AmLat - Resumo da semana
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AmLat - Resumo da semana
Olá tudo bem? Cá estamos nós em mais um final de tarde caótico e tempestuoso na mega São Paulo, cuja área metropolitana deverá ter atingido esta semana o habitante nº 18.000.000 !! Não é fácil. Os modems ADSL e as placas de rede é que parece que não gostam de tempestades tropicais. Adiante.
Continua a discussão na rua 15 de Novembro (a Wall Street Paulistana) à hora de almoço: porque é que os mercados continuam virados a Sul? É a economia? Nesta conversa, alguém largou um míssil. “É a guerra, estúpido”.... mas a maioria dos investidores reconhece que isso pode ser uma boa desculpa para os graves problemas da Economia mundial, sem motor de arranque e sem combustível para mais do que isto. São feridas que só o tempo apagará. Os mercados emergentes bem se podem queixar, eles acabam por pagar os custos secundários da guerra e não só. A fragilidade da Argentina e do Brasil foi seguida pela da Venezuela (esta ainda com a mistura de assuntos políticos sérios) e agora pelos problemas do México. Este país, curado da ressaca da crise “tequilla” com a ajuda da Associação de Livre Comércio Norte-Americana, parecia estar um pouco à margem dos problemas latinos. Mas com os “padrinhos” cheios de problemas, não há onde o “afilhado” se socorrer. Por isso, esta semana, foi dado o alerta. O Banco Central retirou liquidez à Banca, provavelmente vai subir os juros, tudo para contrariar a subida da inflação, causada principalmente pela queda do peso face ao dólar que só no ano passado atingiu 16%, tudo por causa da deterioração dos fundamentais (PIB do México só subiu 1% em 2002) e da famosa aversão ao risco, praga que se espalhou por tudo o que fica a sul do rio grande. A verdade é que o peso continuou a cair em 2003, pelo que o Banco Central tudo fará para evitar mais problemas. Tem possibilidades, pois as reservas em dólares são muito boas, andam pelos 48 mil milhões de dólares. De qualquer forma, mais um país em “estado de alerta”... e não é por causa de terrorismo !!
No Brasil, a “bomba” desta tarde deixou de boca aberta até os neo-liberais mais ortodoxos. Não é que um governo que se supunha de esquerda vai ser ainda mais austero do que os antecessores? É a dureza da “real politik” a enfurecer os militantes do PT que nem queriam ouvir falar em mais apertos de cinto. Mas certo é que o ministro da Fazenda, o médico A. Palocci anunciou um remédio santo para o economia brasileira: o superavit orçamental primário da União vai subir de 3,75% para 4,25% do PIB, originando um excedente que pode atingir os 20 mil milhões de dólares. É a tentativa de reagir aos problemas futuros sem permitir um aumento do rácio dívida pública/PIB, que seria desastroso neste quadro de elevadas taxas de juro. Estas ainda poderão subir mais em caso de conflito no Iraque ou caso a inflação não recue. Esta continua acima dos 2% ao mês, o que é considerado inaceitável, tanto mais que o preço do dólar está longe dos máximos de Outubro. Só que, a massa monetária aumentou muito em 2002. O Banco Central do Brasil colocou as impressoras a trabalhar horas extras (se o sr. Greenspan quer re-inflacionar os EUA imprimindo notas, pode crer que funciona mesmo).
Por falar em inflação e em compensação de perdas cambiais, a Anatel, agência reguladora das telecomunicações do Brasil, ofereceu a várias operadores de telefonia celular um singelo presente, embora amargo para o consumidor. As operadoras de telemóveis da Telefónica e da Portugal Telecom, entre outras, vão poder aumentar já amanhã as tarifas em cerca de 22% nalguns planos de facturação. Será mesmo uma boa notícia para ambas? Não vão perder para os concorrentes que não estão autorizados a aumentar agora? Em São Paulo, por exemplo, aperta a concorrência da operadora do sistema GSM, que pertence à TIM – Telecom Itália Mobile. Quando fechar, digamos, o primeiro semestre, veremos se existe vantagem em desincentivar o consumo desta maneira...
Muito interessante foi o acordo (ufa, finalmente) que pode acabar com a lenta agonia da TAM e da VARIG, ambas cada vez com mais dívida acumulada. Ainda é proibido falar em fusão, mas já ninguém duvida de que esse será o caminho a seguir. Para já, fica um acordo de princípio entre as duas companhias aéreas a nível operacional. Ontem, ambas estiveram suspensas na BOVESPA. Quando a negociação foi retomada, a VARIG deu um salto para os céus... infelizmente, para os investidores, a sustentação é pouca devido às actuais condições de mercado. Nos tempos do “bull”, uma notícia destas faria milionários... falando sério, se se concretizar a fusão há muito esperada, poderemos assistir ao nascimento de uma grande Companhia Aérea, de nível mundial, dominando plenamente o mercado latino-americano, integrando as actuais frotas TAM, VASP e VARIG. Quem não gostou foram os sindicatos que já pressentem o pesadelo do “downsizing”.
Notas finais para o Jornal Nacional da famosa TV Globo, ontem à noite. Raramente se fala de Portugal, mas desta vez o destaque foi grande. Além do resumo da história da pedofilia e dos seus contornos, falaram mesmo de Carlos Cruz, com direito a imagens de arquivo. E deixaram uma intrigante informação: o apresentador terá transferido para o Banco Itaú cerca de € 2 milhões... as coisas feias são notícia mesmo, em qualquer parte do mundo !!
O outro destaque para uma reportagem da mesma Globo, no mesmo telejornal, sobre a Bolsa de Bagdad. No meio da tristeza que assola os mercados, nada como umas imagens hilariantes das tais de rir até chorar... os investidores ficam na sala dando ordens aos corretores que logo as passam ao “sistema” que as actualiza para que todos vejam... num quadro branco escrito com marcadores a vermelho, tinta fácil de apagar para que se actualize a cotação outra vez e assim sucessivamente. Nada como um repórter brasileiro para ter acesso a tudo... risada à parte, as acções que mais sobem são as das empresas que deverão sobreviver à guerra e à mudança de regime político. “é a guerra, estúpido”...
E com isto tudo, o nervosismo nunca mais acaba...
Ficam os câmbios médios indicativos do Real – hoje, sexta-feira e do BOVESPA (números finais)
IBOVESPA – 10.380 pts – o índice desceu 5,1% na semana (atingiu os mínimos do ano)
US$ 1 = R$ 3,59 – o dólar subiu 2,3% na semana
€ 1 = R$ 3,88 – o Euro subiu 2,5% na semana
Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,73 aprox.
Um abraço a todos, do tamanho do Brasil
djovarius
Continua a discussão na rua 15 de Novembro (a Wall Street Paulistana) à hora de almoço: porque é que os mercados continuam virados a Sul? É a economia? Nesta conversa, alguém largou um míssil. “É a guerra, estúpido”.... mas a maioria dos investidores reconhece que isso pode ser uma boa desculpa para os graves problemas da Economia mundial, sem motor de arranque e sem combustível para mais do que isto. São feridas que só o tempo apagará. Os mercados emergentes bem se podem queixar, eles acabam por pagar os custos secundários da guerra e não só. A fragilidade da Argentina e do Brasil foi seguida pela da Venezuela (esta ainda com a mistura de assuntos políticos sérios) e agora pelos problemas do México. Este país, curado da ressaca da crise “tequilla” com a ajuda da Associação de Livre Comércio Norte-Americana, parecia estar um pouco à margem dos problemas latinos. Mas com os “padrinhos” cheios de problemas, não há onde o “afilhado” se socorrer. Por isso, esta semana, foi dado o alerta. O Banco Central retirou liquidez à Banca, provavelmente vai subir os juros, tudo para contrariar a subida da inflação, causada principalmente pela queda do peso face ao dólar que só no ano passado atingiu 16%, tudo por causa da deterioração dos fundamentais (PIB do México só subiu 1% em 2002) e da famosa aversão ao risco, praga que se espalhou por tudo o que fica a sul do rio grande. A verdade é que o peso continuou a cair em 2003, pelo que o Banco Central tudo fará para evitar mais problemas. Tem possibilidades, pois as reservas em dólares são muito boas, andam pelos 48 mil milhões de dólares. De qualquer forma, mais um país em “estado de alerta”... e não é por causa de terrorismo !!
No Brasil, a “bomba” desta tarde deixou de boca aberta até os neo-liberais mais ortodoxos. Não é que um governo que se supunha de esquerda vai ser ainda mais austero do que os antecessores? É a dureza da “real politik” a enfurecer os militantes do PT que nem queriam ouvir falar em mais apertos de cinto. Mas certo é que o ministro da Fazenda, o médico A. Palocci anunciou um remédio santo para o economia brasileira: o superavit orçamental primário da União vai subir de 3,75% para 4,25% do PIB, originando um excedente que pode atingir os 20 mil milhões de dólares. É a tentativa de reagir aos problemas futuros sem permitir um aumento do rácio dívida pública/PIB, que seria desastroso neste quadro de elevadas taxas de juro. Estas ainda poderão subir mais em caso de conflito no Iraque ou caso a inflação não recue. Esta continua acima dos 2% ao mês, o que é considerado inaceitável, tanto mais que o preço do dólar está longe dos máximos de Outubro. Só que, a massa monetária aumentou muito em 2002. O Banco Central do Brasil colocou as impressoras a trabalhar horas extras (se o sr. Greenspan quer re-inflacionar os EUA imprimindo notas, pode crer que funciona mesmo).
Por falar em inflação e em compensação de perdas cambiais, a Anatel, agência reguladora das telecomunicações do Brasil, ofereceu a várias operadores de telefonia celular um singelo presente, embora amargo para o consumidor. As operadoras de telemóveis da Telefónica e da Portugal Telecom, entre outras, vão poder aumentar já amanhã as tarifas em cerca de 22% nalguns planos de facturação. Será mesmo uma boa notícia para ambas? Não vão perder para os concorrentes que não estão autorizados a aumentar agora? Em São Paulo, por exemplo, aperta a concorrência da operadora do sistema GSM, que pertence à TIM – Telecom Itália Mobile. Quando fechar, digamos, o primeiro semestre, veremos se existe vantagem em desincentivar o consumo desta maneira...
Muito interessante foi o acordo (ufa, finalmente) que pode acabar com a lenta agonia da TAM e da VARIG, ambas cada vez com mais dívida acumulada. Ainda é proibido falar em fusão, mas já ninguém duvida de que esse será o caminho a seguir. Para já, fica um acordo de princípio entre as duas companhias aéreas a nível operacional. Ontem, ambas estiveram suspensas na BOVESPA. Quando a negociação foi retomada, a VARIG deu um salto para os céus... infelizmente, para os investidores, a sustentação é pouca devido às actuais condições de mercado. Nos tempos do “bull”, uma notícia destas faria milionários... falando sério, se se concretizar a fusão há muito esperada, poderemos assistir ao nascimento de uma grande Companhia Aérea, de nível mundial, dominando plenamente o mercado latino-americano, integrando as actuais frotas TAM, VASP e VARIG. Quem não gostou foram os sindicatos que já pressentem o pesadelo do “downsizing”.
Notas finais para o Jornal Nacional da famosa TV Globo, ontem à noite. Raramente se fala de Portugal, mas desta vez o destaque foi grande. Além do resumo da história da pedofilia e dos seus contornos, falaram mesmo de Carlos Cruz, com direito a imagens de arquivo. E deixaram uma intrigante informação: o apresentador terá transferido para o Banco Itaú cerca de € 2 milhões... as coisas feias são notícia mesmo, em qualquer parte do mundo !!
O outro destaque para uma reportagem da mesma Globo, no mesmo telejornal, sobre a Bolsa de Bagdad. No meio da tristeza que assola os mercados, nada como umas imagens hilariantes das tais de rir até chorar... os investidores ficam na sala dando ordens aos corretores que logo as passam ao “sistema” que as actualiza para que todos vejam... num quadro branco escrito com marcadores a vermelho, tinta fácil de apagar para que se actualize a cotação outra vez e assim sucessivamente. Nada como um repórter brasileiro para ter acesso a tudo... risada à parte, as acções que mais sobem são as das empresas que deverão sobreviver à guerra e à mudança de regime político. “é a guerra, estúpido”...
E com isto tudo, o nervosismo nunca mais acaba...
Ficam os câmbios médios indicativos do Real – hoje, sexta-feira e do BOVESPA (números finais)
IBOVESPA – 10.380 pts – o índice desceu 5,1% na semana (atingiu os mínimos do ano)
US$ 1 = R$ 3,59 – o dólar subiu 2,3% na semana
€ 1 = R$ 3,88 – o Euro subiu 2,5% na semana
Obs.) Para quem está a chegar ao Brasil, de férias ou negócios, o câmbio turismo aponta para um valor de R$ 3,73 aprox.
Um abraço a todos, do tamanho do Brasil
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