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Caldeirão da Bolsa

Guy Horta Peddy e Costa

Espaço dedicado a todo o tipo de troca de impressões sobre os mercados financeiros e ao que possa condicionar o desempenho dos mesmos.

por Visitante » 10/9/2004 10:35

Nem mais!

E já agora no "The Essays of Warren Buffett : Lessons for Corporate America", um livro excelente sobre Warren Buffet está lá bem explicado isso mesmo e o porquê de ele achar abominável estas operações.

A única altura em que uma empresa deve "libertar" dinheiro para remunerar os acionistas, deve ser quando deixar de conseguir rentabilizar os capitais próprios acima do que esses acionistas conseguiriam de outra forma (nomeadamente em investimenros de baixo risco como por exemplo obrigações). Esse não parece ser de todo o caso da PT e se assim fosse, não haveria razão para os accionistas serem sequer accionistas em primeiro lugar...


Cumprimentos,
Rics
Visitante
 

por Pessoa 1 » 10/9/2004 9:40

Chamo este tópico para cima, para dar o exemplo do Warren Buffet: nunca fez stock split nem distribuiu dividendos da sua empresa 8-)
É que se repararmos, mesmo a distribuição de dividendos (que agora se fala muito, pelo menos na PT) não deveria ser a razão para a compra de acções - regra n.º ?? para "ganhar em bolsa"...
Quem ganha com isso é o Estado e os bancos, em impostos e comissões.

Caro Touro, quanto ao gerir melhor o dinheiro, isso é muito subjectivo: a PT consegue uma rentabilidade dos capitais próprios superior a 20% :shock: rentabilidade que poucos dos particulares conseguem obter, ou seja, também não será por aí :mrgreen:

O que me parece é que os CEO's têm que espevitar as cotações e agradar aos "opinion makers" porque é para isso que são pagos, e não para trabalhar para o longo prazo, pq, no longo prazo estamos todos mortos :twisted:

Cumprimentos e bons €€€

Pessoa
Pessoa 1
 

por Touro » 8/9/2004 20:25

Caro Pessoa,

Apreciei a sua intervenção. Quanto à sua matemática não me posso pronunciar porque não domino essa matéria.

Parece-me bem remunerar bem os accionistas e em caso de necessidade para investimento fazer aumento de capital.

No fundo trata-se de libertar o dinheiro para os accionistas fazerem dele o que quiserem. E acho isso melhor do que ser a empresa a deter esse dinheiro, talvez conseguindo uma rentabilidade para esses capitais inferior àquela que o accionista consegue. Afinal de contas esse não é o 'core business' da empresa.
Cumprimentos,
Touro
 
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por Pessoa 1 » 8/9/2004 19:59

Este artigo de opinião tem muito de verdadeiro.
Acho perfeitamente irrazoável que as empresas comprem as suas acções e procedam à sua anulação. Se é verdade que o EPS subirá, o facto é que essa designada "remuneração aos accionistas" será apenas para quem vende :roll: ...
Para quem mantém as acções da PT, por exemplo, elas têm menos BV (book value) - já repararam que apesar de todos os lucros que teve, têm menos capital próprio do que há 1 ano atrás :!:
No fim de contas isto é positivo para 3 intervenientes:
os insideres, pq conhecem as notícias antes de sairem e lucram com isso;
os grandes accionistas - os bancos, porque ganham comissões, mas sobretudo porque estão carregados delas, e tinham que provisionar as menos-valias (mesmo que sendo por contrapartidas das reservas isso teria impacto nos balanços),
e por último o Estado, pq ganha mais uns "trocos" em imposto de selo, IRC e até IRS.

Daqui a 1 ou 2 anos, poderão surgir investimentos rentáveis, em participações de empresas de países emergentes, etc, etc, e o que é que vai acontecer :?: A PT faz 1 aumento de capital para financiar o investimento.

Façamos umas contas: a PT vai gastar cerca de 1000 milhões no share buy back. O EPS com a operação concluída será cerca de €0,55.
Sem operação seria cerca de €0,50. Só que se amortizasse dívida, isso significava digamos, menos 45 milhões em encargos financeiros anuais, ou seja um impacto de 0,036/por acção, ou seja o EPS seria de €0,536.
A grande diferença é que a empresa ficaria com mais margem de manobra para fazer investimentos que trouxessem retorno ao accionista, para além de com esta operação teremos o BV cerca de €2,30, e sem a recompra o mesmo seria de € 3,15 (os 1000 milhões a dividir pelo n.º de acções do Cap Social).

Ter-se-ía uma empresa mais sólida e diria com visão de longo prazo, e não apenas de curto prazo, para encher os bolsos de alguns...

Será que a minha matemática está correcta :?:
Ou será por ser cliente Tele 2 e Optimus :mrgreen:

Pessoa
Pessoa 1
 

Guy Horta Peddy e Costa

por TRSM » 8/9/2004 19:02

Guy Horta Peddy e Costa
sf@mediafin.pt
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A PT apresentou ontem resultados acima da média das estimativas, mas isso já deixou de ser suficiente. O pessoal anda todo na onda dos dividendos extraordinários e dos «share buy back». Não se trata de uma moda inocente. É um coro que está montado, assente num apetite voraz e em argumentos muito frágeis.
E, o que é pior, condiciona os actos de gestão e as decisões dos conselhos de administração.

O senhor Alexandre Soares dos Santos já revelou publicamente a indignação por ter seguido o «consenso do mercado». Não havia analista ou casa de investimento, explicou, que, research após research, não «empurrasse» a Jerónimo Martins para o Brasil. Deu no que deu.

É um caso raro de confissão de arrependimento. Outro foi dado por Jardim Gonçalves. Neste caso não se pode falar em arrependimento. Mais de «aviso à navegação».

Uma vez que, sob a chuva de recriminações pelos pesados investimentos na Oni, recordou terem sido os mesmos analistas que o haviam «castigado» pelo facto de BCP ser, à época, dos poucos bancos sem estratégia para as telecoms.

Há duas conclusões importantes a tirar destas duas histórias. A primeira é que os analistas se enganam e mudam facilmente de opinião. A segunda é que os gestores também se enganam, só que gastam mais tempo e provavelmente muito dinheiro a corrigir o erro.

Isto está longe de ser um libelo contra os analistas de mercado. É verdade que a pressão que exercem sobre as decisões da empresa é um assunto sério. Mas é tão sério e tão sensível quanto a pressão que é igualmente exercida pela comunicação social.

A Portugal Telecom é, como dizem os brasileiros, a «bola da vez». Dos 31 analistas que seguem a maior empresa cotada nacional andam, praticamente em unanimidade, a exigir os tais dividendos extraordinários e o recorrente «share buy back».

Ou seja, dito de forma mais prosaica, querem massa. Acham que os níveis de endividamento da PT estão controlados. Dizem que o grande esforço de investimento está cumprido. Consideram que o essencial das amortizações e das provisões já foi feito. Logo: devolvam dinheiro aos accionistas.

É preciso dizer que a PT pode ser condenada por muita coisa. Não por falta de generosidade. O «pay-out ratio» de 2003 foi de 117%: ou seja, a empresa consumiu todos os lucros e ainda teve de ir às reservas para satisfazer os accionistas.

E, num programa iniciado ainda o ano passado, a empresa comprará, no total, mil milhões de euros em acções próprias, ou seja tem 10% do capital preparado para satisfazer o apetite de investidores e os prémios de desempenho das administrações.

A história recente provou, com consequências dramáticas, que o mercado é um assunto demasiado sério para ser deixado aos analistas. Tal como a liberdade de imprensa não é pretexto para os jornais publicarem disparates livremente.

Guy Peddy, analista do Deutsche Bank, aconselhou a PT a abandonar o Brasil e devolver o «cash» aos accionistas. O maior dos absurdos é inofensivo. O problema está nos pequenos. Continuam absurdos. Mas os «boards» levam-nos a sério.

fonte CN
 
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