Aumento de capital com impacto negativo de 2,6% a 3% na EDP (act2)
O aumento de capital terá um impacto negativo de 2,6% a 3% na cotação da Electricidade de Portugal (EDP) e terá igualmente repercussões ao nível do lucro por acção (EPS), defendem os analistas. As acções afundavam um máximo de 5,56%.
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Pedro Carvalho
pc@mediafin.pt
O aumento de capital terá um impacto negativo de 2,6% a 3% na cotação da Electricidade de Portugal (EDP) e terá igualmente repercussões ao nível do lucro por acção (EPS), defendem os analistas, que têm vindo a rever em baixa as recomendações para a eléctrica.
O Credit Suisse First Boston (CSFB) reviu em baixa o preço-alvo para as acções da Electricidade de Portugal (EDP) [Cot] em 0,08 euros para os actuais 2,52 euros, com o analista Alfonso Zuloaga a calcular que o aumento de capital «terá um impacto negativo na nossa avaliação de 3%».
A EDP anunciou ontem que vai realizar um aumento de capital de 1,195 mil milhões de euros, com vista a comprar a posição da EnBW, da Cajastur e da Cáser na HidroCantábrico (HC).
O valor da aquisição, através da qual vai deter 95,7% da empresa espanhola, é de 1,195 mil milhões de euros. À EnBW e à Cáser a EDP paga em dinheiro, enquanto à Cajastur dá em troca de 5,4 a 5,8% do seu capital.
Esta operação de reforço do capital para financiar a compra na região das Astúrias terá um impacto negativo de 12% nos lucros por acção (EPS) previstos para 2004 que passará dos 0,15 euros para os 0,13 euros, calcula o banco suíço.
A partir de 2005, esta operação, segundo o banco, terá um impacto negativo de 5% no EPS, excluindo as amortizações do «goodwill», com base nas novas normas internacionais de contabilidade.
Alfonso Zuloaga manteve a recomendação de «outperform» e aconselha aos clientes do banco a aproveitarem a correcção da eléctrica para entrar no título, já que um dos factores de incerteza que pairava sobre a empresa que desaparece.
Gráfico da EDP nos últimos seis meses
Comunicado da EDP a explicar aquisição da Hidrocantábrico
Erosão de valor representa 2,6% da actual capitalização da EDP
Os analistas do Santander, tendo em conta o preço pago pela EDP (1,195 mil milhões de euros) e a actual avaliação do banco espanhol para a HC, dizem que se prevê «que a erosão de valor implícita nesta transacção possa representar 2,6% da actual capitalização da EDP».
A EDP estima que, com o controle efectivo da HC, possa obter sinergias na casa dos 30 milhões de euros por ano, e que a venda de activos não estratégicos da HC (televisão por cabo) possa resultar em mais-valias entre 60 milhões de euros e 80 milhões de euros. Se tal vier a verificar-se, o impacto da aquisição em termos de EPS poderá vir a ser não diluto, segundo o Santander.
Millennium bcp diz rácio da dívida mantém-se inalterado
O Millennium bcp investimento diz que o preço de 1,195 mil milhões de euros fica acima «das nossas estimativas, o que representa um desvio de 6,5% da capitalização bolsista da EDP».
«Vemos com bons olhos que o financiamento desta operação seja realizado através de um aumento de capital, uma vez que o rácio dívida líquida/"cash flow’" operacional se mantém quase inalterado», continua.
O banco de investimento tem uma recomendação de «compra» e um preço-alvo para o final do ano de 2,80 euros.
Lehman reitera venda e ES Research baixa recomendação
A Lehman Brothers considera que o preço pago pela EDP tem implícito múltiplos acima do sector, e considera que os 1,195 mil milhões de euros, que representam 17% da capitalização bolsista da EDP, tenham um impacto negativo de 8% no EPS da EDP.
A casa de investimento reiterou assim a recomendação de «underweight», com um preço-alvo de 2,50 euros.
A UBS também reagiu à operação da EDP, reiterando a recomendação de «neutral» com um preço-alvo de 2,3 euros, considerando que o mercado dará mais atenção à emissão de direitos do que aos «fortes números apresentados do semestre».
A Espírito Santo Research reviu em baixa a recomendação para as acções da eléctrica de «comprar» para «neutral», baixando o preço-alvo dos 2,75 euros para os 2,70 euros.
Dresdner prevê redução da posição do Estado para 10%...
O Estado, através da Direcção Geral do Tesouro, da Parpública e da Caixa Geral de Depósitos, controla mais de 30% do capital da eléctrica. A edição de hoje do Jornal de Negócios avança que o Estado vai diluir a sua posição na EDP por via da diluição no aumento de capital e, possivelmente, através da venda de mais uma parcela das acções que detêm.
Os analistas do Dresdner calculam que o efeito da diluição deverá reduzir a participação do Estado para cerca de 22% mas «também é possível uma venda adicional que reduzirá a posição para 10%», aumentando o número de acções a serem vendidas ao público.
O analista Javier Garrido manteve a recomendação de «compra» e um preço alvo de 2,40 euros e diz que o impacto de diluição causará «destruição de valor de 0,13 euros por acção».
No entanto, na avaliação da empresa, o Dresdner considerava um desconto de 0,19 euros por acção devido às incertezas em redor na venda da HC. Os dois efeitos poderão aumentar para 2,46 euros a avaliação justa para a EDP.
João Talone
Com a compra da Cantábrico, o CEO da EDP vê um plano antigo concretizado
...avança com metas mais conservadoras para sinergias
A EDP estima que, com o controle efectivo da HC, possa obter sinergias na casa dos 30 milhões de euros por ano.
O analista Javier Garrido diz que a eléctrica, através da cooperação já existente com a HC, tem conseguido sinergias, logo, este reforço só deverá aumentar em 10 milhões de euros, por ano, os benefícios de uma maior integração.
Com as sinergias e desinvestimentos, a EDP afirma que o EPS em 2005 sairá praticamente incólume.
João Talone disse ontem que a EDP estima que a aquisição da HC tenha um impacto neutro nos seus resultados por acção de 2005 e um contributo positivo já em 2006. A casa de investimento alemã diz que não consegue chegar a este valor.
As acções da EDP que já estiveram a perder um máximo de 5,56%, negociavam em queda de 5,13% para 2,30 euros, depois de, na véspera, terem sofrido um revés de 1,27%. A eléctrica movimentava 29 milhões de valores