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MensagemEnviado: 18/10/2004 12:30
por heterocedastico
Boa marafado!

Grande malha!

"Spin-off " Está na Moda por Exigência dos Mercado

MensagemEnviado: 18/10/2004 9:13
por marafado
Depois da concentração de negócios nas SGPS na década passada
"Spin-off " Está na Moda por Exigência dos Mercados
Segunda-feira, 18 de Outubro de 2004

A Sonae e a Cofina trabalham afincadamente na cisão de negócios industriais, respondendo a uma nova "exigência" dos mercados de capitais, que penalizam os conglomerados em detrimento das empresas focalizadas numa só actividade. Os "spin-off" apresentam vantagens, mas também riscos elevados

Rosa Soares
Os conglomerados - grupos económicos que agregam negócios de áreas distintas - estão a ser fortemente penalizados pelos investidores. As empresas com actividade distribuída por vários sectores, como indústria, media e/ou distribuição, estão actualmente a transaccionar em bolsa com um desconto entre 30 a 40 por cento em relação ao que deveria ser o valor resultante do simples somatório dos seus negócios. Esta situação, que é recente, está a incentivar um movimento oposto ao realizado há pouco mais de uma década, em que os analistas e investidores aplaudiam a reunião de vários negócios numa única sociedade gestora de participações sociais, mais conhecidas pela própria sigla (SGPS) ou "holding".

Actualmente, a pressão do mercado está a ser exercida em sentido contrário, incentivando a cisão ou "spin-off" de negócios, movimento que a Sonae e a Cofina, os dois principais conglomerados portugueses, estão prestes a realizar. Há outras empresas onde, eventualmente, se pode equacionar a separação. É o caso da Semapa, que depois da aquisição da Portucel passou agregar dois negócios distintos, os cimentos e a pasta e papel.

O novo movimento, que está a ser recebido com entusiasmo (as acções da Sonae SGPS e da Cofina têm registado valorizações consideráveis), comporta, todavia, oportunidades e riscos, directamente relacionados com o valor dos activos destacados.

A criação de conglomerados foi bem recebida há poucos anos atrás porque, defendiam analistas e investidores, permitia a diluição dos riscos. A evolução negativa de um determinado negócio seria, com forte probabilidade, compensado pelos restantes e a organização do grupo, com uma administração comum, permitia uma maior atenção à evolução geral dos negócios. Actualmente, são os mesmos analistas financeiros e igualmente os grandes investidores institucionais a reclamar a realização de operações de cisão, com o argumento de que os investimentos se fazem, cada vez mais, por sectores específicos e ainda que, dessa forma, torna-se mais fácil a avaliação dos negócios. A maior especialização do "management" da empresa é outro dos argumentos a favor da separação de operações.

Mas o desafio que o mercado de capitais coloca não apresenta só vantagens. Há o risco das entidades envolvidas no processo - a que sai ou a que fica - perderem valor, ou, pura e simplesmente não merecerem o "prémio" do mercado. No casos dos "spin-off" da Sonae e da Cofina, é sobre a parte industrial que pendem maiores riscos, justificando alguns cuidados - no caso da Sonae, a preparação da operação arrasta-se desde Março de 2003; a Cofina prometeu uma decisão até ao final do corrente mês, sendo que o grupo de Paulo Fernandes tem o trabalho bem mais facilitado. A conjuntura económica, com reflexos directos no comportamento do mercado de capitais, recomenda prudência no avanço de grandes operações.

Sonae: O verdadeiro conglomerado
Ao longo das últimas duas décadas, a Sonae construiu o maior conglomerado português, agregando negócios na indústria, na distribuição, nas telecomunicações, no imobiliário e no turismo. Todos estes sectores estão agregados numa "holding" de topo, a Sonae SGPS, que apresentou um volume de negócios de 6260 milhões de euros em 2003.

Na área das telecomunicações, a Sonae fez, primeiro, uma operação de cisão (na Inparsa), mas depois voltou a juntar as operações na Sonae SGPS, porque o prémio que o mercado deu à nova "holding" foi muito superior ao da casa-mãe. Agora, é a área industrial que o grupo de Belmiro de Azevedo pretende autonomizar, num processo que não é simples porque a Sonae Indústria apresenta uma dimensão interessante, mas só agora começa a dar os primeiros resultados positivos. Com um volume de negócios de 1441 milhões de euros (em 2003), a Sonae Indústria é neste momento líder mundial do sector de painéis de madeira. O processo de reestruturação por que passou nos últimos anos, coincidente com uma má conjuntura económica, implicou um endividamento muito elevado (971,6 milhões de euros). Tendo em vista a cisão, o grupo iniciou um conjunto de medidas com vista à reestruturação financeira da empresa, de forma a torná-la autónoma da casa-mãe e mais atractiva para os investidores.

Os "research" consideram que a cisão faz sentido, apesar de se admitir que a maior recuperação do desconto que existe actualmente sobre o conglomerado possa ser recuperado pela Sonae SGPS, que ficará com negócios maduros - o imobiliário e a distribuição - e as telecomunicações, onde já se verifica um retorno do investimento realizado. O "prémio" da Sonae Indústria está muito dependente da conjuntura do mercados e do êxito do trabalho realizado pela equipa liderada por Carlos Moreira da Silva.

Cofina: A valorização dos media
A Cofina constitui um conglomerado de pequena dimensão quase por acaso. O grupo liderado por Paulo Fernandes foi realizando vários investimentos na área industrial, como na F. Ramada, Celulose do Caima e Vista Alegre, quase numa lógica de capital de risco. Depois, iniciou investimentos no negócio dos media, com a compra de activos já implantados no mercado, como o "Correio da Manhã" e o "Record", e o lançamento de projectos novos, como o "Jornal de Negócios". O último investimento nesta área foi feito com a aquisição de uma participação de 19 por cento na Lusomundo, controlada pelo grupo PT e que detém como principais activos o "Jornal de Notícias" e o "Diário de Notícias". Esta aquisição reforçou as expectativas de maior consolidação no sector. No seu conjunto, a Cofina apresenta um volume de negócios de 218,2 milhões de euros (2003).

A facto do mercado de capitais estar a revelar uma enorme apetência por empresas de media levou o grupo de Paulo Fernandes a estudar a possibilidade de colocar em bolsa a Investec, a "holding" que controla os negócios de media, através da realização de uma oferta pública inicial (IPO). A situação do mercado foi travando a operação e o empresário acabou por evoluir para a possibilidade de cisão. Os pormenores só deverão ser conhecidos no final do mês.

Neste caso, e de acordo com opiniões de analistas de mercado ouvidos pelo PÚBLICO, o que merecerá maior prémio será a área a destacar, a dos negócios dos media. Os investidores têm demonstrado enorme interesse por esta área, sendo que existe alguma preferência por empresas com activos na televisão, área que a Cofina ainda não detém. Um estudo recente do Santander avalia a área de media da Cofina em 205 milhões de euros e os negócios da indústria em 65 milhões de euros. Sobre a área industrial, o prémio poderá ser menor. Desde o anúncio de "spin-off", feito no final de Setembro, as acções da Cofina já subiram mais de 10 por cento.

Semapa-Portucel: O caso mais recente
A bolsa portuguesa ganhou um novo conglomerado, a Semapa, criado depois da recente aquisição da Portucel, que controla em cerca de 60 por cento, passando assim a ter dois negócios distintos: os cimentos e a pasta de papel. Dada a preferência que os investidores revelam actualmente por negócios específicos, a empresa de Pedro Queirós Pereira pode começar a sofrer o desconto que o mercado tem aplicado aos conglomerados