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Caldeirão da Bolsa

Vitor Constâncio - Endividamento das familias

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

Cuidado com a bola de pingpong

por Visitante » 8/10/2004 0:34

que o Banco de Portugal e outros economistas andam a lançar para cima da "mesa". Numa semana dizem uma coisa e na outra já dizem outra :evil:
O endividamento das famílias neste momento pode "ainda" não ser grave, mas afinal quando o vai ser? É sempre a mesma coisa, em vez de se prevenirem vão depois remediarem-se? Então as últimas estatísticas apontavam para que tinha aumentado o n.º de familias que já não conseguiam pagar os seus empréstimos à banca, e agora vêm estes "tipos" tentar segurar a economia através do consumo, mas sem qualquer futuro de sustentação para as familias?
Uma coisa era eu há 15 ou 20 anos atrás fazer um empréstimo à banca sabendo que poderia contar com o $$$ ao final do mês com o emprego mais ou menos garantido, mas hoje em dia, e como andam as coisas, qualquer um pode ficar desempregado ou sem trabalho, e as coisas apontam mais nesse sentido para o futuro, principlmente em portugal. Então não se deveria poupar agora? Depende, para a compra de uma casa acho que vale sempre a pena o sacrificio do endividamento, mas para andar a "gastar" aquilo que não se tem, pedindo empréstimo para passar férias ou comprar carro, ou comprar muitas vezes um novo telemóvel, ou uma Plasma, acho isso um erro grave.
Segundo os últimos dados do INE (ainda não divulgados) contraria aquilo que o Banco de Portugal diz na voz do seu presidente V. Constâncio, e diz que no médio prazo as famílias Portuguesas estão descapitalizadas, pois presentemente já vendem também (seguem o exemplo do estado)património próprio para pagar dívidas, mas que vai deixar de ser sustentável no futuro, por falta de outros meios ou recursos, apenas "remedeia" o presente.
Vão atrás de "cantigas" desses economistas que apregoam a história da cigarra e depois perguntem onde estavam as armas de destruição :twisted: e que é feito da formiga :lol:
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Por duas vezes me apagaram um post

por bboniek33 » 7/10/2004 23:17

que afixei com o "nick" bboniek99.
Fiz agora o meu "login" para continuar a minha participacao apos o "cetaceo" mas com este tipo de censura nao vou continuar neste tema.

Francamente nao entendo qual o conteudo no meu post que mereceu essa accao. Nao sai do contexto nem utilizei linguagem inapropriada.

Nao creio que a vossa hostilidade seja remunerada.
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Mas o que é poupar?

por Cetácio » 7/10/2004 23:04

Na linguagem antiga poupar era guardar algo que mais tarde lhe fazia falta e valorizava.Práticamente não havia inflação

Na linguagem moderna, poupar é meter o dinheiro no banco e estar a perder todos os dias o que costou a ganhar.Assim querem que as pessoas poupem o quê?

Como diz,e bem, o bboni,uns não poupam porque não têm nem nunca tiveram
. Os que tinham qualquer coisa e não queriam perder foram comprar uma habitação baseados na memória passada de que ali é que dava. Coitados agora caem-lhe as contribuições em cima e lá se vai o presumivel lucro.

Pergunto: quem compra uma habitação não está , de alguma forma, a poupar? É certo que está a investir mas ao mesmo tempo a ocupar as suas poupanças futuras.O pior é que vai andar 30 ou 40 anos enganado e a engordar ******
Cetácio
 

por valves » 7/10/2004 19:38

Excelente JCS :P muito bem rematada essa parte final partilho 100 % os teus pontos de vista quanto á necessidade imperiosa de se poupar perguntem ás pessoas mais velhas o que é que elas acham da poupança e percebem logo que se não pouparmos enquanto formos novos dificilmente sobreviveremos condignamente se formos velhos ... esqueçam as pensões pois rapidamente elas serão reduzidas até um patamar sustentavel patamar esse baixinho excepto para a mente brilhante que é o Eng ª Mira Maral em relação a qual os Portugueses lhe vão pagar uma reforma sabatica algures no Caribe :lol:

Um abraço

Vasco
Aqui no Caldeirão no Longo Prazo estamos todos ricos ... no longuissimo prazo os nossos filhos estarão ainda mais ricos ...
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Vitor Constâncio - Endividamento das familias

por JCS » 7/10/2004 18:36

Endividamento das famílias
Aumento do crédito a particulares ainda não é uma ameaça à retoma

Bruno Proença


"As famílias portuguesas estão a endividarem-se novamente e a reduzirem a sua taxa de poupança.

O nível de endividamento das famílias portuguesas está novamente a aumentar, embora esta situação não seja ainda um risco sério para a recuperação económica. Os números do Banco de Portugal não deixam dúvidas. Em Julho, a taxa de variação anual dos empréstimos a particulares fixou-se em 10,2%, valor que compara com os 9,4% atingidos em Janeiro.

O fenómeno é mais visível nos empréstimos para outros fins, uma vez que o crédito para a habitação tem mantido uma evolução estável. A taxa de variação anual dos empréstimos a particulares para outros fins fixou-se em Julho em 4,5%, mais do dobro do valor de Janeiro. A diferença é ainda mais acentuada se a comparação for feita com os valores do ano transacto – numa altura em que a economia estava mergulhada na recessão –, quando a taxa foi 0% em Junho ou 0,8% três meses depois.

O aumento do recurso das famílias ao crédito foi assinalado recentemente pelo governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, na abertura do encontro dos bancos centrais dos PALOP. «As famílias e o Estado voltam a aumentar o seu endividamento e a taxa de poupança privada regista uma ligeira quebra».

Contudo, este aumento do endividamento das famílias não coloca em causa, por enquanto, a retoma da economia nacional, embora seja um factor de risco. «Vejo com alguma preocupação o aumento do recurso dos consumidores ao crédito», afirmou Rui Constantino, economista-chefe do Santander Negócios. Ainda assim, «os rácios de delinquência destes créditos não estão a sofrer alterações significativas tendo em conta o nível do ciclo económico», explicou. «Poder-se-ia esperar pior».

O risco para a actividade económica reside na possibilidade do aumento do nível de endividamento dos particulares condicionar a evolução do consumo privado.

E isto pode acontecer caso ocorra uma forte subida nas taxas de juro, o que levaria a um agravamento do serviço da dívida que as famílias têm de suportar. Contudo, Rui Constantino sublinha que, no actual contexto, não é de esperar uma subida significativa nos juros.

Por outro lado, com a recuperação da actividade económica, é de esperar uma descida do desemprego, o que diminuirá as potenciais dificuldades das famílias em lidar com o serviço da dívida.

O endividamento das famílias começou a aumentar substancialmente na sequência da adesão de Portugal ao euro, que levou a uma baixa do nível dos juros. O endividamento chegou a um ponto em que ultrapassou o rendimento disponível das famílias.

Desta forma, as famílias foram obrigadas a ajustar o seu nível de consumo, o que contribuiu para a recessão que afectou a economia portuguesa no ano transacto.

Sector financeiro liquida dívida ao exterior
O sector financeiro está a responder ao aumento no recurso ao crédito, por parte das famílias e do Estado, sem se endividar junto do estrangeiro. Pelo contrário, a banca está a liquidar dívida junto do exterior, o que é um sinal da «saúde» do sector financeiro.

O facto foi assinalado pelo governador do Banco de Portugal. A subida do endividamento das famílias e do Estado «não foi acompanhado pelo aumento do endividamento dos bancos portugueses, nomeadamente, nos mercados interbancários, variável que apresenta pelo contrário, uma forte redução desde o ano transacto». Vítor Constâncio salientou ainda que «esta evolução é explicável pela crescente titularização de créditos que reduz o balanço e as necessidades de financiamento dos bancos, pelo recurso à emissão de títulos de maior maturidade e pelo aumento de capitais próprios do sistema».

O forte aumento do défice externo português, registado no princípio da década, foi acompanhado por o aumento do endividamento do sector financeiro junto do exterior. Mas a banca conseguiu ultrapassar esta situação com «uma transição bastante pacífica», afirma Rui Constantino, economista-chefe do Santander."






Muito importante a parte assinalada a Bold. É de louvar o esforço dos grupos financeiros de em contra-ciclo reduzirem o seu endividamento. Pena uma boa maioria de particulares não ter optado pelo mesmo (muitos sem alternativa como é óbvio). Estou certo que os que optaram pela via da redução do endividamento se encontram actualmente com "a casa mais arrumada" e como tal mais capazes de realizar investimentos e crescerem.


PS: Como referi há algum tempo, continuo a achar que grande parte da crise que se viveu (ou ainda se vive, se bem que na minha opinião já em menor escala) sempre se deveu a um "desenfriado" recurso ao endividamento que levou a grande maioria das familias a hipotecar os rendimentos do futuro para cumprirem o serviço da dívida (na maioria das vezes só para bens de "status"). Muitas familias não conseguiram "adivinhar" o óbvio dos ciclos económicos e prepararem-se para um dos muitos períodos de retracção económica que sempre se repetiram desde que há registo.
A solução sempre passou por procurar resolver esses desequilibrios "orçamentais familiares". Nem que para isso tivessem de vender algum património que permitisse corrigir erros do passado.


Cumprimentos

JCS
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