Caldeirão da Bolsa

Entrevista a Ricardo Reis

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Re: Entrevista a Ricardo Reis

por LTCM » 18/12/2007 0:26

Keyser Soze Escreveu:Entrevista a Ricardo Reis 2007-08-29 00:05

Imagem

“Num mês não se falará nesta crise do crédito”
A nova estrela da economia nacional, Ricardo Reis, de 27 anos, fala sobre o momento económico: “é uma crise de liquidez e não financeira”, explica o professor na universidade americana de Princeton.


Com que então era um mês…Este professor é com certeza uma sumidade, Princeton é extrema qualidade, mas esquece que dois prémios Nobel da economia atiraram com mais de seis biliões para o esgoto.
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por LS » 29/8/2007 19:35

A afirmação que o Ricardo Reis faz é pertinente porque pode dar a verdadeira dimensão da crise.

Numa entrevista que li no Folha de São Paulo, a semana passada, o Edmund Phelps (Prémio Nobel da Economia 2006) manifestou uma opinião contrária. Se bem me lembro, ele acha que a crise é financeira e não de liquidez. Considera porém que a turbulência passará dentro de poucos meses mas, que deixará marcas e o mercado de acções não será mais o mesmo.

Ainda tentei repescar a entrevista que me pareceu muito interessante mas, já tinda deitado fora o jornal.
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por PJBM2 » 29/8/2007 16:05

redhot Escreveu:
Paulo Moreira Escreveu:

Mas Paulo a questão de fundo é mesmo essa: "Não existe grau de exigência ante-Bolonha.".


Aí tenho de discordar. O grau de exigência em Universidades como a de Lisboa e Porto é até bastante elevado. Um aluno licenciado nestas universidades não fica nada mal visto neo strangeiro quando comparados os de lá. A diferença é que aqui leva-se mais tempo para estudar o que interessa. Ninguém fica especialista numa área específica com uma licenciatura e portanto não se justifica uma licenciatura com quatro e mais anos. Existe muitas disciplinas num licenciatura que não interessam para enfrentar um mercado de trabalho menos exigente.
Aqui em Portugal, para ter um Doutoramento é preciso andar 4 (ou 5)+2+4 = 10 (ou 11) anos em formação. No estrangeiro, bastam 3+1(ou 2)+3=7(ou 8) anos. Já trabalhei com um francês que tirou o Doutoramento em 2 anos e meio.
Esse é a grande vantagem do processo de Bolonha.


Respeito claro a tua opinião.

No entanto eu olho para as economias de referência. E Portugal não pertence a nenhuma delas (bem pelo contrário).

Em termos de ficarmos mais bem vistos ou não perante os outros basta contabilizar os prémios nobeis e quantos portugueses o conseguiram nas ciências ou economia? Um.

A maior parte do nobeis são dos EUA, Alemanha e sabes porque? Efeito de escala. Nada tem a ver com o número de anos de estudo. Eles são 200 ou 300 milhões logo terão mais "mentes brilhantes" que nós (mesmo que a as percentagens sejam iguais).

Só temos de seguir a tendência dessas economias, neste caso em termos de graus académicos.

Se desde o inicio do século existem 3 graus académicos porque complicar?

Se calhar é melhor um aluno sair da universidade após 3 anos entrar logo no mercado de trabalho do que andar +2 anos muitas vezes a encher chouriços.

É claro que é um assunto polémico principalmente para os professores portugueses por razões de emprego.

Vem defender que 5 anos de ensino são melhores que 3, etc.

Também podemos dizer que 10 são melhores que 5, etc.

Mas importante é que o consenso a que as economias de referência já chegaram é a de 3 graus.

E nós temos de seguir essa tendência.

Viva Bolonha!!!! :mrgreen: :mrgreen: (esparguete incluído).

Mais uma vez é só a minha opinião.


Se considerar a literatura já serão 2 e se comparar agora a escala já não estaremos muito mal.
Avaliar a qualidade da universidade pelo número de prémios nóbeis é enganador, porque nem todas as universidades fazem as mesmas apostas. As melhores universidades americanas apostam muito na investigação e na formação de doutorados: esse é o seu negócio (as propinas são elevadas). Ao contrário da universidade protuguesa cuja principal aposta é a formação de licenciados. E todos sabemos que com uma licenciatura não se conseguem prémios nóbeis. De quem é a culpa? Das universidades? Não. A culpa é dos governos que financiam as universidades em função dos nº de alunos de licenciatura e investem muito pouco na investigação científica.
Podemos ter professores a mais e temos, mas temos claramente défice de investigadores. O grande problema é que muitos professores pouca investigação fazem e alguns não fazem nenhuma (para quê se ganham o mesmo dando apenas umas aulas e ninguém os chateia)
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por redhot » 29/8/2007 15:56

Rics Escreveu:Quere-me parecer que vai para aqui muita confusão com os graus académicos, mas como sempre a wikipedia até ajuda: http://en.wikipedia.org/wiki/Academic_degree

O problema de Portugal, mais que os graus académicos, é a falta de foco e pragmatismo no que realmente interessa. Por exemplo, foi aqui colocado esta entrevista feita a alguém, que apesar da idade, partilhou idéias muito boas e bem explicadas, e aqui estamos nós a discutir algo marginalíssimo como Bolonhas e Pizzas...


Sim desviamo-nos do assunto mas teve a ver com o facto desta "mente brilhante" portuguesa não ser licenciado. É Bachelor, Master e Phd.

Foi só esse o motivo que desenrolou a conversa.
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por Rics » 29/8/2007 15:50

Quere-me parecer que vai para aqui muita confusão com os graus académicos, mas como sempre a wikipedia até ajuda: http://en.wikipedia.org/wiki/Academic_degree

O problema de Portugal, mais que os graus académicos, é a falta de foco e pragmatismo no que realmente interessa. Por exemplo, foi aqui colocado esta entrevista feita a alguém, que apesar da idade, partilhou idéias muito boas e bem explicadas, e aqui estamos nós a discutir algo marginalíssimo como Bolonhas e Pizzas...
 
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por lutav » 29/8/2007 15:48

a serio, voces só vêm Bolonha à frente?

epah, nao levem a mal, mas, e abrirem um topico sobre isso? :roll:

ou entao, podem sempre ir desenterrar o da licenciatura do socrates :roll:


beijos e abraços
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por redhot » 29/8/2007 15:40

Paulo Moreira Escreveu:

Mas Paulo a questão de fundo é mesmo essa: "Não existe grau de exigência ante-Bolonha.".


Aí tenho de discordar. O grau de exigência em Universidades como a de Lisboa e Porto é até bastante elevado. Um aluno licenciado nestas universidades não fica nada mal visto neo strangeiro quando comparados os de lá. A diferença é que aqui leva-se mais tempo para estudar o que interessa. Ninguém fica especialista numa área específica com uma licenciatura e portanto não se justifica uma licenciatura com quatro e mais anos. Existe muitas disciplinas num licenciatura que não interessam para enfrentar um mercado de trabalho menos exigente.
Aqui em Portugal, para ter um Doutoramento é preciso andar 4 (ou 5)+2+4 = 10 (ou 11) anos em formação. No estrangeiro, bastam 3+1(ou 2)+3=7(ou 8) anos. Já trabalhei com um francês que tirou o Doutoramento em 2 anos e meio.
Esse é a grande vantagem do processo de Bolonha.


Respeito claro a tua opinião.

No entanto eu olho para as economias de referência. E Portugal não pertence a nenhuma delas (bem pelo contrário).

Em termos de ficarmos mais bem vistos ou não perante os outros basta contabilizar os prémios nobeis e quantos portugueses o conseguiram nas ciências ou economia? Um.

A maior parte do nobeis são dos EUA, Alemanha e sabes porque? Efeito de escala. Nada tem a ver com o número de anos de estudo. Eles são 200 ou 300 milhões logo terão mais "mentes brilhantes" que nós (mesmo que a as percentagens sejam iguais).

Só temos de seguir a tendência dessas economias, neste caso em termos de graus académicos.

Se desde o inicio do século existem 3 graus académicos porque complicar?

Se calhar é melhor um aluno sair da universidade após 3 anos entrar logo no mercado de trabalho do que andar +2 anos muitas vezes a encher chouriços.

É claro que é um assunto polémico principalmente para os professores portugueses por razões de emprego.

Vem defender que 5 anos de ensino são melhores que 3, etc.

Também podemos dizer que 10 são melhores que 5, etc.

Mas importante é que o consenso a que as economias de referência já chegaram é a de 3 graus.

E nós temos de seguir essa tendência.

Viva Bolonha!!!! :mrgreen: :mrgreen: (esparguete incluído).

Mais uma vez é só a minha opinião.
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por lutav » 29/8/2007 15:36

antes linhas de macro, micro, mercados, financeiros, liquidez, e só falam de Bolonha?

voces tem de deixar isso da Bolonha, e passar para a Metadona! :mrgreen:

li na diagonal o artigo, coisas interessantes sobre mercado (liberalizacao) de trabalho e produtos e serviços...

a ler (reler!) como deve de ser mais logo

obrigado keyser ;)
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por PJBM2 » 29/8/2007 15:22

[/quote]
Mas Paulo a questão de fundo é mesmo essa: "Não existe grau de exigência ante-Bolonha.".

[quote]

Aí tenho de discordar. O grau de exigência em Universidades como a de Lisboa e Porto é até bastante elevado. Um aluno licenciado nestas universidades não fica nada mal visto no estrangeiro quando comparados os de lá. A diferença é que aqui leva-se mais tempo para estudar o que interessa. Ninguém fica especialista numa área específica com uma licenciatura e portanto não se justifica uma licenciatura com quatro e mais anos. Existe muitas disciplinas num licenciatura que não interessam para enfrentar um mercado de trabalho menos exigente.
Aqui em Portugal, para ter um Doutoramento é preciso andar 4 (ou 5)+2+4 = 10 (ou 11) anos em formação. No estrangeiro, bastam 3+1(ou 2)+3=7(ou 8) anos. Já trabalhei com um francês que tirou o Doutoramento em 2 anos e meio.
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por redhot » 29/8/2007 15:16

Lamy Escreveu:
redhot Escreveu:Devido ao excesso de 40% de professores a solução apresentada pelos reitores é a de serem criadas turmas mais pequenas com o objectivo de aumentar a qualidade de ensino, já que cada professor poderá dar mais atenção a cada aluno.

Só não percebo uma coisa. Bolonha vem fomentar precisamente o auto-estudo, com menos tempos lectivos... (pelo menos é o que andam a vender na minha universidade...). Portanto menos tempos lectivos, menos horas de aulas, menos horas de aulas menos professores, que já eram mais 40% das necessidades...
Há cursos com médias de entradas de alunos na ordem dos 25 alunos/ano...
Portanto vão-se criar turmas de 5 alunos??? Será mais ou menos assim..???
Desculpem a Matemática... é que ainda não fiz Calculo I... Estão sempre mais de 100 alunos nas aulas!!! :mrgreen:
Se calhar é isso, toca a chumbar alunos para ter freguesia... è que o problema do insucesso está na classe discente... :cry:


Pois aí está a tocar num assunto perigoso: o enventual interesse de dificultar a passagem de alunos nas cadeiras. Mas aí cada caso será um caso. Pode haver profs. que façam isso outros não. O objectivo é mesmo esse. Ter quorum...Mas na maioria dos casos não creio que tal aconteça.
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por PJBM2 » 29/8/2007 15:15

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Mas Paulo a questão de fundo é mesmo essa: "Não existe grau de exigência ante-Bolonha.".

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Aí tenho de discordar. O grau de exigência em Universidades como a de Lisboa e Porto é até bastante elevado. Um aluno licenciado nestas universidades não fica nada mal visto no estrangeiro quando comparados os de lá. A diferença é que aqui leva-se mais tempo para estudar o que interessa. Ninguém fica especialista numa área específica com uma licenciatura e portanto não se justifica uma licenciatura com quatro e mais anos. Existe muitas disciplinas num licenciatura que não interessam para nada para enfrentar um mercado de trabalho menos exigente.
Aqui em Portugal, para ter um Doutoramento é preciso andar 4 (ou 5)+2+4 = 10 (ou 11) anos em formação. No estrangeiro, bastam 3+2+3=8 anos. Já trabalhei com um francês que tirou o Doutoramento em 2 anos e meio.
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por PJBM2 » 29/8/2007 15:13

[/quote]
Mas Paulo a questão de fundo é mesmo essa: "Não existe grau de exigência ante-Bolonha.".


Aí tenho de discordar. O grau de exigência em Universidades como a de Lisboa e Porto é até bastante elevado. Um aluno licenciado nestas universidades não fica nada mal visto no estrangeiro quando comparados os de lá. A diferença é que aqui leva-se mais tempo para estudar o que interessa. Ninguém fica especialista numa área específica com uma licenciatura e portanto não se justifica uma licenciatura com quatro e mais anos. Existe muitas disciplinas num licenciatura que não interessam para nada para enfrentar um mercado de trabalho menos exigente.
Aqui em Portugal, para ter um Doutoramento é preciso andar 4 (ou 5)+2+4 = 10 (ou 11) anos em formação. No estrangeiro, bastam 3+2+3=8 anos. Já trabalhei com um francês que tirou o Doutoramento em 2 anos e meio.
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por Lamy » 29/8/2007 15:04

redhot Escreveu:Devido ao excesso de 40% de professores a solução apresentada pelos reitores é a de serem criadas turmas mais pequenas com o objectivo de aumentar a qualidade de ensino, já que cada professor poderá dar mais atenção a cada aluno.

Só não percebo uma coisa. Bolonha vem fomentar precisamente o auto-estudo, com menos tempos lectivos... (pelo menos é o que andam a vender na minha universidade...). Portanto menos tempos lectivos, menos horas de aulas, menos horas de aulas menos professores, que já eram mais 40% das necessidades...
Há cursos com médias de entradas de alunos na ordem dos 25 alunos/ano...
Portanto vão-se criar turmas de 5 alunos??? Será mais ou menos assim..???
Desculpem a Matemática... é que ainda não fiz Calculo I... Estão sempre mais de 100 alunos nas aulas!!! :mrgreen:
Se calhar é isso, toca a chumbar alunos para ter freguesia... è que o problema do insucesso está na classe discente... :cry:
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por redhot » 29/8/2007 13:23

Devido ao excesso de 40% de professores a solução apresentada pelos reitores é a de serem criadas turmas mais pequenas com o objectivo de aumentar a qualidade de ensino, já que cada professor poderá dar mais atenção a cada aluno.
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por redhot » 29/8/2007 13:20

Paulo Moreira Escreveu:
redhot Escreveu:Muito interessante esta entrevista.

...Ricardo Reis concorreu e foi aceite na London School of Economics. Aos 17 anos foi para Londres. Acabou o curso de três anos [Bachelor] ...Seguiu, então, para os Estados Unidos, onde fez o mestrado [master] e o doutoramento [Phd], na Universidade de Harvard. ...


Aqui também dá para perceber a "trapalhada" dos graus académicos inventada pelos tugas enfiando o grau "Licenciado" que não existia em mais lado nenhum, no meio dos graus internacionalmente aceites (Bachelor, Master e Phd).

E ainda por cima os tugas valorizaram mais esse grau que os outros que são os únicos que existem internacionalmente...

"Licenciado é que é bom, bacharel é pouco e master e doutoramento é só para académicos". Esta frase corresponde ao estereótipo criado pelos tugas nos últomos 20 anos. Por apenas olharam para o seu umbigo.

Com o tratado de bolonha essa "trapalhada" agora foi resolvida à força e temos "resmas" de "Licenciados" que terão de ser convertidos em "Bachelors + Masters", pois caso contrário internacionalmente nínguem sabem o que eles são...

Que raio: Porque complicar o que é simples?...


[/b]


Sim, o processo de Bolonha veio uniformizar o sistema. Para uma parte dos empregos, basta uma formação equivalente ao bacharelato o que necessita um investimento de apenas 3 anos. Uma licenciatura teria de ter 4, 5 ou 6 anos. O inconveniente é o mestrado pós-bolonha não ter o grau de exigência do mestrado ante-Bolonha. Mas isso é incompetência das Universidade Portuguesas.


Mas Paulo a questão de fundo é mesmo essa: "Não existe grau de exigência ante-Bolonha.".

Sabes porquê? Porque internacionalmente o que existe (e esta entrevista demonstra) são só os 4 graus: Bachelor, Master e Phd.

A exigência é definida pelos países de referência: EUA, Alemanha, UK, França, etc. Nestes só há os 3 graus académicos. Esses países dominam a economia logo são referência.

A questão de que o mestrado antigo é mais exigente é mais um esteriótipo dos tugas, e mais um embrulhanço total que o tratado de bolonha veio clarificar.

E com todos os problemas de emprego que isso acarreta: Com certeza que para tirar o Bacharelato/Licenciatura novo é necessário ter menos professores...numa proporção de 5 para 3 mantendo os mesmos cursos e alunos. Ou seja 40% dos professores universitários o que vão fazer? Mais um problema criado pelos tugas que não existia se não houvesse essa invenção das licenciatura de 5 anos.
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por PJBM2 » 29/8/2007 13:10

redhot Escreveu:Muito interessante esta entrevista.

...Ricardo Reis concorreu e foi aceite na London School of Economics. Aos 17 anos foi para Londres. Acabou o curso de três anos [Bachelor] ...Seguiu, então, para os Estados Unidos, onde fez o mestrado [master] e o doutoramento [Phd], na Universidade de Harvard. ...


Aqui também dá para perceber a "trapalhada" dos graus académicos inventada pelos tugas enfiando o grau "Licenciado" que não existia em mais lado nenhum, no meio dos graus internacionalmente aceites (Bachelor, Master e Phd).

E ainda por cima os tugas valorizaram mais esse grau que os outros que são os únicos que existem internacionalmente...

"Licenciado é que é bom, bacharel é pouco e master e doutoramento é só para académicos". Esta frase corresponde ao estereótipo criado pelos tugas nos últomos 20 anos. Por apenas olharam para o seu umbigo.

Com o tratado de bolonha essa "trapalhada" agora foi resolvida à força e temos "resmas" de "Licenciados" que terão de ser convertidos em "Bachelors + Masters", pois caso contrário internacionalmente nínguem sabem o que eles são...

Que raio: Porque complicar o que é simples?...


[/b]


Sim, o processo de Bolonha veio uniformizar o sistema. Para uma parte dos empregos, basta uma formação equivalente ao bacharelato o que necessita um investimento de apenas 3 anos. Uma licenciatura teria de ter 4, 5 ou 6 anos. O inconveniente é o mestrado pós-bolonha não ter o grau de exigência do mestrado ante-Bolonha. Mas isso é incompetência das Universidade Portuguesas.
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por redhot » 29/8/2007 9:33

Muito interessante esta entrevista.

...Ricardo Reis concorreu e foi aceite na London School of Economics. Aos 17 anos foi para Londres. Acabou o curso de três anos [Bachelor] ...Seguiu, então, para os Estados Unidos, onde fez o mestrado [master] e o doutoramento [Phd], na Universidade de Harvard. ...


Aqui também dá para perceber a "trapalhada" dos graus académicos inventada pelos tugas enfiando o grau "Licenciado" que não existia em mais lado nenhum, no meio dos graus internacionalmente aceites (Bachelor, Master e Phd).

E ainda por cima os tugas valorizaram mais esse grau que os outros que são os únicos que existem internacionalmente...

"Licenciado é que é bom, bacharel é pouco e master e doutoramento é só para académicos". Esta frase corresponde ao estereótipo criado pelos tugas nos últomos 20 anos. Por apenas olharam para o seu umbigo.

Com o tratado de bolonha essa "trapalhada" agora foi resolvida à força e temos "resmas" de "Licenciados" que terão de ser convertidos em "Bachelors + Masters", pois caso contrário internacionalmente nínguem sabem o que eles são...

Que raio: Porque complicar o que é simples?...


[/b]
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Entrevista a Ricardo Reis

por Keyser Soze » 29/8/2007 9:05

Entrevista a Ricardo Reis 2007-08-29 00:05

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“Num mês não se falará nesta crise do crédito”
A nova estrela da economia nacional, Ricardo Reis, de 27 anos, fala sobre o momento económico: “é uma crise de liquidez e não financeira”, explica o professor na universidade americana de Princeton.


Helena Garrido

Compreendo o receio dos sindicatos em relação à liberalização do mercado de trabalho, afirma Ricardo Reis. Porque a flexibilização dos despedimentos sem maior concorrência nos mercados de produtos cria margem de exploração dos trabalhadores alerta. É preciso liberalizar também esses mercados, como os das telecomunicações e energia, defende, não compreendendo porque não dão alguns economistas tanta atenção ao mercado de trabalho e tão pouca aos outros. Sobre as reformas que estão a decorrer em Portugal mostra-se impaciente, receia que os efeitos sejam limitados como está a acontecer com a lei do arrendamento. E nota que os jovens portugueses estão deprimidos, não conseguem arranjar emprego, culpando a lei laboral. Diz que corremos o risco de estar a criar uma geração de pessoas cínicas e deprimidas.

Que avaliação faz das medidas que estão ser adoptadas pelo Governo em Portugal?
Já estive mais animado. Depois de iniciar o mandato com muita energia e coragem, a falar em reformar sectores fundamentais como a justiça, a lei do arrendamento e a administração pública, quase três anos depois começa-me a parecer pouco. Ainda estou disposto a dar o benefício da dúvida. A lei do arrendamento, pelo que percebi, teve um efeito nulo. A grande reforma judicial acabou por resvalar para ‘mais uma ou menos uma semana de férias’. A reforma na administração pública está finalmente anunciada mas parece que os efeitos não vão ser grande coisa. Alteraram-se o número de escalões mas continua-se sem despedir ninguém, sem um mecanismo que avalie a produtividade. E há uma série de leis complicadas que não é claro se vão ter algum efeito no funcionamento real das administrações. Estou a começar a pensar que ‘a montanha pariu um rato’, depois de tantos confrontos. Mas continuo optimista, tenho muita admiração por José Sócrates e Teixeira dos Santos. Têm os objectivos e prioridades correctas e estão a fazer o melhor que podem. Mas ao fim de dois anos começo a ficar impaciente e a não saber se estão a fazer o suficiente.

A legislação laboral portuguesa é assim tão diferente da norte-americana? Aquilo que vemos nos filmes, do tipo ‘estás despedido, arruma o caixote’ é real? O ministro das Finanças dizia que não tinha uma visão ‘hollywodesca’ do despedimento…
Não, não corresponde à realidade. Podem ser despedidas assim pagando uma indemnização, não muito, cerca de dois meses. A não ser que o contrato de trabalho tenha alguma cláusula rescisão. Acontece muito pouco.

Em Portugal devia ser assim [como nos EUA]?
Estamos a falar de extremos. Os Estados Unidos têm um mercado extremamente flexível e Portugal tem um mercado extremamente rígido. Concordo com as declarações do ministro das Finanças na entrevista [ao Diário Económico, dia 1 de Agosto]. Mas é muito fácil deitar abaixo uma reforma da legislação laboral apontando para o extremo. Entre um extremo e outro há muito caminho a percorrer, muitos estádios intermédios. Em Portugal pode-se liberalizar muito o mercado laboral sem chegar ao extremo ‘hollywoodesco’. Mas muitas das resistências à reforma do mercado laboral são justificáveis.

Justificáveis porquê?
Têm toda a razão os sindicatos e os socialistas quando dizem que uma flexibilização do mercado laboral vai levar a que o patrão possa explorar o trabalhador. Porque é preciso também uma flexibilização do mercado dos produtos. Se a PT tem posição significativa no mercado de telecomunicações, quando se liberaliza o mercado de trabalho como os técnicos da área só podem trabalhar ali, de facto a empresa pode maltratá-los. O receio das pessoas não é irracional. Na prática, quando se queixam, estão a reflectir o facto de o mercado dos produtos não estar liberalizado. E caso se liberalize muito o mercado de trabalho e não o dos produtos vai cair-se numa situação em que uma série de trabalhadores podem ser explorados. Porque o mecanismo que me diz que o trabalhador não é explorado, que é a possibilidade de ir trabalhar para outra empresa, não está operacional. A liberalização do mercado de trabalho tem de se fazer com mais concorrência no mercado dos produtos. Neste momento alguns estão liberalizados, como o mercado dos media. Nestes sectores as pessoas apoiam a liberalização, podem mudar de emprego. Mas quando olhamos para muitos sectores de serviços em Portugal, onde há empresas muito protegidas, percebo o receio. A liberalização do mercado de trabalho pode ser demasiado apressada se não for acompanhada pela liberalização efectiva do mercado dos produtos.

É preciso mais concorrência no mercado em geral?
Exactamente. Na União Europeia, a maior parte dos bens foi liberalizada, mas o mercado de serviços continua a ser altamente balcanizado por influência de governos que querem campeões nacionais. Seja no cimento, na energia ou nas telecomunicações. Compreendo que os trabalhadores desses sectores perguntem: ‘porque liberalizar o mercado de trabalho se não existe no o mesmo nos produtos, nesse caso ficaremos reféns’. Mas os economistas e algumas pessoas são também responsáveis porque defendem a liberalização do mercado de trabalho e não são tão expressivos a defender a concorrência nos mercados dos produtos e serviços.

E porque não são tão expressivos a defender a liberalização dos outros mercados?
Não sei. O que defendo é a liberalização do mercado de trabalho mas com mais concorrência no mercado de bens e serviços. E acompanhado com uma rede social.

Com a sua visão do exterior, vê os portugueses deprimidos?
Não vejo os portugueses com a esperança que encontro nos americanos. Parte disso tem a ver com a rigidez do mercado e trabalho e a forma como os jovens são tratados. Eu e os meus colegas [professores] vemos que um jovem quer nos Estados Unidos quer em Inglaterra está cheio de esperança, vai ganhar o mundo, está mais actualizado que as pessoas mais velhas… Pode chegar depois aos 35 anos e tornar-se um cínico. Mas está a procurar uma casa, a viver com o namorado ou a namorada, a arranjar um emprego… E arranja trabalho e pode não gostar e vai para outro… Chego a Portugal e vejo as pessoas aos 25 e 26 anos altamente deprimidas, acabaram os cursos, estão há dois anos à procura de emprego, moram com os pais, não têm dinheiro sequer para beber um café, têm de pedir a mesada aos pais…

É razão para se estar deprimido.
Exactamente. Não conseguem arranjar uma casa porque não há mercado de arrendamento, não conseguem arranjar emprego porque está tudo fechado. E a responsabilidade disso é da rigidez dos mercados de trabalho e de produtos. A rigidez nos mercados de trabalho surge exactamente para proteger quem já tem emprego à custa dos mais jovens. Para além dos efeitos económicos, o grande custo da rigidez laboral, é criar uma geração de pessoas cínicas e deprimidas, os jovens que ficam em casa dos pais e não conseguem arranjar emprego e trabalham com recibos verdes. E este custo, a mudança de mentalidade e a depressão, não está em nenhum modelo económico. É a única coisa que me preocupa

Face à crise que se instalou no mercado do crédito, o BCE deveria adiar a sua subida nas taxas de juro e a Reserva Federal deveria baixar as taxas?
As notícias na economia real nas últimas semanas, sobretudo no mercado à habitação norte-americano, não me parecem suficientes para causar uma alteração de curso. Logo, mantenho a previsão de que o BCE suba as taxas de juro uma ou duas vezes até ao fim do ano e o Fed não as desça. O grande senão é se a actual crise de liquidez se transforma numa crise financeira. Aí, tudo é possível.

Os bancos centrais estão a ter a actuação correcta, ao intervirem no apoio à falta de liquidez?
Estão. A única crítica que faço é à habitual falta de transparência do BCE. A sua primeira intervenção foi enorme e o BCE não explicou aos mercados qual era a dimensão do problema. Causou alguma da instabilidade nas bolsas europeias.

Esta intervenção conseguirá evitar uma crise económica?
Penso que sim, que se trata apenas de uma crise de liquidez, da qual daqui a um mês ninguém falara. No entanto, os mercados financeiros são hoje tão complexos e interligados que existe o risco de nos precipitarmos para uma crise financeira. Seria irresponsável ignorar esse risco, e os bancos centrais estão atentos.

O sistema financeiro está demasiado desregulamentado, seria preciso regulamentá-lo mais?
O que está é diferenciadamente regulamentado. Os bancos estão sujeitos a muitas regras, enquanto os ‘hedge funds’ a quase nenhumas.

Existe o risco de uma crise à 1929 [antes dela ocorrer o sistema financeiro também estava desregulamentado]?
Uma quebra na bolsa como em 1929 é sempre possível (como em 1986), mas uma grande depressão durante uma década parece-me muito difícil. Sabemos um pouco mais de politica macroeconómica do que na altura e duvido que cometêssemos os mesmos erros.

O quadro de política monetária desenhado para a área do euro é correcto, quando se estabelece os 2% de inflação aumentando as taxas de juro sempre que esse objectivo estiver em causa?
Sim e não. O quadro do BCE está correcto e é transparente? Não, o BCE é bastante pouco transparente. Embora tenha anunciado que está à procura de um alvo de inflação de 2% não foi claro em quanto é que vai permitir que a inflação se desvie deste alvo. Anunciou que, no longo prazo, quer a inflação nos 2% mas não anunciou quanto é que nos próximos dois anos deixa a inflação subir por causa de um choque petrolífero ou mudanças nos salários.

E deveria fazê-lo?
Devia anunciar um alvo para inflação. A maior parte dos académicos consideram que é melhor ter um alvo para a inflação que um comportamento discricionário. Daí a pressão para que Ben Bernake anuncie um alvo para a inflação nos Estados Unidos. Permite maior transparência. E é a melhor política possível? Hoje há um debate muito intenso sobre este tema na academia que está a extravasar para os bancos centrais. E que é anunciar um alvo para o nível de preços em vez de um alvo para a inflação. O Banco do Canadá como o da Noruega estão a considerar essa hipótese. A maior parte dos modelos dizem que um alvo para a inflação é melhor que nenhum alvo, mas um alvo para o nível de preços é melhor que um alvo para a inflação. O alvo para nível de preços foi experimentado apenas na Suécia entre 1932 e 1936.

Afirma-se que o BCE evita o alvo para a inflação, preferindo o M3 (massa monetária) por causa dos alemães.
O BCE tem um aspecto anacrónico. Fala da actividade económica, da inflação e da massa monetária. Este último é um conceito ultrapassado, uma herança do Bundesbank. Mas pelas acções do BCE verificamos que não parece ligar nada à massa monetária. Continua apenas a inclui-la nos seus discursos. É um folclore.

Na sua opinião qual é o melhor desenho da política monetária, a do BCE ou da Reserva Federal?
Nem um nem outro. O que admiro na Reserva Federal são os movimentos no sentido da maior transparência. As declarações de Ben Bernanke são muito mais claras a explicar a política actual mas também a indicar o caminho que a Fed espera seguir. O que não é tão bom na Reserva Federal é não ter anunciado um alvo para a inflação, há uma certa incerteza quanto aos seus objectivos o que leva a que esteja muito dependente da capacidade e da vontade do seu governador. O BCE tem objectivos mais claros – embora não tenha um alvo – mas em contrapartida é muito menos claro a explicar o que faz e porque faz. Ao contrário de Ben Bernanke, que uma vez por ano tem de ir ao Congresso e a Fed tem minutas das reuniões, o BCE continua a ser pouco transparente. Trichet raras vezes é confrontado por uma pergunta difícil, as suas intervenções são discursos ensaiados para uma audiência que não lhe faz perguntas difíceis.

Que pergunta difícil é que se pode fazer a Trichet?
As perguntas difíceis são aquelas a que Ben Bernanke tem de responder que é explicar porque está a fazer o que faz. Vários economistas defenderam que os bancos centrais devem ser independentes dos governos para que a inflação não seja sujeita às pressões de impressão de dinheiro e de financiamento de défices. E deu-se a independência aos bancos centrais com um sucesso tremendo: redução da inflação em todo o mundo, aumento da credibilidade e diminuição redução das taxas de juro de longo prazo. Mas nós vivemos numa democracia. Não vou dar a independência a um conjunto de tecnocratas que vivem num edifício e têm um bom salário sem me dizerem porque é que estão a fazer o que fazem. O contraponto de lhes dar independência, para fixarem uma política tão importante como a monetária sem responderem aos eleitores, sem estarem sujeitos a um escrutínio da democracia, é a transparência, a explicação do que estão a fazer. É imprescindível que sejam transparentes, que digam o que estão a fazer.

Não foi um pouco esse debate que o presidente da França lançou? O que referiu é que os governos deveriam ser mais interventivos no domínio da política monetária e cambial…
Sim e não. Quando Sarkozy diz que o BCE tem de ser mais transparente, concordo, com certeza. E se o BCE está a ter uma política monetária restritiva que olha demasiado para a inflação e menos para o desemprego – talvez seja verdade – devia simplesmente dizê-lo. Quando Sarkozy diz que deviam ter mais influência na política monetária, não podia discordar mais. É um grande disparate. A grande lição que tivemos nos últimos 25 anos é que os bancos centrais devem ser independentes. Da mesma maneira que hoje Sarkozy pensa que as taxas de juro deviam estar mais baixas para estimular a economia francesa, há um ano eu podia achar que as taxas deviam estar mais baixas para estimular a economia portuguesa, há três anos a economia alemão…Todos os anos algum país pensaria que as taxas de juro deviam estar mais baixas para se ser reeleito. Só que isso leva aos anos 70, com inflação a 15% e recessão. Quanto à política cambial, o governo americano não intervém. A Fed não fala sobre taxas de câmbio, quem fala é o Governo, mas não intervém nos mercados cambiais. Mas Sarkozy tem pouca ou zero influência na taxa de câmbio, pode falar muito mas não sei se alguém vai ligar.

Podia ser um Sr. Euro…
Sem o banco central é impossível influenciar a taxa de câmbio. E mesmo com o banco central é raro conseguir. Não existe política cambial. Nos Estados Unidos quando o Governo fala de taxas de câmbio o que está a dar é um sinal de política comercial. Quando se queixa da política cambial da China o que está a dizer é que não gosta da evolução da balança comercial bi-lateral e está a ameaçar intervir através de tarifas ou legislação comercial no Senado e Congresso norte-americano. Sarkozy pode fazer isso mas nós integramos a Organização Mundial de Comércio Internacional e teria de convencer toda a União Europeia.

Um objectivo de 2% para a inflação não é demasiado baixo, especialmente num enquadramento de inovação tecnológica?
Não. Há um argumento que diz que a inflação deve ser próximo de zero, o que garante que um euro vale sempre um euro, em 1999, agora, ou em 2010. Como um metro são cem centímetros. Previne ao máximo as surpresas e permite aos agentes um planeamento sem nunca se enganarem porque estão a usar uma unidade de medida exacta. Qualquer inflação superior a zero envolve sempre custos. Há um conjunto de riscos que são tanto maiores quanto mais elevada for a inflação. Uma inflação acima dos 6% é muito instável, por isso o ideal é ficar entre 1% e 5%. Porquê ter mais do que zero? Primeiro porque os nossos índices de preços têm um enviesamento – como é o caso da inovação tecnológica. O que significa que quando estamos em 1% ou 1,5% estamos de facto em zero. E ficar perto de 2% cria uma almofada para evitar a armadilha da liquidez de que falava Keynes.

Tem defendido uma taxa de imposto fixa sobre o rendimento e que os sistemas fiscais se apoiem mais no IVA. Concordamos que o IVA é regressivo e os impostos sobre o rendimento são progressivos?
Não concordamos. Antes de mais tenho consciência que são propostas radicais e só estou a tentar estimular o debate. Seria, obviamente, contra a sua aplicação imediata. Mas um imposto de taxa fixa é progressivo, não significa que todos pagam uma taxa. Fiz umas contas com uma taxa de 20%. Por exemplo, até 18 mil euros [anuais] ninguém paga nada. O que significa que, alguém que ganhe 15 mil euros não paga imposto. Se ganhar 30 mil euros, paga 20% sobre os 12 mil euros, ou seja, 2.400 euros, isto é tem uma taxa de 8%. Alguém que ganhe 70 mil paga 20% sobre 52 mil, ou seja tem uma taxa de 14,8%. A taxa média do imposto é completamente progressiva. Só a taxa marginal é fixa.

E quanto ao IVA, é progressivo ou regressivo?
Depende da perspectiva. Uma é a perspectiva de que, seja pobre ou rico, está pagar o mesmo imposto quando compra, por exemplo, um chocolate. Outra perspectiva, que é muito natural para um economista, é que o que dá felicidade não é a riqueza mas sim o consumo. Logo, quem consome mais paga mais. Se uma pessoa ganha mil e gasta cem e outra pessoa ganha cem e gasta cem, comprando exactamente as mesmas coisas e tendo por isso o mesmo nível de vida, estarão a pagar exactamente o mesmo de IVA mas quem ganha mais paga mais IRS por ter os 900 em poupança. Só que esta poupança não lhe deu felicidade, é um número que está num banco. Hoje em dia nem sequer posso olhar para as notas como o Tio Patinhas e ficar contente. O que este número quer dizer é que no futuro essa pessoa poderá consumir 900 enquanto a outra tem zero. Logo pagará mais imposto. A grande diferença entre IRS e IVA é tributar a poupança ou não. No imposto sobre o rendimento está a tributar-se a pessoa, incluindo o consumo e a poupança. No IVA está a tributar-se apenas o consumo, quando ele ocorre. A maior parte dos economistas mostra que uma taxa sobre a poupança é altamente ineficiente e deve ser evitada. E vemos isso na maioria dos sistemas fiscais que cobram uma taxa sobre o rendimento e depois oferecem incentivos à poupança. Na prática estão a criar um imposto escondido sobre o consumo, complicada, pouco transparente, susceptível de ser manipulada e de ser objecto de fraudes, custando milhões ao Ministério das Finanças para os vigiar. O IVA é menos progressivo do que se gostaria, mas pode manipular-se a taxa do IVA aumentando-o sobre bens mais luxuosos.

E como é que se resolve o problema da redistribuição do rendimento?
Mas porque é que se tem de fazer a redistribuição pela receita? Pode fazer-se com a despesa. No IVA já há alguma redistribuição, os mais ricos pagam mais.

Pagam mais em relação a uma situação de não existência de imposto mas menos face ao regime actual.
Penso que sim embora não admita que sim. Teria de fazer cálculos. Nada impede de redistribuir pelas receitas mas também decidir que se vai dar mais dinheiro às populações mais carenciadas.

Na sua opinião existe o ‘Homo Economicus’, racional, com informação perfeita e imediata e racional?
Toda a ciência e sobretudo a economia faz-se à base de simplificações. Quando quero compreender porque é que um balão sobe ou um objecto cai quando o largo, tenho de simplificar. Os modelos físicos da gravidade não existem na realidade, há ventos, fricções, o ar não é puro como no laboratório. A questão não é se as premissas do modelo existem na realidade, mas até que ponto nos podemos concentrar nos mecanismos essenciais que influenciam o que se está a passar. O ‘Homo Economicus’ com certeza que não existe. Mas nunca foi criado para existir, mas para ser uma simplificação que nos permite alguma concentração nos mecanismos base, como a capacidade das pessoas fazerem escolhas que não são internamente contraditórias, de reagirem a variações de preços... E, nesse sentido, esse modelo tem imenso sucesso. Esse modelo tem imenso poder de previsão e também falha em alguns ou mesmo vários casos. O ‘Homo Economicus’ continua a ser, e bem, o modelo básico da economia. Há pequenas variações que conseguem estender bastante o seu poder de previsão. Por exemplo, não é difícil integrar informação imperfeita no modelo do agente racional.

O modelo que investigou não é de informação imperfeita mas sim de informação que se dissemina lentamente por toda a população?
Exactamente. No meu trabalho, o agente, embora seja racional nas suas escolhas e esteja perante restrições orçamentais, gasta recursos para obter a informação que precisa. Como tal, é perfeitamente racional – tendo em conta as suas restrições -, que ele só obtenha a informação de forma espaçada. E a informação vai assim diluir-se lentamente. Mas continua a ser um modelo racional.

Com este novo agente que enfrenta custos no acesso à informação quais os efeitos nos mercados de bens e de trabalho?
Em relação ao comportamento dos consumidores este modelo prevê que, quando surge uma alteração na taxa de imposto alguns apercebem-se rapidamente enquanto outros levam algum tempo a perceber que algo mudou. Um teste empírico disto são os inquéritos realizados três, seis e nove meses depois de George Bush ter alterado as taxas de imposto. Embora o tenha anunciado no seu discurso à Nação, que faz apenas um por ano e é transmitido em todos os canais, apenas 30% das pessoas sabiam três meses depois que tinha existido uma alteração da lei. E das que sabiam, metade pensavam que os impostos tinham subido quando na realidade tinham baixado. Nove meses depois, 75% das pessoas percebem o que se está a passar. Um ano depois toda a gente percebeu que os impostos tinham mudado. Algumas pessoas, pelas suas obrigações profissionais – ou porque são jornalistas, professor – sabem imediatamente que os impostos mudaram. Outras estão a cortar cabelos, a gerir empresas, a conduzir autocarros, só seis meses depois, quando vão preencher o IRS é que se apercebem que os impostos mudaram. E então se calhar podia estar a consumir um pouco mais por ter mais rendimento.

E o efeito da subida é igual ao da descida, é simétrico?
No modelo é igual. Nos inquéritos é difícil distinguir. Se a mudança for muito grande as pessoas reparam mais o que se verifica nos inquéritos e nos modelos. Além disso há diferenças se a mudança for anunciada hoje para se concretizar daqui a um ano ou se hoje se muda impostos de surpresa. O impacto é maior se fizer os anúncios. Mais pessoas se aperceberam.

Foi então correcta a decisão da Alemanha de anunciar com antecedência de que o IVA ia aumentar.
Não necessariamente. O que disse foi que as previsões dos efeitos são diferentes, se essa mudança for anunciada um ano antes ou três meses antes. Outra questão é qual a política óptima para os objectivos que quero atingir. Para esse objectivo, do político que vive no modelo, não é verdade que se deva anunciar uma política fiscal com grande antecedência. Se quiser subir a taxa de imposto sobre o rendimento para recolher mais receita sei que vou desencorajar o trabalho, a actividade económica e gerar um efeito recessivo na economia. Nesse caso vou querer surpreender o mais possível os agentes, de forma a recolher a receita minimizando a distorção que vou criar.

Na política monetária tenta-se em geral não surpreender.
Na política monetária é o oposto. O que em geral quero é combater a inflação sem afectar nenhuma decisão real de produção. E nesse caso quero que todos os agentes saibam para que possam alterar os seus preços com o mínimo de impacto na economia real. Neste domínio convém ser o mais previsível e transparente possível. Há um certo consenso hoje em dia de que é essa a política adequada. As tentativas de afectar o produto acabam por ser sempre contraproducentes.

E no mercado de trabalho, este agente económico…
Mais importante do que o mercado de trabalho é o comportamento dos investidores e sobretudo das empresas que fixam preços. As previsões destes modelos de desatenção – é o resumo de toda uma literatura desde há sete anos – em relação às firmas são de que, quando o banco central altera, de surpresa, as suas taxas de juro, algumas ajustam-se e outras não. Assim sendo, quer o impacto na inflação como no produto vai demorar algum tempo O desfasamento é tal que o impacto máximo na inflação e no produto ocorre quase dois anos depois da mudança na política monetária. Sabemos que isto é assim há 30 anos. Mas é muito difícil de obter nos modelos económicos tradicionais. Nos modelos tradicionais, da mesma forma que os consumidores reagem imediatamente a uma subida no IVA, as empresas também reagem imediatamente a mudança na política monetária. Nestes modelos de desatenção só alguns reagem imediatamente.

Torna a condução da política monetária mais difícil?
Torna diferente, não necessariamente mais difícil. São duas visões do mundo: uma em que os agentes aprendem imediatamente, outra lentamente. Há políticas monetárias ideais para cada modelo. Num modelo perfeitamente racional e informado, se hoje anunciasse que daqui a dois anos vou tentar reduzir a inflação de 8% para 4% verifica-se imediatamente uma expansão económica. Num modelo de desatenção, apenas algumas pessoas antecipam a redução de preços e, como tal, continuo a ter uma recessão. Nos modelos de desatenção, se quiser apenas afectar a inflação e não o produto, devo privilegiar a previsibilidade, o mínimo e surpresas. Sabendo que a inflação vai ser sempre 2% não é preciso perder tempo a negociar o aumento salarial.

A política monetária é mais poderosa que a orçamental?
Depende do que se quer dizer com poderosa. A curto prazo é mais efectiva porque a política orçamental leva meses a mudar, é preciso tempo para mudar a lei, entrar em vigor… Há pouca esperança de responder a um choque, como os preços do petróleo, com a política fiscal. Caso se queira fazer alguma coisa para estabilizar o ciclo, a política monetária é mais eficaz no curto prazo. A longo prazo a política monetária é neutra e a orçamental é altamente eficiente. É possível ter alguns efeitos com a política orçamental no curto prazo criando mecanismos automáticos, o que vai desde os estabilizadores automáticos de que falava Keynes, até coisas mais recentes como referem alguns investigadores do Banco de Portugal como a Isabel Correia e Pedro Teles. Ainda é difícil perceber como é que pode ser concretizado, tendo em conta os processos e as leis fiscais que temos. A política orçamental poderia ter efeitos mais significativos que a monetária. Consegue-se perceber isso por absurdo. Por exemplo, se o banco central amanhã disser que tudo o que custa um euro passa a custar 1000 euros, podia haver uma recessão mas nada mudava. Se o Estado aumentasse o IRS para 100%, tipo ‘tudo o que ganhas é para mim’, toda a gente deixava de trabalhar. A segunda destruía a economia no espaço de segundos, a primeira não fazia nada.

Desse ponto de vista era importante que a política orçamental também respeitasse regras, como acontece hoje com a política monetária?
É uma discussão muito interessante. Da mesma forma que os governos tinham o incentivo de afectar a política monetária baixando as taxas de juro, também há um certo incentivo perverso de os governos incorrerem em défice orçamental, promovendo as obras que gostam. A dívida é que fica mas é para as crianças pagarem quando forem adultas e hoje não votam. Nesse sentido, criar uma regra fiscal que impedisse o político de manipular as contas públicas para ganhar eleições, a mesma lógica que levou à independência dos bancos centrais, parece ter algum sentido. Na prática, não é fácil. Dar independência ao banco central é fácil. Mas como é que se dá independência à política fiscal? Um Governo também é eleito para concretizar projectos. Não se vai impedir um Governo de construir creches versus auto-estradas. Para isso é que votamos.

Ameaçava a democracia?
Obviamente que ameaçava a democracia. Ninguém que defende isso, quer regras fiscais que impedissem o Governo de escolher a composição de despesas e receitas que quiser. É disso que trata a política. Teria de ser sempre uma regra que apenas se aplicasse ao total da despesa, ou ao défice, deixando a composição às escolhas eleitorais. O problema com esta regra é que continua a ser difícil. Ao contrário da taxa de juro, medir o défice ou a despesa pública não é um trabalho fácil. Um político menos escrupuloso consegue manipular esses números com bastante facilidade. Tem pouco efeito criar uma regra que pode ser facilmente subvertida ou desrespeitada, como vimos na caminhada para o euro em que a Itália furou as regras do défice. Uma regra absoluta que prenda completamente as mãos da política orçamental não; é anti-democrático. Restringir os excessos despesistas dos governos, com certeza que sim. Como fazê-lo? Ainda não vi uma boa proposta.

O pacto de Estabilidade não é uma boa proposta?
É uma aproximação a isso, mas diferente. É uma tentativa de colocar um tecto a cada um dos membros e não na sua totalidade.

Acaba por funcionar mal porque os governos manipulam as contas, vêem depois dizer que afinal o anterior Governo escondeu o défice…
Sim. Mas o défice também é um conceito com pouco significado económico. O défice é como o lucro de uma empresa num ano. Pode-se alterar sempre o lucro de um ano para o outro.

A dívida é mais importante?
A dívida e o total das despesas é bastante mais importante.

Mas estávamos a falar do Pacto?...
O Pacto tem um objectivo bastante diferente. Não foi criado por se considerar que os governos são despesistas e isso era mau. Foi criado porque se queria proteger a política monetária das pressões dos governos. Imaginemos que uma família. Um dos seus elementos gosta muito, por exemplo, de sapatilhas e começa a endividar-se com o cartão de crédito. Chega ao fim do mês, a família reúne-se e diz: pagas tu com o teu salário, gastaste três mil euros em sapatilhas…Bom, mas numa família não é assim tão fácil. Um dos outros acaba por ajudar a pagar a dívida. É esse o medo que temos na família chamada Europa. Um país vai aumentando o seu défice, vai a caminho da bancarrota e a certa altura diz aos outros, agora ‘safem-me’ porque se não o fizerem vou ter de renegar a minha dívida. E, ou me salvam directamente dando-me dinheiro para a pagar, ou através da política monetária. Daí a imposição, como aconteceria numa família, de um limite para o défice. O Pacto só tem como objectivo proteger o BCE.

“GOSTO DE VIVER NO MEIO DO CAMPO. A MINHA MULHER GOSTA MENOS...”

Milton Friedman é o seu autor preferido e na televisão gosta de ver séries como “Scrubs” e “Nip Tuck”.

Que cadeiras ensina em Princeton?
Dou aulas no mestrado e doutoramento de finanças públicas e política macroeconómica e no doutoramento. No próximo ano vou coordenar as teses das licenciaturas em economia

Vive perto da Universidade?
A 300 metros da Faculdade. Vivo no meio do campo.

E gosta de lá viver?
Gosto. É uma terra muito pequena, muito calma e pacífica. A minha mulher gosta menos e mete-se no comboio frequentemente para Nova Iorque, que é um hora. Eu cresci em Leça da Palmeira e ela em Lisboa. Eu gosto da paz, de ver os veados no jardim. Também há esquilos mas são muitos, quase uma praga, por todo o lado.

E não quer voltar?
Para onde?

Para Portugal.
Não está nas minhas perspectivas voltar. Talvez a longo prazo. Fui para Londres com 17 anos. Os meus colegas de turma estão por todo o mundo. Quando penso em ‘voltar’ pode querer dizer Europa.

Para onde vai de férias?
Não sei. Estou cá [em Portugal] um mês.

Quanto tempo tem de férias?
Zero. Este ano nasceu o António [filho] e viemos a Portugal. Mas estou a trabalhar cinco a seis horas por dia.

E em geral, quais são as férias?
Bom, eu não dou aulas faço investigação. As aulas são 10% do meu tempo. Dou aulas entre meados de Setembro e Dezembro e depois não dou mais. Ter de estar em Princeton a dar aulas, são três meses por ano. Mas aquilo para que me pagam e a razão porque me podem despedir ao fim de três anos se eu não produzir é a investigação económica com publicação. E aí trabalho todos os meses por ano. E estou lá porque Princeton é o melhor sítio para fazer esse trabalho.

Quais foram as férias da sua vida?
Gostei muito da nossa lua-de-mel ….

Livros?
Acabei de ler um de Kurt Voneghout, “Slaughterhouse Five”, de Kurt Vonnegut, e comcei a ler “On Beauty”, de Zadie Smith.

Há um livro da sua vida?
Não. Há o livro que gostei mais. O de Milton Friedman ‘Capitalismo e Liberdade’.

Porquê?
Gosto muito da argumentação de Milton Friedman, um génio do século XX. Percebe-se como pensar como um economista. E, independentemente das suas teses serem muitos liberais e mesmo libertárias, tem grande clareza e honestidade na argumentação. Depois pode-se discordar. Mas é assim que se faz a discussão. Penso que nunca nenhum economista conseguiu escrever sobre conceitos muito profundos de forma extremamente simples, com uma capacidade de argumentação extraordinária e com ideias originais que ainda hoje estão a ser aplicadas – como os ‘vouchers’ de educação e que ainda hoje se estudam.

Televisão?
Não víamos, mas agora temos o TIVO, uma tecnologia do género DVD – paga-se tipo dez dólares por mês, programa-se o que queremos e gravamos. Quando ligamos a televisão, em vez de vermos o que está a dar vou à memória e escolho. E não vejo anúncios, consigo ver um programa de uma hora em 20 minutos. Antes não via televisão porque não podia ajustar o meu horário ao que queria ver. Hoje não perco um minuto a ver uma coisa que não queira. Tem uma desvantagem, não descubro coisas novas.

E do que gosta?
Gostamos imenso dos ‘Scrubs’ e do ‘Nip Tuck’, o dos cirurgiões plásticos.

Cinema, vai?
Antes do António nascer íamos muito.

Música?
Gosto de música portuguesa. Há um grupo especial que é o Mind da Gap. Oiço Ben Harper.

Jornais?
Só leio jornais ‘online’. Em Portugal compro porque as ligações à net são más.

E assina ‘online’?
Sim, o “Wall Street Journal” e o “Financial Times”. A “Economist” é a única que leio em papel.

Há alguém que admire especialmente?
Não sou muito apologista de admirar pessoas. A pessoa que mais admiro é a minha mulher, reúne as características que eu gostava de ter e não tenho. Em termos profissionais há várias.
Perfil: Ricardo Reis
Professor na Universidade de Princeton, nos EUA, Ricardo Reis faz 28 anos daqui a dias. António, o seu primeiro filho, nasceu este ano, nos Estados Unidos. A mulher, o filho e a economia são, como é fácil perceber, as suas paixões. E os amigos estão espalhados um pouco por todo o mundo. O economista teve um percurso, no mínimo, improvável. Nascido e criado em Leça da Palmeira, ia aprender inglês ao Porto. Um dia, a sua aula foi visitada pela adida cultural da embaixada do Reino Unido, que desafiou os alunos a candidatarem-se a universidades britânicas. Ricardo Reis concorreu e foi aceite na London School of Economics. Aos 17 anos foi para Londres. Acabou o curso de três anos e casou com uma portuguesa que também estava a estudar em Inglaterra. Seguiu, então, para os Estados Unidos, onde fez o mestrado e o doutoramento, na Universidade de Harvard. Concluída há três anos, a sua tese de doutoramento – sobre modelos de desatenção – foi coordenada por economistas de renome, como Robert Barro, Gregory Mankiw, Alberto Alesina e David Laibson. O seu primeiro emprego foi de professor e investigador na Universidade de Princeton. E lá se mantém há três anos. Voltar para Portugal? “Quem sabe um dia...”

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