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Grande Ulisses!

MensagemEnviado: 16/1/2003 22:43
por Cem
Por vezes já me assaltou essa tentação.
Será que conseguiria bater o sistema? É que quando temos um negócio perdedor por vezes penso: que estupidez, provavelmente se fosse eu jamais teria entrado numa compra daquelas; idem para os negócios vencedores do sistema: ora, se fosse eu também entrava longo e vendia mais ou menos na mesma altura.
A dúvida surgiu-me a certa altura, é verdade, mas faltava uma prova dos nove que me convencesse definitivamente.
Depois das cotações se sucederem tudo parece fácil e lógico, eu também teria comprado ali e vendido acolá, isto parece tão lógico, só que...olha, vou-te confessar uma coisa, a única pessoa que conhece parte desta história real é o nosso amigo Arnie, amigo de longa data na net e que considero um analista de grande futuro.
Pois foi assim: pedi ao Arnie para controlar e monitorizar as minhas trades reais diárias de parte da minha carteira, que lhe enviava por mail, em futuros no PSI e no IBEX, incluindo os outputs dos parâmetros principais oscilatórios e tendenciais do sistema de trading. Deste modo tinha alguém que certificava que jamais cederia a qualquer tentação de me afastar das ordens disciplinadas do sistema. Em paralelo, e isto não disse nada ao Arnie, anotei na minha agenda pequena o que faria eu próprio no caso de ser eu a tomar decisões ( felizmente em termos teóricos porque já suspeitava que o sistema me iria bater sem apelo nem agravo).
Aqui ficam os resultados de 2002, em termos de rentabilidade líquida, para efeito de mera curiosidade comparativa:
PSI ( Sistema de trading): +23.2%
PSI ( Cem): -8.3%
IBEX ( Sistema de trading):+163.6%
IBEX ( Cem): +14.9%

Resultado óbvio: terminei com as possíveis ilusões concorrenciais e, pelo contrário, acentuou-se ainda mais a convicção que afinal nunca teria hipóteses de enfrentar com sucesso este concorrente cibernético!

A percepção e o feeling certo para estas coisas são um dom muito raro.
Felizmente representas condignamente a elite desse pequeno grupo que sempre conseguirá ter sucesso assegurado neste negócio assombroso do trading especulativo.

Um grande abraço para ti ( e aproveito para retribuir da mesma forma ao Scuba e ao Red),
Cem

MensagemEnviado: 16/1/2003 21:17
por Ulisses Pereira
Cem,

Há várias coisas que admiro em ti, mas o que mais me impressiona é a confiança que tens no teu sistema. A confiança é, como sabes, um dos mais críticos factores de sucesso no "trading", mesmo para quem negoceia com base no sistema.

O que te queria perguntar era se, frequentemente, não sentes que eras capaz de bater o teu sistema? Não estou a dizer que te sintas tentado a desrespeitar o teu sistema (sei que sabes que seria o primeiro passo para o desrespeitares sempre!). O que quero saber é se não tens momentos em que achas capaz de bater a rentabilidade do teu sistema? E a frequência com que essa ideia aparece na tua cabeça tem diminuído ao longo dos tempos?

Desculpa estas perguntas aparentemente deslocalizadas, mas a componente psicológica de um "trader" é um dos meus pontos de interesse e estudo e acho que há a tendência para desvalorizar esta componente nos "traders" que negoceiam segundo o seu sistema mecânico.

Um abraço,
Ulisses

MensagemEnviado: 16/1/2003 20:57
por Red
Cem,
Com que então já vês o brilho do holy grail!... acho que conheço esse entusiasmo que descreves, de querer chegar a casa para ir fazer mais testes e confirmar se é mesmo assim. Se não fosses o Cem dizia-te para teres cuidado com o backtesting do Metastock que prega partidas :) Também tenho de conseguir a versão 8 que a 7 ainda é limitadíssima...
Força com os testes e espero que se confirmem esses resultados de sonho! Mais de 50% de trades positivas em modo tendencial é obra (parabéns).
Eu ando entretido a explorar o potencial dos pares de acções long/short... muito interessante mas como fazer backtest? Não faço ideia.

Um grande abraço,
red

Admiro a sua generosidade e agradeço as explicações...

MensagemEnviado: 16/1/2003 10:48
por Scubawarrior
Desejo-lhe tb um excelente ano, com muita saúde que é o maior activo que a vida tem!


Cumprimentos




Scuba

Respondendo a todos!

MensagemEnviado: 16/1/2003 0:41
por Cem
Obrigado pelos vossos comentários.
Vou procurar responder da forma mais sucinta que puder às vossas questões.
- Ao JN:
a) A escolha dos activos para trading é no meu caso motivada essencialmente pela mistura de 3 factores: grande liqidez ( sem manipulações enganosas), volatilidade ( para acelerar as rentabilidades potenciais) e possibilidades de alavancagem (daí a escolha de produtos derivados). Daí a razão da escolha ter recaído em índices de acções muito transacionados. O PSI é uma excepção à regra mas o facto de eu ser Português e do teste do sistema ter originado excelentes resultados no nosso índice, levou-me a incluí-lo na minha carteira de trading.
b) No money management não caberia aqui em pouco espaço uma explicação detalhada. Talvez possa focar uns quantos pontos importantes: em regime lateralizado ou de trading range o número de contratos em risco deve ser substancialmente mais reduzido que em regime tendencial; quanto à fórmula de Kelly, que uso diariamente na dosagem dos contratos em risco, é a base do cálculo limite máximo de risco que resulta de uma análise estatística que leva em conta o histórico do rácio profit / loss dos resultados do sistema de trading, a taxa líquida de sucesso de cada trade, os drawdowns e o risco de posicionamento dado pelo primeiro indicador do gráfico do exemplo.
c) Em relação à não necessidade de usar stops, obviamente tal princípio só se aplica ao sistema de trading que desenvolvi para mim, aceito humildemente que a maioria dos traders terão outros métodos nos quais o uso de stops joga um papel fundamental na defesa do capital ou na entrada em determinadas trades. Os stops em si são um princípio são e correcto e a sua ausência numa qualquer estratégia de trading tem de ser claramente justificada por razões bem fortes, relacionadas com o evitar permanente de situações de bancarrota. Um capital significativo de trading custa muito a ganhar e só o temos uma vez na vida. A razão principal porque não uso stops no meu sistema deve-se ao facto de estar a usar quase sempre factores conservadores de alavancagem, pouco significativos; os testes históricos ao meu sistema de trading provaram-me que me prejudicariam a rentabilidade anualizada entre 5 a 8% ao ano, se os usasse.
d) Indicadores de gráficos semanais, penso que é o mesmo que estarmos a referirmo-nos a indicadores com um número de sessões extremamente elevado, normalmente superior a 100: claro que dou importância a esse aspecto, não pode ser menosprezado ou minimizado sem com isto querer dizer que sejam os melhores indicadores, longe disso, mas incorporam por exemplo os meus indicadores de posicionamento ( onde os de longo prazo se contam por 3 indicadores em 10 na parcela tendencial, a que dá origem aos lucros do sistema em regimes tendenciais claros, que no fundo nos faz posicionar longos ou curtos) e os de medição do regime de trading ou grau de oscilação do mercado ( lateral ou tendencial). Assim, para exemplificar, num bear market essa introdução obriga-me a ser muito mais cuidadoso ao assumir posições longas porque os indicadores de posição tendencial só fornecem nesse caso valores positivos baixos (= número baixo de contratos longos) e valores negativos próximos do limite negativo máximo (= alavancagem de curtos encostada ao limite máximo admissível pelas fórmulas de money management).
- Ao amigo “Admirador” só me resta agradecer igualmente as simpáticas e elogiosas palavras que não mereço.
A questão do drawdown dos 25% faz com que eu lhe diga o seguinte em relação a um tema pouco tratado em management de capitais: o risco associado a trades em activos muito correlacionados é muito semelhante a termos uma carteira pouco diversificada, quase como se tivéssemos um único activo. Isto pode ser um grande defeito mas ao mesmo tempo uma grande vantagem se pusermos do nosso lado toda a vantagem probabilística associada ao número de trades efectuados com o passar do tempo, se tivermos consciência que o factor igual à taxa de trades positivas a multiplicar pelos ganhos médios das trades positivas é claramente superior ao factor igual à taxa de trades negativas a multiplicar pelas perdas médias das trades negativas, ou seja, desde que o rácio profit / loss seja claramente superior a 1. É um aspecto ao mesmo tempo preocupante, por originar picos acentuados de drawdowns controlados, mas altamente recompensador pelas altas taxas de rentabilidade que estão em causa em produtos para os quais os indicadores se encaixam e explicam como uma luva.
O perigo maior reside num crash caso eu esteja posicionado contra tal movimento. Se houver um crash em New York os outros índices certamente levam por tabela. Como enfrentar esta situação? Pessoalmente encaro os crashes como acontecimentos que, em situações normais de ciclos especulativos, são antecedidos por um crescente clima de tensão que se vai avolumando, fazendo sentir em que lado do mercado, longo ou curto, irá acontecer. Não é possível determinar o dia ou o mês da sua ocorrência mas existem indicadores que deixam no ar indícios fortes de uma sua possível próxima ocorrência, aí sim, é possível tirarmos algumas conclusões, tipo valores extremados de ratings de movimento direccional associados a altas volatilidades, que no meu caso me obrigaria a aliviar uma percentagem significativa de posições. Curiosamente, ao longo dos testes intensivos que tenho feito, desde inícios da década de 80 para cá, em todas as sessões do tipo crash em que de fecho a fecho houve variações superiores a 8%, apenas em uma situação seria apanhado num crash de cerca de 11.5% num índice e numa altura em que estaria alavancado de 1.3, uma perda total equivalente a 15% do capital total numa única sessão. Seriam ossos do ofício se tivesse de passar por essa situação, estou plenamente convencido que se continuasse a fazer trading por mais 20 ou 30 anos terei de enfrentar dias certamente bem piores, admito até ter de enfrentar estatisticamente situações extremas de desaparecimento súbito de 40% do capital! Mas quem não arrisca não petisca…
Um teste giro ao PSI-20 desde 1992 até hoje feito pelo sistema de trading, seguindo à risca todos os sinais e sem uso de stops, usando uma alavancagem permanente de 2, capitalizando os lucros em novos contratos e considerando um valor de custos de 0.3% por trade para comissões e spead ( actualmente deveria com toda a certeza usar perto de 0.5% por trade, mas historicamente tirei uma média mais realista), isto é só teórico porque os futuros do PSI só apareceram em 1996, concluiu que levaria à multiplicação do capital inicial por 216, com um open drawdown ( perda máxima de capital desde qualquer máximo que fosse sendo atingido) de 22.8%! Se seguisse só o PSI com o sistema de trading desde essa altura e sempre com uma alavancagem constante de 2, estaria hoje milionário …pena eu só ter começado no PSI em 1997, ainda me falta muito para lá chegar!
Pelo menos os testes ao sistema, do passado teórico e do seu presente prático de alguns anos, levaram-me a concluir que ficarei a ganhar mais com os crashes do que a perder porque, excepto em um caso, estaria sempre posicionado a favor do próprio crash. Claro que o passado não é justificação para ocorrências futuras mas como tudo isto gira à volta de emoções comportamentais que se vão repetindo no tempo…
- Ao Red, o grande especialista em CFDs, vai também um grande obrigado.
A questão que colocaste sobre aproveitamentos de picos de volatilidade acentuada não há dúvida que faz sentido mas é um pau de dois bicos. Se por um lado o DAX pode voltar ao seu canal de trading natural, por outro lado a quebra de um breakout pode originar uma situação de squeeze incontrolável, pelo disparo de milhares de stops sucessivos e volumes anormais consequentes, fazendo alterar de forma brusca o regime de trading range por um regime tendencial. Só o sistema de trading poderia recalcular após o fecho, de forma reactiva, a nova situação criada, levando em conta parâmetros de ponderação e emotivos que se prendem com volumes e volatilidades. Conforme dizes, prefiro não arriscar e ir mantendo calmamente o sistema a dar instruções em velocidade de cruzeiro.
Entretanto nestes últimos fins-de-semana tenho estado entretidíssimo a explorar as possibilidades do novo “Enhanced System Tester” do Metastock 8, muito mais performante porque permite simular alavancagens em futuros e fazer testes simultâneos em vários sistemas e centenas de activos ao mesmo tempo com saída de gráficos variadíssimos de resultados. Pois ía a dizer que cheguei a uma conclusões que me deixaram um pouco “abismado” acerca do meu sistema de trading, no caso da introdução de 2 novos indicadores de divergência que criei recentemente e que isolados estou convencido que seriam óptimos sistemas de trading. Já tinha referido isso aqui uma vez no fórum, tudo me indica que dentro de alguns meses devo conseguir criar um novo Holy Grail, para mim claro, no qual transaciono cerca de 50% do tempo actual em que estou com posições abertas, com um rácio de profit / loss praticamente igual ao dobro do actual sistema, e pela primeira vez com uma taxa de sucesso de trades vencedoras sobre perdedoras um pouco superior a 50%, mantendo a filosofia actual do sistema. Muitos autores que têm sistemas com filosofia idêntica, do tipo tendencial, dizem que essa taxa raramente ultrapassa os 30 a 40%. Estás a ver o que ando agora a explorar e a tentar introduzir na futura versão de trading! Claro que, como as taxas de sucesso e profit / loss aumentam de forma clara, originando uma rentabilidade anualizada ligeiramente superior à actual sem sistemas alavancados, a conclusão lógica é passar a autorizar valores limites de alavancagem na casa dos 5 e qualquer coisa pela fórmula de Kelly! O único defeito é o aumento do drawdown, que aumenta numa proporção idêntica à fórmula de Kelly…mas se usar um meio caminho, usando algo parecido com 4 e pouco como coeficiente máximo de alavancagem do novo sistema, a rentabilidade anualizada vem melhorada em cerca de mais 1/3 !
Estou em pulgas para pôr aquilo au point na programação final e depurar e confirmar noutros activos a validade dos pressupostos dos novos indicadores. Aquilo é uma espécie de novas vacinas ou inibidores que detectam os padrões mais duvidosos, ou os menos bons, obrigando a uma saída obrigatória nesses padrões de trading um pouco mais duvidosos em que o rácio histórico de profit / loss individualizado para esses cenários isolados não ultrapassa os 2 para 1.
Até lá é claro que continuo satisfeito com a performance do actual, mas pelos vistos o caminho para uma maior rentabilidade está em ficar parado mais tempo e alavancar mais os “bons” padrões de trading que o novo sistema reconhece!

Um abraço a todos e até uma próxima oportunidade,
Cem

MensagemEnviado: 14/1/2003 17:53
por Red
Viva Cem!
Parabéns por mais esta explicação do sistema, desta vez com imenso detalhe, confesso que fiquei com os olhos trocados. Parece-me que cada vez está mais sofisticado, a caminho da perfeição 8-)

Já sei que não voltaste aos foruns e que tens pouco tempo, mas mesmo assim vou arriscar e deixar aqui uma questão que me coloco a mim mesmo. Tem bastante a ver com a fase lateral em que o DAX tem estado e também um pouco a ver com a integração de várias escalas temporais de negociação, intraday e diario.

Tendo em conta um mercado lateral a variar dentro do tal canal, o teu sistema vai no fim de cada dia dar o seu veredicto para o dia seguinte, e no caso de permitir a negociação, dá valores para entrada com ‘stop limit’, que depois pode ser ou não executada. Muito bem, e agora começa a minha questão, essa sincopação diaria de análise que o sistema faz, não limitará as possibilidades de intervenção, mesmo sem abdicar da filosofia tradicional de negociar o canal de trading?

Vou tentar explicar melhor: imaginando um activo com muita volatilidade, que pode até ser o DAX, ele pode numa única sessão tocar o topo do canal e depois descer para valores onde a exposição ideal é bastante menor. Mas como o sistema faz uma análise única e sem profundidade de cenários possíveis, apenas o primeiro cenário de toque no topo do canal teria consequências.
Concretizando este raciocínio teórico, uma alternativa eventual seria a de ao longo da sessão se ter níveis stop dentro do canal onde seria vantagoso actualizar a exposição do sistema. Por exemplo, no cenário que eu tinha colocado do DAX atingir valores perto do topo do canal, o sistema mandou vender e teoricamente seria vantagoso fechar parte dessas posições se o DAX se aproximasse do centro do canal. Ou seja, daria uma espécie de negociação intraday respeitando sempre a filosofia original.
Talvez existam incovenientes que eu agora nem estou a ver, mas parece-me uma questão pertinente. De qualquer forma pelo que percebi todo o teu sistema está adaptado à tua disponibilidade para os mercados que é limitada.

Fica a questão, espero que no próximo fim de semana tenhas tempo e paciência para dizer qualquer coisita.

Um abraço,
red

Cem, sempre no seu melhor...

MensagemEnviado: 12/1/2003 23:23
por Admirador de longa data
Gostaria de lhe manifestar a grande admiração que tenho por si já há vários anos que o acompanho nos forúns da net. Esta sua intervenção e tantas outras deviam ser compiladas para a criação de um FAQ: Iniciação aos Sistemas de Trading.

Acho que o grande e difícil passo a encarar quando se desenvolve um sistema é o consciencializarmos-nos de que não podemos acertar sempre. Muito pelo contrário, erramos a maior parte das vezes. E isto, por estranho que pareça, é extremamente libertador! A sensação de segurança que se tem quando se sabe que um sistema erra umas vezes e acerta outras mas que será sempre ganhador no longo prazo, é simplesmente tranquilizadora! Houve uma expressão que encontrei pela net que resume na perfeição esta mudança na forma de encarar o trading: "Predicting is an ego play. Reacting is a business plan".

Não me esqueço de uma exposição semelhante que você fez há uns anos no extinto fórum do Emerging-trade, em que mostrou o seu sistema em funcionamento "on a daily basis", se não me engano em opções do PSI-20. Constituiu para mim sem dúvida uma das mais importantes provas de que os sistemas de trading podem ser muito rentáveis. E que pena que eu tenho em não ter salvo essa autêntica pérola de trading!...
O sistema tinha obtido na altura um rentabilidade "insultuosa" devido ao facto de especialmente para essa demonstração ter utilizado uma estratégia de money management mais agressiva. No entanto também teve "sorte" pelo meio desse período porque teve uns drawdowns um bocado feios... E é exactamente nesse aspecto que me intriga o uso que dá à fórmula de Kelly. Sendo a fórmula de Kelly uma maximização dos ganhos sem nos preocuparmos em que ordem se dão os trades ganhadores e os perdedores, como é que a sua estratégia tem em conta o drawdown e a probabilidade de bancarrota?
Já vi sugerirem que a menos que o drawdown seja inferior a 25%, não se deve arriscar mais de 25%. Outra abordagem é usar apenas uma fracção deste valor dividido pelo número de trades simultâneas para assim se obter o valor a arriscar por trade.

Desde já o meu muito obrigado por toda a paciência e apareça sempre. O Cem faz sempre falta e se um dia destes me cruzar com o Jack Schwager, eu dou-lhe o seu mail para a próxima edição! :)

MensagemEnviado: 12/1/2003 22:27
por JN
Desculpas, mas esquecime de outr duvida inportante.
Nunca dá ao menos uma olhada ao grafico semanal? Não tem indicadores que o façam?
Mais um abraço e adeus! :wink:

MensagemEnviado: 12/1/2003 22:15
por JN
Comreendo-o, na sua falta de tempo e disposição mas até os melhores professores nao podem ficar autistas as duvidas dos seus alunos.

1º Obrigado pela liçao

2º nao deixe de me explicar as seguintes duvidas:
-Como escolhe os activos em que toma posições, quais o critérios.
-Revele-nos tambem o seu metodo no money management.

Quando tiver tempo e disposição, claro,

um abraço

PS: nao gostei daquela: "nao ha necessidade de usar STOPS"

Position trading: entretendo-me com o DAX

MensagemEnviado: 12/1/2003 18:42
por Cem
Visto ter agora, durante o fim de semana, algum tempo disponível, vou então procurar explicar como funciona o sistema de trading que uso na prática.
Escolhi o gráfico do DAX cash por ser um activo seguido presentemente por muitos traders, e por me ter sido sugerido pelo amigo Soares.
O período que escolhi é o de finais de Outubro até ao presente, já que antes disso houve muita gente que soube o que fiz neste índice no antigo fórum do BI.
Temos então o primeiro indicador de cima que indica o posicionamento, se for positivo o programa aponta para posições longas e se for negativo teremos uma indicação para tomar posições curtas. O valor respectivo tem a ver com o money management, quanto maior o respectivo valor, maior o número de contratos que se podem comprar ou vender.
Os 2º, 3º e 4º gráficos são de indicadores auxiliares que estão associados a stops em situações de divergência de osciladores. Se, por exemplo, os preços continuassem a bater mínimos em swings sucessivos e tivéssemos o gráfico preto de fundo amarelo (o 7º a contar de cima) a fazer um higher low, seria accionado com o valor de “1” (true) o indicador de stop designado “M8-2012/Buy/Convergência/Divergência”, o 3º de cima, anulando os posicionamentos positivos que eventualmente o indicador de cima pudesse mostrar.
O 5º gráfico, chamado “NP-Autorização trading estocástico 2004” com cor verde esbatida num fundo azulado, mostra os dias em que o swing mudou de direcção, autorizando a comprar ou vender contratos em novas posições longas ou curtas, conforme o posicionamento (1º indicador) e o sentido do indicador preto chamado “NP-Média Neg 4 E Cristi 2004 oscilador total”. Se o indicador “NP-Autorização trading estocástico 2004” apontar para cima, o sistema de trading gera uma ordem de compra (venda) se o indicador de posicionamento “M8-2012” for positivo (negativo) e ao mesmo tempo o 7º indicador, o preto com fundo amarelo, apontar para cima (baixo).
O 6º gráfico, o branco em fundo laranja, mede o tipo de mercado em que nos encontramos. É um indicador crucial porque doseia internamente no sistema de trading a ponderação dos indicadores de tendência e os de oscilação. Pode variar numa escala de 0 a 100 pontos. Como se pode verificar, ao longo do período em causa, o indicador do grau de oscilação do DAX tem estado praticamente sempre acima da barreira dos 50 pontos, a fronteira limite acima da qual temos a indicação que o mercado se encontra maioritariamente lateralizado, os indicadores de oscilação são claramente mais importantes que os de tendência.
Finalmente, o gráfico de baixo, que contém as cotações, inclui igualmente 6 outros indicadores auxiliares, a saber: 2 indicadores a cinzento que são calculados internamente pelo programa para a escala de position trading mais adequada ao meu timing de quantidade de ordens de compra e venda transmitidas ao mercado, funcionando como níveis pontuais de suporte e resistência do trading range em que os preços das cotações poderão balançar; temos ainda um indicador de cor verde grossa que representa o preço máximo de compra a alocar para a sessão do dia seguinte nos dias em que existe autorização de trading para tomar posições longas; o indicador vermelho grosso representa o preço máximo de venda a transmitir ao mercado para o dia seguinte quando temos autorização de trading para transmitir posições curtas à corretora; finalmente temos ainda um indicador a verde claro fino e outro a rosa fino, cada um representa os preços de compra ou venda de ajustamento, a transmitir no dia seguinte à corretora, dos posicionamentos mostrados no indicador “M8-2012” nos dias em que não há autorização de trading posicional.
Na prática correspondem à optimização do número de contratos a calcular através de money management. Por exemplo, se tivesse cerca de 100000 Euros disponíveis para transacionar exclusivamente em DAX, e uma vez que a fórmula de optimização de Kelly para o meu sistema de trading é de 3.15, se o indicador de posicionamento “M8-2012” me mostrar o valor de –0.295, o número de contratos ideal a ter nesse dia seria de ( no pressuposto que o DAX fechou nesse dia a 3000 pontos, para exemplificar):
N = INT ( 100000 / ( 3000 x 25 ) x 3.15 x ( -0.195 ) +/- 1 )
N = INT ( -1.239 –1 )
N = -2
Ou seja, poderíamos nesse caso usar 2 contratos curtos do DAX.
É bom de ver que em mercados laterais é suicídio dar ordens ao mercado, as ordens deverão sempre ser do tipo limite e aguardar que o mercado venha ter connosco. Não vale a pena correr o risco de termos o trader a correr atrás do mercado, isso só serve para perder dinheiro mais depressa em mercados “sideways” e só revela receio de perder, impulsividade ( contrário de disciplina) ou desconhecimento sobre a forma correcta de abordar mercados com estas características.

Passado em revista o que significam os indicadores mostrados e um pequeno resumo explicativo acerca da aplicação de cada um deles, vamos ao historial prático real da sua aplicação ao período considerado.
Para não atrapalhar não vou falar de ajustamentos, em reduções ou reforços do número de contratos, para não confundir e também porque tenho consciência que a maioria das pessoas só usa um único contrato.
Portanto, para o caso em análise, vamos considerar no máximo a transacção de um só contrato.
1) No início da data do gráfico, em 23 de Outubro, o sistema de trading estava neutro no DAX.
2) A 28 de Outubro o 5º indicador de cima, o “NP-Autorização trading estocástico 2004”, faz um pico para cima na análise desse dia à noite. O 7º indicador, o preto a fundo amarelo, subiu neste dia de 0.16 para 0.19 e o 1º indicador, o de posicionamento, era positivo. Estavam criadas as condições de disparo de tomada de posições longas para a posição seguinte. O valor de compra limite desse dia, dado pelo indicador a verde grosso no gráfico de baixo, aponta o valor de 3040 pontos, o valor máximo de compra válida para a sessão seguinte, 29 de Outubro, nos futuros de Dezembro do DAX.
3) Como os futuros vieram abaixo desse valor na sessão de 29 de Outubro, o sistema ficou longo a 3040 pontos a meio da sessão.
4) Nesse mesmo dia, no final da sessão de 29 de Outubro, o 5º indicador, o verde esbatido a fundo azul, continua a autorizar trading para a sessão seguinte. O 7º indicador, oscilador, virou para baixo indicando o arranque de um swing descendente, mas o 1º indicador, o de posicionamento, continua positivo. Logo, aguardar e manter a posição longa.
5) Até 25 de Novembro, nos dias em que o 5º indicador deu autorização de trading, por causa do arranque de novos swings, o posicionamento “M8-2012” esteve sempre positivo pelo que se manteve a posição longa.
6) A 25 de Novembro, temos então de novo o 5º indicador a dar o OK para nova operação de trading, com o 1º indicador de posicionamento negativo e com o 7º indicador a virar para baixo. Podemos então dar 2 ordens de venda diferentes, para o dia seguinte, uma para fechar o contrato, ao preço do fecho ajustado aos futuros ( 3299 + 0.73 meses para o fecho de Dezembro x 4% / 12 x 3299 = 3307 pontos ) e outra ajustada ao indicador vermelho grosso do último gráfico a 25 de Novembro ajustado aos futuros ( 3380 + 8 = 3388 pontos ), esta ordem para abrir posição curta.
7) Apenas a ordem de venda de 3307 pontos é executada, a posição longa é portanto fechada com um ganho de 267 pontos menos as comissões ( = 3307 – 3040 ).
8) A 27 de Novembro temos de novo o 5º indicador a autorizar operações de trading, só que temos por outro lado um posicionamento negativo e um 7º indicador a dar sinal de início de um swing ascendente, uma contradição que anula qualquer ordem de trading.
9) A 29 de Novembro nova luz verde para o 5º indicador, só que agora inverte-se o caso anterior, o posicionamento do 1º indicador é levemente positivo mas o oscilador de swings está virado para baixo, sugerindo o início de um swing descendente, passamos de novo a trade.
10) Finalmente a 10 de Dezembro surgiu nova oportunidade, o 5º indicador a dar sinal de autorização, o 1º indicador de posicionamento com sinal positivo e o 7º indicador, de arranque de swings, a sugerir um mini-ciclo ascendente pelo facto do seu valor ser superior ao da véspera.
O indicador verde grosso do dia, indicando o limite de compra para a sessão seguinte, aponta para o valor de 3119 pontos.
11) Na sessão de 11 de Dezembro o valor de compra limite calculado de véspera não é atingido. A trade é portanto passada, mantendo-se o sistema de trading neutro no DAX.
12) Até 30 de Dezembro houve várias sessões em que o 5º indicador disparou autorizações de trading, só que nenhuma foi concretizada pelo facto de quando tínhamos o posicionamento positivo o arranque de swing era descendente e vice-versa.
13) Por fim, a 8 de Janeiro de 2003, no único dia deste ano em que o indicador “NP-Autorização trading estocástico 2004” deu luz verde para fazer trading no DAX, tivemos um valor de posicionamento negativo no 1º indicador e o 7º indicador oscilatório a sugerir o início de um swing descendente.
Portanto, podíamos finalmente dar uma ordem de venda para a sessão seguinte.
O valor foi calculado através do indicador de venda limite, o vermelho grosso do último gráfico, ajustado para os futuros de Março: 3068 ( dado pelo indicador citado ) + 72 / 365 x 4% x 2993 ( fecho do dia ) = 3092 pontos.
14) Só que a 9 de Janeiro o valor de venda não foi atingido, pelo que se mantem a actual posição neutra.

À data actual, após a sessão de 10 de Janeiro, o programa detecta que neste momento o trading range posicional no DAX se situa entre os 2785 e os 3175 pontos, valores que são extraídos através dos 2 indicadores cinzentos do gráfico de baixo.
O indicador de oscilação, o tal preto a fundo amarelo, continua a apontar para baixo, o que significa que o swing descendente iniciado a 8 de Janeiro continua inalterado.
Aguardo portanto que o swing vire para cima a curto prazo e que o indicador do gráfico de cima de posicionamento esteja nessa altura positivo para dar nova ordem de compra, através de um valor limite que não exceda o indicado no verde grosso do gráfico de baixo, o que em princípio significa que o risco de position trading não compensa qualquer compra com probabilidades de sucesso se a ordem de compra fosse dada presentemente acima dos 2828 pontos. A paciência é uma virtude em trading…
De qualquer nota-se presentemente que o indicador “M8-2012” continua persistentemente negativo, apesar do DAX estar a negociar na zona superior do seu trading range actual, uma zona tradicionalmente favorável a tomar posições curtas em mercados laterais, o que indicia que os indicadores internos tendenciais do sistema de trading estão a tomar valores negativos cada vez mais preponderantes pelo facto do trading range estar a virar o sentido do seu direccionamento de médio prazo cada vez mais para baixo.
Por outro lado, uma posição curta só deveria ser aberta abaixo do valor do indicador vermelho grosso do mesmo gráfico, 3064 mais o ajuste para futuros de Março ( = 3064 + 70 / 365 x 4% x 3037 ), ou seja, nunca presentemente abaixo de 3087 pontos. E mesmo assim apenas quando terminar um futuro swing ascendente e o posicionamento do sistema apresente um valor negativo, como propiciador de uma taxa de sucesso previsivelmente aceitável.
Uma pequena referência para os indicadores verde claro e cor de rosa finos inseridos no gráfico de baixo. Já referi que se destinam a dar os valores de compra ou venda para a sessão seguinte nos activos onde detemos vários contratos ou acções e através dos quais pretendemos fazer ajustamentos diários às respectivas quantidades para alívio ou reforço de posições.
Os valores em causa são calculados com algoritmos matemáticos que procuram, em função da micro-tendência recentemente manifestada e da volatilidade mais recente, extrapolar os valores máximos e mínimos expectáveis para a sessão seguinte, dentro de uma margem de erro minimamente aceitável. Daí a razão do programa só procurar fazer compras junto aos mínimos das sessões e só vender junto aos máximos, numa base diária casual de ajustamentos. No caso particular do DAX cash podemos ver que para a sessão de 2ª feira, em 13 de Janeiro, o programa está a projectar um valor máximo de 3072 e um mínimo de 2941 pontos. Meras curiosidades estatísticas que não podem ser obviamente levadas muito a sério, devendo ser os respectivos valores interpretados como meras ferramentas auxiliares que permitem optimizar ao máximo possível os valores de compra e venda correctivos para ajustamento de posições no mercado.

Vamos aguardar calmamente, só queria que as pessoas compreendessem que este sistema não prevê qualquer tipo de futuro, simplesmente adapta-se à realidade dos padrões actuais. O plano de trading, esse não muda nunca, só espera o momento ideal para desferir a estocada mais apropriada, adaptando-se ao momento em causa em função da tradução da medição do ambiente psicológico instalado. Funciona como uma espécie de teia montada pela aranha que espera pacientemente que os insectos ( as cotações) lá vão parar! É por isso que o position trading tem de ser reactivo, esperando a altura certa de actuar. Talvez essa forma de actuação justifique porque razão o stress está sempre dissociado do trading que faço, o programa está lá sempre pronto a apitar quando ocorrer algum movimento extremado que o sistema considere ser favorável para as suas cores. No fundo, isto parece mais um bocejo permanente, tipo construção de um puzzle permanente adaptativo, materializado por pouco mais de meia dúzia de ordens anuais realmente efectivas misturadas com mais uma dúzia de ordens nunca concretizadas, por envolverem riscos desnecessários, procurando em todas elas reduzir as possíveis perdas e drawdowns das trades ao mínimo possível através dos pontos de entrada mais favoráveis. Não há nestas condições a necessidade de usar stops, o sistema recusa de vez um rush permanente, sempre a entrar e a sair, tentando adivinhar o próximo movimento ou nível de cotação. Ele não foi feito para analisar o futuro, procura apenas reconhecer os pontos de entrada e saída mais de acordo com os comportamentos dos mercados associados aos diversos indicadores. Isto que afirmei de forma alguma significa que não deixe de reconhecer que há muitos traders que têm percepção e conhecimentos sensoriais suficientes para ganharem dinheiro, e bastante dinheiro, através do daytrading com métodos que nada têm a ver com o meu. Muitas vezes o uso de simples linhas de tendência misturados com algumas médias móveis são mais que suficientes para garantir o êxito nos mercados, desde que usados com nexo e algum senso. Mas a esmagadora maioria dos candidatos a trader perde de forma sistemática a médio prazo, milhares e milhares de pequenos investidores abandonaram esta “profissão” nos últimos 3 anos, desiludidos e desencantados com os resultados obtidos, é a história da selecção natural. Nos mercados, tal como na vida profissional da selva real, só sobrevivem infelizmente os mais fortes e com capacidade perceptiva acima da média para este negócio. Enfim, a escolha é obviamente individual, cada um com a sua metodologia favorita e adaptada à sua própria experiência prática! Mas o curto prazo não é definitivamente o meu estilo, prefiro o mar calmo e seguro do position trading, tem inclusive a vantagem de se adaptar ao “alheamento” diário derivado da minha vida profissional extra-mercados. O certo é que, e em jeito de conclusão que nunca é demais repetir, se não tiverem uma metodologia com estratégia e sentido, os traders de feeling ultra-viciados em trading impulsivo jamais terão condições para conseguir ganhar dinheiro neste mega-negócio dos mercados financeiros.

E pronto, é assim que funciona o sistema de trading que uso no caso particular do DAX.
Hoje estava com pachorra para escrever, só agora é que olhei para as horas… e txau, txau!
Para quem se der ao trabalho de decifrar toda esta “trapalhada”, se calhar uma maneira original de abordar o trading para muitos que me estão a ler, quase que terá de tirar umas férias, para perceber bem o que está por trás desta forma de encarar o mercado de forma completamente automática! Porque atenção, nos mercados não existe “easy money”, qualquer método que dê dinheiro de forma sistemática envolve um intenso trabalho de pesquisa, testes, programação e acompanhamento no meu caso particular, milhares de horas, necessária e infelizmente, as coisas boas não caem do céu aos trambolhões.
Procurei ser o mais completo possível para mostrar a forma como faço trading, a metodologia em si, evitando assim que me façam quaisquer perguntas posteriores. O essencial está todo aqui dito, excepto, claro, as fórmulas da cada indicador, isso é outra história!
Interpretem esta minha pequena reaparição um pouco mais extensa como pontual, aproveitando um pequeno break free. Houve tantos amigos que o pediram de forma tão tocante que, de onde em onde, quando me for possível, prometo ir deixando qualquer material de interesse deste género, mas de forma muito mais espaçada do que antigamente.

Um abraço a todos,

Cem