Portugal paga mais caro para se financiar a seis meses
17 Outubro 2012 | 11:03
Edgar Caetano -
edgarcaetano@negocios.ptO IGCP acaba de obter 1.850 milhões de euros com a emissão de dívida pública. Baixaram os custos no leilão a 12 meses, em comparação com um leilão realizado em Julho, mas subiram na emissão a seis meses, face ao leilão feito há um mês.
O Estado português obteve 1.850 milhões de euros no mercado de dívida, dentro dos 1.750 milhões a 2.000 milhões pretendidos. Portugal financiou-se em 770 milhões a 12 meses, 830 milhões a seis meses e 250 milhões a três meses.
Deu-se uma subida nos custos na emissão a seis meses, prazo que dentro dos três hoje leiloados tinha sido utilizado mais recentemente. O Estado suportou uma taxa de 1,839%, contra os 1,7% num leilão realizado há cerca de um mês.
No prazo a doze meses, os custos baixaram para 2,101%, contra os 3,505% pagos no último leilão a 12 meses, realizado a 18 de Julho, antes do já famoso “discurso de Londres” de Mario Draghi, em que o presidente do BCE prometeu “fazer tudo o que for necessário, dentro do mandato, para preservar o euro”. O que iniciou uma melhoria do risco a que foi dada sequência com o anúncio do novo plano de compra de dívida pública europeia em mercado secundário.
O Estado suportou ainda uma taxa de 1,366% no leilão de 250 milhões a três meses. A taxa de hoje compara com os 3,845% pagos num leilão realizado já em Fevereiro deste ano, a última vez que o Estado tinha emitido dívida neste prazo.
O montante objectivo, comum às três linhas leiloadas, ia de 1.750 milhões a 2.000 milhões de euros. Os indicadores de procura mantiveram-se praticamente inalterados face aos leilões anteriores. No prazo a seis meses, a procura entre os investidores superou em 2,8 vezes o montante colocado, um pouco abaixo do rácio de 3,1 no último leilão.
"As emissões correram bem, mesmo que o montante total não tenha atingido o máximo previsto de dois mil milhões de euros", diz Filipe Silva, responsável pela área de mercados de dívida do Banco Carregosa. E"m relação às taxas, apenas na emissão a seis meses houve uma ligeira subida", pelo que "diria que não houve impacto negativo do actual contexto político e orçamental".
Esta deverá ter sido a ante-penúltima operação de financiamento do Estado este ano. Estão pré-agendados mais dois leilões para este quarto trimestre, em que se pretende obter mais 4.750 milhões de euros. Antes do leilão de hoje, o IGCP já tinha emitido 18.500 milhões de euros em bilhetes do Tesouro este ano, a que acrescem quatro mil milhões emitidos na fase não-competitiva dos vários leilões.
Segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2013, continuará a ser intensa a emissão de dívida de curto prazo (até 18 meses). A par dos 10 mil milhões que o Estado deverá receber da troika em 2013, Portugal conta emitir 20.132 milhões em bilhetes do Tesouro. Mais do que os 14.770 mil milhões que os reembolsos de bilhetes do Tesouro que terá de fazer. A diferença deverá ser usada para reembolsar a dívida de longo prazo que vence no próximo ano, já que o Governo não se compromete para já com leilões de Obrigações do Tesouro (dívida de longo prazo).