São todos iguais, é um País de "papões". O Zé-povinho, continua a dormir
Porto 2001 Todos os administradores, à excepção de Santos Silva, ganharam acima da lei, segundo o Tribunal de Contas Actual presidente aufere rendimentos dez mil euros por mês
Opresidente do Conselho de Administração da Casa da Música ganha 10 200 euros por mês, quase o triplo do que a lei estipula. Dos três presidentes da Porto 2001/Casa da Música remunerados, Alves Monteiro é o que aufere um vencimento mais elevado, mas todos receberam ordenados acima do legalmente estipulado, segundo o Tribunal de Contas.
À excepção de Artur Santos Silva - que presidiu à primeira Comissão Executiva e não auferia qualquer remuneração -, os outros administradores, incluindo os vogais executivos, receberam salários muito acima do estipulado na resolução do Conselho de Ministros sobre essa matéria. Teresa Lago tinha uma remuneração base de 7182 euros, Rui Amaral ganhava 7840 euros e Alves Monteiro aufere nove mil euros mensais. A esses valores (que devem ser multiplicados por 14 meses) acrescem as despesas de representação (12 prestações anuais).
Na auditoria que realizou à gestão da Porto 2001, o Tribunal de Contas (TC) considera que os accionistas (Estado e Câmara do Porto) "optaram por não cumprir o regime definido na Resolução do Conselho de Ministros nº 29/89", preferindo adoptar "critérios casuísticos e atribuindo remunerações superiores" às que decorriam da aplicação da lei.
Embora considere que o "quadro normativo que regula o sistema remuneratório dos gestores públicos se mostra, hoje, complexo, descontinuado, insuficiente e inadequado", o TC realça a dualidade de critérios que levou os mesmos accionistas a socorrer-se dela para efeitos de actualização anual.
Teresa Lago auferiu o mesmo ordenado desde que iniciou funções (Novembro de 1999) até ter passado a pasta ao seu sucessor (Junho de 2002). Ou seja, não beneficiou da actualização legalmente prevista, quer no vencimento-base, quer nas despesas de representação. Aliás, no que respeita a esta componente remuneratória, a docente universitária ganhou sempre abaixo do estipulado na lei.
Situação idêntica é a de Rui Amaral: recebeu o mesmo que a sua antecessora, no que respeita a despesas de representação. Quanto ao salário, segundo a auditoria do TC, foi ligeiramente superior ao de Teresa Lago, o que foi desmentido, ao JN, por Rui Amaral: "A proposta que me fizeram, e que eu aceitei, foi ganhar exactamente o mesmo que a anterior Administração. É isso que consta da Assembleia Geral: o princípio de manter os vencimentos, sem referir valores".
Tanto Teresa Lago como Rui Amaral sublinharam, em declarações ao JN, que os vencimentos eram fixados pelos accionistas e que não tiveram qualquer responsabilidade na matéria.
Se Rui Amaral foi ganhar pouco mais do que Teresa Lago, o mesmo já não aconteceu com Alves Monteiro, que assumiu a presidência da Sociedade criada para gerir a Casa da Música, ou seja, quando a Capital da Cultural já tinha terminado há ano e meio e grande parte das obras de requalificação estavam terminadas ou mudaram de tutela. O actual presidente ganha mais 5766 euros do que o previsto na lei, o que representa uma diferença de mais 178%.
Em termos relativos, a diferença é ainda maior quando analisados os ordenados dos outros administradores: auferem quase quatro vez mais do que a lei prevê. No que respeita a despesas de representação, todos recebem valores acima da lei. Contactado pelo JN, Alves Monteiro não quis fazer comentários.
Helena Norte