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Fonte Bpi
Os nossos 2 As...
02/11/2004 14:17
Os nossos 2 As...
Enfim, pode ser um pequeno detalhe, mas é que o resto do mundo acredita naquilo que eles dizem. E quer o senhor Pryce quer agora o senhor Kraemer não têm andado a dizer coisas simpáticas a nosso respeito.
Ambos trabalham em duas das mais prestigiadas agências de rating, a Fitch e a Standard & Poorâ¿¿s, e têm, portanto, a missão de dizer aos credores internacionais quais os locais mais seguros para confiarem o seu dinheiro.
Portugal, como se sabe, beneficiou da conversão do engenheiro Guterres às maravilhas da moeda única, lá conseguiu integrar a união monetária da Europa e, desde então, vive em condições financeiras extraordinárias.
A República de Portugal paga juros mais baixos pelas dívidas contraídas pelo seu Estado do que, por exemplo, o Reino Unido. A comunidade financeira não desconfia mais dos ingleses por terem uma monarquia, mas por serem teimosos e recusarem o euro.
Sucede que Santana Lopes e Bagão Félix estão a desenhar uma política económica que, em pouco mais de três meses, já lançou mais dúvidas e desconfiança sobre a nossa capacidade de endividamento, do que todos os primeiros-ministros e respectivos titulares das Finanças juntos nos últimos quinze anos.
O senhor Pryce, da Fitch, questionou há duas semanas a capacidade de Bagão Félix para «enfrentar os graves problemas que se aproximam». Era uma opinião isolada.
Agora aparece o senhor Kraemer a explicar, tin-tin por tin-tin, as razões pelas quais a Standard está a considerar seriamente a hipótese de um «downgrade» ao rating português. E, em declarações a este jornal, assume o óbvio: «as acções e os discursos do novo Governo foram muito importantes para a nossa decisão».
E, assim, Portugal já não é considerado «estável». Agora somos «negativo». Ainda AA, mas a resvalar para o AA menos. Ou seja, também aqui descolamos dos países do euro e, com esta pedalada, rapidamente iremos convergir com a Grécia (que martela as contas ainda mais que nós) e com a Itália (que tem um «rating» à Buttiglione).
Ainda não é grave. E a situação pode perfeitamente ser revertida. Com acções e com discursos. De preferência coerentes. Não baixa impostos quem reconhece que o Estado enfrenta uma crise financeira grave e de carácter estrutural.
O que a Fitch e a Standard estão a dizer é que esta política económica não ataca essa crise orçamental - até a agrava. E chegam a esta conclusão por aquilo que o Governo faz e diz.
Estamos, por isso, pior do que imaginávamos. As agências internacionais não acham que Bagão e Santana se contradigam frequentemente. Dizem que estão de acordo - e esse é o problema.
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Os nossos 2 As...
02/11/2004 14:17
Os nossos 2 As...
Enfim, pode ser um pequeno detalhe, mas é que o resto do mundo acredita naquilo que eles dizem. E quer o senhor Pryce quer agora o senhor Kraemer não têm andado a dizer coisas simpáticas a nosso respeito.
Ambos trabalham em duas das mais prestigiadas agências de rating, a Fitch e a Standard & Poorâ¿¿s, e têm, portanto, a missão de dizer aos credores internacionais quais os locais mais seguros para confiarem o seu dinheiro.
Portugal, como se sabe, beneficiou da conversão do engenheiro Guterres às maravilhas da moeda única, lá conseguiu integrar a união monetária da Europa e, desde então, vive em condições financeiras extraordinárias.
A República de Portugal paga juros mais baixos pelas dívidas contraídas pelo seu Estado do que, por exemplo, o Reino Unido. A comunidade financeira não desconfia mais dos ingleses por terem uma monarquia, mas por serem teimosos e recusarem o euro.
Sucede que Santana Lopes e Bagão Félix estão a desenhar uma política económica que, em pouco mais de três meses, já lançou mais dúvidas e desconfiança sobre a nossa capacidade de endividamento, do que todos os primeiros-ministros e respectivos titulares das Finanças juntos nos últimos quinze anos.
O senhor Pryce, da Fitch, questionou há duas semanas a capacidade de Bagão Félix para «enfrentar os graves problemas que se aproximam». Era uma opinião isolada.
Agora aparece o senhor Kraemer a explicar, tin-tin por tin-tin, as razões pelas quais a Standard está a considerar seriamente a hipótese de um «downgrade» ao rating português. E, em declarações a este jornal, assume o óbvio: «as acções e os discursos do novo Governo foram muito importantes para a nossa decisão».
E, assim, Portugal já não é considerado «estável». Agora somos «negativo». Ainda AA, mas a resvalar para o AA menos. Ou seja, também aqui descolamos dos países do euro e, com esta pedalada, rapidamente iremos convergir com a Grécia (que martela as contas ainda mais que nós) e com a Itália (que tem um «rating» à Buttiglione).
Ainda não é grave. E a situação pode perfeitamente ser revertida. Com acções e com discursos. De preferência coerentes. Não baixa impostos quem reconhece que o Estado enfrenta uma crise financeira grave e de carácter estrutural.
O que a Fitch e a Standard estão a dizer é que esta política económica não ataca essa crise orçamental - até a agrava. E chegam a esta conclusão por aquilo que o Governo faz e diz.
Estamos, por isso, pior do que imaginávamos. As agências internacionais não acham que Bagão e Santana se contradigam frequentemente. Dizem que estão de acordo - e esse é o problema.
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