
mvbb Escreveu:Qual é que é a diferença entre as escalas e qual é que é a melhor ou pelo menos a mais recomendada para estudar o comportamento das acções?
Obg pelos esclarecimentos.
Embora haja quem utilize a escala aritmética, a verdade é que se meditarmos minimamente no assunto e fizermos alguns testes chegam-se a algumas conclusões incontornáveis: em particular quando a variação do activo é significativa a escala linear deixa pura e simplesmente de fazer sentido.
Quando as variações em causa são pequenas (o que tende a ocorrer em gráficos de curto-prazo ou em activos pouco voláteis) os gráficos tendem a ser bastante idênticos, não existe uma grande vantagem ou desvantagem em utilizar uma ou outra escala.
Quando as variações são significativas, o gráfico em escala linear começará a distorcer significativamente o gráfico de tal forma que os movimentos que se deram com a cotação em baixos valores aparecem «esmagados» e os movimentos que se dão com a cotação em valores elevados aparecem «esticados». Duas variações exactamente iguais de 10% - o que realmente interessa nos mercados é a variação percentual, basta constatarmos que ninguém quer saber quantos centimos subiu ou desceu hoje um qualquer título mas quantos pontos percentuais! - duas variações exactamente iguais, dizia eu, surgirão num gráfico de escala linear como sendo bastante diferentes (parecendo uma muito maior do que a outra).
Isto cria alguns problemas. Exemplos:




Por razões que se prendem com a natureza e mecânica dos mercados a escala logarítmica é claramente a escala mais apropriada (e não pensem sequer que os mercados são casos únicos, há mais casos em que a escala logarítmica é a mais apropriada, experimentem por exemplo ver em que tipo de escala são apresentados os gráficos com níveis de ruído em décibeis, outro caso em que a escala logarítmica faz mais sentido).
Na práctica ainda existem outras pequenas questões: como é sabido (e pode facilmente ser verificado na práctica) as linhas de tendência de longo-prazo tendem a ser mais consistentes (e duráveis) em escala logarítmica. É muito difícil encontrar linhas de longo-prazo numa escala linear com muitos pontos de toque (mais de 3 ou 4) mas tal é perfeitamente normal numa escala logarítmica (onde surgem imensas vezes linhas com 3, 4, 5, 6 e mais toques).
A razão é óbvia: é que as linhas em escala linear tendem a perder a validade dado que de facto essas linhas representam na realidade curvas (de movimento acelerado ou desacelerado)*. Se o activo mantiver a tendência vai quebrar ou afastar-se dessas linhas e quem utiliza a escala linear vai precisar de desenhar uma segunda e por vezes uma terceira linha mais actual (quando na escala logarítmica tería servido sempre a mesma).
* Para quem não percebeu esta questão deixo um exemplo muito simples: imaginem um título que sobe exactamente 1% por dia. Esse título só irá surgir como linha recta ascendente num gráfico em escala logarítmica, num gráfico de escala linear surgirá como uma curva (como se o título subisse cada vez mais depressa).
Só um pequeno apontamente final: por vezes colocam a questão como se tratando uma questão de curto ou longo-prazo o que é errado (ou inexacto). A questão está na variação do activo: pode ser grave num gráfico de médio-prazo onde a variação foi por exemplo de 100% e não tão grave num gráfico de longo-prazo (por exemplo, 2 ou 3 anos) em que a variação foi de 20 ou 30%.
Assim e dado que a escala logarítmica apresenta diversas vantagens e funciona para qualquer variação e para qualquer prazo, utilizo sempre a escala logarítmica (da qual sou de facto, como alguém já aqui disse, um adepto incondicional).