A cereja sem bolo

A cereja sem bolo
16/08/2004 14:10
A cereja sem bolo
Sempre gostei de cerejas; é claramente, e de longe, o fruto que me dá mais prazer... é bonito, é doce e, tal como muitas coisas simples da vida, pode fazer uma pessoa feliz.
É por isto tudo que comparo as cerejas às acções de mecenato e voluntariado desenvolvidas, cada vez mais, pelas empresas: são fáceis de realizar, são bonitas e dão a quem as pratica um sentimento de dever cumprido, que se pode assemelhar à felicidade. Isto para além, é claro, de ajudarem quem precisa.
Mas, assim como as cerejas têm um tempo e se comem sem grande necessidade de reflexão, também aquelas acções são, regra geral, pontuais e não significam ter a empresa que as pratica decidido caminhar de forma sistemática naquele sentido, levando a cabo uma revolução de fundo, capaz de tornar uma empresa tradicional numa empresa do futuro. Isto é, uma empresa que assuma o papel de agente da mudança e do crescimento da sociedade em que se insere, uma empresa que tenha integrado nos seus padrões de gestão uma política verdadeiramente baseada nos três pilares do desenvolvimento sustentável: os proveitos, o planeta e as pessoas.
Olhando para a proliferação de acções de voluntariado e de mecenato com que me deparo todos os dias nos jornais, constato cada vez mais que, na grande maioria, são acções que não implicarão qualquer tipo de mudanças de fundo por parte das empresas, e que, em muitos casos, não são sequer começos de alguma coisa que valha a pena referir. É nesta altura que as cerejas me começam a parecer estranhas; como se estivessem, neste caso, penduradas em cima de um bolo inexistente, como se fossem algo cuja função é ornamental, mas à qual falta a base, o objecto do ornamento.
Estas cerejas trazem cada vez mais o sabor da areia atirada para os olhos, da esmola que, dada ao pobre, não muda em nada o sistema. Isto apesar de, naturalmente, dar algum conforto pontual.
Quando começarão as empresas, de uma forma geral, a amassar e a fazer o bolo para o qual já têm ornamento? A receita é simples e os ingredientes estão, normalmente na própria empresa, que pode começar por analisar, de forma sistemática, o objecto da sua produção ou do seu negócio e diagnosticar os efeitos colaterais que a actividade desenvolvida tem na sociedade, no mundo, nas pessoas que a rodeiam. Poderá a seguir ver de que forma estes impactes, caso sejam negativos, podem ser minorados ou eliminados.
Depois, pode olhar para todos os que a fazem existir, para os colaboradores, para os accionistas, para os fornecedores e para os clientes, e pensar no tipo de relação que estabelece com cada um deles, interrogando-se sobre se lhes conhece a opinião, as aspirações, sobre as chances que tem de lhes dar resposta.
Pode depois comunicar, para mostrar que o bolo está a ser feito e para que todos os interessados possam ter uma visão clara do processo, e possam, eventualmente, dar a sua opinião... e tem sempre de continuar a caminhar, a fabricar novos bolos, com cada novo ingrediente, que, uma vez adoptada esta forma atenta de estar, não lhe passará despercebido.
É um processo complicado, mas é um processo a que não há forma de fugir, é um investimento que a empresa tem de fazer: os benefícios ambientais são evidentes conhecidos de todos e valorizados por todos. Os outros, os que têm a ver com as pessoas e com os padrões de funcionamento e de relacionamento da própria empresa com os respectivos públicos, também estão mais que documentados: cada vez mais, os consumidores preferem as empresas que partilham os seus valores (um benefício de imagem) e as empresas mais atentas ao mundo que as rodeia são as que estão mais preparadas para fazer face às mudanças e aos imprevistos â¿¿ um benefício para os accionistas.
No meio de tudo isto, claro que há espaço para acções de caridA cereja sem bolo
16/08/2004 14:10
A cereja sem bolo
Sempre gostei de cerejas; é claramente, e de longe, o fruto que me dá mais prazer... é bonito, é doce e, tal como muitas coisas simples da vida, pode fazer uma pessoa feliz.
É por isto tudo que comparo as cerejas às acções de mecenato e voluntariado desenvolvidas, cada vez mais, pelas empresas: são fáceis de realizar, são bonitas e dão a quem as pratica um sentimento de dever cumprido, que se pode assemelhar à felicidade. Isto para além, é claro, de ajudarem quem precisa.
Mas, assim como as cerejas têm um tempo e se comem sem grande necessidade de reflexão, também aquelas acções são, regra geral, pontuais e não significam ter a empresa que as pratica decidido caminhar de forma sistemática naquele sentido, levando a cabo uma revolução de fundo, capaz de tornar uma empresa tradicional numa empresa do futuro. Isto é, uma empresa que assuma o papel de agente da mudança e do crescimento da sociedade em que se insere, uma empresa que tenha integrado nos seus padrões de gestão uma política verdadeiramente baseada nos três pilares do desenvolvimento sustentável: os proveitos, o planeta e as pessoas.
Olhando para a proliferação de acções de voluntariado e de mecenato com que me deparo todos os dias nos jornais, constato cada vez mais que, na grande maioria, são acções que não implicarão qualquer tipo de mudanças de fundo por parte das empresas, e que, em muitos casos, não são sequer começos de alguma coisa que valha a pena referir. É nesta altura que as cerejas me começam a parecer estranhas; como se estivessem, neste caso, penduradas em cima de um bolo inexistente, como se fossem algo cuja função é ornamental, mas à qual falta a base, o objecto do ornamento.
Estas cerejas trazem cada vez mais o sabor da areia atirada para os olhos, da esmola que, dada ao pobre, não muda em nada o sistema. Isto apesar de, naturalmente, dar algum conforto pontual.
Quando começarão as empresas, de uma forma geral, a amassar e a fazer o bolo para o qual já têm ornamento? A receita é simples e os ingredientes estão, normalmente na própria empresa, que pode começar por analisar, de forma sistemática, o objecto da sua produção ou do seu negócio e diagnosticar os efeitos colaterais que a actividade desenvolvida tem na sociedade, no mundo, nas pessoas que a rodeiam. Poderá a seguir ver de que forma estes impactes, caso sejam negativos, podem ser minorados ou eliminados.
Depois, pode olhar para todos os que a fazem existir, para os colaboradores, para os accionistas, para os fornecedores e para os clientes, e pensar no tipo de relação que estabelece com cada um deles, interrogando-se sobre se lhes conhece a opinião, as aspirações, sobre as chances que tem de lhes dar resposta.
Pode depois comunicar, para mostrar que o bolo está a ser feito e para que todos os interessados possam ter uma visão clara do processo, e possam, eventualmente, dar a sua opinião... e tem sempre de continuar a caminhar, a fabricar novos bolos, com cada novo ingrediente, que, uma vez adoptada esta forma atenta de estar, não lhe passará despercebido.
É um processo complicado, mas é um processo a que não há forma de fugir, é um investimento que a empresa tem de fazer: os benefícios ambientais são evidentes conhecidos de todos e valorizados por todos. Os outros, os que têm a ver com as pessoas e com os padrões de funcionamento e de relacionamento da própria empresa com os respectivos públicos, também estão mais que documentados: cada vez mais, os consumidores preferem as empresas que partilham os seus valores (um benefício de imagem) e as empresas mais atentas ao mundo que as rodeia são as que estão mais preparadas para fazer face às mudanças e aos imprevistos â¿¿ um benefício para os accionistas.
No meio de tudo isto, claro que há espaço para acções de caridade e de voluntariado; aliás, fazem mesmo parte do envolvimento com a comunidade, mas deixemos as cerejas para o tempo das cerejas.
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ade e de voluntariado; aliás, fazem mesmo parte do envolvimento com a comunidade, mas deixemos as cerejas para o tempo das cerejas.
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16/08/2004 14:10
A cereja sem bolo
Sempre gostei de cerejas; é claramente, e de longe, o fruto que me dá mais prazer... é bonito, é doce e, tal como muitas coisas simples da vida, pode fazer uma pessoa feliz.
É por isto tudo que comparo as cerejas às acções de mecenato e voluntariado desenvolvidas, cada vez mais, pelas empresas: são fáceis de realizar, são bonitas e dão a quem as pratica um sentimento de dever cumprido, que se pode assemelhar à felicidade. Isto para além, é claro, de ajudarem quem precisa.
Mas, assim como as cerejas têm um tempo e se comem sem grande necessidade de reflexão, também aquelas acções são, regra geral, pontuais e não significam ter a empresa que as pratica decidido caminhar de forma sistemática naquele sentido, levando a cabo uma revolução de fundo, capaz de tornar uma empresa tradicional numa empresa do futuro. Isto é, uma empresa que assuma o papel de agente da mudança e do crescimento da sociedade em que se insere, uma empresa que tenha integrado nos seus padrões de gestão uma política verdadeiramente baseada nos três pilares do desenvolvimento sustentável: os proveitos, o planeta e as pessoas.
Olhando para a proliferação de acções de voluntariado e de mecenato com que me deparo todos os dias nos jornais, constato cada vez mais que, na grande maioria, são acções que não implicarão qualquer tipo de mudanças de fundo por parte das empresas, e que, em muitos casos, não são sequer começos de alguma coisa que valha a pena referir. É nesta altura que as cerejas me começam a parecer estranhas; como se estivessem, neste caso, penduradas em cima de um bolo inexistente, como se fossem algo cuja função é ornamental, mas à qual falta a base, o objecto do ornamento.
Estas cerejas trazem cada vez mais o sabor da areia atirada para os olhos, da esmola que, dada ao pobre, não muda em nada o sistema. Isto apesar de, naturalmente, dar algum conforto pontual.
Quando começarão as empresas, de uma forma geral, a amassar e a fazer o bolo para o qual já têm ornamento? A receita é simples e os ingredientes estão, normalmente na própria empresa, que pode começar por analisar, de forma sistemática, o objecto da sua produção ou do seu negócio e diagnosticar os efeitos colaterais que a actividade desenvolvida tem na sociedade, no mundo, nas pessoas que a rodeiam. Poderá a seguir ver de que forma estes impactes, caso sejam negativos, podem ser minorados ou eliminados.
Depois, pode olhar para todos os que a fazem existir, para os colaboradores, para os accionistas, para os fornecedores e para os clientes, e pensar no tipo de relação que estabelece com cada um deles, interrogando-se sobre se lhes conhece a opinião, as aspirações, sobre as chances que tem de lhes dar resposta.
Pode depois comunicar, para mostrar que o bolo está a ser feito e para que todos os interessados possam ter uma visão clara do processo, e possam, eventualmente, dar a sua opinião... e tem sempre de continuar a caminhar, a fabricar novos bolos, com cada novo ingrediente, que, uma vez adoptada esta forma atenta de estar, não lhe passará despercebido.
É um processo complicado, mas é um processo a que não há forma de fugir, é um investimento que a empresa tem de fazer: os benefícios ambientais são evidentes conhecidos de todos e valorizados por todos. Os outros, os que têm a ver com as pessoas e com os padrões de funcionamento e de relacionamento da própria empresa com os respectivos públicos, também estão mais que documentados: cada vez mais, os consumidores preferem as empresas que partilham os seus valores (um benefício de imagem) e as empresas mais atentas ao mundo que as rodeia são as que estão mais preparadas para fazer face às mudanças e aos imprevistos â¿¿ um benefício para os accionistas.
No meio de tudo isto, claro que há espaço para acções de caridA cereja sem bolo
16/08/2004 14:10
A cereja sem bolo
Sempre gostei de cerejas; é claramente, e de longe, o fruto que me dá mais prazer... é bonito, é doce e, tal como muitas coisas simples da vida, pode fazer uma pessoa feliz.
É por isto tudo que comparo as cerejas às acções de mecenato e voluntariado desenvolvidas, cada vez mais, pelas empresas: são fáceis de realizar, são bonitas e dão a quem as pratica um sentimento de dever cumprido, que se pode assemelhar à felicidade. Isto para além, é claro, de ajudarem quem precisa.
Mas, assim como as cerejas têm um tempo e se comem sem grande necessidade de reflexão, também aquelas acções são, regra geral, pontuais e não significam ter a empresa que as pratica decidido caminhar de forma sistemática naquele sentido, levando a cabo uma revolução de fundo, capaz de tornar uma empresa tradicional numa empresa do futuro. Isto é, uma empresa que assuma o papel de agente da mudança e do crescimento da sociedade em que se insere, uma empresa que tenha integrado nos seus padrões de gestão uma política verdadeiramente baseada nos três pilares do desenvolvimento sustentável: os proveitos, o planeta e as pessoas.
Olhando para a proliferação de acções de voluntariado e de mecenato com que me deparo todos os dias nos jornais, constato cada vez mais que, na grande maioria, são acções que não implicarão qualquer tipo de mudanças de fundo por parte das empresas, e que, em muitos casos, não são sequer começos de alguma coisa que valha a pena referir. É nesta altura que as cerejas me começam a parecer estranhas; como se estivessem, neste caso, penduradas em cima de um bolo inexistente, como se fossem algo cuja função é ornamental, mas à qual falta a base, o objecto do ornamento.
Estas cerejas trazem cada vez mais o sabor da areia atirada para os olhos, da esmola que, dada ao pobre, não muda em nada o sistema. Isto apesar de, naturalmente, dar algum conforto pontual.
Quando começarão as empresas, de uma forma geral, a amassar e a fazer o bolo para o qual já têm ornamento? A receita é simples e os ingredientes estão, normalmente na própria empresa, que pode começar por analisar, de forma sistemática, o objecto da sua produção ou do seu negócio e diagnosticar os efeitos colaterais que a actividade desenvolvida tem na sociedade, no mundo, nas pessoas que a rodeiam. Poderá a seguir ver de que forma estes impactes, caso sejam negativos, podem ser minorados ou eliminados.
Depois, pode olhar para todos os que a fazem existir, para os colaboradores, para os accionistas, para os fornecedores e para os clientes, e pensar no tipo de relação que estabelece com cada um deles, interrogando-se sobre se lhes conhece a opinião, as aspirações, sobre as chances que tem de lhes dar resposta.
Pode depois comunicar, para mostrar que o bolo está a ser feito e para que todos os interessados possam ter uma visão clara do processo, e possam, eventualmente, dar a sua opinião... e tem sempre de continuar a caminhar, a fabricar novos bolos, com cada novo ingrediente, que, uma vez adoptada esta forma atenta de estar, não lhe passará despercebido.
É um processo complicado, mas é um processo a que não há forma de fugir, é um investimento que a empresa tem de fazer: os benefícios ambientais são evidentes conhecidos de todos e valorizados por todos. Os outros, os que têm a ver com as pessoas e com os padrões de funcionamento e de relacionamento da própria empresa com os respectivos públicos, também estão mais que documentados: cada vez mais, os consumidores preferem as empresas que partilham os seus valores (um benefício de imagem) e as empresas mais atentas ao mundo que as rodeia são as que estão mais preparadas para fazer face às mudanças e aos imprevistos â¿¿ um benefício para os accionistas.
No meio de tudo isto, claro que há espaço para acções de caridade e de voluntariado; aliás, fazem mesmo parte do envolvimento com a comunidade, mas deixemos as cerejas para o tempo das cerejas.
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ade e de voluntariado; aliás, fazem mesmo parte do envolvimento com a comunidade, mas deixemos as cerejas para o tempo das cerejas.
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