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Caldeirão da Bolsa

Para fechar (por hoje :) o tema das escalas...

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por MarcoAntonio » 8/1/2003 0:50

Ehehehe... Ó Fernando, eu percebo-te perfeitamente... Mas, como quase toda a gente utiliza a escala linear, eu não preciso de as seguir no meu gráfico... Sei perfeitamente quando está toda a gente a olhar para uma LT em escala linear que não passa pelo mesmo ponto da minha como neste caso da PT, porque são as LT's que quase toda a gente considera... :wink:

Portanto, não preciso de a seguir no meu gráfico, sigo-as nos gráficos dos outros... :wink:

(refiro-me às LT's que sofrem disparidades como o caso desta da PTC ou aquelas do exemplo da SON, porque a maior parte das vezes minhas rectas passam pelo mesmos pontos que as dos investidores que utilizam escala linear)
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FLOP - Fundamental Laws Of Profit

1. Mais vale perder um ganho que ganhar uma perda, a menos que se cumpra a Segunda Lei.
2. A expectativa de ganho deve superar a expectativa de perda, onde a expectativa mede a
__.amplitude média do ganho/perda contra a respectiva probabilidade.
3. A Primeira Lei não é mesmo necessária mas com Três Leis isto fica definitivamente mais giro.
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por Fernando dos Aidos » 8/1/2003 0:43

hehehe, desculpa voltar ao assunto... é que eu concordo com praticamente tudo o que tu dizes.

Vejamos esta argumentação:

Uma das coisas que escreveste foi que os sinais dados pelo gráfico linear são, mais frequentemente do que com o logarítmico, falsos sinais, e que poderão ter seguimento até certo ponto por causa da atenção que é dada a esse gráfico (muita gente pensar que é um "breakout" a sério). Após esta fase anómala, a cotação voltaria a seguir o rumo que seguiria sem essa intervenção.

Ora eu quero estar ciente deste comportamento especial (de muita gente a entrar a pensar que é um "breakout") pois isso pode criar uma subida súbita artificial e assim eu estou preparado para ela.

Por exemplo, a PTC (o meu exemplo do costume). Fechei os curtos porque a quebra da LTD linear pode causar um "panic buy" de quem levar essa quebra a sério... mesmo que depois volte a cair (Bem... de facto fechei por causa do OBV :wink: mas o argumento que aqui exponho também é bom).

Não sei se fui muito claro :roll: . Espero que sim...

Um abraço

Fernando dos Aidos
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por MarcoAntonio » 7/1/2003 23:12

Olá Fernando,

a questão é que, enquanto na Física/Mecânica a Mecânica clássica é uma boa aproximação em 99% da circunstâncias (não lidamos normalmente, no dia a dia, com situações que requiram que recorramos à Teoria Quântica ou à Teoria da Relativadade), já no caso do mercado a situação é bem diferente. Estamos permanentemente a tropeçar em situações em que as diferenças são enormes e os efeitos da variação em valor absoluto são muito claras e evidentes.

Nenhum de nós sente o efeito da velocidade relativa sobre o tempo ao viajarmos de automóvel nem que seja um Ferrari em plena A1 a 300Km/h... Mas basta pegar no gráfico da SONAE nos últimos 8 meses, um período em que o título caiu de forma bastante regular, para verificar que durante esse período pelo menos duas rectas em escala linear foram quebradas em alta (gerando falsas quebras sem significado) enquanto no gráfico em escala logarítmica esta só foi quebrada praticamente imediatamente antes do último arranque que a levou aos 0.45 (foi precisamente na altura que falei dela como alguns se devem lembrar). Aliás, na altura das quebras nota-se algo que é habitual nestas situações: existem sinais de falso break-out devido a uma quantidade de investidores que entraram com base num falso sinal o que depois foi corrigido, a SON não estava a inverter, apenas a quebrar uma LTd que tinha inevitavelmente de quebrar mais cedo ou mais tarde (em escala linear, é claro).

No que se refere ao caso particular da PT a minha opinião é esta (já a manifestei noutro ponto mas serve para contrabalançar com o que acabaste de dizer): na minha opinião os efeitos já são consideráveis e penso que a LT em escala linear já não é de considerar - o facto de ela já ter sido passada para cima e para baixo nas últimas semanas umas duas ou três vezes são para mim sinal de que já não está a servir de barreira pela simples razão de que já não representa a «queda média» da PTC. Já está a cair com um declive exagerado (representa já o dobro da queda por dia) que a PTC dificilmente acompanhará daqui para a frente <b>mesmo</b> que continue a cair. Até pode voltar para baixo dela... Mas é uma questão de tempo, agora ou daqui a alguns meses, para essa LT ser quebrada em alta sem que isso signifique qualquer inversão... Simplesmente essa LT já está a cair muito depressa!... Deixou de ser uma boa referência.

Deixo dois gráficos da SON, um com escala linear outro com escala logarítmica. É um gráfico com menos de um ano!... E muitos mais exemplos tería disponíveis para apresentar. Como dizes, não faz grande mal recorrermos aos gráficos lineares desde que saibamos o que estamos a fazer. Mas eu acrescento: menos mal ainda faz utilizar sempre gráficos logarítmicos - evitamos estar sempre a tropeçar em ilusões de óptica gráficas e em muitos casos de ranges mais apertados nem notamos diferença para os de escala lineares e podemos traçar a maior parte das rectas que os que olham para as escalas lineares traçam. As que não vemos... são aquelas que eu considera que já não é aconselhável considerar!...
:wink:
Anexos
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por Fernando dos Aidos » 7/1/2003 22:43

hehehe Gostei das referências à Física, Marco.

De facto, a Mecânica Clássica é uma aproximação que apenas é válida no limite de distâncias intermédias e velocidades bastante inferiores à da luz. Caso contrário é necessário entrar em linha de conta com os efeitos quânticos e relativistas.

No entanto, o facto é que, quando se estuda a esmagadora maioria dos fenómenos do dia a dia, SE USAM AS EQUAÇÕES DA MECÂNICA CLÁSSICA e não as da Mecânica Quântica ou relativista, pois esses efeitos são perfeitamente desprezáveis (se é que faz sentido considerá-los nesses casos...).

Da mesma forma, embora a escala logarítmica seja mais correcta, isso não nos deve inibir de usar também a linear, desde que tenhamos a consciência do que estamos a fazer.

No caso concreto da PT, por exemplo, estou um pouco como o Ulisses: olho com atenção para o "breakout" na escala linear, mas sem perder de vista o último reduto da LTD na escala logarítmica.

Um abraço

Fernando dos Aidos

PS - Raramente vi alguém tão militante como tu... sempre que alguém fala em escalas, tentas incansavelmente esclarecer (sempre de uma forma muito clara, diga-se de passagem) o teu ponto de vista.
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Para fechar (por hoje :) o tema das escalas...

por MarcoAntonio » 7/1/2003 20:08

Hoje já se falou deste tema o suficiente, no entanto, gostaria de aproveitar a oportunidade para abordar uma segunda vez um tempo que me parece dos mais importantes nesta questão: o facto de muitos não utilizarem a escala logarítmica por esta não lhes parecer natural e lhes parecer que distorce a realidade.

Essa é uma das razões mais apontadas (senão apontada) e no entanto é para mim a menos válida de todas. Neste post acabarei por fugir um nada da bolsa em si mas a intenção é a de transmitir uma ideia fundamental em relação a esta questão.

Quando se fala de escalas, não se trata de saber qual é a escala natural ou «artificial». Qualquer uma das escalas é natural, se considerarmos a matemática como algo natural, não inventado pelo homem... antes descoberta, como quem descobre uma ilha, um planeta, uma espécie animal. A matemática já existe, o homem só a descobre. Então se não se trata de saber qual é a escala natural, trata-se de quê?... De saber qual é a escala mais adequada para a grandeza que se está a estudar!...

As nossas limitações como seres humanos, as limitações dos nossos sentidos e percepções, levam-nos, pelo menos em grande parte da nossa vida, a considerar o linear como algo natural ou perfeito. Não nos devemos envergonhar desse facto, afinal um dos maiores génios de todos os tempos e aquele que é considerado o maior físico de todos os tempos - Isaac Newton - fez precisamente a mesma descrição «linear» do Universo, descreveu-o tal como nós o percepcionamos... Tempo, espaço e velocidade, na Física Newtoniana, somam-se algebricamente, de forma linear. E é como vemos no dia a dia essas grandezas. Sabemos no entanto hoje que não é bem assim. Newton estava errado como Einstein e outros demonstraram. O que Newton apresentou foi uma descrição «aproximada» do Universo que funciona bem em pequena escala - a nossa escala habitual (em termos de mercado corresponde assim como que ao curto e médio-prazo... :mrgreen: ).

Aqueles que já tomaram um contacto, ainda que reduzido, com a teoria da relatividade, sabe que a Física Newtoniana tem limitações quando partimos para a larga escala (equivaleria ao longo-prazo nos mercados) e trata-se de uma descrição desadequada da realidade. Afinal, grandezas como o tempo, a velocidade e o espaço não têm comportamentos lineares como somos levados a pensar pela nossa experiência quotidiana. As somas algébricas de velocidades e a linearidade do tempo simplesmente não funcionam, não representa a realidade, em todas as condições. Mais, a Teoria da Relativadade é uma generalização da Física Newtoniana no sentido de que descreve tudo o que a Física Newtoniana descreve com a vantagem de funcionar ainda nas situações em que esta última deixou de funcionar (isto equivale-se ao meu princípio de utilizar sempre a escala logarítmica pois funciona sempre - <b>em pequena escala não se destingue da escala linear e tem a vantagem de funcionar quando as escalas lineares deixam de funcionar</b>).

Portanto, o nosso apego à linearidade deve-se ao facto de considerarmos a linearidade como «natural» e como sendo a descrição correcta do Universo. Bem, funciona em pequena escala (como as escalas lineares funcionam bem no curto-prazo por exemplo). Mas está longe de ser uma descrição perfeita e muito menos adequada em determinadas condições...

Mas não devemos tentar adaptar o Universo à nossa visão da realidade - estamos condenados ao fracasso se insistirmos contra algo que é muito maior do que nós. Nós é que nos devemos adaptar ao Universo.

Da mesma forma, não devemos lutar contra o mercado ou contra as leis que regem o mercado, somos impotentes face a ele e estaremos condenados ao fracasso. Devemos antes adaptarmo-nos nós ao mercado, estudá-lo e compreendê-lo... Mesmo que isso signifique admitirmos o quanto somos pequenos, impotentes e insignificantes!... Só temos a ganhar com essa atitude!...

PS: Cada um é livre de utilizar a escala que entender. Com este pequeno artigo pretendo unicamente esclarecer que a escala linear não é mais natural que a escala logarítmica e que muito menos é uma escala mais adequada à realidade com que se rege o mercado. O facto de todos os dias, sempre que nos referirmos às variações, fazer-mo-lo em termos de percentagens é a evidência que de facto a descrição mais adequada aos movimentos encontra-se numa escala logarítmica. Não é mais natural que a linear, é simplesmente a mais adequada.
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