Na guerra pelo controlo
Analistas apostam na saída da Sonae do capital da Gescartão
Os analistas do sector consideram pouco provável a saída da Europac da Gescartão, já que a empresa de papel «kraft» é uma parte importante dos negócios da espanhola. Os bancos sugerem antes a saída da Sonae, que deverá abandonar a empresa contra um preço atractivo.
--------------------------------------------------------------------------------
Pedro Carvalho
pc@mediafin.pt
Os analistas do sector consideram pouco provável a saída da Europac da Gescartão, já que a empresa de papel «kraft» é uma parte importante dos negócios da espanhola. Os bancos sugerem antes a saída da Sonae, que deverá abandonar a empresa contra um preço atractivo. As acções da Gescartão valorizavam pela quinta sessão consecutiva.
Segundo notícias veiculadas pela imprensa durante este fim-de-semana, o novo presidente executivo da Europac, Enrique Isidro, anunciou que está disposto a comprar os 32,5% que a Sonae detém na Gescartão, através da Imocapital, na mesma altura em que Belmiro de Azevedo aventa a possibilidade de usar o encaixe conseguido na Portucel para reforçar a presença na empresa de papel «kraft» e embalagens de cartão.
A Europac e a Sonae Indústria controlam, através da «joint venture» Imocapital, 65% do capital da Gescartão [Cot].
Os analistas do Millennium bcp investimento, numa nota diária a clientes, dizem que «após o desfecho do processo de privatização da Portucel, consideramos que é mais provável que a Sonae venha a sair da Gescartão dado que a presença desta empresa dentro do ‘portfolio’ de activos da Sonae perdeu algum sentido».
Um dos argumentos para justificar a manutenção da Sonae na Gescartão, usados por Belmiro de Azevedo numa entrevista ao «Expresso», são as sinergias entre a Sonae Indústria e a Gescartão, sobretudo devido à utilização, por ambas, da mesma matéria-prima: madeira de pinho.
De acordo com o Santander, as recentes declarações de Belmiro de Azevedo e de Enrique Isidro, «deverão continuar a alimentar novas subidas da cotação da empresa em bolsa».
Os títulos da Gescartão valorizavam hoje pela quinta sessão consecutiva, amealhando um ganho de 0,47% para os 10,70 euros.
Numa outra nota citada pela agência «Reuters», o banco espanhol refere que a Europac «dificilmente desistirá da Gescartão visto ser uma parte importante e complementar do seu negócio».
Em relação à posição da Sonae, a analista Sónia Pimpão acredita que a «holding» só estaria disposta a vender a um preço atractivo.
A Gescartão entrou em bolsa através de uma privatização, com um preço unitário de 6,50 euros e desde então acumula um ganho de 65%.
As acções da Sonae SGPS [Cot] seguiam a valorizar 1,10%, para 0,92 cêntimos e Sonae Indústria [Cot] avançava 0,22%, para 4,50 euros.