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Não ligo á politica , pq é uma perda de tempo, mas maioria das pesssoas ultimamente já perdeu a esperança e não há luz ao fundo do tunel. Se alguém ouviu o Medina Carreira na TV 2 num Domingo á noite , já começa a ter umas pistas para o futuro do país. Não tem futuro, para a juventude.
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O país do regabofe
13/08/2004 14:11
O país do regabofe
O alvoroço que por aí vai, sobre a licitude das gravações, soa um pouco a hipocrisia. Todavia, propõe um debate alargado sobre a ética jornalística, e as imposições da batalha pela conquista das tiragens. Seria interessante averiguar-se quem nunca utilizou o processo. E, acaso, surgiriam grandes surpresas. Devo adiantar, no entanto, que o «sensacionalismo», tão vituperado ao «Correio da Manhã», tem mais a ver com o volume das letras dos cabeçalhos do que com os conteúdos. Se analisássemos, friamente e com rigor, parte substancial do que tem sido publicado, nos jornais ditos de «referência» (palavra bandalha que pretende superiorizar certos modos de produzir informação, inferiorizando todos os outros) verificaríamos que os conteúdos são idênticos senão iguais aos do «Correio». É uma questão de «lettering» que estabelece, a meu ver de forma desprezível, quem é jornalista de «primeira» e jornalista de «segunda». E o número de desmentidos a jornais de «referência» é muito maior (espante-se!) do que aos «outros» jornais.
Mas a semana foi agitada pelo regresso das viagens-fantasma que, há anos, fez rolar cabeças e abriu parangonas na Imprensa. A Assembleia da República decidiu legalizar o que havia criticado com veemência. Assim, a partir de agora, os deputados podem deslocar-se ao estrangeiro com «acompanhantes» (sejam estes esposos ou esposas, namorados ou namoradas, barregãs ou amigos), que o erário público cobre as despesas. Por causa da «dignidade institucional», os senhores parlamentares têm de se instalar em classe executiva; mas a «dignidade» estilhaça-se, legalmente, porque o diploma consente que o bilhete de avião seja subdividido em duas passagens de turística, permitindo a presença do «acompanhante».
Tudo isto configura uma indignidade e um ultraje à nossa consciência social. Porque motivos ponderosos os deputados não devem viajar em turística? Para defesa da sua imagem? Que imagem? Aquela que realmente expõem ou aqueladesejável para o estrangeiro? O Estado pretende, com esta insólita decisão, quebrar a solidão desesperada dos nossos pobres e taciturnos parlamentares, suavizando as agruras das suas rudes tarefas com a presença afectuosa de calorosos íntimos?
O descrédito das instituições, o despudor larvar que tomou de assalto a vida pública portuguesa, a impunidade com que «democraticamente» se tomam deliberações no mínimo escabrosas fazem do ridículo uma forma trágica. O País está de pantanas, a miséria alastra, prevê-se que milhares de pequenas e médias empresas vão falir, e educação é um descalabro, a saúde está num caos, a justiça é um arreganho, a segurança social estremece, a protecção civil é inexistente - e os deputados podem levar de longada quem muito bem lhes apetecer, à custa do nosso dinheiro. Não se trata de demagogia: trata-se, isso sim, de regabofe autorizado por decreto.
Outro assunto a merecer comentário é o da entrevista que o empresário Henrique Neto concedeu ao semanário «O Diabo», e na qual o ex-deputado socialista faz comentários terríveis aos processos que enredam a candidatura de José Sócrates a secretário-geral do PS. A páginas tantas, afirma: «Jorge Coelho e mais meia dúzia de militantes reuniram-se, para almoçar, na Curia, e escolheram o nome de Sócrates. São pessoas que têm relações de solidariedade muito fortes com as federações, estas com as autarquias e estas, por sua vez, com os interesses da construção civil».
É um documento demolidor. «Não há democracia interna no PS». Neto, conhecido pela sua capacidade interventiva e pelo desassombro com que costuma dizer o que pensa, refere algumas das muitas incapacidades de Sócrates para o desempenho das funções, entre as quais a teia reticular daquilo a que ele chama as «solidariedades» - e que mais não são do que afinidades de interesses, nas quais se incluem elementos destacados do PSD.
O «bloco central de interesses», como Neto designa esse jogo malabar, está em movim...
13/08/2004 14:11
O país do regabofe
O alvoroço que por aí vai, sobre a licitude das gravações, soa um pouco a hipocrisia. Todavia, propõe um debate alargado sobre a ética jornalística, e as imposições da batalha pela conquista das tiragens. Seria interessante averiguar-se quem nunca utilizou o processo. E, acaso, surgiriam grandes surpresas. Devo adiantar, no entanto, que o «sensacionalismo», tão vituperado ao «Correio da Manhã», tem mais a ver com o volume das letras dos cabeçalhos do que com os conteúdos. Se analisássemos, friamente e com rigor, parte substancial do que tem sido publicado, nos jornais ditos de «referência» (palavra bandalha que pretende superiorizar certos modos de produzir informação, inferiorizando todos os outros) verificaríamos que os conteúdos são idênticos senão iguais aos do «Correio». É uma questão de «lettering» que estabelece, a meu ver de forma desprezível, quem é jornalista de «primeira» e jornalista de «segunda». E o número de desmentidos a jornais de «referência» é muito maior (espante-se!) do que aos «outros» jornais.
Mas a semana foi agitada pelo regresso das viagens-fantasma que, há anos, fez rolar cabeças e abriu parangonas na Imprensa. A Assembleia da República decidiu legalizar o que havia criticado com veemência. Assim, a partir de agora, os deputados podem deslocar-se ao estrangeiro com «acompanhantes» (sejam estes esposos ou esposas, namorados ou namoradas, barregãs ou amigos), que o erário público cobre as despesas. Por causa da «dignidade institucional», os senhores parlamentares têm de se instalar em classe executiva; mas a «dignidade» estilhaça-se, legalmente, porque o diploma consente que o bilhete de avião seja subdividido em duas passagens de turística, permitindo a presença do «acompanhante».
Tudo isto configura uma indignidade e um ultraje à nossa consciência social. Porque motivos ponderosos os deputados não devem viajar em turística? Para defesa da sua imagem? Que imagem? Aquela que realmente expõem ou aqueladesejável para o estrangeiro? O Estado pretende, com esta insólita decisão, quebrar a solidão desesperada dos nossos pobres e taciturnos parlamentares, suavizando as agruras das suas rudes tarefas com a presença afectuosa de calorosos íntimos?
O descrédito das instituições, o despudor larvar que tomou de assalto a vida pública portuguesa, a impunidade com que «democraticamente» se tomam deliberações no mínimo escabrosas fazem do ridículo uma forma trágica. O País está de pantanas, a miséria alastra, prevê-se que milhares de pequenas e médias empresas vão falir, e educação é um descalabro, a saúde está num caos, a justiça é um arreganho, a segurança social estremece, a protecção civil é inexistente - e os deputados podem levar de longada quem muito bem lhes apetecer, à custa do nosso dinheiro. Não se trata de demagogia: trata-se, isso sim, de regabofe autorizado por decreto.
Outro assunto a merecer comentário é o da entrevista que o empresário Henrique Neto concedeu ao semanário «O Diabo», e na qual o ex-deputado socialista faz comentários terríveis aos processos que enredam a candidatura de José Sócrates a secretário-geral do PS. A páginas tantas, afirma: «Jorge Coelho e mais meia dúzia de militantes reuniram-se, para almoçar, na Curia, e escolheram o nome de Sócrates. São pessoas que têm relações de solidariedade muito fortes com as federações, estas com as autarquias e estas, por sua vez, com os interesses da construção civil».
É um documento demolidor. «Não há democracia interna no PS». Neto, conhecido pela sua capacidade interventiva e pelo desassombro com que costuma dizer o que pensa, refere algumas das muitas incapacidades de Sócrates para o desempenho das funções, entre as quais a teia reticular daquilo a que ele chama as «solidariedades» - e que mais não são do que afinidades de interesses, nas quais se incluem elementos destacados do PSD.
O «bloco central de interesses», como Neto designa esse jogo malabar, está em movim...
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