Em linha com previsões de analistas
Lucros da Jerónimo Martins aumentam 77,6% com corte de custos e menos dívida
A Jerónimo Martins anunciou hoje que os resultados líquidos do primeiro semestre cresceram 77,6% face ao período homólogo do ano passado e em linha com as estimativas mais optimistas dos analistas. A segunda maior distribuidora nacional beneficiou do corte de custos e da descida da dívida, em 230 milhões de euros.
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Nuno Carregueiro
nc@mediafin.pt
A Jerónimo Martins anunciou hoje que os resultados líquidos do primeiro semestre cresceram 77,6% face ao período homólogo do ano passado e em linha com as estimativas mais optimistas dos analistas. A segunda maior distribuidora nacional beneficiou do corte de custos e da descida da dívida, em 230 milhões de euros.
Os lucros dos primeiros seis meses deste ano, que já incorporam as novas normas internacionais de contabilidade (IAS), ascenderam a 30,27 milhões de euros, contra os 17,5 milhões de euros do período homólogo. As IAS são obrigatórias a partir de 2005, mas a JM decidiu antecipar a sua aplicação para este ano, de modo a que os resultados de 2005 sejam comparáveis.
O BPI antevia que a empresa liderada por Luís Palha apresentasse resultados líquidos de 27,7 milhões de euros e uma sondagem da Reuters a analistas apontava para os lucros saírem no intervalo entre 26,4 milhões a 31,7 milhões de euros.
As vendas consolidadas da empresa situaram-se nos 1,618 mil milhões de euros, menos 1,4% que obtido no mesmo período de 2003, mas mais 1,3% se for excluído o contributo dos negócios entretanto alienados.
Num semestre «marcado pelo abrandamento do consumo e pela intensificação da concorrência», as receitas no negócio a retalho (excluíndo a Madeira) aumentaram 0,9%, «facto positivo se considerarmos a significativa redução de preços levada a cabo, continuamente, pelas insígnias Pingo Doce e Feira Nova», diz a Jerónimo Martins num comunicado.
Já nos hipermercados, a evolução comparável foi negativa, devido à deflação verificada no Feira Nova, enquanto, segundo a empresa, o Euro 2004 beneficiou o Recheio, pois no negócio de «cash & carry» as vendas cresceram 2,6%.
A Biedronka, cadeia do Grupo JM que é líder no segmento de desconto da Polónia, também apresentou uma subida nas vendas (14,9%), embora a queda da moeda local, o zloty, continue a ter um efeito negativo, pois quando convertidas para euros, as vendas apenas cresceram 3%.
Na negócio industrial, onde está presente através duma parceria com a Unilever, as receitas caíram 4,3%, «em consonância com o que aconteceu por toda a Europa».
Acções da JM em seis meses
Corte de custos vai continuar; Redução da dívida beneficia resultados financeiros
O EBITDA, ou «cash flow» operacional, aumentou 1% para 128,32 milhões de euros e os resultados operacionais subiram 27,2% até aos 79,97 milhões de euros. A margem EBITDA melhorou 0,2 pontos percentuais (pp) para 7,9%, enquanto a margem operacional cresceu 1,1 pp até aos 4,9%.
Para esta performance contribuiu a redução de custos operacionais em 5,26 milhões de euros, ou 1,9%, para 275,65 milhões de euros.
Nas perspectivas para o segundo semestre, a empresa controlada pela família Soares dos Santos assegura que «vai continuar a concentrar-se na redução de custos, garantido o actual nível de margens», pois na segunda metade do ano prosseguirá «a intensificação da concorrência» bem, como o «enquadramento económico ainda débil».
Ainda a explicar a melhoria dos resultados da JM esteve a redução da dívida consolidada, que passou de 915 milhões de euros no fim do primeiro semestre de 2003, para 680 milhões de euros no final de Junho deste ano, ou seja, uma redução de 230 milhões de euros.
Para esta descida contribuiu o encaixe de 150 milhões de euros com o aumento de capital e o aumento da maturidade média da dívida para mais de quatro anos, devido ao «private placement» de obrigações, no valor de 180 milhões de euros, junto de investidores dos Estados Unidos.
Assim, a JM conseguiu, com a redução do risco da empresa, baixar em 50 pontos base os «spreads» de financiamento, explicando a descida de 15,3% nos prejuízos financeiros, que ficaram nos 26 milhões de euros.
No negócio polaco a empresa afirma que a desvalorização do zloty impediu uma maior contributo para as contas do grupo, mas a margem EBITDA melhorou para 4,5%.
JM quer renegociar venda da Eurocash e prevê expansão em Portugal e na Polónia
Nas perspectivas para o que resta do ano, a Jerónimo Martins afirma que está em negociações para antecipar o recebimento da venda da participação no polaco Eurocash, que estava previsto apenas para 9 anos após efectuada a operação (em 2003).
«Com o objectivo de cancelar um relacionamento que se poderia estender por quase uma década (...) o Grupo propôs aos responsáveis do MBO uma redução no valor do preço, caso os compradores exerçam os seus direitos contratuais ainda este ano», explica a empresa, adiantando que já registou nas suas contas semestrais a menos valia - não quantificada - que resulta da operação.
Os objectivos da Jerónimo Martins para o segundo semestre passam pelo crescimento na Polónia e em Portugal, depois do aumento de capital ter gerado «flexibilidade de financeira para potenciar oportunidades de crescimento», reiterou a empresa.
Na Polónia, a Biedronka – actualmente com uma rede de 690 lojas - «vai prosseguir o seu plano de expansão», enquanto que em Portugal a JM «aguarda a aprovação de alguns dos pedidos de licenciamento comercial».
A empresa visa abrir várias unidades Pingo Doce – no final do primeiro semestre tinha 188 – sobretudo nas áreas da Gande Lisboa e Grande Porto, bem como mais insígnias Feira Nova, rede que contava em Junho com 25 unidades. Já no mês passado o Grupo inaugurou um Pingo Doce na Sertâ e três lojas Feira Nova.