
Newsletter nº 146
6 Set 2004
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Os preços do petróleo: situação conjuntural ou novo paradigma estrutural II
Alguns (poucos) analistas de mercado têm defendido a existência de preços altos do petróleo, um pouco à revelia da generalidade da comunidade económica. Referem aqueles analistas que a manutenção de preço do petróleo a um nível elevado, mas compatível com o crescimento económico internacional, pode funcionar como um incentivo à procura de uma solução final para o problema das crises energéticas que, pontualmente, perturbam a economia mundial.
Neste sentido, é mesmo sugerido que as autoridades internacionais deveriam utilizar as suas reservas estratégicas (comprando e vendendo crude) para estabilizar os preços do petróleo ao nível suficientemente alto para desincentivar o consumo, mas não tanto de forma a não gerar qualquer princípio de recessão. Recorde-se que na nossa Newsletter da passada semana referimos um Survey do Wall Street Journal a um conjunto de economistas americanos em que não se indiciava o cenário de recessão até ao preço de $50 por barril.
Existem fundamentalmente dois motivos que justificam esta posição: (i) um eventual Prémio de Escassez de Longo Prazo (PELP) que acreditam estar incorporado no actual preço e que pode aumentar se não se incentivar fortemente a redução do consumo do petróleo e o aumento da eficiência energética geral; e (ii) a instabilidade política persistente associada às principais fontes de abastecimento de petróleo e aos grandes produtores. Apesar da redução do peso do petróleo no conjunto da energia primária fornecida pelas diversas fontes ter decrescido nos últimos trinta anos, o seu consumo aumentou cerca de 25% em termos absolutos. Por outro lado, porventura sem um forte incentivo económico, as designadas energias “limpas” não têm visto o seu peso aumentar em termos relativos, mantendo-se praticamente ao mesmo nível entre 1973 e 2001.
Especificamente ao nível do petróleo e seus derivados, verifica-se uma razoável redução do seu consumo em termos relativos, quer nos sectores industriais, quer nos consumos gerais, incluindo o doméstico e o sector público. Porém o sector dos transportes tem funcionado como um enorme consumidor de energia petrolífera. A este facto não é estranho o grande crescimento dos transportes rodoviários e aéreos, em detrimento do transportes ferroviário e marítimo. Será, assim, de esperar que estes sectores mais consumistas vejam as suas contas de exploração pressionadas nos custos, se os preços do petróleo não reduzirem significativamente os seus valores, a não ser que consigam transmitir esta pressão para os consumidores finais.
Em termos de tensões geopolíticas, grande parte das reservas de petróleo conhecidas (cerca de 1.100 milhares de milhões de barris, correspondentes a mais de 30 anos de consumo, mas com necessidade de enormes montantes de investimento para a sua extracção) encontram-se em áreas em que se poderão continuar a verificar situações de instabilidade política nos próximos anos.
Deste modo, a solução final do problema, se existe, terá necessariamente que passar pela limitação do consumo de petróleo e de gás natural para os limites impostos pelas restrições ambientais, pelo investimento em tecnologias que incrementem a eficiência energética e pelo desenvolvimento e utilização de fontes alternativas de energia, o que implicará obrigatoriamente o financiamento da pesquisa e da produção destas novas energias. E o que se facilitará, como referem estes analistas menos ortodoxos, pela manutenção de um “custo de oportunidade” (o preço do petróleo) que torne as energias alternativas economicamente viáveis.
6 Set 2004
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Os preços do petróleo: situação conjuntural ou novo paradigma estrutural II
Alguns (poucos) analistas de mercado têm defendido a existência de preços altos do petróleo, um pouco à revelia da generalidade da comunidade económica. Referem aqueles analistas que a manutenção de preço do petróleo a um nível elevado, mas compatível com o crescimento económico internacional, pode funcionar como um incentivo à procura de uma solução final para o problema das crises energéticas que, pontualmente, perturbam a economia mundial.
Neste sentido, é mesmo sugerido que as autoridades internacionais deveriam utilizar as suas reservas estratégicas (comprando e vendendo crude) para estabilizar os preços do petróleo ao nível suficientemente alto para desincentivar o consumo, mas não tanto de forma a não gerar qualquer princípio de recessão. Recorde-se que na nossa Newsletter da passada semana referimos um Survey do Wall Street Journal a um conjunto de economistas americanos em que não se indiciava o cenário de recessão até ao preço de $50 por barril.
Existem fundamentalmente dois motivos que justificam esta posição: (i) um eventual Prémio de Escassez de Longo Prazo (PELP) que acreditam estar incorporado no actual preço e que pode aumentar se não se incentivar fortemente a redução do consumo do petróleo e o aumento da eficiência energética geral; e (ii) a instabilidade política persistente associada às principais fontes de abastecimento de petróleo e aos grandes produtores. Apesar da redução do peso do petróleo no conjunto da energia primária fornecida pelas diversas fontes ter decrescido nos últimos trinta anos, o seu consumo aumentou cerca de 25% em termos absolutos. Por outro lado, porventura sem um forte incentivo económico, as designadas energias “limpas” não têm visto o seu peso aumentar em termos relativos, mantendo-se praticamente ao mesmo nível entre 1973 e 2001.
Especificamente ao nível do petróleo e seus derivados, verifica-se uma razoável redução do seu consumo em termos relativos, quer nos sectores industriais, quer nos consumos gerais, incluindo o doméstico e o sector público. Porém o sector dos transportes tem funcionado como um enorme consumidor de energia petrolífera. A este facto não é estranho o grande crescimento dos transportes rodoviários e aéreos, em detrimento do transportes ferroviário e marítimo. Será, assim, de esperar que estes sectores mais consumistas vejam as suas contas de exploração pressionadas nos custos, se os preços do petróleo não reduzirem significativamente os seus valores, a não ser que consigam transmitir esta pressão para os consumidores finais.
Em termos de tensões geopolíticas, grande parte das reservas de petróleo conhecidas (cerca de 1.100 milhares de milhões de barris, correspondentes a mais de 30 anos de consumo, mas com necessidade de enormes montantes de investimento para a sua extracção) encontram-se em áreas em que se poderão continuar a verificar situações de instabilidade política nos próximos anos.
Deste modo, a solução final do problema, se existe, terá necessariamente que passar pela limitação do consumo de petróleo e de gás natural para os limites impostos pelas restrições ambientais, pelo investimento em tecnologias que incrementem a eficiência energética e pelo desenvolvimento e utilização de fontes alternativas de energia, o que implicará obrigatoriamente o financiamento da pesquisa e da produção destas novas energias. E o que se facilitará, como referem estes analistas menos ortodoxos, pela manutenção de um “custo de oportunidade” (o preço do petróleo) que torne as energias alternativas economicamente viáveis.