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Novabase

MensagemEnviado: 21/1/2003 14:58
por Visitante
A Novabase quer crescer no espaço ibérico, admitindo recorrer ao mercado para uma eventual aquisições no mercado espanhol, disse em entrevista ao Negocios.pt, Rogério Carapuça, presidente da Novabase que acredita em novas falências e consolidações nas tecnologias de informação.

Qual é a vantagem de ter o BES como accionista de referência?

Rogério Carapuça:Tem bastantes vantagens do ponto de vista de imagem da própria empresa. O facto de ter accionistas importantes e idóneos no nosso mercado, transporta a mensagem que a Novabase é uma boa empresa.

O acordo com o BES [Cot, Not, P.Target] implica um maior reforço de capital na vossa empresa acima dos 10,79%?
R.C.:Não. Penso que eles estão confortáveis com esta participação.

É um acordo renovável por mais cinco anos. De quem é essa opção?
R.C.:Nossa. Na realidade, o acordo será renovado por mais cinco anos se a Novabase tiver de acordo e se o BES tiver satisfeito com o trabalho. Se o trabalho for bem feito e a Novabase [Cot, Not, P.Target] quiser continuar, será renovado por mais cinco anos.

O BES terá direito a nomear um administrador na Novabase?
R.C.:Sim, a partir dos 10% isso é pressuposto. Já transmiti esse convite e como temos uma assembleia geral (AG) este ano que é eleitoral vai haver proposta de um novo conselho de administração (CA) e espero que o BES tenha um administrador no nosso CA.

A Novabase está a ganhar dimensão no mercado. A estratégia de algumas empresas passa pela aquisição de participações em cotadas. Isso também faz parte da vossa estratégia?
R.C.:Neste momento não temos nenhuma decisão feita sobre essa matéria, mas não é uma coisa que eu no futuro, afaste. Se houver condições para haver participações cruzadas, não tenho nada contra isso.

No ano passado, falou de um aumento do «free float». Acabou por acontecer ou será feito em 2003?
R.C.:Não ocorreu no ano passado porque estávamos a viver as condições de mercado, que não eram propícias a fazer esse tipo de negócios. Não afasto, como não afastei nessa altura de fazer um dia, mas quando o mercado tiver em situações que o favoreçam. E não será este ano, em sua opinião?

R.C.:Não sei, não sabemos prever o futuro. Acredito que haverá com certeza uma recuperação do mercado, mas não sabemos qual é que é o «timing». Estamos a contar que possa não ser em 2003 e se vier a ser, melhor.

Acha que a cotação da Novabase avalia-a no seu real valor?
R.C.:Nós aceitamos serenamente o julgamento do mercado. Acho que sim.

No ano passado, fizeram inúmeras aquisições. Este ano também já anunciaram a compra da ATX. Mantêm a intenção de ser líderes ibéricos dentro de quatro ou cinco anos?
R.C.:O que disse gostaria de estar entre as primeiras empresas ibéricas deste sector nesse intervalo de tempo. Eu mantenho a ideia de que o mercado ibérico vai cada vez mais integrar-se, homogeneizar. E somos uma das maiores empresas presentes no mercado português, talvez a segunda, a seguir à Edinfor (da EDP). Era agradável estar entre os 10 primeiros do mercado ibérico dentro de algum tempo.

Têm expectativas positivas para este ano no mercado espanhol?
R.C.:O mercado espanhol é um mercado difícil, fechado no que diz respeito a vendas que vêm de outros países. Estamos a analisar com cuidado os resultados que tivemos com o trabalho comercial feito em 2002 e consoante o resultado ou modificamos a nossa postura, em vez de tentarmos crescer organicamente, tentando comprar qualquer coisa.

Isso vai ser decidido este ano?
R.C.:Isso será definido ainda este ano. E na conferência de imprensa para apresentação de resultados de 2002, já darei uma resposta certamente a essa sua pergunta.

Em 2001 falou sobre o facto da empresa ter recursos próprios para investir nos próximos dois anos. Continuam com essa capacidade financeira?
R.C.:Era até 2003 e já cá chegamos e para o tipo de aquisições que temos feito tem chegado. Em termos de que procuramos fazer com estas aquisições é consolidar a nossa posição no mercado português e para negócios em «cash» tem chegado.

Se quisermos fazer para uma possível entrada mais a sério em Espanha e se optarmos por aquisições, podem não ser deste tipo de tamanho. Essas aquisições têm que ser maiores e aí ou estamos a falar de trocas de capital com capital da Novabase ou há que financiá-las de outra forma.

Como recurso ao mercado de capitais?
R.C.:Pode ser. Por isso é que temos adoptado uma postura extremamente cautelosa tanto quanto possível para estudar esses mercados, até vermos como fazer coisas com uma dimensão superior. Os meios também têm que ser outros.

Em resultado da estratégia de aquisições, a Novabase mantém a intenção de não distribuir dividendos?
R.C.:Nós procederemos em conformidade com o que temos dito. Pode acontecer em futuras AGs propormos que se continue a presente política de não distribuição de dividendos.

Fizeram uma reestruturação que implicou a redução de efectivos?
R.C.:Houve também alguma redução de efectivos, não só por eliminação de redundâncias. Tentámos fazer isso com as áreas que são mais ou menos necessárias.

Essa reestruturação vai-se manter em 2003?
R.C.:Esta reestruturação está feita e faltam alguns aspectos formais. Tínhamos 18 empresas na Novabase Consulting e vamos passar a ter cinco, mais as duas que estão no estrangeiro: Espanha e Brasil. As outras áreas, têm poucas empresas, como a Octal TV.

Continua a apostar nessa área da televisão interactiva?
R.C.:Sim, nomeadamente, acredito que haverá bastante mercado no imediato para produtos menos interactivos e acredito, no futuro, vão continuar equipamentos interactivos e isso só quando houver uma retoma geral do mercado.

Vai haver uma nova tecnologia de televisão digital terrestre. Esperam ser fornecedores do consórcio vencedor?
R.C.:Já temos coisas a funcionar nesse domínio, desenvolvemos soluções para TDT, em protótipo de produzir e fornecedor equipamentos para a TDT em Portugal.

Quais são perspectivas a nível global do sector das tecnologias de informação em 2003 e, em particular da Novabase?
R.C.:2003 é um ano que nasce com todos a dizerem que ainda vai ser um ano difícil. Mas é bom ser prudente que pode ser um ano difícil e penso que vai continuar o processo de consolidação do mercado.

Houve «n» empresas que tiveram dificuldades em 2002, algumas delas poderão ter ido à falência. O mercado vai aparecer em 2003 com muitas baixas de empresas e acredito que há espaço para existirem duas grandes empresas nacionais que facturem à volta de 150 a 200 milhões de euros, além das multinacionais que estão a operar no nosso mercado, sendo que algumas já vão desinvestindo.

Também esperam fazer mais compras em Portugal?
R.C.:Pode acontecer. Não digo que sim, nem que não. Numa altura em que o mercado se contrai, é a boa altura para comprar e esperemos que as condições de mercado não se agravem muito mais.

O nosso interesse estratégico neste momento, desenha-se muito mais em Portugal do que no exterior. A nossa prioridade é consolidarmos bem o que é a nossa condição no mercado natural.

Quando as coisas permitirem, queremos voltar à lógica de internacionalização, sendo o espaço ibérico o nosso futuro espaço natural. Agora isso, pode ser feito organicamente ou por aquisição, sendo que para fazer «mossa» é necessário comprar coisas maiores e é necessário o financiamento. Na área de consultoria vamos continuar a apostar no «outsourcing».

Por Bárbara Leite




por Canal de Negócios