Dos 500 M€ de venda de ativos, cerca de metade deverão vir da venda da maioria da participação no Lagoas Park, que estará prestes a ser concluída:
https://eco.pt/2018/02/19/chineses-vao- ... goas-park/e
https://eco.pt/2018/02/21/teixeira-duar ... goas-park/O facto de ir ficar com uma participação minoritária (fala-se em 20%, o que ainda são uns 60 M€), mostra que não está em situação de grande aperto.
Fica a faltar a outra metade, que não deverá ser muito difícil de conseguir uma vez que no 3T17 tinha no balanço propriedades de investimento no valor de 566 M€, sobretudo em Portugal, mas também em Angola, Moçambique e Brasil. Só o fundo TDF (imobiliário em Portugal) vale cerca de 90 M€, e não será propriamente má altura para vender...
Tendo em conta que em 2017 pagou 65.9 M€ de juros, se da referida "otimização dos custos de financiamento" resultante do enorme programa de redução de dívida resultar uma redução de 25% da taxa de juro, reduz 13.2 M€ de juros (assumindo dívida constante: a redução da dívida implica igualmente o fim dos rendimentos dos ativos alienados), transformando os resultados de 2017 de 4.7 M€ negativos em 11.8 M€ positivos (PER <10), e uma média de 40 M€ de resultado anual nos últimos 5 anos (PER de 2.9). Podem dizer que os resultados estão martelados, mas 5 anos consecutivos de grande martelagem de resultados resultariam necessariamente em sérias distorções no balanço: alguém é capaz de as identificar em concreto?
A empresa tem um problema de excesso de alavancagem, sem dúvida, mas quem acha que é apenas lixo poderá ficar muito surpreendido com os resultados duma reestruturação bem sucedida, que poderá estar em curso, ajudada pelo fim da crise em Portugal e pela recuperação do petróleo nos últimos anos, de que muito depende a maioria dos países para onde se expandiu.
Uma empresa que perdeu da ordem dos 800 M€ no investimento desastroso que fez no BCP e 10 anos depois consegue estar de pé, sem quaisquer aumentos de capital e com alguma vitalidade (investiu no ano passado 40 M$ na concessão portuária na Venezuela, está a construir um empreendimento imobiliário próprio no Texas, continua com grande atividade de promoção imobiliária em São Paulo, etc.) é obra.
Se nos próximos 10 anos se abstiver de fazer novos investimentos desastrosos e conseguir gerar outros 800 M€ (com ajuda até da conjuntura, que não teve nos últimos 10 anos), mas desta vez para capitais próprios e expansão da atividade, quantos vezes não valerá os atuais 116 M€ de capitalização? Alto risco, sem dúvida, mas de grande potencial se a reestruturação correr minimamente bem, é a minha opinião.