Surfer Escreveu:Mas acho essas justificações "miopes" ou uma forma "miope" de encontrar as razões que levam os americanos a desejarem a guerra.
Será que desejam mesmo?! A diplomacia resolve?!
Não vou alongar-me neste assunto até porque não chegamos a nenhum entendimento certamente, mas recentemente já aqui referi que acho a diplomacia e as Palavras (tanto que se fala e abusa-se das Palavras) são um «pau de dois bicos».
Palavras sem Factos, é uma "arma" muito perigosa e com efeitos preversos a longo prazo.
A miopia não é unidireccional. Quanto muito será bidireccional. Mas será que ainda não percebeu quem é que realmente manda hoje em dia nos EUA? Mas digo-lhe uma coisa Surfer, prefiro a ambiguidade da diplomacia e das palavras do que a verdade definitiva das armas. Não se esqueça de uma coisa, quando premir o gatilho não há retorno. Mas seguindo essa lógica, se John F. Kennedy fosse George W. Bush não tenha o Surfer a mínima dúvida que daqui a pouco estaríamos perante um holocausto nuclear. Com aquela diplomacia musculada do "ou vão comigo ou vou sozinho"...E sabe onde é que estaríamos nós todos por esta altura? Nem sequer tínhamos nascido caro Surfer, muito provavelmente. E agora pergunto-lhe eu outra coisa, a política da estalada permanente e desproporcional de Israel contra a Palestina resolveu alguma coisa? Não viviam todos muito melhor enquanto funcionou a diplomacia? Quer outro exemplo? A guerra civil do Líbano: serviu de alguma coisa tantos anos de estalada? Vá agora a Beirute para ver se reconhece aquela cidade onde morreram em 1984 241 soldados norte-americanos num atentado terrorista da Jihad Islâmica. Só quando se calaram as armas de uma guerra onde ninguém alguma vez ganharia é que foi possível fazer regressar ao país parte da diáspora e levar a cabo uma das recuperações mais espectaculares do Médio Oriente. E sabe quem é que apoiou e promoveu o status quo inter pares? Uma das nações que faz parte do eixo do mal, a vizinha Síria.
Surfer Escreveu:Exemplo:
Se os americanos após ajudarem o Bin Laden a explusarem os russos do Afeganistão, cumprissem com a palavra de ajudar a recuperação do pais, talvez o 11 de Setembro fosse ainda hoje uma mera data de calendário.
Os americanos alguma vez prometeram o que quer que seja enquanto os soviéticos por lá andaram? Oficialmente, os EUA não estavam envolvidos na guerra civil afegã à data. O apoio norte-americano era efectuado através da ditadura militar do General Zia Ul Haque e dos seus serviços secretos que viriam mais tarde a apoiar e inventar uma das coisas mais terríveis do nosso tempo chamado Taliban.
Surfer Escreveu:Alemanha e a França não querem guerra ou não pretendem que Saddam caia do poder?! É do conheçimento mundial que a França tem fortes interesses no Iraque desde a decada 50/60, Saddam esteve quase a comprar tecnologia à França, mas segundo se sabe não consegui por oposição dos EUA. Será que é mesmo a guerra que está em causa para a França e Alemanha?!
Alemanha e a França são donos do moral, vontade e liberdade de decisão da Europa?! Quem são esses senhores para se reunirem à margem do resto da Europa e decidirem pela Europa?!
A França é que tem fortes interesses no Iraque? Se há relatórios que dão conta das vendas de tecnologia ao Iraque provenientes da França, Alemanha, Itália, EUA e Reino Unido após o fim da guerra com o Irão e antes da invasão do Kuwait? É óbvio que o eixo Paris-Berlim não é particularmente interessante para a Europa. Da mesma forma que não me agrada rigorosamente nada uma Londres seguidista dos EUA contra a UE. E já agora Surfer, quem é que realizou um encontro em que só foram convidados alguns chefes de governo? Mas digo-lhe mais Surfer, sou muito mais depressa alemão ou francês do que americano.
Surfer Escreveu:Os americanos ignoram quem tem que ignorar em nome dos seus interesses, não é verdade?!
Talvez não seja correcto avaliarmos estas questões tão superficialmente, Mas e a Europa?!
Sim nós, não nos estamos a esquecer que a Turquia já alguns anos pede consecutivamente para integrar a Comunidade Europeia e nós dizemos NÃO a um pais mulcumano que está a fazer um esforço termendo interno para mudar de acordo com as nossas directrizes e nós dizemos sempre NÃO, NÃO!!!
O que nos poderá custar à Europa daqui a uns anos mais tarde este "virar de costas" a quem nos estende a mão?!?
É fácil apontar o dedo ao "vizinho" não é?! Porra, tantos seculos de história de pestes, crises, guerras, fome e miséria que passamos e continuamos os mesmo, sempre com a mesma mania, os mesmo traumas.
Desculpem-me, mas «já cheira mal» essa conversa do Bush e dos americanos.
Surfer
Eu não percebo aqui muito bem o seu raciocínio Surfer. Que traumas e mania? A Europa a querer libertar-se do domínio americano alimentado e alicerçado por uma II Guerra Mundial e Guerra Fria? A Europa a querer ser uma alternativa económica, política, social, pátria da tolerância e desenvolvimento? É a esse trauma que se refere?
Ou às sucessivas tentativas de inviabilização do funcionamento de uma UEO como deve ser através das diversas manobras no seio da OTAN, dominada pelos EUA?
Finalmente a Turquia, país que tanto me agrada pelas suas gentes cosmopolitas e bonitas de Istanbul, Lisboa do Oriente, com a sua çorba e cheiros mil, o chamamento do alto dos minaretes, as cores, o movimento, Taksim. Grande Turquia. A Turquia Surfer ainda não fez todas as alterações necessárias para entrar no clube. Tout court não concordo com a tese de Valérie Giscard d'Éstaing mas também é óbvio que a Turquia, apesar de ter evoluído bastante, não é exactamente o que podemos chamar de uma "democracia madura" como corolário do movimento iniciado Mustafa Kemal, mais conhecido por Ataturk. É sabido quem é que ainda manda na Turquia: os militares e as forças de segurança. Será uma inevitabilidade a junção da Turquia à Europa. Nem tanto devido à parte europeia da Turquia que é ínfima, mas por laços históricos que nos unem e à necessidade geoestratégica da Europa em estender fronteiras. Mas antes disso, será fundamental ter a certeza de ter a Turquia as fronteiras "seladas" (está a ver o que é aparecer aqui em Lisboa um tarado qualquer da Abkhazia com dinamite amarrada ao corpo?), acabar com o tráfego de droga onde a Turquia é uma placa giratória, resolver o problema de Chipre, resolver os diferendos do Egeu, acabar com os campos de treino de fundamentalistas islâmicos algures lá no meio, resolver os problemas com os turcos, respeitar os Direitos Humanos, "endireitar" a economia entre outras coisas. Depois sim, podemos falar. Já pensou igualmente que quando abrir a porta à Turquia e já com a questão malteca e cipriota qualquer dia tem Marrocos, Tunísia, Argélia, Líbia, Iraque, Síria, Irão, Geórgia, Arménia, Arzebaijão a bater-nos à porta? Ainda por cima alguns deles fazem parte da Europa.
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