muito interessantes e úteis. Mas não só, além da distribuição por valor existem outros aspectos como analisar se o volume foi efectuado em queda ou em ascensão.

Resumindo, o aspecto do volume no intraday, distribuição e «sentido», considero-o bastante útil para o curtíssimo-prazo, ainda para a determinação mais precisa de suportes/resistências (ou pelo menos onde o mercado considera onde elas estão) e ainda para a determinação de fases de acumulação ou distribuição. Em relação a análises de médio ou longo-prazo e no que diz respeito às LT's, creio ser um aspecto pouco relevante e marcar esse valor no gráfico não creio que melhorasse substancialmente a fiabilidade das LT's, tanto quanto o prejudicaria em confusão e «sobre-informação».
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por fproenca » 16/2/2003 18:55

Vim aqui até ao escritório ler o correio electrónico e valeu a pena ... ler um artigo do Marco tão bem elaborado, os meus sinceros parabéns ... estivestes até ás 4:13 da manhã a escreve-los ? Das duas uma, ou estavas com insónias ou és mesmo fanático, hehehehhe

Um abraço
"Os simples conselhos, recomendações ou informações não responsabilizam quem os dá, ainda que haja negligência da sua parte" (Art. 485º do Código Civil)
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Marco

por Dwer » 16/2/2003 18:13

Desde que tenho visto últimamente gráficos com volumes no eixo das ordenadas começei a matutar no seguinte: não será tb importante o preço, em intraday, a que o maior volume foi efectuado?

Não sei se será aplicável (teria que se fazer uma análise aprofundada ao intraday) a regra de Pareto: por exemplo 80% do volume ser feito num range de 20% da uma vela. Não poderia ser que o ponto definido por esta análise fosse tão ou mais importante que os pontos de abertura, fecho, máximo ou mínimo?

Abraços,
Abraço,
Dwer

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por JAS » 16/2/2003 16:17

MarcoAntonio Escreveu:eu não digo que não haja manipulação no fecho (ou sequer no <i>intraday</i>), digo simplesmente que esta é mais facilmente executável na abertura

Por acaso acho que estamos a ter, por cá, muito mais manipulações no fecho do que na abertura.
E, exactamente pelos motivos que apontas, torna-se muito mais rentavel manobrar os fechos...
MarcoAntonio Escreveu:Tal problema coloca-se principalmente em mercados pouco líquidos como o nosso em que a diferença entre os movimentos na abertura e no fecho é abismal pelo que me parece no mínimo controverso colocar os dois pontos (abertura e fecho) ao mesmo nível de relevância ao traçar uma linha ou mesmo considerar como mais válida a abertura do que qualquer outro ponto durante a sessão, ponto esse provavelmente mais movimentado do que a abertura.

Já insisti neste ponro por diversas vezes mas não me canso de o repetir...
Vocês reconhecem que o nosso mercado é muito pouco líquido... Portanto, estarem a discutir qual dos pontos é mais relevante parece desnecessário. Assim como se manipulam fechos também é fácil manipular intradays. Nenhum deles é relevante num título sem liquidez...

Para terminar apenas uma achega ao tema que o Marco escolheu para este fim de semana.
No traçado das LT's, qualquer que seja a escala, um dos problemas que sempre se põe para determinarmos a sua maior ou menor validade será o de conseguirmos separar o "ruído".
Quero com isto dizer que ao traçarmos uma linha baseada em 3 pontos devemos ter a preocupação de que esses 3 pontos foram fruto de condições normais do mercado e que nenhum deles resultou de uma notícia, boato ocasional ou simples manipulação, que fez mover o título para valores perfeitamente anormais em determinado momento.

Lembro-me, por exemplo, do caso de um ponto perfeitamente anormal. Em Maio de 2002, quando a Cimpor resolveu comprar 10% da Semapa num único dia, apareceu no gráfico um dia com uma valorização de +7%. É um ponto que, quanto a mim, não deve ser considerado numa LT.

JAS
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por MarcoAntonio » 16/2/2003 14:01

Já agora, para as respostas ficarem completas,

Tito,
eu não digo que não haja manipulação no fecho (ou sequer no <i>intraday</i>), digo simplesmente que esta é mais facilmente executável na abertura (porque muitos intervenientes não estão activos ainda, por uma ou outra razão) e tem um grande impacto visual nos gráficos se estes se visualizarem com <i>candles</i>. No entanto, apesar do impacto visual, não vejo razões para valorizar mais o corpo da vela (abertura ou fecho, indiscriminadamente) em detrimento do intraday quando este pode ter um peso e um significado bem superior à abertura, em regra. O que eu pretendo distinguir é o impacto visual do corpo da vela com o seu verdadeiro significado ou a importância relativa da abertura face aos valores posteriores obtidos ao longo da sessão. Não indo ao ponto de afirmar que é um valor sem importância, refiro no entanto que tal prática é uma sobrevalorização da real substância do valor da abertura, face ao qual eu creio até que deviam existir algumas cautelas (nuns casos mais do que noutros, obviamente). Repara que a questão não se coloca apenas no aspecto da manipulação. Como questionei no texto inicial:

<i>«Tal problema coloca-se principalmente em mercados pouco líquidos como o nosso em que a diferença entre os movimentos na abertura e no fecho é abismal pelo que me parece no mínimo controverso colocar os dois pontos (abertura e fecho) ao mesmo nível de relevância ao traçar uma linha ou mesmo considerar como mais válida a abertura do que qualquer outro ponto durante a sessão, ponto esse provavelmente mais movimentado do que a abertura.»</i>

Ou seja, em termos gráficos, o valor da abertura está destacado, numa <i>candle</i>: então porque não destacar o valor ao final de uma hora de negociação, ou de duas, ou de três?... Se o máximo e o mínimo são os valores limite (extremos) e só por si têm importância independentemente do momento em que se dão, se o fecho representa o consenso final ao cabo de uma sessão (ou resultado final dessa sessão), já à abertura atribuo-lhe um valor relativo inferior, dado que muitos intervenientes não estão ainda a seguir o mercado ou se estão preferem mesmo ficar de fora por considerarem um período pouco fiável (inferior não é igual a nulo).
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por MarcoAntonio » 16/2/2003 13:42

Tito,
vou pensar na tua sugestão...
:wink:

MC,
um breve comentário sobre essa questão: não só as linhas bastante inclinadas têm menor fiabilidade como é ainda habitual considerar que quanto mais o curto o espaço temporal em que a linha está inserida, menor igualmente a sua fiabilidade. Por essa razão, alguns analistas não consideram sequer a validade de uma linha intraday, por exemplo. Este aspecto é discutível mas pessoalmente sou bastante flexível neste ponto dado que o mercado tem evoluído, tanto ao nível do número intervenientes como ao nível das estratégias segundo as quais estes actuam e sua intensidade como ainda ao nível das condições de mercado (comissões, taxas, velocidade de propagação da informação, etc), isto no que diz à validade do espaço temporal. Em relação à inclinação, penso que aí não existe grande discussão: uma linha inclinada representa um movimento muito forte que naturalmente tende a esgotar-se mais depressa e deste modo a confiança que podemos depositar na linha é menor; por outro lado, sendo a linha muito inclinada pode dar-se o caso de esta ser quebrada com relativa facilidade sem que isso represente sequer uma inversão - o título pode simplesmente «ir à procura» de uma linha de tendência mais sustentável. Por essa razão existem até ferramentas que se desenvolveram para esses aspectos particulares, no primeiro caso indicadores que permitem a aferir de um estado <i>overbought</i>/<i>oversold</i> e no segundo caso, a título de exemplo, as <i>speed resistance lines</i> (ou mesmo, ângulos calculados a partir das teorias de Gann ou Fibonnaci). Em todo o caso, as linhas quanto mais inclinadas, menos fiáveis se tornam.

Flying,
Em relação às ferramentas polinomiais, confesso o meu cepticismo. Aliás, já manifestei a minha opinião sobre essa questão aqui numa conversa no Caldeirão creio que com o Fernando dos Aidos. Esse tipo de ferramenta entra na classe do que eu chamo Análise Adaptativa. É sempre possível encontrar uma função polinomial que se ajuste ao histórico de um título, função essa que tanto mais se aproxima da evolução da cotação quanto maior o grau do polinómio (na realidade é uma evolução da regressão linear para um grau de ordem superior). No entanto, não creio que possamos intuir com base numa ferramenta que se ajusta e tenta descrever por uma função matemática o comportamento passado o comportamento futuro da cotação, dado que essa perspectiva inclina-se claramente para uma visão determinística da evolução da cotação. Apesar de tudo, poderá existir algum potencial de utilidade numa ferramenta dessas devido ao carácter oscilatório que por vezes os títulos tendem a tomar. Considero que se a ferramenta tem alguma utilidade, deverá ser por muito curtos períodos de tempo. E se recorresse a uma ferramenta dessas, dificilmente tentaria aplicar a mesma função a todo o gráfico mas a curtos períodos (provavelmente até será assim que se aplicam essas ferramentas, confesso que nunca explorei essa área). Noto no entanto um aspecto, aumentar a complexidade de uma ferramenta nem sempre é um passo em direcção à eficácia, considero aliás que quanto mais simples é a ferramenta mais eficaz tende a ser (ou por oposição, não funciona por completo). No caso específico das funções polinomiais volto a sublinhar que o aumento da complexidade permite encontrar matematicamente uma função que se ajusta ao histórico da cotação mas tal não prova em nada que se venha a ajustar ao comportamento futuro): se se ajustar, a função mantém-se; se não se ajustar, então será a função que se ajusta à nova evolução levando-nos a uma nova função. Em certa medida, comparo esta situação às Ondas de Elliot, que na minha perspectiva padecem de problemas muito semelhantes e as quais enquadro no mesmo campo da Análise Adaptativa.

O outro aspecto, é verdade que por exemplo no caso das bolhas especulativas o comportamento tende a ser exponencial (não matematicamente exponencial, esse é sempre, mas sentimentalmente exponencial... um crescendo de irracionalidade que faz crescer com uma velocidade cada vez maior a evolução da cotação, para além do será explicável pelo efeito cumulativo do crescimento percentual). As bolhas em si são objecto intenso de estudo quer na Análise Técnica, quer na Economia em geral. A única ferramenta que me vem à memória no entanto, é um padrão técnico - o <i>bump and run</i> - que se aplica precisamente em títulos com uma crescimento acelerado (ainda que a um nivel muito simples) e que eu considero interessante e eficaz em títulos que estão sujeitos a movimentos especulativos. Nos últimos tempos lembro-me de ter detectado umas duas vezes esse padrão e em ambos os casos com sucesso, na Portucel e creio que na Impresa, se não me falha a memória.
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por Flying Turtle » 16/2/2003 12:58

Marco, como há pouco te disse em conversa privada, é muuuuiiiiiito difícil tentar contrapor ou acrescentar algo aos teus artigos, de tão bem construídos e sustentados que eles são.

Parabéns! :)

Resta-me assim espaço para te colocar duas questões:

    - Alguma vez analisaste, ou conheces quem alguma vez o tenha feito de forma consistente, padrões tendenciais diferentes (por exemplo parabólicos ou exponenciais)? É que eu admito que, em certas situações de incremento de momentum (a bolha que rebentou em 2000 por exemplo, ou situações de movimentos de queda em aceleração), poderão surgir figuras geométricas que exprimam melhor as tendências do mercado do que as linhas rectas, mesmo usando escala logarítmica (e aqui estou inteiramente de acordo contigo).

    - Qual a relevãncia que atribuis a ferramentas que surgem em certos softwares de AT que procuram associar os movimentos a padões polinomiais?
Um abraço e continua, é um regalo aprender lendo-te! :wink:
FT
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Linhas de Tendência

por MC » 16/2/2003 12:47

Apreciei bastante o artigo e gabo-te a paciência por dedicares tanto tempo a debitares esta quantidade de informação útil.
Sobre o artigo em questão, deixava-te a sugestão de fazeres mais um pequeno comentário sobre a maior ou menor fiabilidade das LT em função da inclinação. É um aspecto igualmente importante. LT com fortes inclinações têm pouca fiabilidade, não é?
Um abraço.
 
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Olá Marco

por TRSM » 16/2/2003 12:31

Muitíssimo bom este teu artigo, nada que já não esteja habituado :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:, contudo gostaria de dizer o seguinte.

No que diz respeito ás LT traçadas pelos máximos e pelos minimos, tenho verificado o seguinte.

Habitualmente tb traço as minhas LT por esse valores, contudo nunca ponho de parte a possibilidade de a reacção se dar nos valores de fechos e aberturas, poís o mesmo já se tem verificado.

Na minha opinião pessoal penso que deveriamos traçar as duas LT nos gráficos, embora reconheça que a nivel de visualização gráfica por vezes não seja agradável.

Quando dizes que os movimentos das aberturas por vezes são fácilmente manipulaveis, não te esqueças que essas mesma manipulações tb acontecem nos fechos através das conhecidas puxadas finais quer em baixa ou em alta, por esta mesma razão penso que todos os valores efectuados ao longo das sessões devem ser tidos em conta.

E por aqui me fico, :lol: :lol: :lol: :lol:

Marco, que tal pensares em escrever um artigo sobre a temática dos dividendos?????

Está a aproximar-se as datas dessas atribuições, e como todos os anos sou dos que tenho essa canseira, e tb sei que não dás significado algum a esse acerto, penso que um artigozinho á Prof :lol: :lol: :lol: é bem capaz de me convencer assim como a outras almas.

abração e bfs

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As Linhas de Tendência vistas à lupa...

por MarcoAntonio » 16/2/2003 5:13

<b>As Linhas de Tendência vistas à lupa...</b>

<b>Poderá algo tão simples como traçar uma linha num gráfico ter alguma ciência ou arte?</b>

A minha resposta inequívoca é pura e simplesmente: tem tudo isso e muito maior quantidade do que poderá aparentar numa primeira inspecção.

As Linhas de Tendência (abreviadamente LT) são dos instrumentos mais utilizados, senão o mais utilizado, na Análise Técnica Clássica (ou convencional) quer seja de forma isolada quer seja inseridas em padrões mais complexos. Tentarei neste artigo abordar aspectos que me parecem pertinentes relativos às LT's.

<b>Definição</b>

A linha de tendência é uma linha formada por mínimos relativos consecutivos (LT de suporte ou Linha de Procura) ou por máximos relativos consecutivos (LT de resistência ou Linha de Oferta).

<b>Utilidade</b>

A linha de tendência serve na Análise Técnica dois aspectos:

:arrow: Por um lado define o tipo de movimento que o título descreve o que permite definir estratégias e posicionamento relativamente ao título.

:arrow: Por outro, a quebra da linha representa a quebra de um padrão de comportamento o que pode consistir por si só num sinal de entrada ou num sinal de saída.


<b>Os Pontos</b>

Ora, uma linha de tendência não pode nem deve ser uma linha arbitrária. A linha deve ter obviamente uma consistência tal que não transforme a AT numa prática esotérica e os Analistas em videntes. A primeira tentação é a de unir dois qualquer pontos, ou até mais, sem grande critério. E sobre este aspecto faço diversas considerações:

:arrow: Nunca é demais lembrar que a definição é a de que a linha é constituída por máximos/mínimos relativos. Faço notar que é possível traçar rectas aparentemente válidas que «assentam» em pontos que não são máximos nem mínimos relativos ou, se são, não têm qualquer expressão no espaço temporal em que a linha está definida. Exemplificando, uma linha traçada com base em duas ou três sessões consecutivas não tem qualquer expressão numa análise de médio-prazo mesmo que venha mais tarde a coincidir com um outro ponto. Como frizei num artigo anterior... as coincidências acontecem!

:arrow: Outro aspecto importante é o do número de pontos de toque, ou seja, do número de pontos que sustentam a linha e aqui a regra é simples: quantos mais pontos, mais consistente e credível é a LT. Assim sendo, dois pontos apresentam uma validade mínima (e muito discutível). Três pontos e temos um nível mínimo de coincidência (a comparação com uma média móvel dentro do mesmo espaço temporal da linha é um método que aconselho para aferir da validade da LT) - regra geral considera-se que três pontos confirmam a existência de uma LT válida. Quatro pontos e a recta é claramente válida e de grande consistência e assim sucessivamente. Noto ainda que se deve exigir um tão maior número de pontos quanto maior o período em consideração pelo simples facto de que se alargarmos o período aumentamos a probabilidade de ocorrerem coincidências. Se num curto período (curtíssimo-prazo) podermos contentarmo-nos com três pontos ou mesmo dois para considerar a linha já no (muito) longo-prazo, mesmo uma linha com três pontos já é mais discutível.

:arrow: A distribuição dos pontos ao longo da linha é ainda um aspecto importante para aferir da credibilidade da LT. Um caso frequente é o da LT se basear em dois pontos muito juntos e um terceiro ponto bastante afastado. Neste caso divido em duas possibilidades: os dois pontos se encontrarem no início da linha ou no final (mais recentes). Considero mais válida a Linha no segundo caso. No primeiro caso temos que a forma como a linha é traçada (a orientação) pode ser facilmente manipulada para que passe no terceiro ponto (sem que corte de forma grosseira o segundo ponto). Acresce ainda que o facto do terceiro ponto coincidir com a LT pode não passar de uma pura coincidência e os dados de que o título segue essa linha ou esse ritmo de variação sejam ainda válidos. No segundo caso, ambos os aspectos tomam contornos bem distintos: por um lado torna-se mais difícil manipular a linha se os dois pontos mais próximos se referirem a um período recente pelo que as dúvidas quanto à orientação da linha são menores; por outro, o segundo problema (da actualidade da linha) nem se coloca dado que os dois pontos que formam e confirmam a linha são recentes. A linha é tão mais credível e consistente quanto mais distribuídos estiverem os pontos - em caso de concentração, é desejável que esta seja recente.

:arrow: Por definição, a linha é constituída por máximos ou mínimos relativos os quais são, na maioria das vezes executados no <i>intraday</i>. No entanto existem analistas que preferem considerar os fechos ou ainda os corpos das velas (aberturas e fechos). Este aspecto é discutível mas deixo a minha opinião. Se em relação aos fechos considero um critério aceitável (até por razões que mais adiante abordarei), já em relação às aberturas coloco pouca confiança no critério - as aberturas são mais facilmente manipuláveis e menos «precisas» dado que muitos investidores não se encontram ou presentes sequer ou por opção própria não se encontra a operar. Tal problema coloca-se principalmente em mercados pouco líquidos como o nosso em que a diferença entre os movimentos na abertura e no fecho é abismal pelo que me parece no mínimo controverso colocar os dois pontos (abertura e fecho) ao mesmo nível de relevância ao traçar uma linha ou mesmo considerar como mais válida a abertura do que qualquer outro ponto durante a sessão, ponto esse provavelmente mais movimentado do que a abertura. Apesar de ter um impacto visual bastante grande (principalmente num gráfico com <i>candles</i>), coloco muitas reservas a uma linha traçada com base em aberturas e fechos (corpos das velas portanto) de forma indiscriminada.

<b>A Escala</b>

A forma do gráfico e a localização relativa dos pontos depende do tipo de escala utilizada, linear ou logarítmica. Assim, uma recta visível numa determinada escala poderá deixar de ser visível noutra escala. Dado que este tema já foi amplamente debatido neste espaço não me alongarei neste ponto. Refiro apenas que, se no curto-prazo as diferenças entre o resultado visual numa ou noutra escala tendem a ser negligenciáveis, fruto de uma menor variação do valor absoluto do título em análise, pelo que a questão da escala tende igualmente a ser irrelevante (se o recuros à escala logarítmica não traz qualquer vantagem também não traz qualquer prejuízo já que os gráficos tendem a ser praticamente iguais), já no longo-prazo o aspecto visual dos dois gráficos tende a ser bastante diferente sendo nalguns casos limite muito difícil sustentar a hipótese de um gráfico em escala linear, sequer, em termos racionais. Quando a variação em valor absoluto torna os gráficos visualmente distintos, a vantagem começa a pender claramente para o lado da escala logarítmica tanto em termos de consistência, como de validade como ainda de eficácia conforme sustentei em participações anteriores. Este tema, explorado, daria para escrever um post tão longo quanto este...

<b>Os Padrões</b>

Uma das aplicações específicas das LT's refere-se à definição de padrões (figuras). Neste aspecto chamo a atenção para dois pormenores que vejo recorrentemente descurados - o plano temporal das várias linhas em consideração para a constituição do padrão e os pontos em que as linhas «assentam»: no primeiro caso ocorre que uma das linhas se baseia num espaço temporal claramente diferente do da outra linha (por exemplo, traçar uma <i>rising wedge</i> ou um <i>triângulo</i> em que uma das linhas se estende por dois meses e a outra por duas semanas; no segundo caso, uma das linhas recorre a pontos que se inserem num contexto completamente diferente, por exemplo, definir uma das linhas com base em pontos que dizem respeito a um período em que o título se encontrava com uma tendência diferente ou dentro de um movimento específico, não dizendo respeito ao actual que se pretende demonstar existir. Este último exemplo poderá ser pouco inteligível colocada em extenso mas a ideia base é, por exemplo, a de basear uma linha de uma determinada figura (por exemplo um canal ascendente) fazendo-a passar por um ponto em que o título se encontrava num canal descendente (mais uma vez a título de exemplo). Nem todos os pontos que se encontram no caminho da recta reforçam a validade da mesma, dado que se a projectarmos para trás é provável que esta venha a coincidir com outros pontos do passado, sem que isso assegure ou aumente a validade da linha.


<b>Outros Aspectos</b>

:arrow: Tolerância: sendo um aspecto discutível, defendo que, sempre que tal reforce claramente a consistência da recta, será vantajoso ignorar um outro <i>spike</i>, principalmente se existirem sinais de um falso <i>break-out</i> ou ainda se esse <i>spike</i> se encontrar proximo do início da tendência, quando esta ainda não se encontrava claramente definida e instalada.

:arrow: Tendência: outro aspecto, menos discutível e bastante mais visível é o da diferente importância, frequência e consistência da LT's de suporte ou resistência face à tendência: se a tendência é ascendente, são mais frequentes, mais consistentes regra geral e mais importantes as linhas de suporte; se a tendência é descendente, são mais frequentes, mais consistentes regra geral e mais importantes as LT's de resistência. Este aspecto é bastante fácil de constatar do ponto de vista empírico por inspecção de uma boa quantidade de gráficos. A explicação, essa mais discutível, é a de que esta falta de simetria possa residir no facto de, durante uma tendência ascendente os máximos sejam fruto de euforia irracional e como tal menos exactos e as compras junto da LT de suporte fruto de uma opção racional formando uma linha mais consistente. Por seu turno, durante a tendência descendente são os mínimos fruto de pânico e vendas irracionais enquanto que as vendas junto da LT de resistência fruto de vendas mais técnicas e mais racionais formando uma linha mais exacta.

:arrow: Linhas «forçadas»: a tentação de traçar linhas como se estas tivessem de existir obrigatoriamente leva a traçar LT's que por vezes violam alguns dos pontos referidos. Nem sempre os movimentos se regem por linhas ou padrões defendidos pela AT e nem sempre os movimentos se enquadram numa perspectiva de Análise Técnica. A tentação de explicar tudo aos olhos da Análise Técnica acaba por jogar em seu desfavor ao aumentar potencialmente a sua falibilidade. A título de exemplo, uma tentação que considero vulgar e frequente, a de procura traçar a todo o momento um canal em que o título se movimente. Na minha perspectiva, considerar que o título se movimenta sempre segundo um canal é uma visão radical da análise técnica que leva o analista a traçar as linhas que deseja ver ou a traçar linhas de validade e consistência discutível... tal como a sua utilidade.

:arrow: Quebras: outro ponto discutível e com diferentes interpretações. Neste campo a minha posição, em termos gerais, é a de que a quebra da LT só é de considerar caso se dê em fecho, sendo nalguns casos mesmo aconselhável, conforme o espaço temporal da LT em questão, aguardar mais uma sessão ou duas para confirmar a quebra da linha. É esta a razão aliás por que sou flexível quanto ao aspecto de considerar, por vezes, os fechos e não os intradays ou então uma mistura de ambos os critérios.

<b>Para Além da Validade</b>

Um dos aspectos que considero mais interessantes nas Linhas de Tendência reside na sua utilidade para além da sua validade e/ou visibilidade. Mesmo que um grande número de analistas considere que uma linha não é válida, que um grande número de investidores não acredite na validade da AT em geral e por consequência nas LT's ou ainda que um grande número de investidores/analistas não detecte uma determinada linha, tal não significa obrigatoriamente que a utilidade da linha seja abalada:

:arrow: Em primeiro lugar, a linha de tendência pode ser um instrumento de medida (em particular de uma tendência ou, num sentido mais lato, da situação técnica de um título) pelo que quando tocada e não quebrada representa a manutenção desse contexto e quando quebrada representa potencialmente a quebra desse contexto e o primeiro passo para uma nova situação técnica, o que poderá merecer uma nova estratégia ou abordagem. Um título que inverta a tendência tem obrigariamente de quebrar, mais cedo ou mais tarde, as linhas de tendência, acreditem os investidores nelas ou não - geralmente quebram-nas relativamente cedo. Se tal não garante o sucesso no recursos às LT's, é certamente um passo em direcção a ele...

:arrow: Por outro lado, a linha de tendência pode funcionar ainda, e em parte como consequência do ponto anterior, como um eficiente instrumento de limitação de risco - por exemplo, funcionar como um <i>trailing stop</i> - indo portanto a sua aplicação para além do campo da Análise Técnica pura e simples e entrando no terreno do <i>money management</i>.


Por fim, deixo algumas considerações finais: confesso que para escrever este artigo não forcei temas de discussão, este surgiu de forma natural sendo a exposição de um conjunto de questões sobre as quais já meditei em determinada ocasião e encontram-se em regra subjacentes nas linhas que traço em cada análise e na razão pela qual traço uma determinada LT e não outra qualquer recta, quiçá visualmente até esteticamente mais atraente... Digo em regra, porque estou obviamente sujeito a erro e à distracção, não pretendo dizer que as linhas que traço obedeçam sempre a todos estes critérios ou estejam imbuídas de perfeição. O maior <i>handicap</i> da Análise Técnica</i> é, como defendi num artigo anterior, o de tendermos com certa facilidade a projectarmos no gráfico o que desejamos ver em detrimento de uma análise objectiva da informação que realmente este contém. As LT são das ferramentas mais instrumentalizáveis na AT e portanto das ferramentas mais susceptíveis de falta de objectividade. Tal não quer dizer no entanto que para cada gráfico só exista uma e uma só interpretação válida e que uma determinada interpretação constitua uma verdade absoluta sobre o comportamento de um título e as outras não passem de meros desvarios.

Provavelmente ficou muito por dizer sobre Linhas de Tendência. Mas para isso existe o botãozinho de responder, portanto... não se façam rogados!
:mrgreen:
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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